Kamilla Lopez
Já havia se passado alguns dias que eu não falei mais com Bianca, ela tentava me procurar e fazer com que eu a escutasse, mas eu não queria. Dona Carolina percebeu que algo estava errado, afinal Bianca havia deixado de ir a nossa casa, ela não me obrigou a falar, estava esperando a minha boa vontade para me abrir a ela. Deveria ter contado tudo para ela desde aquele dia, mas eu não queria preocupa-la com isso, já estava resolvido e era isso que importava.
Depois de chegar de mais um dia de trabalho pude me jogar sobre o sofá, estava ficando mais difícil de ir e voltar do trabalho de ônibus, na maioria das vezes era Bianca quem me trazia. Escuto um pigarrear acima da minha cabeça, a o os olhos e encaro dona Carolina.
— Boa noite menina.
— Boa noite dona Carolina.
— Como foi o seu dia?
— Cansativo, e o seu?
— Muito produtivo, comecei algumas plantas para enfeitar a casa.
Me levantei um pouco do sofá e olhei ao redor da sala, vejo uma boa quantidade de plantas em jarros, parecia uma floricultura.
— Está querendo abrir uma loja de flores?
— Não ficou tão mal assim, essa casa precisa de cor.
— Não seria mais fácil pintar as paredes?
— As flores darão cor a mais.
— Verde.. Uma cor verde.
— Não é por nada, mas panelas voam, sabia?
Percebi que aquelas palavras não era uma informação mas uma ameaça, tratei de me calar e levantei meus braços mostrando rendição.
— E você com Bianca.. Se acertaram? - dona Carolina perguntou sentando ao meu lado no sofá.
— Não falei mais com ela.
— Vejo que não quer tocar no assunto, mas eu vou te aconselhar mesmo assim.. Já tentou escutar o que ela tanto quer te dizer? Percebo que ela errou feio e eu não julgo por estar zangada com ela, mas antes que tome uma decisão na qual não se arrependa, tente ouvir a versão dela, procure a escutar.
Aquelas palavras realmente me tocou, posso estar errada ou certa, ela tem razão, preciso ouvir o que ela te a me dizer antes de decidir me afastar definitivamente. Encarei dona Carolina e beijei sua bochecha.
— Obrigada pelo conselho, a senhora é ótima com isso.
— Eu sei disso, Deus me deu o dom de ser uma conselheira, mas esqueceu de me dar a sorte no amor.
— Por que está dizendo isso?
—Se lembra do meu encontro? O velho era casado, mas para minha sorte eu descobri e junto com a esposa dele demos uma surra e o mandamos pro hospital.
— Dona Carolina, a senhora ia cometendo um assassinato?
— Não.. Mas me escute, se a polícia bater nesta porta eu não estou.
Sorrimos pela história que ela acaba de me contar. Na manhã seguinte acordei e fiz o que sempre faço, vou para o banheiro, tomo um banho e me arrumo para o trabalho. Meu corpo desejava voltar para a cama, mas não sou nenhuma menininha de papai para ter tamanho privilégio. Embora eu não tenha uma família de sangue e tenha crescido em um orfanato, eu o considerei o meu lar. Fui criada na simplicidade onde eu aprendi a dividir e agradecer a Deus com o que tenho, jamais senti falta de um laço fraternal de mãe ou de pai, nunca me interessei em conhecê-los, se me deixaram em um orfanato era porque não me queriam, não me fazem falta, posso está sendo egoísta por pensar dessa maneira, mas uma mãe jamais abandona um filho, por quais quer circunstâncias.
Depois de tomar o café da manhã e ir para o trabalho, lembrei-me das palavras de dona Carolina, hoje tentarei falar com Bianca e ouví-la. Já no local de trabalho eu percebi que ela não estava lá, dei de ombros, comecei meu expediente, porém sempre pensativa do porque ela não apareceu para trabalhar. Com tamanha curiosidade me aproximei do chefe, ele estava no final do corredor fazendo anotações em um bloquinho.
— Algum problema, Lopez?
