Kamilla Lopez
— Não ouviu o que disseram? Está lotado!
Estávamos em frente a boate enfrentando uma fila imensa, éramos as última da fila e para piorar o segurança acaba de falar que não é possível entrarmos.
— Eu sabia que deveria ter ficado em casa.
— Calma Kami, eu vou dar um jeito.
Observo Bianca ir para o beco da boate, vemos dois seguranças na saída de emergência, ela diz algo próximo aos ouvido deles, mostrou ser algo pelas expressões de seus rostos, logo, Bianca acenou para mim e me chamou. Comecei a andar até ela me sentindo um inseto por estar naquele lugar, e ainda por cima estou sem calcinha, a noite está fria e a coitada está congelando.
— O que você fez?
— Prometi uma suruba.
Passamos pela porta dos fundos e logo ouvimos a música estridente, seguimos pelo corredor extenso com vários seguranças, automaticamente segure a mão de Bianca.
— Nem acredito que nunca veio em uma boate.
— Acho que fiz bem nunca ter vindo, até agora.
— Relaxa Kami, vamos nos divertir um pouco e logo voltaremos para casa.
Dirigimos para uma porta dupla e nos deparamos com pessoas dançando no ritmo da música, o ambiente estava carregados de sexo, bebidas e drogas. Aquilo era novo para mim, a música alta, luzes piscantes que ofuscaram a minha visão. Andamos em direção ao bar para sentar-se nos bancos, logo, Bianca fez o seu pedido.
— Moço, prepara duas tequila.
— Você vai beber?
— E você acha que vim para ficar sóbria?
— Mas você vai dirigir Bianca.
— Sou chata, sou insuportável, mas eu não sou burra e nem irresponsável. Não vou beber muito, você quer? - me ofereceu.
— Não, obrigada.
Depois de tomar a bebida alcoólica ela direcionou o seu corpo para a pista de dança. Observo a minha conta pessoas sentadas em cadeiras e mesas, levanto meus olhos e observo as áreas vips, não estava tão lotada como no andar de baixo.
— Olá!
Ouço a voz de um homem assim que sentou ao meu lado, viro-me e encaro a bela parede de músculos.
— Olá! - cumprimentei com um sorriso.
— Por que não está dançando?
— Não gosto de dançar.
— Veio acompanhada?
— Sim, com uma amiga.
— E onde a sua amiga está?
— Está bem al..
Apontei para a pista percebendo que ela não se encontrava mais lá, rapidamente levantei-me do banco e vagueia por completo a boate, ela não estava mais lá.
— Eu acho que sou sua companhia agora.
— Acho que sim, ela deve ter ido ao banheiro.
— Está nervosa?
— Não.. É que.. É a primeira vez em um lugar como este.
Fiquei conversando com aquele homem que estava ao meu lado, de repente ele chamou atenção do barman e pediu uma bebida.
— Toma, para relaxar
— Eu não bebo.
— Isso não é bem uma bebida, ela é bem doce.
Mesmo com receio eu segurei o copo e ingeri o líquido, percebi que era extremamente doce, o homem sorriu batendo palmas, também sorri, ele me parece ser uma boa pessoa, ficar temerosa ao seu lado não vejo a necessidade. Tomei vários copos daquela bebida doce, o homem apenas falava e sorria, eu não conseguia me controlar, sentia uma felicidade enorme. O barman trazia mais bebidas doces e eu tomava, uma certa altura comecei a sentir os efeitos da bebida, enquanto conversávamos eu senti uma queimação severa por todo meu corpo.
— O que tem nessa bebida?
— Nada demais, apenas algo para te alegrar.
Arrastei meus olhos novamente para a boate, não havia sinal de Bianca, nada! Me levantei do banco e senti-me um pouco tonta, Denver o cara que estava conversando comigo e me oferecendo bebidas também se levantou e pediu a conta do barman.
— Para onde vai?
— Até o banheiro, volto logo.
Naquele momento eu percebi que Denver me queria alcoolizada, já estava começando a me assustar, não sabia onde Bianca estava. Quando dei as costas para Denver, senti sua mão segurar o meu braço.
— Eu vou com você, para você não se perder.
— Não precisa, me espere aqui, volto em um minuto.
Ele me avaliou por alguns segundos e me soltou, comecei a seguir onde deduzi ser o banheiro, olhava para os lados a procura da megera de Bianca, com certeza está com algum homem e me deixou sozinha. Andei por um corredor onde havia diversas pessoas se beijando, me senti envergonhada por estar ali, dei meia volta e bati de encontro a uma parede de músculos, assim que levantei meus olhos percebi que era o Denver.
Quando tentei passar por ele suas mãos rodearam a minha cintura e colou-me em seu corpo.
— Te peguei princesinha.. - sorriu malicioso.
— Está bem.. Agora me solta. - sorri sem humor.
Levei minhas mão até o seu peito e tentei empurra-lo, mas ele não moveu nenhum músculo, senti suas mãos desceram até a minha bunda e apertar com força.
— Denver, me solta!
— Qual a pressa, princesinha?
