À noite, de volta ao escritório, meu pai ainda estava convencido de que eu havia fugido.Para confirmar sua teoria e me encontrar, ele mesmo foi verificar as câmeras de segurança da casa.Não havia câmeras dentro da mansão, mas ao redor de cada canto da propriedade havia câmeras de vigilância, sem nenhum ponto cego; qualquer entrada ou saída era claramente registrada.As câmeras mostraram claramente que, no dia em que fui trancada no depósito, eu nunca mais saí de lá.— Isso é impossível!Meu pai não acreditava, e com raiva, jogou o laptop contra a parede, espalhando pedaços por todo o escritório.— Essas imagens, Débora Nunes deve ter modificado. Ela não era boa nos estudos? Ter essa habilidade não é surpreendente.— Como pude ter uma filha tão ingrata?Mesmo depois de xingar, ele ainda estava irritado e jogou o cinzeiro da mesa longe.Nesse momento, Patrícia entrou com um copo de leite, e o cinzeiro a assustou, fazendo com que o copo caísse e se quebrasse no chão.Meu pai, percebendo
— Por que você não estava assustada quando trancou a Patrícia? Agora é tarde para implorar e gritar!— Você foi mimada por nossos pais por tantos anos e parece que aproveitou o suficiente. A Patrícia, sem pai nem mãe, tão triste, e você ainda teve a audácia de intimidá-la.— Eu te aviso, se você ousar machucá-la, minha lição será algo que você lembrará para sempre.— Débora, você é uma mulher cruel, a disciplina do papai foi muito leve com você.— De agora em diante, você não é mais minha irmã, não tenho parentes tão cruéis.— Seria melhor se você estivesse morta, é uma vergonha ter uma irmã como você.Eu ouvi essas palavras enquanto lutava no escuro, até que a esperança se esvaiu completamente.No desespero e na escuridão, o que eu estava pensando?Pensei em tantas coisas, que agora nem consigo lembrar com clareza.Provavelmente arrependimento.Arrependimento por ser tão ingênua, por não ter desconfiado de um estranho.Arrependimento por não ter voltado para a casa dos meus pais com e
O barulho assustou os dois no sofá.Papai foi o primeiro a se levantar, tentando disfarçar suas roupas. Quando viu que não havia ninguém por perto, suspirou aliviado.Eu também me assustei, não esperava conseguir segurar algo, e instintivamente me aproximei para investigar.Ah!— Tem um fantasma!Patrícia, no entanto, viu uma sombra, e gritou de medo.O que está acontecendo? Ela pode me ver?Fiquei paralisada, sem entender o que estava acontecendo, com medo de me mover.Após alguns segundos de pausa, sem ver nada ao seu redor, Patrícia agarrou a cintura do papai, manhosa.— Estou com medo, me abraça.Ela de repente se sentou no colo do papai, com a parte superior do corpo quase despida.Os dois voltaram a ficar íntimos, restando apenas ocasionais gemidos.Assistindo a essa cena, desejei ser cega!Justo quando estavam no auge, a porta do quarto foi subitamente aberta.O movimento repentino fez com que papai, um homem mais velho, se descontrolasse, com uma mancha embaraçosa em sua calça.
