cap-2

Depois daquele beijo, tudo mudou.

Nos dias que seguiram, Fellipo a evitava como se o próprio toque dela o queimasse. Ele sumia da mansão, mergulhando nas missões mais perigosas, voltando coberto de sangue e com o olhar ainda mais sombrio. Cecilia fingia que nada tinha acontecido, mas por dentro sentia-se despedaçada. A cada noite que passava, ela se perguntava se tinha feito algo errado ou se o que viveram havia sido só um impulso do momento.

Até que, uma noite, ela o encontrou no jardim, sentado no banco de pedra sob a luz fraca da lua. Ele estava com um cigarro entre os dedos, mas nem parecia notar a fumaça que subia lenta no ar.

— Por que você está fugindo de mim? — Cecilia perguntou, sua voz quebrada, mas firme.

Fellipo riu sem humor, balançando a cabeça.

— Eu não estou fugindo, Cecilia. Estou te protegendo.

Ela se sentou ao lado dele, mesmo quando ele se enrijeceu com a proximidade.

— Protegendo de quê? De você?

Ele virou o rosto para encará-la, os olhos carregados de um peso que Cecilia ainda não entendia completamente.

— Eu não sou como você. Não posso te dar o que você quer... o que você merece.

— E o que eu quero, Fellipo? — ela sussurrou, com o coração disparado.

Ele apertou a mandíbula, os dedos tremendo sobre o joelho.

— Você quer amor. Quer ser cuidada, protegida... quer alguém que fique. Mas eu sou feito de destruição, Cecilia. Eu só sei quebrar as coisas que toco.

As palavras dele rasgaram o peito dela, mas, ao invés de recuar, Cecilia segurou a mão dele com delicadeza.

— Eu não tenho medo de você, Fellipo. E, se você acha que vai me afastar com essas palavras, está enganado.

Ele a olhou como se estivesse diante do maior desafio da sua vida — e, talvez, estivesse mesmo. Sem dizer nada, levantou-se e foi embora, deixando Cecilia com a sensação de que estava lutando contra um muro que não sabia se algum dia desmoronaria.

Mas a vida, imprevisível como sempre, tinha outros planos.

Nos meses que se seguiram, a amizade entre Cecilia e Samara floresceu como uma árvore forte e cheia de vida. Elas se apoiavam mutuamente, compartilhando segredos, risadas e lágrimas. O vínculo se tornou tão profundo que, em pouco tempo, já não eram apenas amigas — eram irmãs de alma. Cecilia se sentia finalmente pertencendo a um lugar, com alguém que a compreendia sem julgamentos.

Uma noite especial foi o baile organizado pela família da máfia. Cecilia se sentiu como uma princesa ao se arrumar com a ajuda de Samara, que, mesmo grávida e cansada, não poupou esforços para vê-la linda. No baile, Cecilia conheceu John subchefe americano — um rapaz carismático, educado, que logo se tornou um amigo constante. Eles trocaram números e começaram a conversar com frequência, o que trouxe leveza aos dias dela.Fellipo morria de ciúmes  mas além de surta nada fala , e John não se abalava pois dizia que Fellipo era um medroso.

Enquanto isso, os encontros com Fellipo mudaram. Se antes ele aparecia uma vez por semana, agora era quase diário. Ele a buscava com desculpas bobas — dizer que estava de passagem ou que precisava ver se Thor estava bem. Mas, apesar da presença constante, Fellipo nunca falava sobre o que eram. Nunca a chamava de namorada, nunca mencionava a possibilidade de estarem juntos de verdade.

Cecilia se pegava remoendo pensamentos dolorosos. Será que ele não a queria porque ela não era mais virgem? Será que, para ele, isso a tornava indigna? A dúvida corroía sua autoestima, e, por mais que tentasse afastar a ideia, ela voltava como um fantasma cruel.

Antes, ela conversava com Samara sobre tudo, mas agora isso era mais difícil. Samara estava cada vez mais envolvida com Leonardo, sob a vigilância constante do Dom, e as duas quase não tinham mais tempo para longas conversas. Cecilia entendia, claro — sabia que a amiga estava vivendo sua própria história, com seus próprios desafios. Mas isso não tornava a solidão menos dolorosa.

Ela se sentia desgastada, confusa, presa em uma montanha-russa emocional que não sabia como parar. Amava Fellipo, mas era como se estivesse amando um homem que nunca a deixaria entrar completamente. E isso a estava destruindo, pedacinho por pedacinho.

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