ENRICO
— Pai, joga a bola — Rico diz, segurando sua irmã pelo braço. Minha princesa Giane não sabe nem andar direito e já quer correr.
Nina, Rico e eu passamos toda a gestação escolhendo o nome da minha garotinha, meus pais e toda família davam palpites, mas eu saberia quando chegasse a hora certa. Rico a chamava de irmãzinha; Nina, de meu bebê; e eu, minha garotinha. Era incrível, toda vez que ela ouvia minha voz, se mexia, dando vários chutes na barriga. Durante a gravidez minha diabinha ficou insaciável, chegou ao ponto de eu ter que executar alguns maledetto mais rápido, para atender as necessidades sexuais da minha mulher.
— Meus filhos nem parecem que são meus, só querem saber do pai — minha mulher diz, chorando.
Me seguro para não rir, suas emoções estão afloradas por causa da grav
ENRICOAmor, o que é amor?Um sentimento que nos torna fraco, nos tira toda a nossa capacidade de raciocínio. Nos faz agir como verdadeiros idiotas.Amei e fui fraco, fui ingênuo. Perdi tudo. Perdi a vida que tinha. Perdi minha casa. Perdi aqueles que pensei ser minha família, aqueles que pensei que me amavam.Amor! Não serve para nada. Dinheiro e poder sempre prevalecem.Minha mãe sempre me dizia: ⸻ você é um bom ragazzo Enrico, nunca perca isso. Apesar da feiura do mundo em que vivemos, sempre seja esse bom homem que você é.Bom homem! Sempre fui um monstro. Ele apenas estava adormecido, por causa dela.De que adiantou ser um bom homem para ela e para aqueles que eu considerava os meus? Fui humilhado e expulso sem ter o direito de me defender, sem ao menos saber o que realmente estava acontecendo. Todos a minha volta, todos que um dia disseram
ENRICOFui criado em meio à escuridão. Tudo à minha volta sempre foi negro, sombrio, cheirava a morte. Ainda pequeno, aprendi que um Ferri não chora feito mulherzinha. Que um Ferri domina e não é dominado. Que homens que servem a famiglia Mancinni, protegem os seus, se necessário for, com a própria vida.Aos dez anos, a tortura e a morte me foram apresentadas.Fui ao porão da minha casa pegar minhas armas de brinquedo, eu tinha várias delas. Como disse, meu mundo sempre foi escuro, esse era o tipo de presente que ganhava em meu aniversário e datas comemorativas. Junto com o presente, sempre vinha uma constatação. "Um dia você vai ter uma de verdade".Ao chegar no porão, vi um homem sentado em uma cadeira, ele estava amarrado e sendo torturado pelo meu pai. Aquela imagem não me deu medo. Uma criança "normal" teria fugido, mas
NINAPerla não compareceu à faculdade, ela tem um evento para ir com seu marido, segundo ela, seu plano é ser a mulher mais bonita desse evento. Encomendou seu vestido em Nova York para não passar pelo constrangimento de ter outra pessoa vestida como ela, e claro, arrasar.Saio da faculdade, distraída, olho em volta e meu motorista não está, acho estranho não ter nenhum soldado me aguardando. Meus olhos me levam para o outro lado da rua, em que um sedan preto está estacionado. A porta de trás se abre, um homem alto e loiro, vestido em um elegante terno e de óculos escuros saí do carro e se põe de pé, encostado nele.Não consigo tirar meus olhos dele, há algo familiar, algo nele além de sua forma máscula e sua beleza que me remete à familiaridade. Seus braços estão cruzados. Mesmo de óculos escuros