Na delegacia, preparei-me para seguir até a sala de interrogatório, ansiosa para ver meu pai confessar.Mas ao chegar à porta, fui repelida, sentindo uma dor que já não experimentava há tempos.Tentei várias vezes, mas sem sucesso. A dor que queimava minha alma era insuportável, então tive que desistir, lamentando.Nos dias seguintes, andei pela entrada da delegacia, juntando informações das conversas que ouvia.Não eram muitas, mas consegui algumas que me alegraram.As provas contra meu pai por homicídio intencional eram irrefutáveis, ele havia confessado, e logo seria julgado, provavelmente sentenciado à morte.Sua empresa, envolvida em sonegação fiscal e outros problemas nos últimos três anos, já tinha sido fechada.Achei que Patrícia seria liberada, mas ouvi que durante a investigação, descobriram que o filho do tio de Patrícia não tinha morrido por acidente, mas que ela o empurrou para o rio para se afogar.Embora ela ainda fosse menor de idade quando cometeu o crime, ainda assim,
Hora do jantar.O pai olhou para os filhos sentados à mesa, aguardando para comer, e franziu a testa ao ver o lugar vazio na ponta.— Aquela menina não tem noção? Será que ela quer que a família inteira espere por ela para jantar?— Depois de ser punida, ainda não aprendeu a lição. Acho que a punição foi leve demais.O mordomo Fábio hesitou por um momento enquanto servia os pratos e, com certo cuidado, respondeu:— Senhor, a Srta. Débora ainda está de castigo na despensa. Devo soltá-la?O pai pausou ao pegar a taça de vinho, lançando um olhar para a direção da despensa, onde pareceu surpreso, mas logo reprimiu a expressão, mantendo um semblante indiferente enquanto falava de forma despreocupada:— Não, deixe-a lá por mais alguns dias. Se ela não sofrer um pouco, não vai parar de atormentar as irmãs de João.Fábio lançou um olhar para o casal de adolescentes sentados à mesa, com rostos corados e visivelmente bem cuidados.Sentiu um leve aperto no coração pela Srta. Débora, ainda trancad
Mesmo como alma, ao olhar para a porta de madeira da despensa, ainda sentia uma opressão sufocante.Parecia que a qualquer momento, eu seria engolida pela escuridão e sufocamento novamente.Apavorada, retrocedi rapidamente, me afastando da direção da despensa, e logo cheguei ao salão de jantar.No salão, o pai e João estavam de cada lado de Patrícia, consolando-a suavemente.O pai a abraçava parcialmente, dizendo: — Patrícia, você está mais magra ultimamente, precisa comer mais para ficar saudável.— A última vez te assustou, não foi? Papai sabe que você passou por maus momentos.— Você sofreu tanto, e Débora só recebeu uma leve punição. Verdadeiramente foi muito fácil para ela. Fique tranquila, papai nunca mais permitirá que você passe por isso novamente. Vou dar uma lição severa nela.João também a consolava: — irmã Patrícia, você é minha única irmã...Eu estava atrás deles, ouvindo as palavras do papai e do João, querendo chorar, mas sem conseguir derramar uma lágrima.Claramente, é
Após jantar com Patrícia, vendo seu sorriso feliz, papai finalmente decidiu como se estivesse concedendo uma graça: — Fábio, vá liberar a Débora, e certifique-se de que ela se limpe antes de sair, para não enojar ninguém.Papai tinha uma expressão magnânima, como se me deixar trancada por uma semana fosse um grande favor.Fábio recebeu a ordem e imediatamente providenciou o que fazer.Patrícia estava ao lado, parecendo gentil e obediente, puxando a mão do papai enquanto pedia com carinho.— Papai, quando a irmã Débora sair, não seja tão severo com ela.— Afinal, ela é sua filha biológica, ao contrário de mim... Já estou muito satisfeita com o que o senhor faz por mim.Os olhos do papai estavam cheios de carinho e satisfação.Ele acariciou os cabelos de Patrícia com ternura.— Não fale de biológica ou não, você também é minha filha, minha princesinha.— Patrícia, você é tão bondosa; eu realmente fui muito indulgente com ela.— Pode ficar tranquila, ela nunca mais vai te incomodar.— Ela
O pai, ao receber a ligação, estava em uma reunião na empresa, mas não hesitou em abandoná-la para voltar para casa imediatamente.Ao chegar, ele abraçou Patrícia, que estava pálida ao sair do armário, e gritou com determinação.— Patrícia, você é minha filha e ninguém pode te mandar embora.— Ouça bem, nunca mais diga que quer sair de casa.Naquele momento, pensei que algo sério havia acontecido em casa. Saí do meu quarto e presenciei a cena, achando-a ridiculamente irônica.Era inacreditável, Patrícia não era feita de porcelana, ela não tinha medo do escuro, e estava agindo como se tivesse enfrentado um pesadelo.Até que João gritou do andar de baixo.— Foi Débora! Foi Débora quem trancou Patrícia no armário. Se não fosse por mim, Patrícia ainda estaria lá.Até que meu pai subiu as escadas, me agarrou pelos cabelos e me arrastou de volta para o armário, amarrando-me com uma corda.Só então percebi claramente que eles três eram os verdadeiros membros da família.— Débora, como você po