Parte 16...ElenaEu estava ouvindo o que ele me dizia, eu só não conseguia reagir da forma certa. Meus pulmões pareciam ter se fechado, me negando o ar que eu tanto precisava.Minha visão foi ficando embaçada. As poucas cores do quarto começaram a formar um borrão indistinto.O medo de perder Vicky me bateu forte e me deixou assustada. Ela não era só uma amiga. Era a minha única e melhor amiga. Nós passamos por muitas coisas juntas desde cedo.Esse medo me deu uma travada no pensamento, eu fiquei sem reação. Porra, eu estava em Las Vegas e nem mesmo sabia disso. Que diabos eles tinham feito comigo?— Respire... - ele repetiu, e de alguma forma, dessa vez o comando conseguiu atravessar a neblina do meu pânico.Com um esforço enorme, eu forcei uma inspiração. O ar entrou, rasgando meus pulmões como uma lâmina, mas entrou. Depois outra, e mais uma, cada uma um pouco menos dolorosa, um pouco menos sufocante. Lentamente, muito lentamente, o pânico começou a diminuir, as paredes ao meu re
Parte 17...VladEu tinha acabado de dispensar dois dos soldados de campo para irem atrás de mais pistas sobre o motivo do grupo dos Petrov terem sido atacados daquela forma.Também mandei que procurassem saber mais sobre a garota e se havia mais alguém com ela. Estou bem curioso sobre isso. Ouvi os passos pesados e me virei guardando o celular no bolso. Meu homem a trazia pelo braço, apertando de uma forma que parecia que ia arrancar o braço da garota.— Aqui está ela, chefe! - ele a empurrou em minha direção — Agora pelo menos já não está fedendo - deu um risinho.— Pode sair - fiz um gesto com a cabeça — Venha! - a chamei com os dedos para se aproximar. Ela mantinha os olhos baixo.Agora estava limpa. Olhei melhor os detalhes de seu rosto. O cabelo castanho molhado e escorrido caía emoldurando seu rosto. Percebi que tinha o rosto delicado e o corte em cima da sobrancelha quebrava a feição fina, suave de sua pele, que tinha marcas vermelhas onde ela foi machucada. Inclusive por mim
Parte 18...ElenaPassando pelos lugares até chegar na cozinha, notei que a casa não é realmente usada para moradia ou no mínimo uma hospedagem longa. Não vi nada luxuoso e nem muitos móveis.Quando ele abriu a porta da cozinha, vi que era bem simples. Não tinha sinal de praticidade, com aparelhos que facilitem a preparação de alguma refeição. Era apenas o essencial, apenas o necessário.Acho que a casa é o tipo de lugar que alguém passa só o tempo possível para resolver o que quer. Isso também é perigoso pra mim.Vlad abriu a geladeira e pelo olhar rápido que ele lançou lá dentro, percebi que não havia muita opção do que comer. Ele pegou algumas frutas, um pacote de pão e um pedaço de queijo que mesmo com fome, eu espero que não tenha sido esquecido ali há dias.Era bem claro que a casa ali servia como um refúgio e não como um local para confortar ninguém. Até minha cozinha no trailer estava melhor do que essa.— Sente-se aqui - ele apontou uma cadeira de madeira simples.Eu hesitei
Parte 19...ElenaMe estiquei para olhar pela janela de novo, aproveitando sua ausência. Não faço ideia de que horas são, mas acho que se eu conseguir sair e ir devagar na direção das luzes, eu consiga chegar lá antes de amanhecer.— Essa janela não vai te levar a lugar nenhum, Elena - ele segurou meu pulso e me puxou com força — Sente-se, garota!Eu voltei a me sentar, escondendo o tremor em minhas mãos. — Já mandei trazerem algo que possa comer - ele puxou a cadeira e ficou ao meu lado, me encarando — Quero saber exatamente o que aconteceu com você... E quero agora!Ele não desviava os olhos de mim. Eu engoli em seco, meus olhos indo de encontro à mesa de madeira desgastada. Minha mente ainda estava um pouco confusa, mas a lembrança do que havia acontecido antes de sermos capturadas ainda era clara.— Vicky e eu... Nós estávamos andando pelas ruas... - tirei o cabelo dos olhos, sentindo um nó se formar na garganta — Estava chovendo e a gente decidiu usar uma cobertura velha... Em u
