Júlia sentiu um aperto no peito, mas compreendia Larissa. Para ela, o que sempre veio em primeiro lugar foi a ciência, a pesquisa.O que importava não era a extensão de sua vida, mas a profundidade do oceano da ciência que ela explorava. Talvez nunca chegasse ao fundo, talvez se esgotasse no caminho, mas isso não importava. Ela estava disposta a repousar para sempre nesse mar de conhecimento, transformando-se em uma luz que guiaria os que viessem depois, iluminando seus passos.— Por que você está quase chorando de novo? — Suspirou Larissa, já antecipando a cena.Júlia fungou, tentando disfarçar:— Quem está chorando? Eu é que não estou.— Ah, claro, você não está chorando. — Larissa riu.— Deixa eu fazer uma massagem nas suas pernas... — Disse Júlia, compreendendo a teimosia e a determinação de Larissa, sem insistir mais para que ela fosse ao hospital. Em vez disso, sentou-se e começou a massagear suavemente as pernas da professora.Logo, Larissa sentiu um alívio significativo:— Esse
Júlia, exausta, murmurou:— Sua consciência não pesa?Depois de dormir por uma hora, Júlia acordou com o relógio marcando oito da manhã. Meio atordoada, levantou-se rapidamente e saiu correndo para o laboratório.José, já trabalhando, olhou para ela, surpreso ao vê-la chegar meia hora atrasada e com uma expressão cansada.— Não dormiu bem ontem? — Perguntou José.Júlia balançou a cabeça:— Não é que eu tenha dormido mal, é que virei a noite.José arqueou uma sobrancelha, mas não fez mais perguntas.Júlia deu umas leves batidinhas no rosto e tentou se concentrar no trabalho.Depois do almoço, no entanto, ela começou a bocejar sem parar. José, percebendo o cansaço evidente, sugeriu:— Não force tanto. Vai na sala de descanso e tira um cochilo.Júlia estava realmente exausta, então nem tentou recusar. Foi direto para a sala de descanso.Duas horas depois, José, ao passar pela sala, lembrou-se de que Júlia ainda estava lá dentro. Bateu na porta, mas não ouviu resposta:— Júlia? Você está b
Rafael sentia uma dor de cabeça latejante, e a irritação só aumentava. Sem paciência, silenciou o celular e o colocou com a tela virada para baixo sobre a mesa, dizendo em tom frio:— Continuem.Ninguém ousou sequer levantar o olhar.Quando a reunião terminou e ele voltou para o escritório, Rafael pegou o celular e deu uma olhada rápida nas notificações, mal acreditando na quantidade de mensagens que havia recebido. Aquilo o fez soltar uma risada amarga. Viviane estava usando o cartão adicional dele, o que significava que cada gasto dela gerava uma mensagem automática para seu celular.As mensagens de compras continuavam chegando sem parar, fazendo as têmporas dele pulsarem de raiva. Justo quando ia largar o celular de lado, Viviane mandou uma mensagem pelo WhatsApp:[Rafael, comprei umas coisinhas. Gostou? Comprei também uma gravata e um blazer pra você.]Rafael apenas lançou um olhar rápido e, com um sorriso de desprezo, bloqueou o contato dela. Massageando as têmporas, Rafael foi at
Viviane entrou no quarto pisando firme e bateu a porta com força.No dia seguinte, logo cedo, Maya mal havia se levantado e ainda estava se ajeitando quando ouviu o grito de Viviane lá de cima:— Alguém! Me levem para o hospital!Maya mal conseguiu conter um sorrisinho. Da primeira vez, até correra preocupada, mas agora... Bem, a experiência faz o hábito. Pegou o celular e ligou para o motorista:— Oi, ela tá reclamando de dor de novo.Motorista:— Beleza, tô indo com o carro agora.Em seguida, Maya ligou para Fernanda:— Sra. Fernanda, então... só pra avisar...O procedimento todo já estava no automático, e ela fazia tudo de maneira impecável, sem errar uma só etapa.No hospital, Fernanda esperava no corredor, de cara fechada. O médico repetiu o mesmo discurso de sempre:— Não é nada grave. Basta repouso.Já farta da situação, Fernanda entrou no quarto e despejou toda a frustração em Viviane:— O dia inteiro vindo pro hospital por qualquer bobagem! Você acha que isso aqui é o quê? Sua
