Kamilla Lopez
Deitada sobre o sofá eu lutava para deixar os olhos abertos, desde que cheguei do trabalho apenas tomei um banho e deite-me sobre o sofá, derrubo o livro no chão, me levanto e encaro o relógio pendurado na parede, era 20h da noite, suspirei agradecida, tenho tempo suficiente para dormir até amanhã.
Resolvo ir para o quarto, mas antes que chegasse até lá ouço batidas na porta, me aproximo dela e escuto murmúrios no lado de fora, ao abrir me deparo com Bianca acompanhada de dois amigos que já conhecia.
— Nossa, o que aconteceu com você? - perguntou ao ver o meu estado de sono.
— Acabei de acordar, o que está fazendo aqui?
— Vim te visitar, trouxe até companhia.
— Bianca, está tarde. - falo sonolenta.
— Ainda são oito da noite.
Junto com os rapazes ela entra e se aproxima do sofá, vejo eles sacarem baralho e começarem a jogar, observei aquela cena sem vontade de participar, esperava ansiosa que ela fosse embora e os levasse junto, não queria ser rude com eles, sei que ela pensa que sou uma pessoa solitária, por isso insiste que eu saia mais vezes eu arrume um namorado.
— Vem jogar Kami, não sabe o que está perdendo
— Não sei jogar isso.
— Vem cá, eu te ensino. - o rapaz que estava lhe acompanhando se ofereceu.
— Estou bem aqui, obrigada.
— Vem.. Não seja tímida. - insistiu.
Suspirei e me aproximei deles, Diego começou a me explicar da maneira de que deveria jogar as cartas, em pouco tempo consegui entender a sequência do jogo, fiquei tão entretida que as horas foram se passando, pedimos comida e continuamos a jogar.
— Que tal deixarmos o jogo mais interessante? - Caio que estava do lado de Bianca sugeriu.
— Mais interessante?
— Sim, veja bem.. Poderíamos apostar.
— Estou fora, não sou tola para fazer apostas. - disse Bianca.
— Não precisa ser dinheiro. - ele persistiu revirando os olhos.
— Poderíamos apostar tirando alguma peça de roupa.
— Acho que isso não é uma boa ideia.. - Bianca protestou.
— Concordo. - apoiei suas palavras.
— E por que não? Somos todos amigos.
— Acho melhor vocês irem. - levantei-me do chão.
— Se não quer apostar, não aposta. - disse Diego.
— Bianca você viu a hora? Trabalhamos cedo amanhã.
— Ela tem razão. - Bianca também se levantou. — Vamos nessa.
Assim que eles passaram pela porta eu tranquei e segui para o quarto, estava exausta e minha única vontade era de jogar-me sobre a cama. Fui até o banheiro e livrei das roupas, entrei no chuveiro debaixo do chuveiro deixei que a água morna lavasse meu corpo e carregasse as energias que perdi durante o dia. Voltei para o quarto enrolada em uma toalha, me aproximei do guarda roupa e vesti uma camisola de flanela, soltei meus cabelos e me joguei no colchão.
Na manhã seguinte já esperava Bianca em frente de casa, hoje ela me daria carona para o trabalho. Dormi bem esta noite, minha energias estavam recuperadas, porém, assim que o carro dela para na minha frente e olhei para seu rosto, vi olheiras enormes mostrando que não havia dormido bem.
— Bom dia, Bianca. - cumprimento assim que entrei no veículo.
— Bom dia, Kami. - ela boceja.
— Não dormiu bem nesta noite?
— Me lembre de não sair mais a noite, por favor.
— Se me escutasse mais vezes talvez na teria más noites de sono.
— Como sempre está certa, não cansa de ser perfeita?
— Não.
— Percebi. Mas enfim.. O Diego está interessado em você.
— Eu sei, ele já se declarou para mim.
— E o que você disse?
— Falei que o considerava um amigo.
— Deveria conhecê-lo melhor, ele é muito bonito.
— O Caio é um idiota, viu o que ele queria fazer?
— Ele não falou sério, apenas brincou.
— Não me passou essa impressão.
— Você é desconfiada assim mesmo?
— Não sou desconfiada, apenas não confio cegamente nas pessoas.
Depois de percorrer pelo trânsito chegamos no local de trabalho, fomos diretamente para a enorme lanchonete. Eram exatamente 8h da manhã, já se encontrava uma boa quantidade de pessoas pela arena. Passamos pela multidão, enquanto andávamos sentia uma queimação estranha e aflita por todo meu corpo, parei de andar e olhei para os lados, de fato eu não sabia o que estava procurando.
— Kami! - Bianca me chama.
Volto a andar, depôs de guardarmos nossos pertences começamos nosso expediente. Hoje fiquei responsável de atender os clientes no lado de fora da lanchonete, na praça de alimentação, eu atendia e levava seus pedidos sempre com um sorriso no rosto.
— Arena está muito movimentada hoje. - Bianca falou.
— Notei.
— Isso é porque um empresário está a passeio com o filho.