— Me desculpe lhe incomodar, mas queria saber.. Por que Bianca não apareceu no trabalho hoje?
— Ela não te falou?
— Não..
— O pai dela faleceu, hoje foi o enterro.
Senti o meu coração apertar quando escutei aquela informação, já sabia que o pai de Bianca vinha enfrentando o câncer. Meu chefe, percebendo minha expressão, perguntou:
— Você está bem?
— Sim, estou bem.
Voltei a fazer meu trabalho, mas não conseguia prestar bem a devida atenção, muitas vezes me senti observada, meu corpo queimava, ignorando aquela sensação terminei o expediente, sai e andei pelo estacionamento. Enquanto andava vi um carro parado e percebi que era o de Bianca, ela estava encostada nele, me aproximei dela e vi seus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.
— Você quer carona? - perguntou.
— Sim.
Ela assumiu o volante e entrei no veículo sentando ao seu lado, já era seis da noite, enquanto estávamos no trânsito eu olhei para ela.
— Você está bem?
— Não, mas vou ficar.
Antes de seguir para casa, Bianca parou em um estacionamento perto da praia e fomos próximos da água, nos sentamos na areia e ficamos em silêncio. Viro meu rosto para o lado, ela estava chorando, me aproximei dela e abracei, ela deitou sua cabeça em meu peito e chorou alto entre soluços.
— Me desculpa por ter te deixando sozinha na boate. - ela falou entre lágrimas. — Eu recebi a ligação de que meu pai teve uma parada cardíaca, eu não consegui pensar em outra coisa a não ser sair correndo da boate.
Me sentia um peixe fora d'água, meu peito apertou e abracei mais forte.
— Não pense mais nisso Bianca, já te perdoei.
— Eu não queria que aquilo tivesse acontecido, me desculpe.
— Shh.. Esqueça isso.
Deixei que ela chorasse toda amargura e a dor que a estava sufocando, não estive no enterro mas agora estou aqui, tentando de alguma maneira ouvi-la e ficar ao seu lado. Conversamos por um bom tempo, ela me falou tudo o que aconteceu nos últimos dias, depois dela desabafar ela me levou para casa. Assim que desci do carro eu me despedi e subi as escadas, antes de abrir a porta uma mensagem apitou meu celular, rapidamente o tirei do bolso e abri:
Mulher teimosa.. Achei que tivesse sido claro quando ordenei para não sair durante a noite.
- desconhecido.
Kamilla LopezDepois que Bianca me trouxe de volta para casa, contei tudo para dona Carolina, ela me escutou atentamente. No fim ela me abraçou orgulhosa e me abraçou meu ato de bondade, não lhe contei sobre o ocorrido, achei desnecessário deixá-la preocupada por um assunto já resolvido. Depois de conversarmos segui para o quarto, me livrei das roupas e tomei um banho bastante demorado. Enquanto lavava meus cabelos abaixo da água lembrei-me da mensagem desconhecida, aquelas palavras ficaram martelando na minha cabeça, não.. Impossível que tenha sido aquele homem.Os dias foram se passando, depois da nossa reconciliação Bianca e eu ficamos mais grudadas do que nunca. Saíamos quase todas as noites para o cinema. Parecíamos adolescentes, nos divertindo e passando vergonha. Sempre que estávamos em lugares como o cinema, me sentia observada, procurava pelo par de olhos que estava me deixando desconfortável, mas não encontrava, ta
Kamilla LopezSou despertada com um ronrom próximo ao meu ouvido, abri os olhos e me deparei com Zeus olhando para mim, sorri por vê-lo tão fofinho com seu pelo arrepiado, ele miou e se aproximou do meu pescoço se encolhendo. O coloquei em minhas mãos e encarei aquela preciosidade pequena, o aproximei dos meus lábios e beijei sua cabeça.— Obrigada por acordar sua mamãe. - o deixei na cama e saí dela.Depois do banho vesti o meu uniforme e sai do quarto com Zeus nos meus braços, chegar na cozinha vi dona Carolina em frente ao fogão assando ovos e bacon.— Bom dia! - cumprimentei. — O cheiro está ótimo!Ela virou-se pronta para me cumprimentar, mas seus olhos descerá e focaram o que estava em minhas mãos.— Mas que pitchulinha.. - ela desligou o fogão e se aproximou.— Lindo não é? Se chama Zeus, ele entrou aqui na noite passada, posso ficar com el
