CAPÍTULO 6

Após o episódio no escritório, os irmãos de Colin relutaram em deixá-lo em paz até que foram expulsos de sua casa. 

— Sério que vai fingir que nada aconteceu esta manhã? — Sua irmã colocou as mãos nos quadris pronta para o embate. 

— Katie tem razão! Se tem certeza de que encontrou sua companheira deveria estar indo atrás dela nesse momento, antes que seja tarde demais — Jason reforçou. 

— Mas, é exatamente isso que estou tentando dizer, Jason ele não fez nada para reivindicá-la — disse Katie exasperada. 

— Fale conosco, Colin — pediu seu irmão. 

— Em outro momento — foi tudo o que disse antes de pegar sua pasta e caminhar para seu quarto ainda sob os protestos dos dois. 

— Colin! — Katie o chamou. 

— Agora não, pestinha — a cortou sem olhar em sua direção — quero ficar sozinho, me deixem em paz! — Os dispensou. 

Por mais que fossem unidos, apenas Colin estava carregando aquele peso no momento e somente ele sabia o quanto havia custado se afastar de sua companheira para que sua segurança estivesse acima de suas próprias necessidades.

Quando o ciclo da lua cheia findasse ele a traria de volta e colocaria o mundo aos seus pés e a faria o amar antes que revelasse sua natureza. 

Agiria com cautela para que ela aceitasse o vínculo, caso contrário estaria condenado à morte, porque não existia nada mais devastador para um descendente de Licaon do que ser rejeitado por uma companheira. 

Claro que Colin sabia que se desejasse poderia impor a força do vínculo sob suas vontades, mas ele seria incapaz de tal ato porque acreditava que ninguém deveria ser obrigado pelos laços do destino a viver ao lado de uma criatura monstruosa contra sua própria vontade.

Senão, para que serviria o livre arbítrio? 

Por essa razão, lutaria pelo amor de sua companheira dia após dia até conquistá-lo, mas jamais imporia o vínculo acima de suas vontades e escolhas. 

Jason e Katie podiam estar eufóricos com a notícia do seu aparecimento, mas ele preferia agir com cautela para não a assustar e acabar de uma vez por todas com suas chances de se ver livre de boa parte daquela maldição.

O lobo em seu interior teria que aceitar sua decisão se quisesse revê-la novamente.

Zelar pela preservação de sua vida para que o animal não a machucasse na ânsia de ter sua necessidade saciada era o mínimo que Colin poderia fazer pela jovem. 

Sua cautela tinha motivos, pois conhecia muitas histórias de licantropos que assassinaram suas companheiras em um rompante de fúria por não terem tido a devida prudência ao revelarem a verdade sobre suas naturezas.

O pior erro que sua espécie cometia era confiar que a força do vínculo era suficiente para que uma companheira aceitasse sua nova realidade, desconsiderando que há séculos suas existências eram desacreditadas pelos contos de fadas que os retratavam como criaturas abomináveis. 

Colin não cometeria o mesmo erro dos outros, ainda que para isso tivesse que suportar a dor física que a distância lhe causava agora. 

Deixá-la partir não acabara com seu tormento, apenas lhe dera tempo para controlar a fúria do lobo até que estivesse na segurança de sua casa.

Mas, agora que estava sozinho podia sentir o coração ser esmagado e suas vísceras revirarem por causa do distanciamento.

Era como se uma parte de sua alma estivesse se rebelando para assumir o controle. 

Quando olhou para o espelho seus olhos brilhavam em um dourado tão intenso que ele quase conseguia ver o rosto da fera se projetando sob seus traços humanos.

O animal estava com raiva, muita raiva e logo tomaria o controle de seu corpo. 

Alarmado com a violência refletida no espelho, arrancou a camisa do corpo, retirou os sapatos e correu para o porão onde ficaria até que a transformação tivesse fim.

Finalmente, viveria seu tormento pela última vez, porque na próxima lua cheia ele estaria ao lado de sua peeira e ela o confortaria enquanto estivesse aprisionado dentro do corpo de um animal. 

Apenas um único temor ainda residia no fundo de sua mente. 

Ele temia que quando estivessem frente a frente ela se assustasse com a força do vínculo e acabasse fugindo do seu destino, porque isso forçaria o lobo em seu interior a caçá-la e... quando a encontrasse temia ser incapaz de contê-lo, pois duvidava de que o animal fosse paciente para cativá-la antes de lhe rasgar a garganta com suas presas. 

Mas, Colin Donovan estava prestes a aprender que maldições são quebradas através do poder do amor e... isso está muito além de um simples vínculo. 

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