Viviane agora era outra pessoa. Naturalmente, aquelas coisas antigas já não combinavam mais com ela.— Essas coisas aqui... deem uma olhada e vejam se querem alguma. O que não quiserem, façam o favor de jogar fora pra mim. — Disse Viviane.— O quê? Você vai se desfazer de tudo? — Perguntou Clarice.— Sim.As colegas ficaram sem palavras.Viviane foi até o dormitório, não levou nada, e, ao sair pelo portão da universidade, ligou para o motorista, pedindo que viesse buscá-la. Em meio aos olhares surpresos, invejosos e até curiosos ao seu redor, ela se acomodou no banco de trás e partiu com elegância.Mais tarde, naquela mesma noite, Viviane teve uma surpresa ao ver que Rafael havia, finalmente, voltado para casa. Ela foi ao seu encontro com um sorriso radiante:— Rafael, tenho uma ótima notícia! Hoje eu pedi o desligamento da faculdade. Agora posso ficar em casa cuidando de você e do nosso bebê com tranquilidade.Rafael acabava de voltar de uma reunião de negócios exaustiva. A empresa es
Júlia perguntou:— Andressa, é gota?— Você sabe?— Sim. Professora Larissa também tem isso. Tenho uma receita de ervas que, embora não cure, ajuda muito com a dor e tem menos efeitos colaterais do que os remédios convencionais.Ao ouvir isso, os olhos apagados de Andressa brilharam de repente:— Isso é ótimo! Depois me passa a receita. Vou à farmácia assim que sair do trabalho. Muito obrigada, Júlia! Você nem imagina como a avó da minha filha sofre com isso. Ela passa noites em claro, e os analgésicos já não fazem efeito. Se essa receita funcionar, faço questão de te levar para jantar depois!Júlia sorriu:— Não precisa se preocupar com isso, foi só uma ajudinha.Alan entrou na conversa:— Vocês repararam que desde que a Júlia chegou, sempre que temos algum problema, ela acaba resolvendo tudo? Parece nosso amuleto da sorte!Arthur entrou no laboratório e ouviu o comentário:— Amuleto da sorte?Andressa completou:— Estamos falando da Júlia. Além de linda, é supercompetente, igual a um
Arthur hesitou, um brilho incerto nos olhos, mas sem dizer nada.Amanda olhou para os outros, percebendo que estavam defendendo Júlia, o que a irritou profundamente, mas ela tentou manter a calma e se controlar:— A gente nunca conhece a fundo quem é quem… e se tudo o que ela mostra fosse apenas uma fachada? Ontem de manhã, quando conferi os dados, estava tudo certo. Hoje, sumiram. Ontem à tarde, lembro que Andressa e Alan saíram primeiro, depois eu e Arthur. Só ficaram Júlia e o professor José.Ela continuou:— Professor José não teria motivo para fazer isso. Então só pode ter sido Júlia!O tom acusatório de Amanda parecia lógico, mas Júlia notou uma falha na narrativa. Ela encarou Amanda e perguntou, com cada palavra carregada de significado:— Você disse que conferiu os dados de manhã. Quando saiu ontem à tarde, revisou de novo?— Claro! Tudo estava lá!Júlia perguntou:— Você tem certeza?Amanda respondeu irritada: — Tenho certeza, sim! O que está insinuando? Acha que estou te acu
Alan perguntou:— Você tem algum plano?Júlia explicou:— Vou restaurar os dados deletados e ver o histórico de exclusões para identificar o momento exato em que foram apagados. Assim, conseguimos saber quem estava no laboratório naquele horárioAlan ainda tinha dúvidas:— É, mas quem vai recuperar esses dados? Pelo que vi, até a lixeira foi esvaziada… pode ser bem difícil.Júlia respondeu:— Posso tentar.Ela só não sugeriu antes porque restaurar dados leva tempo, enquanto verificar as câmeras parecia a solução mais rápida. Mas agora está claro que só isso não vai resolver.Quando Júlia já estava sentada ao computador, com os dedos prontos para digitar, José a interrompeu, surpreendendo a todos, inclusive a ela.José disse:— Primeiro, ainda não temos provas que incriminem a Júlia. Tanto as suposições quanto as suspeitas até agora são só palavras da Amanda.Ele continuou a dar exemplo:— É como se você perdesse a carteira na rua e acusasse a pessoa que mais te parece suspeita, só por
