NINA
Até agora, este é o dia mais feliz da minha vida, o dia em que me tornei esposa do homem que amo, o homem que sempre fez parte dos meus melhores sonhos. Sonhos esses que neste exato momento está prestes a virarem pesadelo.
Depois da cerimônia do nosso casamento que foi realizado no jardim da mansão Mancinni, seguimos para a festa no enorme salão da mansão. Estavam presentes toda a famiglia, e os líderes que vivem espalhados pelo país e fora dele. Todos fizeram questão de estarem presentes pois é o casamento de um Mancinni. Enrico e sua família também são muitos respeitados pela famiglia.
Estávamos recebendo os cumprimentos dos convidados, quando se aproximou o Capo de Palermo, o senhor Francesco Rossi. Lembro-me dele. Quando Enrico vivia na Itália, antes do mal-entendido, o senhor Francesco sempre estava nas nossas reuniões familiares. Por diversas vezes, o vi transitando na mansão.
— Sei diventata una bella donna, Nina. Enrico è un ragazzo fortunato.
Ele disse que me tornei uma linda mulher e que Enrico é um sortudo. Enrico endureceu assim que o homem se aproximou, mal o cumprimentou. Depois que ele terminou de falar, agradeci e meu marido balançou discretamente a cabeça. Depois disso, ele ficou um bom tempo tenso, só relaxou quando seus pais se aproximaram, nos convidando para dançar. A princípio, ele hesitou, mas acabou concordando com a minha insistência e de sua mãe.
Ao meu pedido, viajamos para Trancoso, no estado da Bahia, no Brasil. Durante a viagem acabei adormecendo, o dia foi muito tenso com toda a preparação para o casamento. Acordei quando chegamos ao resort.
Seguimos para o quarto, em silêncio. Na minha cabeça, Enrico faria como os homens dos filmes, e os meus irmãos. Segundo o relato das minhas cunhadas. Para mim, ele me pegaria no colo antes de entrar no quarto. Pode ser coisa de menina sonhadora, mas juro que esperei por isso.
Enrico abre a porta e faz sinal para que eu entre. Entro e, assim que o funcionário do resort, que trouxe nossa bagagem, sai, pego algumas coisas na minha mala e vou para o banheiro. Enrico permanece em silêncio, pensativo.
— Amor, está tudo bem? — pergunto, antes de fechar a porta.
— Sim — ele responde.
— Vou me trocar. — Ele me olha e não diz nada.
No banheiro, após o banho, abro minha pequena bolsa que estava dentro da minha mala e sorri, lembrando-me da Perla. Ela me deu diversas lingeries, uma mais indecente do que a outra. Minha cunhada me deu um manual de como enlouquecer meu marido. Visto um conjunto branco que ela disse ser o da primeira noite. Passo hidratante e um pouco de perfume.
Saio do banheiro e encontro um Enrico de costas na varanda, observando o mar. Me aproximo dele e o abraço por trás. Encosto meu rosto em suas costas largas que está nua, ele está vestido somente com sua calça. Absorvo seu cheiro. Ele fica tenso e arrepiado, mas não se mexe e não diz nada.
Deslizo minhas mãos por seu corpo. Ouso em colocar uma mão sobre seu membro por cima da calça. Ouço-o grunhir. Ele está duro. Deslizo-a para cima e ameaço colocá-la dentro de sua calça. Antes que eu consiga, ele segura meu pulso. Tento colocar a outra mão, ele a segura com força.
— Não, cazzo! — ele esbraveja e vai para o banheiro. Fica lá por um bom tempo.
Sem entender, me sento na cama, as lágrimas rolam, mesmo que eu não queira. Enrico sai do banheiro vestido de uma cueca boxer branca, meus olhos passeiam por todo seu corpo. O desejo tanto.
— Enrico, o que aconteceu?
— Estou cansado, Nina. Amanhã a gente conversa.
Ele deita e dá as costas para mim. O que era para ser o dia mais feliz da minha vida, é uma grande decepção. Não consigo entender esse comportamento, foram meses namorando em que ele não me tocou, com a promessa de matarmos o tempo perdido depois do casamento e, agora, isso. Não consigo pegar no sono, levanto-me e vou para a varanda, observo os movimentos das ondas. Meus pensamentos vão e vem como elas, por mais que eu pense, não consigo chegar a lugar nenhum.
Sou despertada com o sol forte sobre minha pele, me levanto e entro no quarto. Para minha surpresa, a mesa está posta com o café da manhã e o Enrico não está no quarto. Apesar do nó na garganta, me obrigo a comer um pouco, a cada mordida uma lágrima.
