Quando desembarcaram Colin a levou para uma cabana no alto da reserva florestal onde ele e sua família costumavam passar férias. Durante a semana que se seguiu, Colin e Andie se amaram como se não houvesse limites para tanto desejo. O vínculo não os poupou, tampouco afrouxou seu domínio deixando que Andie aprendesse sobre a importância de uma companheira na vida de um licantropo. Aprendeu também sobre as lendas que na verdade eram histórias de almas que teriam sido condenadas a um destino de solidão e desespero se não fosse a coragem de uma mulher em superar a maldição para ficar ao lado de seu grande amor. Sentia-se cada vez mais seduzida pelas pequenas coisas que Colin fazia para agradá-la, de como sempre achava uma forma de tocá-la ou afagar seus cabelos. Ele parecia realmente interessado em tudo que ela dizia. Fazia perguntas simples sobre sua vida, rotina e planos para o futuro. E, foi somente então, que ela percebeu que havia muito tempo que alguém realmente não a escuta
O tempo compartilhado no Canadá colaborara para que Andie tivesse a certeza de que tomara a decisão certa em permanecer ao lado de Colin. Algumas semanas após retornarem ele a convencera a se mudar para sua casa alegando que desde o momento em que o vínculo fora estabelecido eles não poderiam mais se afastar. Na verdade, tudo não passava de uma grande desculpa criada por Colin devido ao resquício de medo que ainda sentia ao imaginar que Andie poderia mudar de ideia. Por isso, quando ela se instalara em seu novo lar, ele fizera questão de que ela adaptasse a casa as suas necessidades e não reclamara quando a viu se desfazer de alguns objetos que não se encaixavam em seus padrões de organização. — Tem certeza de que não se importa se eu substituir esses enfeites? — ela perguntara em uma tarde fria. — Amor, a casa é sua — ele dissera — faça o que você quiser — piscou antes de entrar no banheiro e sorriu ao ver a bancada onde seus produtos de higiene pessoal haviam sido organizado
— Hoje é lua cheia. O pai de Colin disse de forma misteriosa. — Sim — Colin respondeu sem desviar os olhos de Andie que estava sentada na companhia de sua mãe e de Katie. Após o almoço haviam decidido tomar um refresco perto da piscina. — Como foi a interação com seu lobo? Acha que ela está pronta? — seu pai perguntou. — Está sim — havia convicção em sua voz — Andie sabe que não precisa temê-lo. — Fico feliz em ver que finalmente está bem, meu filho — apertou seu ombro — eu e sua mãe oramos muito para que encontrasse sua companheira e quando a achou, oramos para que ela o aceitasse. — Obrigado, pai — sorriu — sei que tornei as coisas difíceis entre nós por um tempo, mas agora tudo será diferente. Embora Andie ainda esteja se adaptando a nossa realidade, ela tem se mostrado uma companheira maravilhosa. — Isso é bom, meu filho. Isso é muito bom. Sua mãe também parece gostar muito dela — observou como as duas interagiam — acho que serão ótimas amigas. — Assim espero. —
6 meses depois Desde que encontrara sua companheira a vida de Colin havia adquirido um novo propósito. As particularidades de sua origem já não o incomodavam como antigamente e sua mente havia aceitado perfeitamente o convívio com seu lado animal. O que antes havia sido um tormento e quase o levara a loucura, agora era uma parte real e compreensível de sua existência. Kratos, o seu lobo, ocupava parte de sua consciência sem que sua razão fosse obscurecida por seus instintos. Por isso, ele sentia-se... completo. Partilhar sua vida com Andie estava sendo extraordinário, mesmo que os tenha colocado no olho do furacão das maiores revistas de fofocas do país. Afinal, todos queriam saber quem era a linda jovem que havia fisgado o coração do solteiro mais cobiçado da alta sociedade. Para o mundo, ele e Andie eram um casal apaixonado vivendo seu próprio conto de fadas, sem imaginarem o quanto o início do relacionamento deles fora difícil. O
