Parte 14...VladEu saí com Charles para falar sobre o estado da garota. Não que eu me importe realmente, mas já que a retirei daquela situação de merda, quero saber o que pode ter acontecido para que estivesse ali.A turma que invadiu o lugar não estava para brincadeira e os homens da Mano Nera não iam se arriscar a salvá-la. Tanto que a deixaram presa ainda com a merda toda da troca de tiros.Preciso tirar umas dúvidas e se ela não puder ao menos falar direito e ficar de pé, não vai me adiantar de nada.Depois posso me livrar dela em algum lugar de Las Vegas e voltar para Chicago tão logo eu consiga pegar mais informações com meus informantes aqui.— A garota soltou algo?— Não, nada. Na verdade ela está é bem confusa... Além de fedida demais - ele deu uma risadinha — Deixe que tome um banho e depois descanse um pouco. Não creio que vá ter condição de enfrentar um interrogatório agora.Eu suspirei com uma leve irritação. Não sou conhecido por ser uma pessoa paciente.— Ok... Vou ver
Parte 15...ElenaRealmente, eu estava cheirando mal e nem eu mesma estava suportando, mas ele tinha que fazer essa cara de nojo?E que ideia estúpida foi essa, de que eu sou uma puta?Nada contra as putas. Aliás, elas são mulheres que deveriam receber mais consideração e respeito do que muitas que estão dentro de casa, se fazendo de boas esposas e filhas perfeitas.Mas, infelizmente a hipocrisia da sociedade é absurda. Aprendi algumas coisas sobre isso, depois que saímos do orfanato. É de revirar o estômago, como as pessoas são falsas e usam uma máscara de pessoas boas para esconder sua sujeira pessoal e seus atos imundos. Depois querem julgar os outros.— Responda a minha pergunta! - ele elevou o tom de voz. Não me sinto segura. Não sei onde estou e nem que é esse homem. Porque motivo ele me tirou daquele lugar feio, pegando fogo? Será que ele não é um deles?— Eu não tenho que responder nada!Senti uma onda de medo e raiva, misturados com a dor física e o cansaço emocional. Não pu
Parte 16...ElenaEu estava ouvindo o que ele me dizia, eu só não conseguia reagir da forma certa. Meus pulmões pareciam ter se fechado, me negando o ar que eu tanto precisava.Minha visão foi ficando embaçada. As poucas cores do quarto começaram a formar um borrão indistinto.O medo de perder Vicky me bateu forte e me deixou assustada. Ela não era só uma amiga. Era a minha única e melhor amiga. Nós passamos por muitas coisas juntas desde cedo.Esse medo me deu uma travada no pensamento, eu fiquei sem reação. Porra, eu estava em Las Vegas e nem mesmo sabia disso. Que diabos eles tinham feito comigo?— Respire... - ele repetiu, e de alguma forma, dessa vez o comando conseguiu atravessar a neblina do meu pânico.Com um esforço enorme, eu forcei uma inspiração. O ar entrou, rasgando meus pulmões como uma lâmina, mas entrou. Depois outra, e mais uma, cada uma um pouco menos dolorosa, um pouco menos sufocante. Lentamente, muito lentamente, o pânico começou a diminuir, as paredes ao meu re
Parte 17...VladEu tinha acabado de dispensar dois dos soldados de campo para irem atrás de mais pistas sobre o motivo do grupo dos Petrov terem sido atacados daquela forma.Também mandei que procurassem saber mais sobre a garota e se havia mais alguém com ela. Estou bem curioso sobre isso. Ouvi os passos pesados e me virei guardando o celular no bolso. Meu homem a trazia pelo braço, apertando de uma forma que parecia que ia arrancar o braço da garota.— Aqui está ela, chefe! - ele a empurrou em minha direção — Agora pelo menos já não está fedendo - deu um risinho.— Pode sair - fiz um gesto com a cabeça — Venha! - a chamei com os dedos para se aproximar. Ela mantinha os olhos baixo.Agora estava limpa. Olhei melhor os detalhes de seu rosto. O cabelo castanho molhado e escorrido caía emoldurando seu rosto. Percebi que tinha o rosto delicado e o corte em cima da sobrancelha quebrava a feição fina, suave de sua pele, que tinha marcas vermelhas onde ela foi machucada. Inclusive por mim