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Kamilla LopezOrganizo a minha postura, verifico o horário do relógio que estava em meu pulso, suspiro algumas vezes e lanço um último olhar no espelho antes de sair do quarto. Segurei a minha bolsa e apertei entre meus dedos, estou nervosa, nunca cuidei de uma criança, nem mesmo no orfanato, muitos de lá surgiam com mais de 10-13 anos. Me despeço de dona Carolina e passo pela porta da frente, logo, vejo um veículo se aproximar e parar em frente a minha casa, um homem vestido de terno desce do carro e abre a porta para que eu entre, após entrar e agradecer pela gentileza o homem fechou a porta e assumiu o volante.Enquanto estávamos no trânsito eu apertava meus dedos nervosa, estou insegura, medo de que a criança que irei cuidar não se agrade de mim, muitas vezes olhei para o motorista querendo perguntar em como a criança era, mas optei por ficar calada. O carro passou por portões enormes onde via-se seguranças em frente a e
Kamilla LopezSentada sobre o gramado do imenso jardim, observo Erick se balançar em seu balanço, seu olhar está vago, ele aparenta está triste e não mostra nenhum entusiasmo. Já havíamos almoçado, e enquanto estávamos sobre a mesa percebi que ele estava inquieto, olhava para a uma cadeira vazia e desde então ele está assim. Depois do almoço o ajudei nos deveres da escola, o liberei para brincar no jardim, mas obviamente que ele não queria brincar sozinho, e agora que sou sua babá, considerada como mamãe, resolvi lhe fazer companhia.— Então Erick, você tem amigos? - perguntei puxando conversa.— Na escola eu tenho alguns colegas.— Eles não te visitam?— O papai não permite.— E por quê?— Não sei, nunca perguntei, ele não gosta que eu questione nas decisões dele.Percebi que Erick sente falta de outras crianças ao seu redor, afinal ele é uma criança e gosta de brincar co
Nick RossEstou sentado na minha poltrona do escritório revisando os papéis do meu mais novo negócio, mais um bordel foi inaugurado no Egito, lá contenho inúmeros negócios fora o tráfico que rola solto pelo país. Observo os níveis altos de meta anfetamina e heroína, estão altos, revela que as vendas estão excelentes e os lucros estão indo diretamente para minha conta, dou um breve sorriso satisfeito. Pego a minha caneta e assino a provação para que transfiram mais drogas para o país, expandir meus "negócios" está me rendendo pilhas de dinheiro.Encaro o meu monitor, observo as câmeras de segurança que estão voltadas dentro da minha organização, conhecida como submundo, lá crio armas letais e drogas das mais boas e viçosas do mundo. Armas e drogas são vendidas e enviada para outros países, nos quais revendem para facções de cidades pequenas. Sou rei de uma organização criminosa localizada em Costa Rica, além de liderar membro
Kamilla Lopez— E então, como foi?Ao passar pela porta, ouço já a pergunta de dona Carolina, viro o meu corpo dando as costas para a madeira e a encaro, ela estava com um olhar ansioso e preocupado, me aproximo dela e falo suspirando cheia de emoções— Sente-se, é muita informação para receber.Nos aproximamos do sofá e sentamos.— Estou trabalhando para um empresário, chama-se Nick Ross.Dona Carolina arregalou seus olhos com a notícia chocante, ela piscou as pálpebras algumas vezes e perguntou para ter certeza:— Aquele empresário bonitão?— Sim.— Eu não acredito!— Eu também não.Ainda estou processando a informação de que agora, trabalho para Nick Ross.— Mas você tem certeza de que é ele?— Sim— Não é uma imitação, um clone ou..— O pr