ENRICO
Meus homens levam a vagabunda para o clube, tenho um lugar especial para lidar com esse tipo de gente. Enquanto Carla desfruta seu último sono, me reúno com a famiglia na sala de reuniões.
— Antes de tomar qualquer atitude, vou falar com Dimitri, ele tem que saber o tipo de mulher que ele se envolveu.
— Você está certo, filho, temos que fazer o possível para não perder o bom relacionamento que temos com os russos.
Lorenzo liga para Dimitri, que diz estar chegando à cidade e virá direto para o clube. Isso confirma que Carla mentiu quando ligou para Nina.
Nina faz questão de ir conosco interrogar Carla, ela está no porão com dois de nossos soldados de plantão. Entramos no porão e minha diaba fica do lado de fora, acho estranho, mas não digo nada.
— Quanta honra. Mancinni e Ferri. Essa reuni&
NINADo aeroporto seguimos direto para a maternidade em que Nina deu à luz, chegando ao nosso destino há quatro soldados, que Lorenzo recrutou, à nossa espera. Ao entrar na maternidade, as atenções são todas voltadas para nós. Três homens com a aparência e determinação do meu marido e dos meus irmãos, é de pôr medo, me sinto menor do que sou perto desses três brutamontes.Pegamos o elevador até o terceiro andar, onde fica a administração. Uma mulher nos aguarda. Com os contatos que a famiglia tem no Brasil, Lorenzo conseguiu nos poupar trabalho.— Senhores, senhora... — a mulher que tem por volta de quarenta anos, nos cumprimenta, sua voz um pouco temerosa. Aperto a sua mão e sorrio, ela precisa saber que não mordemos, se não for preciso, é claro. A mulher que se chama Joana, como diz seu
NINAEnrico e eu não conseguimos dormir direito durante a noite, ambos estamos ansiosos para encontrar nosso filho. Saímos pela manhã, bem cedo, os soldados vão em um carro, eu vou com meus três cavalheiros em outro.Meu celular toca, ao atender, ouço as reclamações de Perla, que diz estar chateada de não ter dado uns tapas na Carla. Conto tudo o que aconteceu até agora e que estamos a caminho da casa do casal que adotou meu filho. Desligo o celular e observo o local através da poeira que se espalha no vidro da janela do carro. Meu coração se aperta quando vejo crianças descalças, carregando baldes, algumas com a idade do meu filho, que está com seis anos.É um local abandonado pelas autoridades, agora entendo quando o soldado disse que era melhor vir pela manhã, a iluminação é precária. Algumas ca
ENRICOMontamos uma operação de guerra, somos trinta homens bem armados, este resgate vai muito além de salvar meu filho, existem muitas crianças sendo escravizadas nessa mina, que o poder público local, para seu benefício próprio, finge não existir.Trabalhar em minas de carvão não é crime, apesar de o carvão ser um assassino silencioso, é um trabalho legal. Muitas famílias se sustentam trabalhando em minas espalhadas pelo mundo. No Brasil, a Bahia é campeã na extração de carvão e lenha, porém, o que ainda infelizmente ocorre é o trabalho escravo, em sua maioria, em minas clandestinas.Crianças que com permissão ou não de suas famílias perdem sua infância e saúde trabalhando dia após dia. Paramos a alguns poucos metros do nosso alvo, para traçar nos
ENRICODepois de limpas e medicadas, ligamos para as autoridades, não podemos ficar para ver o resultado, pois o que fizemos foi ilegal, porém, mantivemos contato com o advogado que contratamos para nos manter informados. Antes de dispensar os homens, entreguei ao Claudio, que é o líder, uma mala de dinheiro contendo dois milhões, sendo quinhentos mil dele, e o restante para pagar os homens em partes iguais. Quando viemos para o Brasil, trouxemos muito dinheiro, pois sabíamos que iríamos precisar.Com tudo acertado, seguimos para buscar a Nina, queria a pegar no caminho, mas Enzo achou melhor resolver as coisas primeiro, antes de dar a notícia a ela. Enfim, quando chegamos à casa da dona Rita já é noite, do lado de fora da casa há uma grande mesa improvisada, a fizeram com uma porta, nela uma bela refeição nos aguarda. Em volta da mesa há algumas tocha