Parte 20...ElenaEu até tentei dormir um pouco depois que um dos seguranças de Vlad me trouxe de volta ao quarto, mas não o mesmo de antes. Esse era maior e pelo menos tinha uma cama de solteiro em estado bom. Acho que alguém deve usar esse quarto. No banheiro tem algumas coisas de higiene pessoal. Mas a janela tem grades, eu já chequei isso. Depois que saiu da cozinha, Vlad não voltou e fiquei sozinha, mas não durou muito. O segurança ficou esperando que eu terminasse e me trancou aqui nesse quarto.Não sei que horas são, mas a escuridão que envolve a casa me traz uma falsa sensação de segurança e calma. Essa quietude do ambiente é perturbadora para mim, Meu coração batia em um ritmo mais acelerado do que deveria estar, mas é porque eu não me engano com essa calma. Algo vai acontecer.Isso é só uma fachada de calma. Eu tenho que aproveitar agora ou nunca. Estou com medo, mas se não tentar, pode me custar caro depois.Minha mente cansada está em alerta com cada som, cada sombra que
Parte 21...ElenaO descanso não durou muito tempo.O barulho de um motor se aproximando lentamente me despertou, ainda meio atordoada. Meu coração acelerou novamente quando percebi que estava deitada no deserto, vulnerável e exposta. Eu tentei me levantar, mas meu corpo estava rígido, como se cada músculo tivesse se tornado pedra durante o breve período em que adormeci. Doía tudo.Abri os olhos lentamente, tentando focar no som que se aproximava, o ruído era quase um sussurro no silêncio do deserto, mas eu sabia que não estava sozinha.Um farol ofuscante cortou a escuridão, e meu coração disparou. Era Vlad, eu tinha certeza. Ele me encontrara.Quando o veículo parou a poucos metros de onde eu estava deitada, me obriguei a tentar levantar, mas minhas pernas fraquejaram e eu caí de volta no chão. A porta do carro se abriu, e passos firmes se aproximaram. A silhueta imponente de Vlad surgiu contra as luzes traseiras do carro, cada passo dele esmagando as esperanças que eu tinha de esc
Parte 22...ElenaEle não respondeu, mas o olhar de canto de olho que me lançou foi o suficiente para me fazer calar. Quando as portas do elevador se abriram, ele me empurrou suavemente para dentro, e assim que as portas se fecharam, a tensão entre nós se intensificou. O som abafado da música ambiente apenas realçava o desconforto que pairava no ar.— Por que você está me mantendo aqui? — perguntei, quebrando o silêncio pesado. Precisava entender o que estava acontecendo, mesmo que uma parte de mim temesse a resposta.— Porque eu não posso deixar você ir, Elena — disse el
Parte 23...ElenaA brisa quente da noite de Las Vegas soprava suavemente pela varanda, fazendo com que meu cabelo dançasse ao redor do meu rosto. Lá embaixo, a cidade brilhava como um mar de luzes coloridas, uma mistura de néon e energia vibrante. Isso me passa a impressão de que aqui as pessoas nunca dormem. Ainda tem muito carro passando. As pessoas transitavam pelas ruas, pequenas e distantes, vivendo suas vidas sem a menor ideia da tempestade que fervia dentro de mim.E nem adianta eu gritar. Daqui de cima ninguém vai me ouvir. Apoiei os braços no parapeito, tentando encontrar um resquício de paz naquele caos luminoso, mas tudo que consegui foi ser inundada por uma onda de