A dona da loja percebeu imediatamente que Júlia era do País H, ficou mais receptiva e amigável:— Garota, você tem bom gosto. Essas esculturas são todas feitas à mão por mim. Com certeza, serão ótimos presentes para levar de volta.Após perguntar o preço, Júlia sorriu e respondeu:— Ótimo, pode embrulhar para mim.Durante a embalagem, a dona colocou um cartão postal no pacote:— Se houver algo que você queira dizer, mas não consegue, escreva aqui.Júlia sorriu sem jeito, pensando que não era necessário, pois não tinha nada a dizer, mas aceitou o presente para não ser indelicada.Não seria necessário....Na manhã seguinte, Lucas chegou ao restaurante no horário marcado, mas, após dar algumas voltas, não viu Júlia, apenas Patrícia tomando café da manhã sozinha.Na mesa, havia um copo e uma salada.Patrícia o cumprimentou sorridente:— Bom dia, Lucas! Vi que você deu umas três voltas me olhando. Quer se juntar a mim para tomar o café da manhã?Lucas levantou uma sobrancelha e, de fato, p
Lucas saiu do restaurante e cruzou de passagem com Rafael, que estava entrando para o café da manhã.Rafael franziu a testa.Ele olhou discretamente ao redor, mas não viu Júlia.Viviane pereceu que ele olhava ao redor, perguntou com um tom brincalhão:— Amor, está procurando alguém?Ele voltou o olhar para ela:— Você está machucada, não deveria insistir em sair.— Até poderia pedir para trazerem a comida, mas ficar muito tempo deitada me deixa mofada… queria sentir o ar fresco. — Ela completou com uma risada, mostrando a língua.Rafael perguntou:— O que você quer comer?— Um sanduíche e leite, obrigada, meu bem!No almoço, Rafael percorreu os quatro restaurantes da ilha sem sinal de Júlia.À tarde, passeou pela praia e também não a encontrou.Só à noite, no restaurante de comida brasileira, ele viu Patrícia, mas ainda nada de Júlia.O mais estranho era que Lucas também desapareceu depois de manhã. Será que os dois estavam juntos?Esse pensamento deixou Rafael inquieto, e ele se levan
Sabendo da diferença de temperatura entre os dois lugares, antes de o avião pousar, ela já havia tirado do bolso o casaco longo de plumas, enrolando-se até parecer uma bola.Mesmo assim, foi um erro de cálculo.Há poucos dias tinha caído uma chuva congelante, e agora, os galhos das árvores e os postes estavam cobertos de pingentes de gelo. A garoa parecia leve, mas ao cair sobre as pessoas, em pouco tempo encharcava a roupa e logo virava uma crosta de gelo.Essa rua era normalmente cheia de vida, mas no auge do inverno e tão tarde da noite, o trânsito passava rápido, e não havia um táxi à vista.Tremendo de frio, ela tirou o celular e olhou para o Uber.Três minutos atrás, mostrava que o carro chegaria em cinco minutos, mas agora o tempo de espera tinha aumentado para meia hora.Ela deu uma olhada no mapa congestionado, o motorista estava preso no mesmo ponto já fazia um tempo.Indecisa sobre cancelar ou não, um carro parou suavemente ao seu lado.A janela baixou e ela viu um rosto fam
Júlia sorriu, defendendo sua escolha:— Que nada, olha só, com essa carinha aí tá idêntico!Ela balançou o bonequinho na mão, e José não conseguiu segurar o riso.Ela sorriu:— Agora não parece tanto.No fim, José acabou aceitando o presente e agradeceu.Júlia comentou:— Não faz mal, olha só, podemos ir…...Quando chegou em casa, já era de madrugada.Antes de viajar, Júlia tinha deixado tudo limpinho, e até pediu uma faxineira dar uma geral antes de voltar. Estava tudo em ordem, não dava nem para dizer que tinha passado dias fora.Depois de um banho rápido, ela se jogou na cama macia, sentindo o cheirinho do sabonete, e suspirou satisfeita. No fim das contas, por mais lugares que visitasse, nada era mais confortável que estar em casa.Enquanto isso, José ainda estava acordado.Ele estava numa fase crucial do projeto, quase terminando a primeira etapa. Os últimos dias foram uma loucura, e ele só conseguiu um tempinho para ir ao aeroporto de última hora.Agora, ele planejou tomar um b
Às dez da noite, a neve começou a cair novamente, silenciosa e constante.José guardou o guarda-chuva, sacudindo a neve acumulada, que rapidamente derreteu em água.Os problemas no laboratório não davam trégua, e mesmo ele estava cansado de tanta dificuldade. Com os momentos mais frios se aproximando, a sensação de festa só aumentava.Após dias sem dormir direito, José estava aliviado por finalmente ter corrigido os dados experimentais para níveis seguros e decidiu dar dois dias de folga para a equipe.José tirou a chave e estava prestes a abrir a porta quando ouviu um som vindo de trás.A luz quente que escapava pela fresta da porta iluminou o corredor escuro e trouxe a voz de Júlia como um calor no inverno:— Professor José, você volta cedo hoje. A vizinha do terceiro andar acabou de ter uma netinha e trouxe ovos à tarde. O seu está aqui. Só um minuto, vou pegar para você…Com sua percepção aguçada, José ouviu a voz clara e gentil dela e, por um momento, seu ritmo desacelerou. Ele re
Às 8 horas da manhã, o maior mercado da cidade K estava cheio de pessoas e de vida.A vendedora perguntou:— Professor Gustavo, veio comprar peixe?— Sim, tem badejo hoje?— Tenho, tenho! Guardei especialmente para o senhor… — A mulher de meia-idade falava enquanto, com destreza, pesava e limpava o peixe. — Já está.Gustavo Ferreira pegou o celular e perguntou:— Quanto deu?— Ah, não precisa pagar, leve, leve! Meu filho Gabriel Martins sempre é cuidado por você...— De jeito nenhum, você tem seu comércio, não posso sair sem pagar.Gustavo prontamente transferiu 50 reais via PIX.Até mais do que o valor real.A mulher, ao ouvir confirmação da transação, exclamou:— Oi… Não precisava…Gustavo respondeu:— Eu que ficaria sem jeito se não pagasse. Bom, vou lá comprar outros.A vendedora o impediu:— Ah, espera, professor…— Mais alguma coisa?A mulher apertou nervosamente o avental de couro e falou:— Então… ouvi dizer que a escola tem vagas de recomendação cada ano para a competição de f
A outra pessoa perguntou com surpresa:— Ah? Sério? Não estuda, não trabalha, então faz o quê?— Deve estar sendo amante de algum rico, né? Deita, abre as pernas e pronto, dinheiro no bolso. Trabalha para quê?— Ei! Cuidado com o que diz, isso afeta a reputação da moça!— Se ela estivesse trabalhando de verdade, por que não voltou para casa em anos? Devem estar com vergonha dela. E o professor Gustavo? Tem que manter a fachada. Se não, como vai continuar como professor respeitado?— Meu Deus…Essas fofocas nunca chegavam aos ouvidos de Gustavo. E, mesmo se chegassem, ele provavelmente ficaria em silêncio. Para ele, o que sua filha fazia não era muito diferente de ser uma amante de alguém rico.…Júlia desceu do trem, ajustando o casaco mais apertado contra o frio.Embora cidade K fosse mais ao norte, o clima nesse mês ainda era gelado. Dentro do táxi, ela observava as ruas e sentia as memórias da infância se misturarem ao que via pela janela.Cidade K era pequena, com a indústria pes
— Quem é?Gustavo ouviu a batida na porta e logo limpou as mãos no avental. Olhou para a mesa onde acabara de colocar o peixe e ajeitou cuidadosamente o prato antes de ir atender.Camila estava regando as plantas no quarto, também ouviu o som e deu uma espiada para fora.Ela perguntou:— Quem será? É Thiago?Gustavo respondeu enquanto estava indo em direção à porta:— Ele mandou mensagem de manhã dizendo que chega amanhã. Deve ser Dona Helena, pedi a ela uns ovos para você, já que não estava se sentindo bem esses dias.Na entrada, Júlia observou seu pai.Seis anos sem vê-lo, os cabelos grisalhos dele haviam se espalhado pelas têmporas, e as rugas eram mais profundas no rosto que outrora fora tão rígido e quadrado.Quando criança, ela adorava subir nos ombros do pai, mas agora, Gustavo parecia encolhido, envelhecido. Somente seus olhos continuavam os mesmos, brilhantes e penetrantes como sempre.Júlia disse suavemente:— Pai…Gustavo ficou surpreso, mas logo sua expressão endureceu e pe