6 meses depois Desde que encontrara sua companheira a vida de Colin havia adquirido um novo propósito. As particularidades de sua origem já não o incomodavam como antigamente e sua mente havia aceitado perfeitamente o convívio com seu lado animal. O que antes havia sido um tormento e quase o levara a loucura, agora era uma parte real e compreensível de sua existência. Kratos, o seu lobo, ocupava parte de sua consciência sem que sua razão fosse obscurecida por seus instintos. Por isso, ele sentia-se... completo. Partilhar sua vida com Andie estava sendo extraordinário, mesmo que os tenha colocado no olho do furacão das maiores revistas de fofocas do país. Afinal, todos queriam saber quem era a linda jovem que havia fisgado o coração do solteiro mais cobiçado da alta sociedade. Para o mundo, ele e Andie eram um casal apaixonado vivendo seu próprio conto de fadas, sem imaginarem o quanto o início do relacionamento deles fora difícil. O
“Um fio invisível conecta aqueles que estão destinados a se encontrarem, sem importar com o tempo, o lugar, nem a circunstância. O fio pode esticar ou enrolar, porém jamais se romperá.” (SIR MUSE) Andie Sullivan estava na pior, quando a oportunidade dos sonhos caiu do céu através de um anúncio nos classificados. A vaga para assistente pessoal remota era exatamente o que uma garota no primeiro ano de faculdade de enfermagem desejava. O salário acima do mercado e os horários flexíveis seriam a sua salvação antes que fosse obrigada a trancar o curso e retornar para a cidadezinha do interior com uma mão na frente e outra atrás. Por isso, não pensou duas vezes antes de enviar o currículo por e-mail e agendar a entrevista para o dia seguinte. Sabia que um anúncio como aquele atrairia muitos candidatos, contudo alguma coisa em seu íntimo a fez acreditar que aquela vaga seria sua e de mais ninguém. Por essa razão, passou o restante do dia pesquisando sobre as atribuições de uma assist
Andie sabia que o prédio da ARCADIS – Arquitetura, Construtora e Empreiteira, ficava no centro da cidade, em um dos endereços mais cobiçados pelo mercado imobiliário. E segundo sua pesquisa, o empreendimento pertencia a família Donovan, uma das mais tradicionais e influentes do ramo da construção civil. O patriarca, o senhor Daniel Donovan, havia sido governador do estado durante alguns anos antes de se dedicar inteiramente aos negócios, que administrara ao lado dos filhos Colin, Jason e Katie, antes de se retirar há alguns anos, deixando o posto de CEO para o filho mais velho. Colin Donovan era o arquiteto da família e vencedor de diversos prêmios internacionais por causa de sua criatividade e inovação nos projetos arquitetônicos.Devido ao seu inegável talento acabou se tornando o arquiteto favorito das celebridades e personalidades políticas. Já seu irmão, Jason Donovan, era o engenheiro civil que assinava os projetos de diversos edifícios da cidade e de outros estados, uma ver
“Nos encontramos por causalidade e nos atraímos por natureza.” (MOYA) Tudo o que Colin Donovan desejava era um maldito ano sabático longe de toda a pressão cotidiana que sua vida profissional colocava sobre seus ombros. Quem convivia ao seu lado sabia que a cada dia que passava seu autocontrole estava por um fio. Era nítido que mais cedo ou mais tarde as coisas sairiam dos trilhos e, se isso acontecesse, sua família seria arrastada para o maior e mais inacreditável escândalo de todos os tempos. Porém, seus irmãos estavam relutantes em assumirem tantas responsabilidades.Certamente o medo de ficarem sem o irmão mais velho os deixava inseguros. Por outro lado, Colin jamais tomaria tal atitude se não confiasse plenamente que seriam capazes de tocar os negócios em sua ausência. Um dia seus irmãos compreenderiam que a necessidade daquele distanciamento era a única forma de satisfazer sua natureza primitiva sem que ele representasse um perigo para todos ao seu redor. Enquanto isso a AR