“Um fio invisível conecta aqueles que estão destinados a se encontrarem, sem importar com o tempo, o lugar, nem a circunstância. O fio pode esticar ou enrolar, porém jamais se romperá.” (SIR MUSE) Andie Sullivan estava na pior, quando a oportunidade dos sonhos caiu do céu através de um anúncio nos classificados. A vaga para assistente pessoal remota era exatamente o que uma garota no primeiro ano de faculdade de enfermagem desejava. O salário acima do mercado e os horários flexíveis seriam a sua salvação antes que fosse obrigada a trancar o curso e retornar para a cidadezinha do interior com uma mão na frente e outra atrás. Por isso, não pensou duas vezes antes de enviar o currículo por e-mail e agendar a entrevista para o dia seguinte. Sabia que um anúncio como aquele atrairia muitos candidatos, contudo alguma coisa em seu íntimo a fez acreditar que aquela vaga seria sua e de mais ninguém. Por essa razão, passou o restante do dia pesquisando sobre as atribuições de uma assist
Andie sabia que o prédio da ARCADIS – Arquitetura, Construtora e Empreiteira, ficava no centro da cidade, em um dos endereços mais cobiçados pelo mercado imobiliário. E segundo sua pesquisa, o empreendimento pertencia a família Donovan, uma das mais tradicionais e influentes do ramo da construção civil. O patriarca, o senhor Daniel Donovan, havia sido governador do estado durante alguns anos antes de se dedicar inteiramente aos negócios, que administrara ao lado dos filhos Colin, Jason e Katie, antes de se retirar há alguns anos, deixando o posto de CEO para o filho mais velho. Colin Donovan era o arquiteto da família e vencedor de diversos prêmios internacionais por causa de sua criatividade e inovação nos projetos arquitetônicos.Devido ao seu inegável talento acabou se tornando o arquiteto favorito das celebridades e personalidades políticas. Já seu irmão, Jason Donovan, era o engenheiro civil que assinava os projetos de diversos edifícios da cidade e de outros estados, uma ver
“Nos encontramos por causalidade e nos atraímos por natureza.” (MOYA) Tudo o que Colin Donovan desejava era um maldito ano sabático longe de toda a pressão cotidiana que sua vida profissional colocava sobre seus ombros. Quem convivia ao seu lado sabia que a cada dia que passava seu autocontrole estava por um fio. Era nítido que mais cedo ou mais tarde as coisas sairiam dos trilhos e, se isso acontecesse, sua família seria arrastada para o maior e mais inacreditável escândalo de todos os tempos. Porém, seus irmãos estavam relutantes em assumirem tantas responsabilidades.Certamente o medo de ficarem sem o irmão mais velho os deixava inseguros. Por outro lado, Colin jamais tomaria tal atitude se não confiasse plenamente que seriam capazes de tocar os negócios em sua ausência. Um dia seus irmãos compreenderiam que a necessidade daquele distanciamento era a única forma de satisfazer sua natureza primitiva sem que ele representasse um perigo para todos ao seu redor. Enquanto isso a AR
— Juro que estou fazendo um esforço enorme para tentar compreendê-lo, mas está difícil, irmão. Se ausentar por um ano para fazer sabe lá Deus o quê no fim do mundo, não me parece uma decisão que você tomaria. Jason Donovan andava de um lado para o outro do escritório exasperado enquanto tentava convencer Colin a desistir de largar tudo para se isolar no meio do mato. — Já expliquei meus motivos, porém você e Katie parecem ignorar completamente minha situação — passou as mãos sobre o rosto apoiando os cotovelos sobre a mesa de mogno. — Nossa situação, Colin. Nossa! Não se esqueça que logo estaremos no mesmo barco — largou o corpo sobre a cadeira à frente da mesa de seu irmão mais velho. — Esse é o ponto. Você não consegue entender minha necessidade de sumir por um tempo, porque ainda não passou pela transformação, mas quando chegar a sua hora compreenderá o quão difícil é viver com uma besta invadindo sua mente a cada lua cheia. Jason o encarou como se realmente estivesse disposto