Afinal, o próprio Rafael não queria. E Fábio... ele nem sabia da situação, e Fernanda preferia não tocar no assunto com ele. Lá no fundo, ela tinha a impressão de que Fábio certamente não apoiaria essa decisão.Esses dois, pai e filho, um mais inflexível que o outro. Agora, com as coisas no ponto que estavam, já não fazia sentido forçar Viviane a interromper a gravidez. Então, só restava a ela aceitar a situação.— Ei, Sra. Fernanda, fiquei sabendo que sua nora tá grávida. E de gêmeos, hein? — Comentou uma das senhoras.— Pois é, eu também só fui saber agora. A Fernanda guardou o segredo a sete chaves! Só contou depois que passou dos três meses, pra nos dar uma surpresa, pode uma coisa dessas? Surpresa foi, viu? — Riu outra.— Meus parabéns! O meu filho nem namorada tem, imagine netos... Sra. Fernanda, seu filho tem a idade do meu, não? Como ele tá?Fernanda sorriu de leve:— Ah, ele tá bem, mas vive ocupado com aquela empresinha. Eu sempre digo pra ele que ele deveria largar mão disso
No círculo de amigos, todos sabiam que Júlia Ferreira era loucamente apaixonada por Rafael Lima.Amava tanto que não tinha sua própria vida, nem seu espaço, e queria estar com ele 24 horas por dia.Cada vez que eles terminavam, em menos de três dias, ela voltava implorando por reconciliação. No mundo, qualquer um poderia falar a palavra ‘acabou’, exceto Júlia Ferreira.Quando Rafael entrou na sala abraçado com sua nova namorada, houve um silêncio estranho.Júlia, que estava descascando uma laranja, parou de repente e disse:— Por que ninguém fala nada? Por que estão me olhando assim?— Júlia... — Seus amigos olharam para ela com preocupação.Rafael, porém, agiu como se nada tivesse acontecido, abraçando a nova namorada e sentando-se no sofá.Ele disse ao aniversariante de hoje, o André Barbosa:— Feliz aniversário, André.Descaradamente.Júlia se levantou, não queria estragar o aniversário de André e falou:— Vou ao banheiro.Ao fechar a porta, ouviu a conversa continuar:— Rafael, Júl
Na mesa de café da manhã.Rafael perguntou para Ana:— Cadê a sopa de feijão?Ana respondeu:— Você está falando daquela sopa boa para o estômago?Rafael repetiu:— Sopa para o estômago?Ana explicou:— Sim, a que a Júlia fazia, com feijão-preto, batata-doce, cenoura e peito de frango. Não tive tempo para preparar, porque precisa cozinhar o feijão e os legumes desde a noite anterior, e de manhã, é preciso ficar mexendo. Eu não tenho a mesma paciência que a Júlia para ficar de olho na sopa o tempo todo.Rafael pediu para Ana trazer o molho para ele, experimentou um pouco e disse:— Por que o sabor está diferente? — Ele olhou a embalagem e não era a mesma.Ana respondeu:— Esse pote estava vazio. Só tenho este.Rafael pediu para Ana ir ao supermercado comprar mais um pouco, e Ana sorriu sem graça e disse:— É que essa receita foi a Júlia que fez, eu não sei preparar.Rafael subiu as escadas após bater a lata na mesa.Ana Maria observou Rafael subir as escadas, confusa. Por que ele estava
André perguntou:— Está com dificuldade de encontrar o lugar? Vou sair para ajudar...Notando a expressão nada boa do Rafael, André finalmente se tocou:— Epa! Rafael, Júlia ainda não… voltou, né?Já se passaram mais de três horas.Rafael deu de ombros:— Voltar? Você acha que terminar é brincadeira?Disse isso e passou por ele, sentando-se no sofá.André coçou a cabeça, “ sério mesmo? Será que foi de verdade dessa vez?”Mas logo balançou a cabeça, achando que estava pensando demais.Rafael pode até conseguir terminar de verdade, mas Júlia…Nenhuma mulher no mundo poderia aceitar terminar, mas ela não aceitaria. Isso é um fato reconhecido por todos.Bruno Rocha, sempre gostando de caos, cruzou os braços e sorriu:— Rafa, como você está sozinho? Você disse três horas, agora passou um dia.Rafael sorriu:— Perdi a aposta, qual vai ser a punição?Bruno levantou a sobrancelha: — Hoje vamos mudar o jogo, nada de bebida. Você vai ligar para a Júlia e, na voz mais doce, dizer: Desculpa, eu e