— Juro que estou fazendo um esforço enorme para tentar compreendê-lo, mas está difícil, irmão. Se ausentar por um ano para fazer sabe lá Deus o quê no fim do mundo, não me parece uma decisão que você tomaria. Jason Donovan andava de um lado para o outro do escritório exasperado enquanto tentava convencer Colin a desistir de largar tudo para se isolar no meio do mato. — Já expliquei meus motivos, porém você e Katie parecem ignorar completamente minha situação — passou as mãos sobre o rosto apoiando os cotovelos sobre a mesa de mogno. — Nossa situação, Colin. Nossa! Não se esqueça que logo estaremos no mesmo barco — largou o corpo sobre a cadeira à frente da mesa de seu irmão mais velho. — Esse é o ponto. Você não consegue entender minha necessidade de sumir por um tempo, porque ainda não passou pela transformação, mas quando chegar a sua hora compreenderá o quão difícil é viver com uma besta invadindo sua mente a cada lua cheia. Jason o encarou como se realmente estivesse disposto
“Opte por aquilo que faz o seu coração vibrar... apesar de todas as consequências.” (OSHO) Não, não pode ser... isso é impossível. Mas esse cheiro é... ela. Colin se debatia entre tais pensamentos de incredulidade, enquanto seus olhos permaneciam fixos sobre a jovem a poucos metros de distância, como se uma parte de seu cérebro se recusasse a acreditar que finalmente sua espera havia acabado. Protegido por uma parede de vidro temperado ele se mantinha oculto dos olhos aflitos que vagueavam perdidos pela sala de espera, como se o buscassem com a mesma urgência que ele ansiava por tomá-la entre seus braços. Sua companheira era perfeita. Muito mais linda e delicada do que havia desejado. Olhar para ela era como assistir ao alvorecer, quando os primeiros raios de sol incidem sobre o orvalho da madrugada incitando toda a natureza ao redor a se erguer para saudá-lo, exalando os mais variados aromas, enquanto pássaros de todas as espécies entoam seus cantos sem parar sobre as copas das
Após o episódio no escritório, os irmãos de Colin relutaram em deixá-lo em paz até que foram expulsos de sua casa. — Sério que vai fingir que nada aconteceu esta manhã? — Sua irmã colocou as mãos nos quadris pronta para o embate. — Katie tem razão! Se tem certeza de que encontrou sua companheira deveria estar indo atrás dela nesse momento, antes que seja tarde demais — Jason reforçou. — Mas, é exatamente isso que estou tentando dizer, Jason ele não fez nada para reivindicá-la — disse Katie exasperada. — Fale conosco, Colin — pediu seu irmão. — Em outro momento — foi tudo o que disse antes de pegar sua pasta e caminhar para seu quarto ainda sob os protestos dos dois. — Colin! — Katie o chamou. — Agora não, pestinha — a cortou sem olhar em sua direção — quero ficar sozinho, me deixem em paz! — Os dispensou. Por mais que fossem unidos, apenas Colin estava carregando aquele peso no momento e somente ele sabia o quanto havia custado se afastar de sua companheira para que sua segura
“Monstros existem e fantasmas também. Vivem dentro de nós e, às vezes, eles vencem.” (STEPHEN-KING) Todos os Donovan sabiam que quando um licantropo encontrava sua peeira era primordial que houvesse o acasalamento para que a união entre homem e lobo pudesse ser realizada, colocando assim a consciência humana acima da irracionalidade da besta.Porém, quando Colin se negou a reivindicar sua companheira acabou condenando seu lobo a um sofrimento avassalador nos dias que se seguiram. A fera aprisionada no porão de sua casa uivava incessantemente causando calafrios nos membros de sua família que se alternavam à frente de sua porta.O humor do animal oscilava entre momentos de profunda tristeza e de ira extrema, fazendo com que os pais de Colin temessem pela vida do filho, porque se o lobo desistisse de viver acabaria o levando consigo. Por causa desse receio seu pai, Daniel Donovan, permanecia em sua forma lupina desde o momento em que a lua despontara no horizonte tentando acalmar a fe