Capítulo 2
Mesmo como alma, ao olhar para a porta de madeira da despensa, ainda sentia uma opressão sufocante.

Parecia que a qualquer momento, eu seria engolida pela escuridão e sufocamento novamente.

Apavorada, retrocedi rapidamente, me afastando da direção da despensa, e logo cheguei ao salão de jantar.

No salão, o pai e João estavam de cada lado de Patrícia, consolando-a suavemente.

O pai a abraçava parcialmente, dizendo: — Patrícia, você está mais magra ultimamente, precisa comer mais para ficar saudável.

— A última vez te assustou, não foi? Papai sabe que você passou por maus momentos.

— Você sofreu tanto, e Débora só recebeu uma leve punição. Verdadeiramente foi muito fácil para ela. Fique tranquila, papai nunca mais permitirá que você passe por isso novamente. Vou dar uma lição severa nela.

João também a consolava: — irmã Patrícia, você é minha única irmã...

Eu estava atrás deles, ouvindo as palavras do papai e do João, querendo chorar, mas sem conseguir derramar uma lágrima.

Claramente, éramos nós os verdadeiros membros de uma família com laços de sangue, mas aos olhos deles não era assim.

Fui trancada em um depósito escuro e sufocante, vivendo um pesadelo sem saída.

Para o papai, isso não era nada comparado aos dez minutos em que Patrícia ficou trancada no depósito, que o fizeram se sentir tão angustiado.

No depósito, eu estava amarrada e jogada no chão como um lixo.

Eu tinha pavor do espaço apertado e escuro, queria sair, mas não conseguia me mover.

Eu me debatia em desespero e loucura, até quebrar um dedo para me livrar das amarras.

Bati com força na porta de madeira, querendo sair, pedi desculpas, implorei, me humilhei ao máximo em busca de uma chance de sobrevivência.

Mas não houve resposta.

Recebi apenas o desprezo frio e sarcástico do papai.

— Já está com medo depois de tão pouco tempo? Quando você trancou a Patrícia, pensou no quanto ela estava assustada? Ela é mais nova que você.

— Fique quieta aí, sinta um pouco do medo que Patrícia sentiu, e veja se ainda tem coragem de intimidá-la.

— Você não tem nada de exemplo como irmã mais velha.

Tentei abrir a porta com as mãos, mesmo que fosse para conseguir um fio de ar.

Mas mesmo com todos os dedos em carne viva, não consegui.

Eu me entreguei ao desespero, permitindo que a escuridão me consumisse, e em um momento de delírio, achei ter ouvido a voz de Patrícia.

— Débora, está frio aí dentro? Deixe-me te aquecer.

Logo percebi que o ar-condicionado do depósito estava ajustado para o quente.

Era verão, o depósito já era apertado e abafado, e agora com o calor se transformando em um forno, em pouco tempo me senti extremamente desconfortável.

Procurei água no escuro, tentando me refrescar.

Foi então que percebi que a água e a comida que antes estavam no depósito haviam sido substituídas por lixo impróprio para consumo.

Tudo aquilo era obra de Patrícia.

Caí no chão, devastada.

Até que a dor se tornou insensível.

Até que minha consciência finalmente desapareceu.
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