Levanto-me e vou tomar um banho, mais lágrimas caem. Reflito sobre nosso relacionamento desde que voltamos a namorar, e só agora que percebo o quanto distantes ficamos. Foram meses de namoro e noivado no qual mal nos tocamos. A desculpa sempre foi o compromisso com a máfia e com a família. Confesso que estou com medo.
Será que ele não sente mais nada por mim? Então, por que casar?
Não pode ser isso. O jeito que ele me olhou quando caminhei até ele no altar, e o tesão que ele ficou quando o toquei, me diz que ele sentiu algo por mim.
Estou tão confusa.
Saio do banheiro e ele está no quarto, todo suado, devia estar correndo. Não conheço seus hábitos, a gente quase não conversava.
Visto um short e um cropped, por baixo coloco meu biquíni. Finjo que não o vi e arrumo minha bolsa, com óculos, protetor solar, saída de praia, carteira e pego meu chapéu.
— Aonde você pensa que vai?
— Bom dia. Vou à praia, quando você achar que mereço uma explicação sobre o que aconteceu ontem, conversamos.
Seguro a maçaneta da porta e a abro, antes que eu saia, ele a bate, com força. Não fico com medo, convivo com homens brutos e maus diariamente. Viro-me para ele e o encaro.
— Senta-se, Nina.
— Estou bem em pé.
— SENTA, CAZZO! — ele grita.
Caminho lentamente até a mesa, puxo uma cadeira e me sento. Além de meu marido, ele é Capo, querendo ou não tenho que obedecê-lo. Me conhecendo bem, sei que não vai ser sempre assim, mas neste momento estou perdida, sem saber o que se passa em sua cabeça.
— Sentei, senhor meu marido — faço aspas com os dedos, ele falta me comer com os olhos
— Você acha que seria assim tão fácil, Nina? — diz, assim que me sento. Sua entonação me dá arrepio. De repente, não é mais o Enrico que está à minha frente, estou tendo o desprazer de conhecer o Cruel. Seus olhos estão escuros, seu lindo rosto se transformou em uma imagem diabólica. Estou com medo. Um medo que até há pouco tempo não sentia
— Você me traiu, me humilhou, não me procurou, se envolveu com mulher. Com mulher, porra. E acha que o otário aqui iria cair outra vez nas suas garras?
Minha mente demora a entender seu ponto. Depois de alguns segundos, compreendo a amargura de suas palavras. Enrico Ferri me odeia.
NINAAvanço para cima dele. Consigo dar dois socos em seu peito, antes de ele segurar meus pulsos, que aperta com força.— Se você me odeia, por que essa palhaçada de casamento? — grito, aos prantos.Ele examina meu rosto, não sei o que procura, talvez se estou sendo sincera. Foda-se o que ele pensa.— Vou te dizer como vão ser as coisas daqui para frente.Estou com tanta raiva, que o medo que estou desse homem é o que menos importa. Não acredito que tentei feri-lo, se ele quisesse, poderia ter quebrado meu braço, fui imprudente, agi por impulso.— Você é minha moglie, sua família não tem mais poder sobre você, porque agora é uma Ferri. Você é livre para fazer o que quiser, pouco me importa se vai ao shopping, fazer curso, ou fofocar com as amigas. As únicas coisas que
ENRICOA adrenalina percorre meu sistema. A sentença de morte que por mim já foi decretada, faz meu corpo reagir em antecipação. O medo se faz presente, posso senti-lo no ar.Tudo é negro.Sombrio.Mórbido.Olho para o homem sangrando que está sob meu domínio e sorrio. O sangue escorre por todo seu corpo. Seus cortes e perfurações são uma verdadeira obra de arte.Sinto prazer com o seu medo. Ele é pungitivo, contundente. O cheiro do seu medo me estimula, ele sabe quem sou e que não tem nenhuma chance. Anseio por mais, quero cortar cada parte do seu corpo, porém, tenho que me segurar, senão ele morre antes de me passar as informações que preciso.— Para quem você trabalha? — pergunto, sem agressividade, como se estivesse falando com um bebê. Enquanto isso, afio minha espada. O home
NINAExatamente há três meses, me casei com um lobo mau e selvagem, que fica à espreita, observando todos os meus movimentos. Mesmo não estando presente, seus olhos me observam através de seus homens. Como uma fera faminta, aguarda o momento do ataque. Um passo errado, apenas um ato falho, ele me ataca com suas garras afiadas.Seus dias são dedicados à máfia e fazer com que sua promessa se cumpra. Que eu viva só, sem amor, sem sexo e que nunca seja tocada por ele.Quando Enrico está em casa, se tranca no escritório, muitas vezes, sai de lá tarde da noite, bêbado. Ouço seus resmungos no corredor que dá acesso ao nosso quarto. Sua fala enrolada e a dificuldade de abrir a porta do quarto chamam minha atenção, pois só consigo dormir depois que ele entra em seu quarto.Muitas vezes, me comporto como uma espiã, s
