Rafael só se deu conta tardiamente de que Viviane era muito mais astuta do que ele imaginava.Antes, ele achava que aquela garota era pura e encantadora, ingênua e despreocupada. E no fim? Ele foi feito de bobo, enganado e manipulado por ela, chegando até a perder... Jú.Se não fosse por ela, como ele e Júlia poderiam ter chegado a esse ponto? Esse pensamento só aumentava o desprezo de Rafael, a ponto de ele evitar qualquer lugar onde Viviane estivesse.Ele já havia passado vários dias dormindo no escritório, e Viviane, sem coragem de ligar diretamente, usava Fernanda para insistir que ele voltasse para casa. Rafael, para não preocupar a mãe, teve que voltar à mansão, ainda que a contragosto.Mas, fora isso, não queria ter mais nada a ver com ela....Quando chegou à mansão, já passava das oito da noite. Ao abrir a porta, viu Viviane esperando na entrada, estendendo a mão para pegar seu casaco. Rafael desviou para o lado, passando direto por ela em direção à sala.Viviane ficou com as
Júlia foi despertada por batidas na porta. Ela se levantou de repente, certa de que alguém estava batendo à porta de sua casa.— Quem é? — Júlia perguntou com cautela, ainda atrás da porta.Essa noite, José ficaria no laboratório fazendo hora extra. Se realmente fosse algum bandido, ela não teria ninguém para protegê-la.As batidas pararam por um momento, mas quem estava do lado de fora não respondeu.Como Júlia não abria, ele voltou a bater.— Se você não falar, não vou abrir a porta. — Disse Júlia.— Jú. — Rafael deu uma risada amarga.Ela continuava teimosa como sempre:— O que você quer?Júlia franziu a testa automaticamente ao reconhecer a voz dele.— Deixa eu entrar, vamos conversar. Eu prometo que não vou fazer nada. Se você não confiar, pode deixar a porta só encostada... — Disse Rafael.— Não temos nada para conversar. — Júlia o interrompeu, deixando claro que não tinha intenção de abrir a porta.Depois disso, por mais que ele batesse ou implorasse, Júlia fingiu que não ouvia.
Ele tinha sido o primeiro a soltar sua mão, mas agora que ela estava prestes a aceitar a realidade e sair da sombra, ele de repente queria trazê-la de volta para o passado?Não era irônico?— Rafael, não me procure mais, não me obrigue a te odiar. — Disse Júlia.Sua firmeza, sua decisão, eram como uma faca, perfurando toda a confiança e segurança dele.— Jú... não faça isso... por favor? — Implorou Rafael!Júlia, porém, o encarava com a mesma expressão serena de antes:— Eu resolvi todos os obstáculos entre nós, até minha mãe concordou. Se você aceitar, podemos ir direto ao cartório e nos divorciar!— Não quero.O que ele chamava de "resolver" não passava de uma ilusão para si mesmo.— Jú...— Estou ocupada, preciso ir.Ela passou por ele, sem olhar para trás, e se afastou rapidamente.Rafael ficou ali, parado, sem se mover.As pessoas que iam para o trabalho durante o pico da manhã passavam por ele, mas ele parecia ter perdido a alma, com os olhos vazios, como se o mundo inteiro não i
No laboratório.— Alan, você é bom em cálculos rápidos, me ajuda com esses dados, é urgente! — Andressa pediu.— Usa o computador, Andressa, estou sem tempo agora... — Respondeu Alan, também sobrecarregado.— Não faz isso, o meu é mais urgente, dá uma olhada, é rapidinho!Alan apontou para Júlia, que estava no balcão oposto:— Fala com ela, ela pode te ajudar.Na última vez, quando Júlia corrigiu os erros, todos testemunharam as habilidades dela.Apenas Amanda ainda pensava que Júlia tinha apenas dado sorte.— O que foi, Andressa? Precisa de ajuda? — Júlia se ofereceu.Andressa imediatamente assentiu:— Sim! Dá uma olhada nisso aqui...Dois minutos depois, Júlia disse:— Pronto, já enviei o resultado para você pelo sistema interno.— Uau! Tão rápido? — Andressa ficou surpresa.Alan parou o que estava fazendo, deixando tudo de lado e pediu os dados para Andressa:— Deixa eu ver...Andressa revirou os olhos para ele:— Quando te pedi, você disse que estava ocupado. Agora que ela já fez,