José notou o que ela quis dizer com um simples ‘obrigada’....Às oito da noite, José convidou todos para um lanche.Andressa comentou animadamente assim que se sentaram:— Essa churrascaria aqui é boa e barata. Júlia, você precisa provar a famosa picanha apimentada! Vou pedir umas porções extras para você.Alan se sentou ao lado esquerdo de Júlia e logo serviu uma xícara de café gelado para ela:— Com esse calor, a gente fica esgotado. Toma um pouco para refrescar. Tem uns petiscos ali também, a picles é ótima para abrir o apetite, quer um pouco?Júlia ficou meio sem graça com toda essa atenção repentina, imaginando que talvez estivessem tentando compensar pela desconfiança anterior.Enquanto isso, Amanda observava tudo em silêncio, apertando os lábios.Antes, era ela quem sempre recebia esse tipo de atenção. Desde que Júlia chegou, ela foi vendo aos poucos as pessoas se voltarem mais para a nova colega… sem poder fazer nada.Ela anunciou, levantando-se e saindo:— Vou pegar um ar.Ar
Ele continuou a declarar seus verdadeiros sentimentos:— Mesmo que o professor Alan, a Andressa e o José foquem na Júlia, eu não sou assim. Só tenho olhos para você e sempre vou estar do seu lado. Você é a pessoa mais importante para mim. Eu gosto muito de você, Amanda. Me dá uma chance de te proteger?Arthur se apaixonou por Amanda assim que ela entrou no laboratório.Ela era extrovertida, alegre, talentosa, e ainda vinha de uma família rica, alguém bem diferente dele. Era natural que ele se sentisse atraído por ela.Ele a cortejou por muito tempo, mas ela nunca deu uma resposta definitiva. Agora, Arthur queria tentar mais uma vez.No entanto, Amanda não percebeu o olhar apaixonado de Arthur, apenas ficou confusa com o pedido. Ele estava tentando chantageá-la? Usar a situação para forçá-la? Se ela recusasse, ele contaria a todos o que ela havia feito?O medo tomou conta de Amanda. Se ela saísse do laboratório, acabaria de vez com qualquer chance com José. Ela não podia arriscar.Ar
Ao longo da margem do rio, as luzes de neon dos dois lados brilhavam, e o barulho caótico da cidade parecia de repente diminuir, dando a Júlia uma sensação de que o tempo e o ritmo desaceleravam juntos.Os dois caminhavam lado a lado, em um silêncio leve que preenchia o ar, mas sem deixar nenhum desconforto. Pelo contrário, havia uma harmonia silenciosa entre eles.Era como se, sem fazer nada em especial, estar ao lado daquela pessoa fosse o suficiente para sentir-se em paz.Júlia perguntou de repente:— Quer dar uma volta na ponte para pegar um vento?O vento soprava leve, e ela prendeu algumas mechas soltas atrás da orelha.José seguiu o olhar dela e, olhando à distância, respondeu:— Claro, mas é um pouco longe.Júlia brincou:— Está achando que não aguenta chegar lá?José levantou uma sobrancelha e devolveu:— Quer apostar para ver quem chega primeiro?Ele achou engraçado, considerando que juntos já tinham mais de cinquenta anos, mas estavam agindo feito crianças.Júlia ficou anima
Ela continuou:— Depois de cada falha, meu pai e eu sempre aprendemos a lição e procuramos um lugar mais escondido. E não importa o quão remoto seja, minha mãe parece ter uma câmera escondida; ela sempre consegue nos encontrar...Quando Júlia chegou aqui, percebeu que o homem estava em silêncio há um bom tempo:— Professor, você está ouvindo?Virando-se, ela acidentalmente se perdeu nos olhos profundos dele.Júlia ficou paralisada.Seu cabelo, que já havia crescido além dos ombros, estava solto e bagunçado pelo vento da noite, criando uma imagem inesperadamente cativante.A voz do homem soava um pouco rouca:— Estou ouvindo. Sua mãe é muito esperta, e tem um olhar afiado.Júlia desviou o olhar, a garganta seca. Ela engoliu em seco e, depois de um momento, continuou:— Claro, ela escreve romances de suspense!Romances de suspense são todos sobre lógica e dedução.Se Gustavo a ensinou sobre honra e princípios, Camila a ajudou a se tornar a pessoa que ela realmente queria ser.Ela pergunt