ENRICOQuando vi Nina, depois de tantos anos, a porra do meu coração me traiu. Ele bateu acelerado, tirando-me de mim. Foi um inferno me manter na minha zona de conforto. Não permitir que sentimentos que foderam minha vida voltassem. Cada movimento que ela fazia em minha direção, parecia estar em câmera lenta. A minha vontade era correr e me perder em seus braços, agir como o idiota que fui quando me envolvi com ela. "Nina. Enrico." Foi o que dissemos. Sem perceber disse que estava com saudade, as palavras saltaram de minha boca. Ela foi agressiva em sua resposta, como se ela tivesse razão. Foi bom porque me fez lembrar de quem ela é.No hotel, fiz um esforço para não ser enganado outra vez por sua aparência angelical. Estar face a face com ela, fodeu com tudo que planejei para nosso encontro. Precisei ficar um pouco distante e colocar a porra do meu fo
NINATem horas que sinto o Enrico tão distante, não reconheço mais nele o homem que sempre fui apaixonada. Desde que disse sim, que aceitei namorar com ele, foram poucas as vezes que nos vimos. Ele sempre está viajando, envolvido com as coisas da máfia. Meus irmãos confiam nele e o tem em alta consideração, por isso, o delegam muitos trabalhos.Faz um mês que ele voltou, hoje ele me ligou e disse que, assim que chegar, vai conversar com Lorenzo sobre a gente. Não sei como meu irmão vai reagir quando ele souber que Enrico me fez mulher quando eu tinha dezoito anos. Não acho necessário que ele conte sobre o nosso relacionamento antes de sua partida, mas ele quer tudo em pratos limpos. Acabei concordando, se não concordasse ele contaria do mesmo jeito. Enrico não é mais aquele homem que cedia a todos meus caprichos. Ele se tornou um homem mais duro, mais sé
NINAAté agora, este é o dia mais feliz da minha vida, o dia em que me tornei esposa do homem que amo, o homem que sempre fez parte dos meus melhores sonhos. Sonhos esses que neste exato momento está prestes a virarem pesadelo.Depois da cerimônia do nosso casamento que foi realizado no jardim da mansão Mancinni, seguimos para a festa no enorme salão da mansão. Estavam presentes toda a famiglia, e os líderes que vivem espalhados pelo país e fora dele. Todos fizeram questão de estarem presentes pois é o casamento de um Mancinni. Enrico e sua família também são muitos respeitados pela famiglia.Estávamos recebendo os cumprimentos dos convidados, quando se aproximou o Capo de Palermo, o senhor Francesco Rossi. Lembro-me dele. Quando Enrico vivia na Itália, antes do mal-entendido, o senhor Francesco sempre estava nas nossas reuniões fam
NINAAvanço para cima dele. Consigo dar dois socos em seu peito, antes de ele segurar meus pulsos, que aperta com força.— Se você me odeia, por que essa palhaçada de casamento? — grito, aos prantos.Ele examina meu rosto, não sei o que procura, talvez se estou sendo sincera. Foda-se o que ele pensa.— Vou te dizer como vão ser as coisas daqui para frente.Estou com tanta raiva, que o medo que estou desse homem é o que menos importa. Não acredito que tentei feri-lo, se ele quisesse, poderia ter quebrado meu braço, fui imprudente, agi por impulso.— Você é minha moglie, sua família não tem mais poder sobre você, porque agora é uma Ferri. Você é livre para fazer o que quiser, pouco me importa se vai ao shopping, fazer curso, ou fofocar com as amigas. As únicas coisas que
ENRICOA adrenalina percorre meu sistema. A sentença de morte que por mim já foi decretada, faz meu corpo reagir em antecipação. O medo se faz presente, posso senti-lo no ar.Tudo é negro.Sombrio.Mórbido.Olho para o homem sangrando que está sob meu domínio e sorrio. O sangue escorre por todo seu corpo. Seus cortes e perfurações são uma verdadeira obra de arte.Sinto prazer com o seu medo. Ele é pungitivo, contundente. O cheiro do seu medo me estimula, ele sabe quem sou e que não tem nenhuma chance. Anseio por mais, quero cortar cada parte do seu corpo, porém, tenho que me segurar, senão ele morre antes de me passar as informações que preciso.— Para quem você trabalha? — pergunto, sem agressividade, como se estivesse falando com um bebê. Enquanto isso, afio minha espada. O home