— Empresário?
— Sim, por isso está muito movimentado.
— Agradecemos a ele.
Algumas horas mais tarde o jogo já havia se encerrado, o número de clientes redobrou naquele instante, eu contava as horas para que meu expediente acabasse e eu pudesse ir embora. Após atender o último cliente, um grupo de homens vestidos de ternos e óculos escuros se aproximaram da área de alimentação, pareciam ser seguranças.
Em meio dele havia um homem alto de cabelos loiros e olhos azuis, sua expressão era terrivelmente intimidadora, ele era maior do que os próprios seguranças, parecia que ele quem estava os protegendo. Aquele homem exala testosterona pura, um ar de arrogância e poder, ele era muito atraente.
Os seguranças se afastaram e ficaram em distâncias curtas, o homem extremamente lindo desviou seus olhos para mim, por um momento prendi o fôlego, aquele olhar intimidador me permaneceram lhe encarando, não conseguia desviar.
— Moça.
Ouço uma voz doce e baixa me chamar, olhei para baixo, um pequeno menino estava diante de mim, ele está um ser tão pequeno e tão lindo.
— Olá homenzinho. - sorri para ele.
— Eu quero fazer o meu pedido.
— Ah! Perfeitamente.. O que dese..
— Sorvete de chocolate!
Com o pedido anotado em minha mente caminhei para a outra funcionária preparar. Com o sorvete nas mãos eu virei-me e percebi que a criança havia se aproximado daquele homem, eles estavam dividindo a mesma mesa, sentia-me intimidada por constar que terei de me aproximar, não posso m****r outra funcionária ir no meu lugar, ou o chefe não gostará nenhum pouco.
Espantei aquela sensação e me aproximei da mesa, assim que lhe entreguei seu enorme sorvete de chocolate, falei:
— Aqui está, bom lanche.
Assim que dei as costas para voltar ao trabalho, ouço a criança ordenar:
— Sente-se!
Fiquei surpresa com atitude da criança, logo deduzi que ele seja um garoto mimado, virei para ele e falei com um pequeno sorriso.
— Não posso meu anjo, estou em horário de trabalho.
— Sente-se!
Ouço a voz grossa carregada de autoridade e perigo, virei-me e me deparei com os olhos azuis acinzentados e uma expressão séria, por um momento minhas pernas ficaram bambas. Um dos seguranças se aproximaram de mim e colocaram uma cadeira e me forçaram a me sentar, céus, onde me meti?
Kamilla LopezPousei a mão em cima da outra tentando controlar o meu nervosismo, não entendo do porquê estou assim, o olhar desse homem me intimida, ainda mais agora pelas palavras da criança, como uma criança pode decidir algo assim? Enquanto a criança fala eu sentia os olhos do homem sobre mim, eu tentava prestar a devida atenção, mas saber que ele estava me olhando ficava tensa.— Você tem filhos? - o garoto chamado Erick perguntou.— Não.— Você é muito bonita, sabia?— Obrigada, você também é muito bonito.— Poderíamos brincar qualquer dia. - sugeriu.— Sinto muito, mas não podemos, sempre estou trabalhando.— Mas isso não seria um problema, pode larga-lo.Sorri sem humor, para ele é algo simples e fácil, não entende que trabalhamos por obrigação e não porque queremos.
Kamilla Lopez— Não ouviu o que disseram? Está lotado!Estávamos em frente a boate enfrentando uma fila imensa, éramos as última da fila e para piorar o segurança acaba de falar que não é possível entrarmos.— Eu sabia que deveria ter ficado em casa.— Calma Kami, eu vou dar um jeito.Observo Bianca ir para o beco da boate, vemos dois seguranças na saída de emergência, ela diz algo próximo aos ouvido deles, mostrou ser algo pelas expressões de seus rostos, logo, Bianca acenou para mim e me chamou. Comecei a andar até ela me sentindo um inseto por estar naquele lugar, e ainda por cima estou sem calcinha, a noite está fria e a coitada está congelando.— O que você fez?— Prometi uma suruba.Passamos pela porta dos fundo
Kamilla LopezMe espreguiço da cama sentindo meu corpo todo dolorido, o tecido fino e liso da cama macia arrepia minha pele, não se parece nada com meus lençóis, esses são tão macios que não se compara com os meus. O sol toca em meu rosto e faz-me escondê-lo entre os lençóis. Pulo da cama em um sobressalto, com a visão ainda embaçada por acabar de acordar, observo o quarto em que estou, com as pernas doloridas e a cabeça girando como carrossel, caminhei pelo cômodo enorme e luxuoso.Me aproximei de um enorme espelho, eu estava com o mesmo vestido da noite anterior, naquele instante as lembranças voltaram como avalanche, as bebidas, aquele homem asqueroso, o meu Salvador, tudo! Como fui tão ingênua? Por um triz não fui abusada, se não fosse por aquele homem de olhos azuis eu não sei em que estado estaria nesse momento. Meu salvador quando me tirou da boate e me colocou em seu veículo eu não lembro de mais nada do que pode ter acontecido.<
Kamilla LopezEnquanto o carro percorre o trânsito eu me perguntava o que havia acontecido minutos atrás. Nick Ross pelo que soube é dono de várias empresas, fora cassinos que ele tem e os hotéis com seu nome. Não conseguia acreditar que dormi em sua propriedade. Não me lembro muito bem da noite anterior, as lembranças ainda estão distorcidas, mas graças a Deus nada aconteceu. Estou frustrada e arrependida por ter ido aquela boate com Bianca, ela me prometeu ficar ao meu lado, deveria saber que não seria capaz de cumprir algo tão simples, fui tola em deixar ela me persuadir e me tirar da onde estava protegida.Boate não é para mim, é um ambiente que não me vejo nele, embora senhor Ross tenha dito aquelas palavras para não sair a noite como ordens, encaro como um conselho, ele quem me salvou e nas circunstâncias em que eu estava me levou para sua casa, ele fez um ato genuíno, espero que o tal Denver esteja nessa altura preso.
