Capítulo 5
Antes de Patrícia vir para nossa casa, as coisas não eram assim.

Naquele tempo, eu tinha uma mãe e um pai que me amavam, e João ainda era pequeno.

Eu brincava com João, minha mãe me contava histórias, e meu pai me levava para passear no parque.

Tudo mudou naquele verão, três anos atrás.

Meus pais foram visitar a casa do meu avô, mas João e eu tínhamos que ir à escola, então não fomos com eles.

Alguns dias depois, meu pai voltou, trazendo duas notícias terríveis.

Uma era que minha mãe havia falecido em um acidente de carro.

A outra era que, antes de morrer, ela e meu pai adotaram a filha de um amigo.

Perdi minha mãe e, de repente, surgiu uma irmã.

No começo, pensei que ela era a irmã que minha mãe adotou antes de falecer, a única lembrança que minha mãe me deixou.

Eu sempre quis ter uma irmã, então cuidei dela com dedicação.

Eu me preocupava que ela pudesse ser intimidada na escola, então ia vê-la todos os dias em sua sala de aula.

Eu ajudava com suas tarefas, cuidava dela quando estava doente.

Acreditei que estava fazendo tudo o que uma irmã poderia fazer.

Eu a considerava sinceramente minha irmã de verdade.

Mas um dia, quando fui à sua sala para levar uma pomada para queimadura, ouvi ela dizendo aos colegas, com uma expressão de pura inocência:

— A irmã Débora não me queimou de propósito, foi culpa minha por levar água tão quente para ela.

— Não falem mal da irmã Débora, ela é boa comigo. Só me faz fazer as tarefas de casa, servir café, mas não me maltrata.

Fiquei em choque ao ouvir aquelas palavras distorcidas.

As queimaduras em sua mão aconteceram quando ela, tentando ser esperta, se queimou ao fazer café para o papai, mas a história foi distorcida para que eu parecesse a vilã.

Por causa dessa queimadura, papai me repreendeu severamente, e mesmo assim, eu não a culpei, até me senti culpada, pensando que não devia tê-la deixado ir à cozinha.

Foi então que percebi a verdadeira face de Patrícia, discutindo com ela na escola.

Desde aquele dia, ou talvez antes, minha vida mudou completamente.

Meu pai, que costumava me adorar, e João, que sempre estava ao meu lado, começaram a se tornar estranhos, e eu gradualmente me tornei uma estranha em minha própria casa, alvo de constantes abusos.

Pensar nos últimos três anos me fazia tremer, talvez pela falta de sensibilidade da alma, sentindo-me de volta naquele porão.
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