Rafael estava claramente irritado, mal conseguia esconder a frustração. Ele olhou as horas, eram apenas nove da noite, e já havia recebido quatro ou cinco ligações de casa, três delas da sua mãe e uma da Viviane.Ela sabia que ele não atenderia, ela ligou uma vez e parou, como se quisesse mostrar que sabia a hora de parar.Mesmo assim, ele se sentia incomodado, especialmente por pensar que havia uma nova pessoa na casa, o que o irritava ainda mais.André olhou para o relógio:— Ainda é cedo, já vai embora?Rafael ficou em silêncio, mas André percebeu que, apesar de sua aparência tranquila, ele estava claramente no limite da paciência. Por isso, André não insistiu e falou:— O motorista da minha casa está lá embaixo. Vou pedir para ele te levar.— Valeu.André largou o copo de bebida e sorriu:— Vai ficar nessa formalidade comigo? Deixa que eu te acompanho até a porta.Rafael acenou com a mão:— Não precisa, podem continuar se divertindo.Observando a saída de Rafael, Bruno soltou uma
Rafael só se deu conta tardiamente de que Viviane era muito mais astuta do que ele imaginava.Antes, ele achava que aquela garota era pura e encantadora, ingênua e despreocupada. E no fim? Ele foi feito de bobo, enganado e manipulado por ela, chegando até a perder... Jú.Se não fosse por ela, como ele e Júlia poderiam ter chegado a esse ponto? Esse pensamento só aumentava o desprezo de Rafael, a ponto de ele evitar qualquer lugar onde Viviane estivesse.Ele já havia passado vários dias dormindo no escritório, e Viviane, sem coragem de ligar diretamente, usava Fernanda para insistir que ele voltasse para casa. Rafael, para não preocupar a mãe, teve que voltar à mansão, ainda que a contragosto.Mas, fora isso, não queria ter mais nada a ver com ela....Quando chegou à mansão, já passava das oito da noite. Ao abrir a porta, viu Viviane esperando na entrada, estendendo a mão para pegar seu casaco. Rafael desviou para o lado, passando direto por ela em direção à sala.Viviane ficou com as
Júlia foi despertada por batidas na porta. Ela se levantou de repente, certa de que alguém estava batendo à porta de sua casa.— Quem é? — Júlia perguntou com cautela, ainda atrás da porta.Essa noite, José ficaria no laboratório fazendo hora extra. Se realmente fosse algum bandido, ela não teria ninguém para protegê-la.As batidas pararam por um momento, mas quem estava do lado de fora não respondeu.Como Júlia não abria, ele voltou a bater.— Se você não falar, não vou abrir a porta. — Disse Júlia.— Jú. — Rafael deu uma risada amarga.Ela continuava teimosa como sempre:— O que você quer?Júlia franziu a testa automaticamente ao reconhecer a voz dele.— Deixa eu entrar, vamos conversar. Eu prometo que não vou fazer nada. Se você não confiar, pode deixar a porta só encostada... — Disse Rafael.— Não temos nada para conversar. — Júlia o interrompeu, deixando claro que não tinha intenção de abrir a porta.Depois disso, por mais que ele batesse ou implorasse, Júlia fingiu que não ouvia.