Parte 18...ElenaPassando pelos lugares até chegar na cozinha, notei que a casa não é realmente usada para moradia ou no mínimo uma hospedagem longa. Não vi nada luxuoso e nem muitos móveis.Quando ele abriu a porta da cozinha, vi que era bem simples. Não tinha sinal de praticidade, com aparelhos que facilitem a preparação de alguma refeição. Era apenas o essencial, apenas o necessário.Acho que a casa é o tipo de lugar que alguém passa só o tempo possível para resolver o que quer. Isso também é perigoso pra mim.Vlad abriu a geladeira e pelo olhar rápido que ele lançou lá dentro, percebi que não havia muita opção do que comer. Ele pegou algumas frutas, um pacote de pão e um pedaço de queijo que mesmo com fome, eu espero que não tenha sido esquecido ali há dias.Era bem claro que a casa ali servia como um refúgio e não como um local para confortar ninguém. Até minha cozinha no trailer estava melhor do que essa.— Sente-se aqui - ele apontou uma cadeira de madeira simples.Eu hesitei
Parte 19...ElenaMe estiquei para olhar pela janela de novo, aproveitando sua ausência. Não faço ideia de que horas são, mas acho que se eu conseguir sair e ir devagar na direção das luzes, eu consiga chegar lá antes de amanhecer.— Essa janela não vai te levar a lugar nenhum, Elena - ele segurou meu pulso e me puxou com força — Sente-se, garota!Eu voltei a me sentar, escondendo o tremor em minhas mãos. — Já mandei trazerem algo que possa comer - ele puxou a cadeira e ficou ao meu lado, me encarando — Quero saber exatamente o que aconteceu com você... E quero agora!Ele não desviava os olhos de mim. Eu engoli em seco, meus olhos indo de encontro à mesa de madeira desgastada. Minha mente ainda estava um pouco confusa, mas a lembrança do que havia acontecido antes de sermos capturadas ainda era clara.— Vicky e eu... Nós estávamos andando pelas ruas... - tirei o cabelo dos olhos, sentindo um nó se formar na garganta — Estava chovendo e a gente decidiu usar uma cobertura velha... Em u
Parte 20...ElenaEu até tentei dormir um pouco depois que um dos seguranças de Vlad me trouxe de volta ao quarto, mas não o mesmo de antes. Esse era maior e pelo menos tinha uma cama de solteiro em estado bom. Acho que alguém deve usar esse quarto. No banheiro tem algumas coisas de higiene pessoal. Mas a janela tem grades, eu já chequei isso. Depois que saiu da cozinha, Vlad não voltou e fiquei sozinha, mas não durou muito. O segurança ficou esperando que eu terminasse e me trancou aqui nesse quarto.Não sei que horas são, mas a escuridão que envolve a casa me traz uma falsa sensação de segurança e calma. Essa quietude do ambiente é perturbadora para mim, Meu coração batia em um ritmo mais acelerado do que deveria estar, mas é porque eu não me engano com essa calma. Algo vai acontecer.Isso é só uma fachada de calma. Eu tenho que aproveitar agora ou nunca. Estou com medo, mas se não tentar, pode me custar caro depois.Minha mente cansada está em alerta com cada som, cada sombra que
Parte 21...ElenaO descanso não durou muito tempo.O barulho de um motor se aproximando lentamente me despertou, ainda meio atordoada. Meu coração acelerou novamente quando percebi que estava deitada no deserto, vulnerável e exposta. Eu tentei me levantar, mas meu corpo estava rígido, como se cada músculo tivesse se tornado pedra durante o breve período em que adormeci. Doía tudo.Abri os olhos lentamente, tentando focar no som que se aproximava, o ruído era quase um sussurro no silêncio do deserto, mas eu sabia que não estava sozinha.Um farol ofuscante cortou a escuridão, e meu coração disparou. Era Vlad, eu tinha certeza. Ele me encontrara.Quando o veículo parou a poucos metros de onde eu estava deitada, me obriguei a tentar levantar, mas minhas pernas fraquejaram e eu caí de volta no chão. A porta do carro se abriu, e passos firmes se aproximaram. A silhueta imponente de Vlad surgiu contra as luzes traseiras do carro, cada passo dele esmagando as esperanças que eu tinha de esc