Viviane entrou no quarto pisando firme e bateu a porta com força.No dia seguinte, logo cedo, Maya mal havia se levantado e ainda estava se ajeitando quando ouviu o grito de Viviane lá de cima:— Alguém! Me levem para o hospital!Maya mal conseguiu conter um sorrisinho. Da primeira vez, até correra preocupada, mas agora... Bem, a experiência faz o hábito. Pegou o celular e ligou para o motorista:— Oi, ela tá reclamando de dor de novo.Motorista:— Beleza, tô indo com o carro agora.Em seguida, Maya ligou para Fernanda:— Sra. Fernanda, então... só pra avisar...O procedimento todo já estava no automático, e ela fazia tudo de maneira impecável, sem errar uma só etapa.No hospital, Fernanda esperava no corredor, de cara fechada. O médico repetiu o mesmo discurso de sempre:— Não é nada grave. Basta repouso.Já farta da situação, Fernanda entrou no quarto e despejou toda a frustração em Viviane:— O dia inteiro vindo pro hospital por qualquer bobagem! Você acha que isso aqui é o quê? Sua
Afinal, o próprio Rafael não queria. E Fábio... ele nem sabia da situação, e Fernanda preferia não tocar no assunto com ele. Lá no fundo, ela tinha a impressão de que Fábio certamente não apoiaria essa decisão.Esses dois, pai e filho, um mais inflexível que o outro. Agora, com as coisas no ponto que estavam, já não fazia sentido forçar Viviane a interromper a gravidez. Então, só restava a ela aceitar a situação.— Ei, Sra. Fernanda, fiquei sabendo que sua nora tá grávida. E de gêmeos, hein? — Comentou uma das senhoras.— Pois é, eu também só fui saber agora. A Fernanda guardou o segredo a sete chaves! Só contou depois que passou dos três meses, pra nos dar uma surpresa, pode uma coisa dessas? Surpresa foi, viu? — Riu outra.— Meus parabéns! O meu filho nem namorada tem, imagine netos... Sra. Fernanda, seu filho tem a idade do meu, não? Como ele tá?Fernanda sorriu de leve:— Ah, ele tá bem, mas vive ocupado com aquela empresinha. Eu sempre digo pra ele que ele deveria largar mão disso
Viviane segurava um gomo de tangerina e o colocou na boca, recusando prontamente a proposta de Fernanda:— Eu ando me sentindo péssima, você sabe, toda hora no hospital. Não dá pra eu ir a nenhum curso agora…Viviane ainda se lembrava bem das humilhações no último Salão de Café, e só de ouvir Fernanda falar que o curso era "como um encontro", com arranjos florais e degustação de café, ela já sentia uma repulsa instintiva.Fernanda sentiu uma onda de raiva subir. Ela estava jogando tudo na cara agora? Nem se dava ao trabalho de fingir?— Não tem conversa, você vai e ponto final! — Ordenou Fernanda.Mal tinha terminado de falar e ouviu o “bip” do telefone sendo desligado. Viviane tinha desligado na cara dela!Incrédula, Fernanda olhou para o celular. Aquela ordinária! A audácia de desligar o telefone... E o bebê nem tinha nascido ainda! Se essa mulher ousava tanto agora, imagine se fosse mesmo um menino, que tipo de poder ela não pensando que tinha?Com os pensamentos fervilhando, Fernan
Primeiro, Viviane teria mais tempo para cuidar da gravidez e, de quebra, poderia dedicar toda sua atenção a Rafael. Mas o mais importante era que, em breve, ela se casaria e entraria para uma das famílias mais ricas. E afinal, para que serviria um diploma de faculdade?Na segunda-feira, Viviane entrou com o pedido de desistência na faculdade, alegando problemas de saúde, o que geralmente acelerava o processo de aprovação. Já que estava lá, decidiu passar no dormitório e pegar suas coisas.Era tarde, e não havia aulas programadas. Ao abrir a porta, encontrou todas as colegas de quarto. Fazia muito tempo que não ia ao dormitório, embora algumas de suas coisas ainda estivessem lá. Sua chegada repentina causou surpresa.— Viviane! O que faz aqui? Não estava morando na casa do seu namorado? Esqueceu alguma coisa? Se precisar, a gente pode pedir um motoboy pra levar até você. — Disse colega da Viviane.Viviane esboçou um leve sorriso, com o queixo ligeiramente erguido:— Vim buscar minhas co
