Kamilla Lopez
Me espreguiço da cama sentindo meu corpo todo dolorido, o tecido fino e liso da cama macia arrepia minha pele, não se parece nada com meus lençóis, esses são tão macios que não se compara com os meus. O sol toca em meu rosto e faz-me escondê-lo entre os lençóis. Pulo da cama em um sobressalto, com a visão ainda embaçada por acabar de acordar, observo o quarto em que estou, com as pernas doloridas e a cabeça girando como carrossel, caminhei pelo cômodo enorme e luxuoso.
Me aproximei de um enorme espelho, eu estava com o mesmo vestido da noite anterior, naquele instante as lembranças voltaram como avalanche, as bebidas, aquele homem asqueroso, o meu Salvador, tudo! Como fui tão ingênua? Por um triz não fui abusada, se não fosse por aquele homem de olhos azuis eu não sei em que estado estaria nesse momento. Meu salvador quando me tirou da boate e me colocou em seu veículo eu não lembro de mais nada do que pode ter acontecido.
Meu rosto estava manchado pela maquiagem, meus cabelos estavam bagunçados, me encontrava em um completo caos. Sigo até uma porta onde constatei ser o banheiro, abri a madeira e me aproximei da pia de mármore, liguei a água e comecei a lavar meu rosto. Depois de fazê-lo eu voltei para o quarto, se é que posso chamar de quarto. Me aproximei da cama e peguei o par de sapatos que usei, os coloquei em minhas mãos e saí do quarto.
Ando pelo corredor pisando sobre o enorme tapete vermelho a procura das escadas, enquanto prossigo eu admiro os enormes quadros que estava sobre a parede. Estava receosa por não saber onde estou, não ousei tocar em absolutamente nada, cada centímetro do meu corpo estava arrepiado, enquanto ando não se ouvia nem via um ser vivente, sequer um rastro de pessoa.
Ao achar as escadas escutei sorrisos de uma criança um pouco distante, desci e deparei-me com um menino sentado sobre o chão brincando sozinho de carinho, ele batia os brinquedos um no outro. Me aproximei da criança parando a centímetros dela, ao perceber minha aproximação ele virou-se e me encarou, olhei atentamente para aquele menino com os olhos surpresos, era aquela criança mandona.
— Oi Kamilla. - me cumprimentou com um pequeno sorriso.
— Olá Erick. Você mora aqui?
— Sim, meu pai me disse que te trouxe para cá, você vai ficar?
— Eu? Na..
— Senhorita Lopez!
Ouço a voz grossa e autoritária mencionar o meu nome, meus ombros caem e com as pernas bambas eu viro-me e encaro a silhueta do homem belo e assustador. Ele era uma mistura de monstruosidade e beleza exótica, observo a grande muralha vestido de terno preto onde marcavam seus músculos, subo até me deparar com aqueles olhos azuis escuros, ele era uma verdadeira beldade exalando poder e perigo, seu rosto sério apenas certifica minhas palavras.
— Sim? - falei num fio de voz.
— Me acompanhe por favor.
Seu corpo virou-se e começou a andar para um corredor, sem ter o que fazer o segui, estava nervosa por estar próxima desse homem. Ele abre uma porta dupla e me dá a devida passagem para que eu entrasse, mesmo com receio eu o fiz, logo, ele fechou a porta e se aproximou de uma pequena adega.
— Aceita um drink?
— Não, obrigada. Não gosto de beber.
Aquele homem virou seu corpo e me olhou com zombaria, deve estava me julgando.
— Como não? Se a encontrei alcoolizada prestes a ser violada?
— Aquele homem me ofereceu uma bebida doce, eu não sabia que continha álcool.
— Com quem estava? - perguntou.
— Com uma.. Colega.
— Bom, afaste-se dela, eu não a quero saindo em horários noturnos.
Escutei aquela ordem com a sobrancelha arqueada, quem ele pensa que é para me dar ordens?
— Obrigada pela sua ajuda senhor, se não não houvesse chegado naquele instante eu não sei o que seria de mim. - agradeço com a voz trêmula. — Mas não pode me dizer o que devo e o que não devo fazer, sou maior dona e dona do meu próprio nariz.
Com uma expressão séria aquele homem cujo não lembro o nome se aproximou de mim, tentei andar para trás, mas minhas costas encostaram na porta do escritório, fui prensada sobre ela com seu corpo enorme esmagando o meu.
— Creio não ter sido específico com você.. Eu não quero que saia novamente durante o horário da noite, eu fui claro?
Fiquei apavorada com aquela exigência, eu não o conheço e ele também não me conhece, porém mostra ser um homem perigoso.
— Eu fui claro, senhorita Lopez? - ele pergunta exigindo uma resposta.
— Como clara de ovo.
— Que bom, boneca.
O homem afastou-se é andou para sua poltrona, de repete ele perguntou:
— Você trabalha, não é?
— Sim, em uma lanchonete.