ENRICOHá duas coisas nesta vida que anseio desesperadamente, uma é me vingar da Nina, a outra e provar que Francesco foi o cabeça da armação contra meu pai. Finalmente este dia chegou, o dia em que os Mancinni não terão mais nenhum resquício de dúvida a respeito da fidelidade dos Ferri.Com a faca cavando a garganta do soldado de merda do Francesco, pergunto:— Quem mandou seu irmão dizer na época ao Don Guiseppe, que o meu pai que tinha o traído, e por que o mandante nos queriam fora?Depois de tantos anos, descobri que uns dos soldados que envolvido na armação contra minha família era irmão desse maledetto que trabalha para Francesco. Até hoje nunca engoli a história que foi tudo armado pelos soldados, ainda mais depois do assassinato da senhora Mancinni.Com a morte da senhora Mancinni, Don Guiseppe,
NINAMinha cunhada é uma mulher muito sábia e esperta. Nunca imaginei o quanto eu estava errada em relação ao Enrico e, pior, agindo feito uma idiota, me escondendo nesta casa.Cadê a Nina alegre, espontânea?Sinceramente, a Nina que sempre fui deixou de existir depois da decepção que se tornou meu casamento, e como um déjà vu, em vez de enfrentar meus problemas, me mantenho à distância. Me escondo, sou craque nisso.As palavras da Perla foram um verdadeiro banho de realidade, como se esse tempo todo eu estivesse em um lugar à parte da vida real, da vida como realmente ela é. Depois que Enrico foi trabalhar, fui às compras, transformei todo meu guarda-roupa. Abandonei meus vestidos sem graça de garotinha do papai, por vestidos sensuais.As mudanças não param por aí, conforme Perla me orientou, vou mudar com
NINADurante todo o dia reviso documentos e mais documentos, para me inteirar sobre os negócios da famiglia. Apesar de ter feito Direito criminal, durante o curso aprendemos um pouco sobre as outras áreas, basicamente tudo se trata da lei. Na hora do almoço fico esperando Enrico me ligar, porém, ele não entra em contato. Ligo para Sandra, que diz que ele já saiu para almoçar, pergunto onde e ela prontamente me informa.Vou ao banheiro, retoco minha maquiagem, solto meu cabelo que estava preso em um coque e vou ao seu encontro. Na porta do prédio da empresa o soldado Costa está me aguardando, coisas do meu malvado favorito, apesar de não querer me dar bola, me protege.No restaurante vejo seus dois soldados a postos, observo todo o local e não encontro meu marido. Um homem elegante se aproxima e pergunta se alguém está me aguardando, me apresento como senhora
NINAAssim que meu malvado sai para trabalhar, começo a operação: conquistar Enrico. Em vez de levar alguns pertences para seu quarto, levo tudo. Com a ajuda do Costa e de outro soldado, faço uma mudança completa. Meu maridinho não sabe, mas daquele quarto não saio mais.Lorenzo me ligou e disse que está na empresa com Enrico, que os dois virão almoçar em casa. Peço para Georgia fazer a comida e a sobremesa preferida do meu irmão. Sinto tanta falta dele e de nossas conversas, pena que não posso me abrir com ele em relação ao Enrico, meu irmão é um ótimo conselheiro.Ouço o barulho da porta se abrindo, corro feito criança em direção a ela, para encontrar meu amado irmão. Lorenzo quando me vê, abre seus braços e um grande sorriso, corro para seus braços e me perco em seu c
NINASaio do banheiro, vestida com meu roupão e paro de frente ao grande espelho de corpo inteiro que coloquei no canto do quarto, para pentear meus cabelos. Ouço os passos do Enrico e rapidamente retiro meu roupão, fico nua. Pelo espelho, vejo meu marido abrir e fechar a porta atrás de si. Assim que me vê nua, resmunga algo. Enrico fica estático com os olhos fixos em mim. Permaneço o observando, penteando lentamente meu cabelo.Posso ver seu volume, sua glande está empurrando sua calça de tecido, isso me deixa excitada.Ele não se move.Sua respiração está mais forte, mas ele não faz nada. Tomo coragem e encaro seus olhos através do espelho, ficamos por um bom tempo presos por nossos olhares. Minha vontade é de ir até ele, mas não faço. Enrico vai ter que dar o primeiro passo, vejo o quanto ele me deseja, seu c