Viviane agora era outra pessoa. Naturalmente, aquelas coisas antigas já não combinavam mais com ela.— Essas coisas aqui... deem uma olhada e vejam se querem alguma. O que não quiserem, façam o favor de jogar fora pra mim. — Disse Viviane.— O quê? Você vai se desfazer de tudo? — Perguntou Clarice.— Sim.As colegas ficaram sem palavras.Viviane foi até o dormitório, não levou nada, e, ao sair pelo portão da universidade, ligou para o motorista, pedindo que viesse buscá-la. Em meio aos olhares surpresos, invejosos e até curiosos ao seu redor, ela se acomodou no banco de trás e partiu com elegância.Mais tarde, naquela mesma noite, Viviane teve uma surpresa ao ver que Rafael havia, finalmente, voltado para casa. Ela foi ao seu encontro com um sorriso radiante:— Rafael, tenho uma ótima notícia! Hoje eu pedi o desligamento da faculdade. Agora posso ficar em casa cuidando de você e do nosso bebê com tranquilidade.Rafael acabava de voltar de uma reunião de negócios exaustiva. A empresa es
Júlia perguntou:— Andressa, é gota?— Você sabe?— Sim. Professora Larissa também tem isso. Tenho uma receita de ervas que, embora não cure, ajuda muito com a dor e tem menos efeitos colaterais do que os remédios convencionais.Ao ouvir isso, os olhos apagados de Andressa brilharam de repente:— Isso é ótimo! Depois me passa a receita. Vou à farmácia assim que sair do trabalho. Muito obrigada, Júlia! Você nem imagina como a avó da minha filha sofre com isso. Ela passa noites em claro, e os analgésicos já não fazem efeito. Se essa receita funcionar, faço questão de te levar para jantar depois!Júlia sorriu:— Não precisa se preocupar com isso, foi só uma ajudinha.Alan entrou na conversa:— Vocês repararam que desde que a Júlia chegou, sempre que temos algum problema, ela acaba resolvendo tudo? Parece nosso amuleto da sorte!Arthur entrou no laboratório e ouviu o comentário:— Amuleto da sorte?Andressa completou:— Estamos falando da Júlia. Além de linda, é supercompetente, igual a um
Arthur hesitou, um brilho incerto nos olhos, mas sem dizer nada.Amanda olhou para os outros, percebendo que estavam defendendo Júlia, o que a irritou profundamente, mas ela tentou manter a calma e se controlar:— A gente nunca conhece a fundo quem é quem… e se tudo o que ela mostra fosse apenas uma fachada? Ontem de manhã, quando conferi os dados, estava tudo certo. Hoje, sumiram. Ontem à tarde, lembro que Andressa e Alan saíram primeiro, depois eu e Arthur. Só ficaram Júlia e o professor José.Ela continuou:— Professor José não teria motivo para fazer isso. Então só pode ter sido Júlia!O tom acusatório de Amanda parecia lógico, mas Júlia notou uma falha na narrativa. Ela encarou Amanda e perguntou, com cada palavra carregada de significado:— Você disse que conferiu os dados de manhã. Quando saiu ontem à tarde, revisou de novo?— Claro! Tudo estava lá!Júlia perguntou:— Você tem certeza?Amanda respondeu irritada: — Tenho certeza, sim! O que está insinuando? Acha que estou te acu
Alan perguntou:— Você tem algum plano?Júlia explicou:— Vou restaurar os dados deletados e ver o histórico de exclusões para identificar o momento exato em que foram apagados. Assim, conseguimos saber quem estava no laboratório naquele horárioAlan ainda tinha dúvidas:— É, mas quem vai recuperar esses dados? Pelo que vi, até a lixeira foi esvaziada… pode ser bem difícil.Júlia respondeu:— Posso tentar.Ela só não sugeriu antes porque restaurar dados leva tempo, enquanto verificar as câmeras parecia a solução mais rápida. Mas agora está claro que só isso não vai resolver.Quando Júlia já estava sentada ao computador, com os dedos prontos para digitar, José a interrompeu, surpreendendo a todos, inclusive a ela.José disse:— Primeiro, ainda não temos provas que incriminem a Júlia. Tanto as suposições quanto as suspeitas até agora são só palavras da Amanda.Ele continuou a dar exemplo:— É como se você perdesse a carteira na rua e acusasse a pessoa que mais te parece suspeita, só por