Com o sorriso macabro nos lábios Denver me arrastou para uma porta e me jogou sobre uma cama que havia naquele lugar, assustei-me quando ele passou pela porta e trancou, o encarei com medo, com os olhos arregalados vejo ele abrir suas calças e libertar seu membro ereto. Levantei-me da cama as pressas pronto para lutar contra ele, porém, ele me imobilizou facilmente.
— Me solta seu lixo!
— Não se faça de difícil, sua putinha.
— Putinha é sua avó!
Ele livrou uma de suas mãos e levantou a barra do meu vestido, ele percebeu que não estava usando uma calcinha, um sorriso habitou seus lábios.
— Nossa, facilitou muito!
Novamente ele me jogou sobre a cama e subiu encima de mim, ele abriu minhas pernas e ficou entre elas, eu chorava descontroladamente e tentava o empurra-lo, me esperneava, batia contra o seu rosto.
— Socorro! - gritei por ajuda.
A porta de repente foi levada ao chão, o som da madeira pesada ecoou pelo cômodo e assustou Denver, rapidamente ele se levantou. Um homem alto e forte maior do que Denver entrou naquele cômodo, minha visão estava turva pelas lágrimas, mas vi o cabelo loiro do meu salvador e o terno que estava usando vi um de seus braços ficarem de frente para Denver e mirar uma arma na sua cabeça.
Ele tenta se desculpar e fazer de tudo para que não seja morto, mas logo, suas súplicas pararam, um som estridente ecoou pelo cômodo e fez-me meu corpo ficar rígido e assustado, algo cai sobre o chão e eu fico tensa, não tenho forças para ficar em pé e ir embora, minha mente está processando tudo o que aconteceu em menos de cinco minutos.
Sinto mãos ásperas tocar em minha pele, ouço um suspiro carregado de desejo e logo, minha intimidade ser coberta com o vestido sendo puxado para baixo.
— Mi bela.
Sou suspendida como uma boneca de pano e levada para fora da boate, sou colocada no banco do passageiro de um carro e rapidamente ouço os pneus cantarem no asfalto. Meu corpo se arqueia no couro do veículo, com a visão embaçada e com a voz embolada perguntei:
— Quem é você?
Não obtive resposta, o homem estava com um olhar sério para o trânsito, seus lábios estavam em uma linha fina mostrand o que estava zangado, aos poucos a minha cabeça foi pesando e de repente caí na escuridão tomada de cansaço.
Kamilla LopezMe espreguiço da cama sentindo meu corpo todo dolorido, o tecido fino e liso da cama macia arrepia minha pele, não se parece nada com meus lençóis, esses são tão macios que não se compara com os meus. O sol toca em meu rosto e faz-me escondê-lo entre os lençóis. Pulo da cama em um sobressalto, com a visão ainda embaçada por acabar de acordar, observo o quarto em que estou, com as pernas doloridas e a cabeça girando como carrossel, caminhei pelo cômodo enorme e luxuoso.Me aproximei de um enorme espelho, eu estava com o mesmo vestido da noite anterior, naquele instante as lembranças voltaram como avalanche, as bebidas, aquele homem asqueroso, o meu Salvador, tudo! Como fui tão ingênua? Por um triz não fui abusada, se não fosse por aquele homem de olhos azuis eu não sei em que estado estaria nesse momento. Meu salvador quando me tirou da boate e me colocou em seu veículo eu não lembro de mais nada do que pode ter acontecido.<
Kamilla LopezEnquanto o carro percorre o trânsito eu me perguntava o que havia acontecido minutos atrás. Nick Ross pelo que soube é dono de várias empresas, fora cassinos que ele tem e os hotéis com seu nome. Não conseguia acreditar que dormi em sua propriedade. Não me lembro muito bem da noite anterior, as lembranças ainda estão distorcidas, mas graças a Deus nada aconteceu. Estou frustrada e arrependida por ter ido aquela boate com Bianca, ela me prometeu ficar ao meu lado, deveria saber que não seria capaz de cumprir algo tão simples, fui tola em deixar ela me persuadir e me tirar da onde estava protegida.Boate não é para mim, é um ambiente que não me vejo nele, embora senhor Ross tenha dito aquelas palavras para não sair a noite como ordens, encaro como um conselho, ele quem me salvou e nas circunstâncias em que eu estava me levou para sua casa, ele fez um ato genuíno, espero que o tal Denver esteja nessa altura preso.