Ele tinha sido o primeiro a soltar sua mão, mas agora que ela estava prestes a aceitar a realidade e sair da sombra, ele de repente queria trazê-la de volta para o passado?Não era irônico?— Rafael, não me procure mais, não me obrigue a te odiar. — Disse Júlia.Sua firmeza, sua decisão, eram como uma faca, perfurando toda a confiança e segurança dele.— Jú... não faça isso... por favor? — Implorou Rafael!Júlia, porém, o encarava com a mesma expressão serena de antes:— Eu resolvi todos os obstáculos entre nós, até minha mãe concordou. Se você aceitar, podemos ir direto ao cartório e nos divorciar!— Não quero.O que ele chamava de "resolver" não passava de uma ilusão para si mesmo.— Jú...— Estou ocupada, preciso ir.Ela passou por ele, sem olhar para trás, e se afastou rapidamente.Rafael ficou ali, parado, sem se mover.As pessoas que iam para o trabalho durante o pico da manhã passavam por ele, mas ele parecia ter perdido a alma, com os olhos vazios, como se o mundo inteiro não i
No laboratório.— Alan, você é bom em cálculos rápidos, me ajuda com esses dados, é urgente! — Andressa pediu.— Usa o computador, Andressa, estou sem tempo agora... — Respondeu Alan, também sobrecarregado.— Não faz isso, o meu é mais urgente, dá uma olhada, é rapidinho!Alan apontou para Júlia, que estava no balcão oposto:— Fala com ela, ela pode te ajudar.Na última vez, quando Júlia corrigiu os erros, todos testemunharam as habilidades dela.Apenas Amanda ainda pensava que Júlia tinha apenas dado sorte.— O que foi, Andressa? Precisa de ajuda? — Júlia se ofereceu.Andressa imediatamente assentiu:— Sim! Dá uma olhada nisso aqui...Dois minutos depois, Júlia disse:— Pronto, já enviei o resultado para você pelo sistema interno.— Uau! Tão rápido? — Andressa ficou surpresa.Alan parou o que estava fazendo, deixando tudo de lado e pediu os dados para Andressa:— Deixa eu ver...Andressa revirou os olhos para ele:— Quando te pedi, você disse que estava ocupado. Agora que ela já fez,
— Quem você acha que vai ganhar? — Andressa perguntou, curiosa.— No momento, o Arthur está com mais vantagem. — Respondeu Alan.Andressa ficou em silêncio, mas seu olhar deixava claro que ela concordava.No quinto minuto, Júlia havia terminado quatro questões e começava a quinta.Arthur, por sua vez, ficou preso por alguns segundos na quarta questão, ficando um pouco atrás.Júlia conseguiu ultrapassá-lo, mas a vantagem era mínima.No sexto minuto, os dois empacaram na última questão....Aos seis minutos e cinquenta segundos, Júlia escreveu a resposta e encerrou.Arthur, com uma fina camada de suor na testa, exclamou:— Pronto!Mas, infelizmente, ele ainda terminou dez segundos depois dela.Arthur respirou fundo, enxugando o suor e forçando um sorriso:— Não tem problema, além da velocidade, tem que ver a precisão. Estou confiante.Mas o resultado saiu, e Júlia acertou todas, enquanto ele errou uma.Arthur ficou atônito:— Foi uma derrota relâmpago!Arthur precisou admitir:— Júlia,
José tinha acabado de sair da aula e veio direto do prédio de ensino, ainda segurando os materiais.— Arthur e Júlia estavam competindo nos cálculos rápidos, e ficou combinado que quem perdesse pagaria o jantar. Adivinha quem perdeu? Estamos escolhendo onde vamos comer. — Explicou Andressa.José lançou um olhar em volta e percebeu o sorriso de Júlia, e o clima descontraído entre todos.Parecia que todas as barreiras tinham desaparecido, e ela finalmente se sentia parte do grupo.Isso fez José sorrir também:— Certo, então hoje saímos mais cedo e deixamos o Arthur bancar o jantar.— Ei! — Andressa protestou. — Eu nem disse quem perdeu, e você já falou que o Arthur vai pagar?— Ué, não foi ele que perdeu? — José respondeu com um sorriso de canto.— Foi sim. — Admitiu Andressa.Arthur ficou sem palavras.Andressa, então, lançou uma pergunta rápida:— Amanda, você vem?— Não vou não. — Respondeu Amanda, sem pensar duas vezes....À noite, acabaram escolhendo um restaurante simples para o j
O rosto dele passou de um tom normal para bochechas coradas e, em seguida, o vermelho se intensificou, subindo até alcançar as orelhas.Todo o processo levou menos de dez segundos, e cada mudança foi observada por Júlia, que mal conseguia conter a surpresa.— Deve ser o calor aqui dentro do carro. — Disse José.Júlia rapidamente abaixou o vidro do lado dela:— Melhorou?— Hum....Depois de deixar Júlia em casa, José se lembrou de um experimento que havia começado e ainda não tinha terminado. Ele decidiu voltar ao laboratório.Júlia, por sua vez, se jogou no sofá. Toda a animação de antes havia passado, e ela sentia os ossos amolecendo, como se quisesse se fundir ao estofado.Fechou os olhos, e as cenas de momentos antes no carro invadiram sua mente.Os detalhes pareciam ampliados em dez vezes. Ela se lembrou do toque suave de José em sua cabeça, um gesto que a fez sentir-se cuidada, encorajada..."Talvez não tenha sido só impressão?""Ele estava realmente tentando me encorajar."Mas e