— Não deseja trabalhar como babá?
— Como sabe, já tenho trabalho.
— Sei disso, mas eu percebi que meu filho se agradou de você, poderia trabalhar como a babá dele, seria muito bem paga.
Percebi que em suas palavras eram carregadas de segundas intenções, embora mostre que eu teria um salário melhor do que no meu trabalho atual.
— Seu filho é um doce, mas eu já tenho trabalho, obrigada pela oferta.
Recusei a oferta, não preciso mais de um trabalho, já tenho um e estou nele há meses e não tenho do que reclamar. O homem levantou-se de sua poltrona e novamente se aproximou de mim, continuei parada na onde estava, com os sapatos em mãos eu os apertava com força, estava ficando nervosa por estar ali, minha única vontade era ir embora.
— Irei m****r que o motorista leve-a de volta para casa. - avisou.
Suspirei e concordei, me afastei da cama e ele abriu a porta, fiquei tentada de perguntar o seu nome, não conseguia lembrar-me de seu nome. Enquanto ele me guiava de volta para a sala principal, perguntei:
— Como se chama?
— Lembra-se do nome de meu filho, mas não lembra do meu.. - ele sorriu sem humor enquanto ainda andava.
— Minha intenção não foi ofender.
— Nick Ross! - falou por fim.
De volta a sala principal o pequeno Erick veio ao meu encontro e é segurou a barra do meu vestido.
— Você já vai Kami?
— Sim, Erick, tenho que voltar para casa.
— Mas.. Você vai voltar?
— S-sim..?
— Promete?
— Claro! - sorri nervosa.
Ele se afastou e voltou a brincar com seus carrinhos, ao me aproximar do Hall de entrada, Nick Ross segurou meu braço e aproximou seus lábios do meu ouvido:
— Promessa é dívida, boneca.
Ele soltou meu braço e me ficou me olhando até me aproximar do carro que me levaria para casa, com a força que ainda me restava eu entrei no veículo, o carro logo acelerou e deu partida passando pelos grande portões.
Kamilla LopezEnquanto o carro percorre o trânsito eu me perguntava o que havia acontecido minutos atrás. Nick Ross pelo que soube é dono de várias empresas, fora cassinos que ele tem e os hotéis com seu nome. Não conseguia acreditar que dormi em sua propriedade. Não me lembro muito bem da noite anterior, as lembranças ainda estão distorcidas, mas graças a Deus nada aconteceu. Estou frustrada e arrependida por ter ido aquela boate com Bianca, ela me prometeu ficar ao meu lado, deveria saber que não seria capaz de cumprir algo tão simples, fui tola em deixar ela me persuadir e me tirar da onde estava protegida.Boate não é para mim, é um ambiente que não me vejo nele, embora senhor Ross tenha dito aquelas palavras para não sair a noite como ordens, encaro como um conselho, ele quem me salvou e nas circunstâncias em que eu estava me levou para sua casa, ele fez um ato genuíno, espero que o tal Denver esteja nessa altura preso.
Kamilla LopezJá havia se passado alguns dias que eu não falei mais com Bianca, ela tentava me procurar e fazer com que eu a escutasse, mas eu não queria. Dona Carolina percebeu que algo estava errado, afinal Bianca havia deixado de ir a nossa casa, ela não me obrigou a falar, estava esperando a minha boa vontade para me abrir a ela. Deveria ter contado tudo para ela desde aquele dia, mas eu não queria preocupa-la com isso, já estava resolvido e era isso que importava.Depois de chegar de mais um dia de trabalho pude me jogar sobre o sofá, estava ficando mais difícil de ir e voltar do trabalho de ônibus, na maioria das vezes era Bianca quem me trazia. Escuto um pigarrear acima da minha cabeça, a o os olhos e encaro dona Carolina.— Boa noite menina.— Boa noite dona Carolina.— Como foi o seu dia?— Cansativo, e o seu?— Muito produtivo, comecei algumas plantas para enfeita
Kamilla LopezDepois que Bianca me trouxe de volta para casa, contei tudo para dona Carolina, ela me escutou atentamente. No fim ela me abraçou orgulhosa e me abraçou meu ato de bondade, não lhe contei sobre o ocorrido, achei desnecessário deixá-la preocupada por um assunto já resolvido. Depois de conversarmos segui para o quarto, me livrei das roupas e tomei um banho bastante demorado. Enquanto lavava meus cabelos abaixo da água lembrei-me da mensagem desconhecida, aquelas palavras ficaram martelando na minha cabeça, não.. Impossível que tenha sido aquele homem.Os dias foram se passando, depois da nossa reconciliação Bianca e eu ficamos mais grudadas do que nunca. Saíamos quase todas as noites para o cinema. Parecíamos adolescentes, nos divertindo e passando vergonha. Sempre que estávamos em lugares como o cinema, me sentia observada, procurava pelo par de olhos que estava me deixando desconfortável, mas não encontrava, ta
