CAP-01

Cecília era o tipo de pessoa que iluminava o ambiente sem nem perceber. Meiga, divertida e inteligente, ela tinha uma doçura natural, mas também um jeito forte, moldado pelas dificuldades que enfrentava. O amor pelo pai doente a fazia amadurecer um pouco mais a cada dia, mas ela nunca perdia o brilho nos olhos, especialmente quando estava cercada por duas de suas paixões: os livros de romance e seu fiel companheiro de quatro patas.

Sempre que tinha um tempo livre, Cecília se refugiava nas páginas de seus romances favoritos. Gostava das histórias intensas, daquelas que arrancavam suspiros e faziam o coração acelerar. E quando não estava perdida nos livros, era com Thor, seu enorme rottweiler, que ela passava os dias.

Apesar da aparência intimidadora, com seu porte robusto e olhar sério, Thor era um verdadeiro amor. Cecília costumava brincar que ele tinha "coração de filhote", pois bastava um carinho para ele deitar de barriga para cima, pedindo mais.

— Seu brucutu mimado — ela dizia, rindo, enquanto ele balançava o rabo, todo feliz.

Mesmo com as preocupações e o cansaço, Cecília encontrava alegria nas pequenas coisas. Um bom livro, a companhia de Thor e, agora, a amizade de Samara, que já se tornava uma irmã para ela. O mundo podia ser difícil, mas ela estava disposta a enfrentar tudo, sempre com um sorriso no rosto.

Cecília sempre soube que a vida não seria fácil, mas nada a preparou para ver seu pai, um homem forte e cheio de histórias, se perder aos poucos nas próprias memórias. O diagnóstico de Alzheimer veio como um soco, e desde então, cada dia era um novo desafio.

Nos primeiros meses, ela tentou acreditar que era só um esquecimento comum, algo passageiro. Mas então começaram os lapsos mais longos. O pai se esquecia de onde estava, do que havia comido, às vezes até de quem ela era. Nos dias bons, ele a olhava com carinho e dizia:

— Minha menina… você é igualzinha à sua mãe.

E aquilo aquecia seu coração, pois sua mãe sempre fora o grande amor dele. Mas nos dias ruins, Cecília entrava no quarto e via o olhar perdido, assustado. Como se estivesse cercado por estranhos. Como se sua própria filha fosse uma desconhecida.

— Pai, sou eu… Cecília. Sua Cecília.

Mas ele apenas franzia o cenho e perguntava, confuso:

— Quem é Cecília?

Ela saía do quarto nesses momentos, segurando as lágrimas, mas nunca desistia. Voltava com um sorriso e tentava distraí-lo com alguma história do passado, algo que ele ainda lembrasse.

Nos poucos momentos de alívio, quando ele conseguia se conectar com a realidade, ela se agarrava àquelas memórias. Cuidava dele como ele cuidou dela a vida inteira. Entre um remédio e outro, entre banhos e refeições que ele muitas vezes esquecia que já havia feito, Cecília encontrava forças no amor que sentia por ele.

Ela trabalhava para sustentar os dois, lia seus livros para se distrair e tinha Thor para lhe fazer companhia nas noites solitárias. Mas, acima de tudo, ela tinha esperança.

Esperança de que, mesmo quando seu pai não se lembrasse mais dela, o amor que os unia jamais se apagaria. ver  pai assim só a deixava com o sentimento de fracasso, pois ele tinha que fazer terapia mas não era do mesmo que o dinheiro sobrava pois ela tinha que comprar medicação pagar as contas e mesmo fazendo um trabalhos quando ele deixava era difícil manter tudo sem um trabalho e um salário ,os soldados amigos de seu pai os ajudavam trazendo mantimentos as vezes um deles traziam dinheiro que todos tinha juntado e ajudado pois eles sempre falam que meu pai por vezes vez muito mais por eles e eu sou grata a cada um deles .

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