Kamilla LopezJá havia se passado alguns dias que eu não falei mais com Bianca, ela tentava me procurar e fazer com que eu a escutasse, mas eu não queria. Dona Carolina percebeu que algo estava errado, afinal Bianca havia deixado de ir a nossa casa, ela não me obrigou a falar, estava esperando a minha boa vontade para me abrir a ela. Deveria ter contado tudo para ela desde aquele dia, mas eu não queria preocupa-la com isso, já estava resolvido e era isso que importava.Depois de chegar de mais um dia de trabalho pude me jogar sobre o sofá, estava ficando mais difícil de ir e voltar do trabalho de ônibus, na maioria das vezes era Bianca quem me trazia. Escuto um pigarrear acima da minha cabeça, a o os olhos e encaro dona Carolina.— Boa noite menina.— Boa noite dona Carolina.— Como foi o seu dia?— Cansativo, e o seu?— Muito produtivo, comecei algumas plantas para enfeita
Kamilla LopezDepois que Bianca me trouxe de volta para casa, contei tudo para dona Carolina, ela me escutou atentamente. No fim ela me abraçou orgulhosa e me abraçou meu ato de bondade, não lhe contei sobre o ocorrido, achei desnecessário deixá-la preocupada por um assunto já resolvido. Depois de conversarmos segui para o quarto, me livrei das roupas e tomei um banho bastante demorado. Enquanto lavava meus cabelos abaixo da água lembrei-me da mensagem desconhecida, aquelas palavras ficaram martelando na minha cabeça, não.. Impossível que tenha sido aquele homem.Os dias foram se passando, depois da nossa reconciliação Bianca e eu ficamos mais grudadas do que nunca. Saíamos quase todas as noites para o cinema. Parecíamos adolescentes, nos divertindo e passando vergonha. Sempre que estávamos em lugares como o cinema, me sentia observada, procurava pelo par de olhos que estava me deixando desconfortável, mas não encontrava, ta
Kamilla LopezSou despertada com um ronrom próximo ao meu ouvido, abri os olhos e me deparei com Zeus olhando para mim, sorri por vê-lo tão fofinho com seu pelo arrepiado, ele miou e se aproximou do meu pescoço se encolhendo. O coloquei em minhas mãos e encarei aquela preciosidade pequena, o aproximei dos meus lábios e beijei sua cabeça.— Obrigada por acordar sua mamãe. - o deixei na cama e saí dela.Depois do banho vesti o meu uniforme e sai do quarto com Zeus nos meus braços, chegar na cozinha vi dona Carolina em frente ao fogão assando ovos e bacon.— Bom dia! - cumprimentei. — O cheiro está ótimo!Ela virou-se pronta para me cumprimentar, mas seus olhos descerá e focaram o que estava em minhas mãos.— Mas que pitchulinha.. - ela desligou o fogão e se aproximou.— Lindo não é? Se chama Zeus, ele entrou aqui na noite passada, posso ficar com el
Kamilla LopezEstava em estado letárgico, eu andava pelas ruas me encostando sobre a parede controlando a minha respiração. Estava com raiva, frustrada e nervosa. Ele teve o que mereceu, minha vontade ainda era de voltar e acabar com a vida dele, porém eu me controlei, enxuguei meu rosto e apertei a minha bolsa voltando a andar. Parei próxima a um mercado, comprei algumas coisas para casa e ração para Zeus, também vasilhas para colocar água e sua comida.Depois de comprar eu deixei o mercado e comecei a andar pelas calçadas em direção ao ponto de ônibus, antes de me aproximar, um carro parou ao meu lado, sutilmente apertei as sacolas nas minhas mãos, olhei para o vidro e não consegui ver ninguém, assustada por um momento pensei ser aquele desgraçado, aumento meus passos na intenção de chegar a esquina, porém, o carro parou abruptamente e vi aquele homem sair do carro. Nick me encara com um sorriso provocante nos lábios, suspirei alivia
Kamilla LopezJá se passou um mês depois do que aconteceu, já estava tocando a minha vida a procura de um trabalho, mas cada vez estava difícil de arranjar. Durante um mês tentei de todas as formas, dona Carolina percebia que eu estava preocupada, muitas vezes ela tentava me tranquilizar, dizendo que havia necessidade para tanta preocupação e que sua aposentadoria nos sustentaria sem nenhum problema, mas não posso me aproveitar disso, não posso deixar que ela lide com as despesas sozinha.Sentada sobre a cama, navego no site a procura de um anúncio de emprego, todos que haviam disponíveis precisavam de experiências em áreas que eu nunca exerci, só havia concluído o ensino médio, não tive a oportunidade de entrar em uma faculdade, minha única escolha após sair do orfanato foi trabalhar no meu agora antigo emprego que ainda por cima foi dona Carolina quem me ajudou. Ouço uma batida na porta, vejo ela passar com um copo de leite e uma caixa de bi
Kamilla LopezOrganizo a minha postura, verifico o horário do relógio que estava em meu pulso, suspiro algumas vezes e lanço um último olhar no espelho antes de sair do quarto. Segurei a minha bolsa e apertei entre meus dedos, estou nervosa, nunca cuidei de uma criança, nem mesmo no orfanato, muitos de lá surgiam com mais de 10-13 anos. Me despeço de dona Carolina e passo pela porta da frente, logo, vejo um veículo se aproximar e parar em frente a minha casa, um homem vestido de terno desce do carro e abre a porta para que eu entre, após entrar e agradecer pela gentileza o homem fechou a porta e assumiu o volante.Enquanto estávamos no trânsito eu apertava meus dedos nervosa, estou insegura, medo de que a criança que irei cuidar não se agrade de mim, muitas vezes olhei para o motorista querendo perguntar em como a criança era, mas optei por ficar calada. O carro passou por portões enormes onde via-se seguranças em frente a e