― Srta. Florence, como advogado, devo dizer com toda a responsabilidade que este é o melhor desfecho para você. Magnus falou com leveza, como se tivesse certeza de que uma mulher sem apoio, como Florence, só pudesse aceitar o destino. Florence fechou o discurso que segurava e ergueu o olhar, fixando-o em Dr. Magnus sem dizer uma palavra. Sob aquele olhar límpido, Magnus sentiu-se, pela primeira vez em tempos, um tanto inseguro. ― Srta. Florence, por que está me olhando assim? ― Dr. Magnus, se bem me lembro, foi ajudando pessoas pobres sem cobrar que você acabou sendo perseguido e, por conta disso, ganhou o reconhecimento da família Avery, não foi? A voz de Florence era calma, quase casual, mas as palavras atingiram Magnus como um golpe inesperado. Ele ficou surpreso. Aquela história era conhecida apenas por Lucian e Theo. Como ela sabia disso? Porém, sendo um advogado experiente e acostumado a situações difíceis, Magnus rapidamente recuperou a compostura. ― E daí? ― E
Lucian não disse nada. Lançou um olhar para trás de Florence, e sua expressão tornou-se ainda mais fria, quase glacial, como se dissesse claramente que ninguém deveria se aproximar.Por dentro, Florence soltou um riso sarcástico. Esse era o Lucian que ela conhecia.Nesse momento, uma voz firme e carregada de autoridade surgiu atrás dela. Era Theo.— Florence, vai ficar parada aí até quando? Está todo mundo esperando por você.Florence virou-se e viu que, logo atrás de Theo, estavam Lyra e Bryan.Normalmente, aqueles dois jamais teriam importância suficiente para ocupar um lugar tão central. Mas, pelo visto, Theo estava mais preocupado com a possibilidade de Florence mudar de ideia e se recusar a subir no palco.— Flor… — Bryan, com o rosto sombrio, deu um passo à frente, como se quisesse protegê-la.Florence rapidamente balançou a cabeça, interrompendo-o:— Tio, fique ao lado da minha mãe. É o suficiente.Sob o olhar de advertência de Theo, Florence subiu ao palco.Lá embaixo, Gabriel,
João ficou paralisado por um instante. Em seguida, apontou nervosamente para a tela:— E daí? Isso só prova que foi a Florence quem me deu informações falsas para eu acusar Daphne!As pessoas ao redor começaram a murmurar em concordância.Mas Florence, mantendo a calma, lançou um olhar frio para Daphne e perguntou:— Daphne, quem entregou essas informações para os jornalistas, afinal? Você não sabe? Não tem nada a dizer?Daphne hesitou por um momento, mas logo respondeu, apressada:— O que isso tem a ver comigo? Não fui eu!Florence fixou os olhos nela, com um tom afiado:— Eu disse que tinha algo a ver com você? Só perguntei por que, naquele dia, no escritório do diretor, já esclareci tudo. Então por que, quando os jornalistas e os fãs começaram a me atacar, você não explicou nada?— Eu... Eu... — Daphne gaguejou, incapaz de responder, e decidiu apelar para o choro.Florence suspirou com falsa compaixão:— Daphne, não chore. Parece até que eu estou te maltratando. Que tal você me ajud
A tranquilidade de Florence surpreendeu a todos. Aquela que sempre foi a pessoa mais insignificante da família Avery agora não era mais submissa, nem falava com a cabeça baixa.Ela estava ali, de pé, no palco, enfrentando tudo e todos por si mesma. Seus olhos, claros e firmes, passaram por Lucian, que mantinha seu semblante frio e perigoso, mas dessa vez ela não demonstrou nem uma sombra de hesitação.Com a reviravolta da situação, todas as câmeras se voltaram para João e Daphne.João sentiu o chão sumir sob seus pés e, instintivamente, olhou para Daphne em busca de ajuda. Ela franziu levemente as sobrancelhas e, discreta, lançou-lhe um olhar significativo.João então levantou a voz, tentando rebater:— Florence, só porque eu te fiz algumas perguntas, você acha que pode me acusar de conspirar com a Daphne?Daphne, com os olhos ligeiramente vermelhos, assumiu um tom dócil:— Flor, eu sei que o colégio ter me dado a vaga na competição te deixou magoada, e eu entendo. Só queria um pedido
