Segredo da Despensa: Meus Ossos Apodrecendo
Segredo da Despensa: Meus Ossos Apodrecendo
Por: Roberto S.M
Capítulo 1
Hora do jantar.

O pai olhou para os filhos sentados à mesa, aguardando para comer, e franziu a testa ao ver o lugar vazio na ponta.

— Aquela menina não tem noção? Será que ela quer que a família inteira espere por ela para jantar?

— Depois de ser punida, ainda não aprendeu a lição. Acho que a punição foi leve demais.

O mordomo Fábio hesitou por um momento enquanto servia os pratos e, com certo cuidado, respondeu:

— Senhor, a Srta. Débora ainda está de castigo na despensa. Devo soltá-la?

O pai pausou ao pegar a taça de vinho, lançando um olhar para a direção da despensa, onde pareceu surpreso, mas logo reprimiu a expressão, mantendo um semblante indiferente enquanto falava de forma despreocupada:

— Não, deixe-a lá por mais alguns dias. Se ela não sofrer um pouco, não vai parar de atormentar as irmãs de João.

Fábio lançou um olhar para o casal de adolescentes sentados à mesa, com rostos corados e visivelmente bem cuidados.

Sentiu um leve aperto no coração pela Srta. Débora, ainda trancada, e após hesitar por um momento, arriscou falar:

— Senhor... a despensa onde a Srta. Débora está já não tem movimentação há algum tempo... Não quer dar uma olhada?

O pai colocou a taça sobre a mesa e lançou um olhar gelado para Fábio, respondendo friamente:

— Depois de tanto tempo, é normal que ela não tenha forças para gritar.

— Na despensa tem comida, bebida e ar-condicionado; ela não vai morrer de fome. Se depois de tantos dias ainda não se arrependeu, é porque não se dá conta do erro.

Fábio ainda tentou argumentar, mas foi interrompido pelo pai:

— Chega, estamos jantando, não quero falar de coisas desagradáveis.

— Quando terminar, vá perguntar se ela se arrependeu. Se sim, que peça desculpas às irmãs, e deixamos o assunto por aqui.

Ao terminar de falar, o pai parecia ter se esquecido de mim, olhando carinhosamente para a filha adotiva, Patrícia Nunes, e o filho, João Nunes, que estavam comendo ao seu lado.

Ele descascou um camarão para Patrícia e colocou em seu prato.

— Patrícia, o que foi? Está comendo tão pouco... Você adora camarão, coma mais.

O pai falou enquanto acariciava gentilmente os cabelos de Patrícia.

— Está com medo?

— Não tenha, desta vez eu ensinei uma lição à Débora, ela não vai se atrever a te incomodar novamente.

Patrícia levantou a cabeça, fazendo uma expressão inocente e manhosa:

— Papai é tão bom para mim.

— Na verdade, se a irmã Débora me pedisse desculpas, eu não a culparia...

— Agora que a irmã Débora foi punida, ela provavelmente vai me odiar ainda mais.

— Ela não ousaria!

O pai falou com firmeza, sem conseguir esconder a raiva.

Em seguida, olhou para Patrícia com ternura novamente: — Você é a filha que o papai mais ama, ela não se atreveria a te odiar.

João, com um sorriso, também a tranquilizou: — Patrícia, não se preocupe, eu te protejo. Se aquela chata te incomodar de novo, eu corto a mão dela.

Ao ouvir as palavras do pai, senti apenas uma ironia e não pude deixar de rir.

Mas a atitude de João foi o que mais me surpreendeu; ele realmente pretendia cortar minha mão. O olhar dele estava cheio de maldade e aversão, não era brincadeira.

Esse era o João que eu criei desde pequeno, agora agindo assim por uma estranha.

Que risível.

Eu ri alto no vazio, mas infelizmente, ninguém ouviria esse riso.

Porque eu já estava morta.

Somente no momento da morte, minha alma deixou aquela despensa sombria.

Flutuando no ar, observando em terceira pessoa, vi que a porta de madeira da despensa estava selada, o único respiro também bloqueado por uma toalha, parecendo um caixão.

Não era um enterro vivo, mas se assemelhava muito.
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