Kamilla LopezJá havia se passado alguns dias que eu não falei mais com Bianca, ela tentava me procurar e fazer com que eu a escutasse, mas eu não queria. Dona Carolina percebeu que algo estava errado, afinal Bianca havia deixado de ir a nossa casa, ela não me obrigou a falar, estava esperando a minha boa vontade para me abrir a ela. Deveria ter contado tudo para ela desde aquele dia, mas eu não queria preocupa-la com isso, já estava resolvido e era isso que importava.Depois de chegar de mais um dia de trabalho pude me jogar sobre o sofá, estava ficando mais difícil de ir e voltar do trabalho de ônibus, na maioria das vezes era Bianca quem me trazia. Escuto um pigarrear acima da minha cabeça, a o os olhos e encaro dona Carolina.— Boa noite menina.— Boa noite dona Carolina.— Como foi o seu dia?— Cansativo, e o seu?— Muito produtivo, comecei algumas plantas para enfeita
Kamilla LopezDepois que Bianca me trouxe de volta para casa, contei tudo para dona Carolina, ela me escutou atentamente. No fim ela me abraçou orgulhosa e me abraçou meu ato de bondade, não lhe contei sobre o ocorrido, achei desnecessário deixá-la preocupada por um assunto já resolvido. Depois de conversarmos segui para o quarto, me livrei das roupas e tomei um banho bastante demorado. Enquanto lavava meus cabelos abaixo da água lembrei-me da mensagem desconhecida, aquelas palavras ficaram martelando na minha cabeça, não.. Impossível que tenha sido aquele homem.Os dias foram se passando, depois da nossa reconciliação Bianca e eu ficamos mais grudadas do que nunca. Saíamos quase todas as noites para o cinema. Parecíamos adolescentes, nos divertindo e passando vergonha. Sempre que estávamos em lugares como o cinema, me sentia observada, procurava pelo par de olhos que estava me deixando desconfortável, mas não encontrava, ta
Kamilla LopezSou despertada com um ronrom próximo ao meu ouvido, abri os olhos e me deparei com Zeus olhando para mim, sorri por vê-lo tão fofinho com seu pelo arrepiado, ele miou e se aproximou do meu pescoço se encolhendo. O coloquei em minhas mãos e encarei aquela preciosidade pequena, o aproximei dos meus lábios e beijei sua cabeça.— Obrigada por acordar sua mamãe. - o deixei na cama e saí dela.Depois do banho vesti o meu uniforme e sai do quarto com Zeus nos meus braços, chegar na cozinha vi dona Carolina em frente ao fogão assando ovos e bacon.— Bom dia! - cumprimentei. — O cheiro está ótimo!Ela virou-se pronta para me cumprimentar, mas seus olhos descerá e focaram o que estava em minhas mãos.— Mas que pitchulinha.. - ela desligou o fogão e se aproximou.— Lindo não é? Se chama Zeus, ele entrou aqui na noite passada, posso ficar com el
Kamilla LopezEstava em estado letárgico, eu andava pelas ruas me encostando sobre a parede controlando a minha respiração. Estava com raiva, frustrada e nervosa. Ele teve o que mereceu, minha vontade ainda era de voltar e acabar com a vida dele, porém eu me controlei, enxuguei meu rosto e apertei a minha bolsa voltando a andar. Parei próxima a um mercado, comprei algumas coisas para casa e ração para Zeus, também vasilhas para colocar água e sua comida.Depois de comprar eu deixei o mercado e comecei a andar pelas calçadas em direção ao ponto de ônibus, antes de me aproximar, um carro parou ao meu lado, sutilmente apertei as sacolas nas minhas mãos, olhei para o vidro e não consegui ver ninguém, assustada por um momento pensei ser aquele desgraçado, aumento meus passos na intenção de chegar a esquina, porém, o carro parou abruptamente e vi aquele homem sair do carro. Nick me encara com um sorriso provocante nos lábios, suspirei alivia