Os olhares cheios de desconfiança ao redor quase engoliam Daphne. Se ela não apresentasse uma justificativa convincente, toda a imagem que tanto lutara para construir desmoronaria em poucos segundos.Daphne apertou os lábios, e um brilho calculista passou por seus olhos. Com a voz doce, mas carregada de insinuações, ela disse:— Flor, será que você não está esquecendo do que estamos falando? O assunto aqui é você ter incentivado outras pessoas a me prejudicarem. Eu te dei a oportunidade de subir aqui e pedir desculpas justamente para resolvermos isso de forma amigável. Só assim você sai daqui sem problemas.Agora, a falsa vulnerabilidade de Daphne não surtia mais efeito. Então, ela partiu para a ameaça.Mas, mais uma vez, ela havia subestimado Florence.Florence virou-se para a policial com um olhar tranquilo, e a mulher fardada tomou a palavra.— Daphne, investigamos o homem que tentou te atacar. Ele não tem antecedentes criminais, apenas uma filha doente que precisava de dinheiro par
— Agradeço ao meu avô Theo. Foi ele que acreditou na minha inocência e organizou esta coletiva de imprensa para mim. Embora eu não tenha laços de sangue com a família Avery, eles sempre me trataram como se eu fosse uma deles. Nunca fariam nada para me prejudicar. Muito obrigada, de verdade.Florence se inclinou profundamente diante de Theo, demonstrando sua gratidão.Theo, mesmo com toda a raiva que sentia, não conseguiu dizer nada. Limitou-se a dar um sorriso forçado e acenar para os presentes, mantendo a compostura diante da situação. Não havia dúvidas de que aquela jogada havia sido a mais eficaz para dissipar a crise de reputação que rondava a família Avery.Quando a coletiva chegou ao fim, Florence apressou o passo para alcançar a policial que se retirava discretamente. Com um olhar cheio de gratidão, ela disse:— Obrigada. Se não fosse por você e pelas provas contra Gabriel, eu já estaria...Antes que Florence pudesse terminar, a policial fez um gesto para que seus colegas levass
Daphne se assustou. Quando Lucian levantou a mão, ela tentou pegar o pen drive, mas acabou deixando-o cair no chão, e, por fim, sem querer, pisou em cima dele com o salto, quebrando-o.Com uma expressão de culpa, Daphne tentou se justificar:— Me desculpa, Lucian... Eu não fiz por mal. Só queria pegar para você.Florence olhou para os pedaços quebrados do pen drive no chão. Sem dizer uma palavra, virou-se e saiu. O conteúdo do pen drive não importava. O que realmente valia era a reação de Daphne. Ela havia demonstrado sua culpa para todos ali, e isso era o suficiente.Ao sair do salão, Lyra a alcançou, passos apressados.— Você enlouqueceu, Florence? Como pôde entregar a prova para Daphne? — Perguntou Lyra, indignada.— Mãe, você realmente acha que nós duas conseguiríamos proteger essas provas? — Respondeu Florence, lançando-lhe um olhar firme.— Por que então você não tocou o áudio na hora? Todos teriam visto a verdadeira face de Daphne!— E o que aconteceria depois? Você acha que ai
Florence despertou novamente em um quarto de hospital. Seus olhos se moviam lentamente, mas a mente ainda estava enevoada. Apesar disso, conseguia ouvir vozes próximas à sua cama.— E então? — Perguntou uma voz masculina, grave, familiar e tingida com um tom perigoso.— Sr. Lucian, a paciente está fora de perigo. Eu coloco minha carreira em jogo: a recuperação da mão dela será completa. — Respondeu outro homem, em tom profissional.Mão? A palavra ecoou na mente de Florence, despertando-a de vez. Seus olhos entreabertos focalizaram a plaquinha no jaleco branco do médico ao seu lado: [Dr. Gustavo Barros – Chefe de Neurologia.] Aquele nome... Parecia tão familiar... De repente, ela se lembrou. Na vida passada, Daphne havia se cortado levemente na mão enquanto cozinhava. Lucian, desesperado, mandou chamar o melhor neurologista da cidade — o mesmo Dr. Gustavo — para tratar o que era apenas um ferimento superficial. Naquele mesmo dia, Florence teve a oportunidade da sua vida: apresen