NINAAs lágrimas jorram, meu rosto está uma confusão. Cabelo grudado, coriza, dor e muito sofrimento. A cada dia que passa é um ensinamento e posso dizer que ultimamente tenho aprendido vários. O mais importante de todos é que devemos pensar muito, antes de tomar qualquer atitude. Agir com raiva, medo, mágoa ou sem pensar, nos traz consequências, algumas irreversíveis.Em silêncio, observo o movimento da rua, enquanto o carro se movimenta, o clima aqui dentro é de tristeza e decepção. Pietro dirige devagar, pois neste vilarejo as pessoas transitam de um lado para o outro, não há sinalização e elas atravessam na frente dos carros. De repente, sou fisgada por um par de olhos azuis, no momento exato que o carro passa em uma lombada.É ele, só pode ser ele.— PARE O CARRO — grito.Pietro se assusta
NINADepois daquela tarde em que encontramos nosso filho, fizemos exame de DNA para comprovar o que, para nós dois, estava definido, Luca é nosso filho, o resultado não foi diferente. Ficamos mais uma semana na Bahia, antes de voltar para casa, meus irmãos retornaram antes por causa dos compromissos com as famiglias que são de suas responsabilidades.Perla me ligava todos os dias, ela não via a hora de conhecer o mini Enrico, era assim que meus irmãos o chamavam.Na Bahia, em Salvador para ser mais exata, tem uma delegacia que faz trabalho voltado à pessoas desaparecidas. Em todo o país existem várias instituições que também fazem esse trabalho.Claudio nos indicou o projeto que tem como tema Basta Crianças Desaparecidas, que faz parte da organização sem fins lucrativos chamada de Desaparecidos Do Brasil, que ajuda na busca de cria
NINA - TRÊS ANOS DEPOISSentada no sofá da área externa da nossa casa, observo meus filhos brincando com o pai. A cada ano que passa, meu malvado fica mais lindo. Seu corpo forte, sua pele clara, seus olhos azuis e seu cabelo loiro completam um conjunto de dar água na boca. Seus braços expostos exibem suas tatuagens, as quais muitas vezes percorro seus traços com meus dedos.Sua aparência dura, firme, sua seriedade e dureza na voz só se suavizam no trato com nossos filhos.Observando-os, minha vida vem à mente, em flashes, me lembro de quando eu ainda era uma garotinha, uma garotinha boba e apaixonada pelo primo. Enrico.Que, aos quinze anos, deu seu primeiro beijo e foi o melhor de todos, pois foi no garoto que era apaixonada, desde sempre. Aos dezoito anos se tornou mulher com esse garoto, que foi seu primeiro em tudo. Primeira paixão, primeiro amor, primeiro beijo e
ENRICO— Pai, joga a bola — Rico diz, segurando sua irmã pelo braço. Minha princesa Giane não sabe nem andar direito e já quer correr.Nina, Rico e eu passamos toda a gestação escolhendo o nome da minha garotinha, meus pais e toda família davam palpites, mas eu saberia quando chegasse a hora certa. Rico a chamava de irmãzinha; Nina, de meu bebê; e eu, minha garotinha. Era incrível, toda vez que ela ouvia minha voz, se mexia, dando vários chutes na barriga. Durante a gravidez minha diabinha ficou insaciável, chegou ao ponto de eu ter que executar alguns maledetto mais rápido, para atender as necessidades sexuais da minha mulher.— Meus filhos nem parecem que são meus, só querem saber do pai — minha mulher diz, chorando.Me seguro para não rir, suas emoções estão afloradas por causa da grav