Capítulo 4
O pai, ao receber a ligação, estava em uma reunião na empresa, mas não hesitou em abandoná-la para voltar para casa imediatamente.

Ao chegar, ele abraçou Patrícia, que estava pálida ao sair do armário, e gritou com determinação.

— Patrícia, você é minha filha e ninguém pode te mandar embora.

— Ouça bem, nunca mais diga que quer sair de casa.

Naquele momento, pensei que algo sério havia acontecido em casa. Saí do meu quarto e presenciei a cena, achando-a ridiculamente irônica.

Era inacreditável, Patrícia não era feita de porcelana, ela não tinha medo do escuro, e estava agindo como se tivesse enfrentado um pesadelo.

Até que João gritou do andar de baixo.

— Foi Débora! Foi Débora quem trancou Patrícia no armário. Se não fosse por mim, Patrícia ainda estaria lá.

Até que meu pai subiu as escadas, me agarrou pelos cabelos e me arrastou de volta para o armário, amarrando-me com uma corda.

Só então percebi claramente que eles três eram os verdadeiros membros da família.

— Débora, como você pode ser tão má a ponto de trancar Patrícia? Ela é uma menina e tem medo do escuro. Você não é minha irmã, não tenho uma irmã má como você.

— João está certo.

Meu pai, com raiva e frieza, me encarou e me repreendeu.

— Débora, você é jovem e já tem um coração tão perverso. Você está realmente perdida.

— Deixe-me te dizer, quem manda nesta casa sou eu, e você não tem o direito de mandar em ninguém aqui.

— Hoje, você terá uma lição. Se trancou Patrícia no armário, então fique lá e experimente um pouco.

— Se não se arrepender, ficará aí para sempre.

Até hoje, na mente do meu pai, tudo isso era minha culpa.

Ele achava que eu devia implorar humildemente, chorando e admitindo meu erro.

Mas, infelizmente para ele, nunca ouvirá um pedido de desculpas de mim.

Foi então que...

— Senhor... senhor... a Srta. Débora parece... parece que morreu!

Meu pai, ouvindo as palavras de Fábio enquanto acariciava o cabelo de Patrícia para acalmá-la, hesitou por um momento.

Observei cada detalhe de sua expressão, não perdendo um único movimento.

Eu não sabia por quê, talvez quisesse ver arrependimento, medo ou remorso em seu rosto.

Infelizmente, isso não aconteceu.

Meu pai apenas sorriu, um pouco impaciente, e disse:

— Ela daria uma ótima atriz.

— Ela? Como poderia estar morta?

— Ela é minha filha, eu a conheço bem. Se houver uma mínima chance, ela lutará para sobreviver e obter vantagem.

— Diga a ela que esse tipo de encenação já perdeu a graça. Se ela não sair, chamarei o crematório.

— Quer morrer? Então faça isso direito.

Fábio ficou parado, atônito ao ouvir isso, hesitando sem saber o que fazer.

— O que está esperando?

Meu pai falou friamente: — Se em meia hora ela não vier pedir desculpas a Patrícia, você pode ir embora junto com ela.

— Senhor...

Fábio pensou, tentando controlar o medo e a ansiedade para dizer algo mais.

— Saia já daqui!

Meu pai, impaciente, atirou a sobremesa que estava prestes a dar a Patrícia em Fábio.

Sem alternativa, Fábio virou-se e saiu.

— A sobremesa acabou, então vamos comer outra coisa.

Meu pai se virou e, sorrindo gentilmente, falou com Patrícia, limpando sua boca com carinho.

— Patrícia, quando ela vier se desculpar, não seja muito mole, está bem?

— Ela não vai te pedir desculpas de joelhos, implorando o seu perdão, então você absolutamente não pode deixá-la escapar impune.

— Não seja tão bondosa, lembre-se do que seu pai sempre dizia.

Patrícia permitiu que um sorriso sarcástico escapasse de seus lábios, mas levantou a cabeça com uma aparência de fragilidade e doçura, como se estivesse tomada por um desconforto genuíno.

— Papai, a irmã Débora deve ter percebido seu erro.

— Fazer isso deixaria a irmã Débora triste.

— Patrícia, você é realmente muito bondosa.

João envolveu a cintura de Patrícia, exibindo uma expressão de puro deleite.

Eu estava de pé, observando o teatro deles, rindo freneticamente até que as lágrimas quase escorriam dos meus olhos.

Que família amorosa e unida, não é mesmo?

Esse é o meu pai e João, os chamados parentes de sangue.

Soltei uma risada irônica e tentei me virar para ir embora, mas percebi que não conseguia sair dali, sendo forçada a assistir a cena daquela família.
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