Kamilla LopezSou despertada com um ronrom próximo ao meu ouvido, abri os olhos e me deparei com Zeus olhando para mim, sorri por vê-lo tão fofinho com seu pelo arrepiado, ele miou e se aproximou do meu pescoço se encolhendo. O coloquei em minhas mãos e encarei aquela preciosidade pequena, o aproximei dos meus lábios e beijei sua cabeça.— Obrigada por acordar sua mamãe. - o deixei na cama e saí dela.Depois do banho vesti o meu uniforme e sai do quarto com Zeus nos meus braços, chegar na cozinha vi dona Carolina em frente ao fogão assando ovos e bacon.— Bom dia! - cumprimentei. — O cheiro está ótimo!Ela virou-se pronta para me cumprimentar, mas seus olhos descerá e focaram o que estava em minhas mãos.— Mas que pitchulinha.. - ela desligou o fogão e se aproximou.— Lindo não é? Se chama Zeus, ele entrou aqui na noite passada, posso ficar com el
Kamilla LopezEstava em estado letárgico, eu andava pelas ruas me encostando sobre a parede controlando a minha respiração. Estava com raiva, frustrada e nervosa. Ele teve o que mereceu, minha vontade ainda era de voltar e acabar com a vida dele, porém eu me controlei, enxuguei meu rosto e apertei a minha bolsa voltando a andar. Parei próxima a um mercado, comprei algumas coisas para casa e ração para Zeus, também vasilhas para colocar água e sua comida.Depois de comprar eu deixei o mercado e comecei a andar pelas calçadas em direção ao ponto de ônibus, antes de me aproximar, um carro parou ao meu lado, sutilmente apertei as sacolas nas minhas mãos, olhei para o vidro e não consegui ver ninguém, assustada por um momento pensei ser aquele desgraçado, aumento meus passos na intenção de chegar a esquina, porém, o carro parou abruptamente e vi aquele homem sair do carro. Nick me encara com um sorriso provocante nos lábios, suspirei alivia
Kamilla LopezJá se passou um mês depois do que aconteceu, já estava tocando a minha vida a procura de um trabalho, mas cada vez estava difícil de arranjar. Durante um mês tentei de todas as formas, dona Carolina percebia que eu estava preocupada, muitas vezes ela tentava me tranquilizar, dizendo que havia necessidade para tanta preocupação e que sua aposentadoria nos sustentaria sem nenhum problema, mas não posso me aproveitar disso, não posso deixar que ela lide com as despesas sozinha.Sentada sobre a cama, navego no site a procura de um anúncio de emprego, todos que haviam disponíveis precisavam de experiências em áreas que eu nunca exerci, só havia concluído o ensino médio, não tive a oportunidade de entrar em uma faculdade, minha única escolha após sair do orfanato foi trabalhar no meu agora antigo emprego que ainda por cima foi dona Carolina quem me ajudou. Ouço uma batida na porta, vejo ela passar com um copo de leite e uma caixa de bi
Kamilla LopezOrganizo a minha postura, verifico o horário do relógio que estava em meu pulso, suspiro algumas vezes e lanço um último olhar no espelho antes de sair do quarto. Segurei a minha bolsa e apertei entre meus dedos, estou nervosa, nunca cuidei de uma criança, nem mesmo no orfanato, muitos de lá surgiam com mais de 10-13 anos. Me despeço de dona Carolina e passo pela porta da frente, logo, vejo um veículo se aproximar e parar em frente a minha casa, um homem vestido de terno desce do carro e abre a porta para que eu entre, após entrar e agradecer pela gentileza o homem fechou a porta e assumiu o volante.Enquanto estávamos no trânsito eu apertava meus dedos nervosa, estou insegura, medo de que a criança que irei cuidar não se agrade de mim, muitas vezes olhei para o motorista querendo perguntar em como a criança era, mas optei por ficar calada. O carro passou por portões enormes onde via-se seguranças em frente a e
Kamilla LopezSentada sobre o gramado do imenso jardim, observo Erick se balançar em seu balanço, seu olhar está vago, ele aparenta está triste e não mostra nenhum entusiasmo. Já havíamos almoçado, e enquanto estávamos sobre a mesa percebi que ele estava inquieto, olhava para a uma cadeira vazia e desde então ele está assim. Depois do almoço o ajudei nos deveres da escola, o liberei para brincar no jardim, mas obviamente que ele não queria brincar sozinho, e agora que sou sua babá, considerada como mamãe, resolvi lhe fazer companhia.— Então Erick, você tem amigos? - perguntei puxando conversa.— Na escola eu tenho alguns colegas.— Eles não te visitam?— O papai não permite.— E por quê?— Não sei, nunca perguntei, ele não gosta que eu questione nas decisões dele.Percebi que Erick sente falta de outras crianças ao seu redor, afinal ele é uma criança e gosta de brincar co