— Quem você acha que vai ganhar? — Andressa perguntou, curiosa.— No momento, o Arthur está com mais vantagem. — Respondeu Alan.Andressa ficou em silêncio, mas seu olhar deixava claro que ela concordava.No quinto minuto, Júlia havia terminado quatro questões e começava a quinta.Arthur, por sua vez, ficou preso por alguns segundos na quarta questão, ficando um pouco atrás.Júlia conseguiu ultrapassá-lo, mas a vantagem era mínima.No sexto minuto, os dois empacaram na última questão....Aos seis minutos e cinquenta segundos, Júlia escreveu a resposta e encerrou.Arthur, com uma fina camada de suor na testa, exclamou:— Pronto!Mas, infelizmente, ele ainda terminou dez segundos depois dela.Arthur respirou fundo, enxugando o suor e forçando um sorriso:— Não tem problema, além da velocidade, tem que ver a precisão. Estou confiante.Mas o resultado saiu, e Júlia acertou todas, enquanto ele errou uma.Arthur ficou atônito:— Foi uma derrota relâmpago!Arthur precisou admitir:— Júlia,
José tinha acabado de sair da aula e veio direto do prédio de ensino, ainda segurando os materiais.— Arthur e Júlia estavam competindo nos cálculos rápidos, e ficou combinado que quem perdesse pagaria o jantar. Adivinha quem perdeu? Estamos escolhendo onde vamos comer. — Explicou Andressa.José lançou um olhar em volta e percebeu o sorriso de Júlia, e o clima descontraído entre todos.Parecia que todas as barreiras tinham desaparecido, e ela finalmente se sentia parte do grupo.Isso fez José sorrir também:— Certo, então hoje saímos mais cedo e deixamos o Arthur bancar o jantar.— Ei! — Andressa protestou. — Eu nem disse quem perdeu, e você já falou que o Arthur vai pagar?— Ué, não foi ele que perdeu? — José respondeu com um sorriso de canto.— Foi sim. — Admitiu Andressa.Arthur ficou sem palavras.Andressa, então, lançou uma pergunta rápida:— Amanda, você vem?— Não vou não. — Respondeu Amanda, sem pensar duas vezes....À noite, acabaram escolhendo um restaurante simples para o j
O rosto dele passou de um tom normal para bochechas coradas e, em seguida, o vermelho se intensificou, subindo até alcançar as orelhas.Todo o processo levou menos de dez segundos, e cada mudança foi observada por Júlia, que mal conseguia conter a surpresa.— Deve ser o calor aqui dentro do carro. — Disse José.Júlia rapidamente abaixou o vidro do lado dela:— Melhorou?— Hum....Depois de deixar Júlia em casa, José se lembrou de um experimento que havia começado e ainda não tinha terminado. Ele decidiu voltar ao laboratório.Júlia, por sua vez, se jogou no sofá. Toda a animação de antes havia passado, e ela sentia os ossos amolecendo, como se quisesse se fundir ao estofado.Fechou os olhos, e as cenas de momentos antes no carro invadiram sua mente.Os detalhes pareciam ampliados em dez vezes. Ela se lembrou do toque suave de José em sua cabeça, um gesto que a fez sentir-se cuidada, encorajada..."Talvez não tenha sido só impressão?""Ele estava realmente tentando me encorajar."Mas e
Assim que falou, temendo que Patrícia insistisse no assunto, Júlia tratou de mudar o foco da conversa:— Tô com fome, e não combinamos de ir a um restaurante? Vamos lá comer.Havia um restaurante italiano que ficava lotado nos finais de semana. Patrícia tinha reservado uma mesa com dois dias de antecedência e, mesmo assim, quase não conseguiu.O restaurante ficava perto de uma fazenda, e os embutidos e queijos eram trazidos fresquinhos de lá.Júlia não costumava comer massas e frutos do mar, mas de vez em quando gostava de variar, e ali era um dos seus lugares preferidos.Principalmente porque as pizzas eram feitas com farinha de alta qualidade e o queijo mais fresco. O aroma já tomava conta do lugar antes mesmo da pizza chegar à mesa.Patrícia, animada, sentou-se e começou a apontar no cardápio:— Esse, esse e esse... Ah, e mais esse e esse... Duas porções de cada.Patrícia havia perdido peso naquela semana, por causa do excesso de trabalho, então agora queria aproveitar a folga e com