Destino roubado

Parte 7...

Elena

As palavras dele caíram como um golpe pesado em cima de mim. O que ele queria dizer com isso?

— Levem essas duas. Serão vendidas amanhã, mas separem-nas primeiro - o chefe do grupo disse com uma voz fria e desprovida de compaixão — Achem um lugar para cada uma e não as deixem falar com ninguém.

O mundo ao meu redor começou a girar. O pânico tomou conta de mim, e meu coração bateu tão forte que parecia que iria rasgar meu peito. Vicky, ao meu lado, começou a soluçar, a voz dela quase inaudível.

— Não, por favor, não nos separem! - eu gritei, a voz embargada pelo medo — Nós não vamos contar nada a ninguém, nem sabemos o que vimos! Por favor, tenham piedade!

— A gente pode pagar... Podemos trabalhar e pagar - Vicky gritou também — Não levem a gente, por favor!

Os homens riram, aquele tipo de riso cínico que só pessoas sem alma são capazes de emitir. Eles não viam em nós duas, garotas desesperadas, apenas mercadoria a ser vendida.

— Vocês são burras demais para manter um segredo.

Um dos homens disse com um sorriso cruel. Ele se aproximou, estendendo a mão para agarrar Vicky, que recuou, seus olhos arregalados de terror.

— Não! Por favor! - Vicky gritou, tentando se agarrar a mim, as unhas cravando na minha pele como se sua vida dependesse disso.

Eu também lutei quando colocaram as mãos em cima de mim. Meu corpo reagiu por instinto, impulsionado pelo medo.

Empurrei um dos homens, tentei puxar Vicky de volta para mim. Minhas mãos tremiam, mas eu não podia deixá-la ir. Não podia perder a única pessoa que me restava neste mundo.

— Soltem ela! - eu gritei, enquanto outro homem me segurava pelos braços, me afastando de Vicky com força bruta — Por favor, por favor, nós fazemos qualquer coisa!

— Já sabemos o que vão fazer - ele respondeu com desdém, me lançando um olhar que me encheu de pavor — Vão ser muito bem aproveitadas por nossos clientes.

Vicky estava sendo arrastada, suas lágrimas se misturando com a sujeira do chão. Ela se debatia, tentando desesperadamente se libertar, mas era inútil. A força deles era muito maior do que a nossa.

— Elena! Não me deixe! - a voz dela era um eco de desespero que me rasgava por dentro.

— Vicky! - eu gritei de volta, minha própria voz estrangulada pelo pavor.

Mas então veio o som surdo de um golpe. O mundo pareceu desacelerar. Senti a dor explodir na lateral da minha cabeça, e tudo foi ficando escuro em minha volta.

** ** **

No dia seguinte...

Vlad

O sol da manhã filtrava pelas cortinas do restaurante privado onde eu esperava meu irmão mais novo, Sorin.

O café estava frio na minha frente, mas eu mal notava. Minha mente estava cheia de perguntas sem respostas, a imagem que me mostraram de Leonel morto, ainda fresca, o corpo dele jogado como se fosse um lixo qualquer.

— La Mano Nera estava jogando sujo, e isso não ficaria impune - falei sozinho.

— Vlad, sempre tão sombrio!

A voz jovial de Sorin me tirou dos meus pensamentos. Ele se aproximou de mim com aquele sorriso despreocupado, o completo oposto de mim.

— Você precisa relaxar mais. O sol está brilhando, há corridas de carros acontecendo... Você lembra do prazer de correr, não é?

— Não estou no clima para corridas - respondi, mantendo a voz firme. Sorin nunca entendia o peso das responsabilidades que caíam sobre mim — Há coisas mais importantes acontecendo para tomar meu tempo.

Ele se jogou na cadeira oposta, pegando o meu café frio e fazendo uma careta ao beber um gole.

— É por isso mesmo que você deveria vir. Tirar a cabeça do trabalho por algumas horas, competir, ganhar... Você sabe que vai se sentir melhor depois.

— Sorin, eu não tenho tempo para essas futilidades agora - rebati, tentando manter a paciência — Temos uma guerra nas nossas mãos, e você está preocupado com carros?

Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos escuros, a mesma cor dos meus, mas sempre perfeitamente penteados.

— Eu sei, Vlad. Eu sei que as coisas estão complicadas, mas às vezes... Às vezes você precisa de uma pausa, mesmo que seja só para manter a sanidade - passou a língua pelos lábios e riu — Acho que você está precisando trepar.

Havia uma leveza com ironia na voz dele, uma tentativa de me fazer ver o lado mais claro da vida. Mas eu não tinha esse luxo. Não com “La Mano Nera” tentando invadir o meu território.

— Se você quer tanto correr, vá sozinho. Eu tenho que resolver esse problema primeiro. Leonel foi morto, e até descobrir o motivo e quem está por trás disso, não vou sossegar.

— Nós vamos descobrir quem fez isso, Vlad. Eu sei que é difícil, mas não deixe que isso te consuma.

Olhei para ele, a seriedade no meu olhar contrastando com o sorriso ainda presente no rosto dele.

— Você não entende, Sorin. Não é só sobre Leonel. É sobre tudo o que estamos construindo. Uma rachadura pode derrubar todo nosso trabalho e tudo que conquistamos.

Sorin ficou em silêncio por um momento, percebendo que suas palavras leves não estavam surtindo o efeito desejado.

— Se precisar de mim, estarei lá. Só... Não se afogue nas trevas, irmão. Vai com calma!

Assenti, sem dizer mais nada. Enquanto Sorin se levantava para sair, minha mente já estava de volta aos problemas que precisavam ser resolvidos.

** ** **

Dois dias depois... Las Vegas

Vlad

Las Vegas não é só um playground para os ricos e poderosos; é um campo de batalha onde o sangue escorre nas sombras e as alianças são feitas com balas e dinheiro.

Eu sei disso melhor do que ninguém. E agora, eu estava aqui para tomar o que é meu - cassinos, territórios, e a vida de quem se atrevesse a ficar no meu caminho.

Estávamos nas entranhas escuras de Las Vegas, longe das luzes brilhantes da Strip e dos turistas bêbados que não faziam ideia do que acontecia nas sombras.

Mas antes de conquistar essa cidade, precisava resolver uma questão pendente.

Leonel havia sido morto antes de poder me passar uma informação crucial. Não sabia o que ele havia descoberto, mas sabia que era importante o suficiente para que os Petrov da máfia La Mano Nera o calassem.

E agora, estava determinado a descobrir o que era, custasse o que custasse.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo