O homem sorria, ele estava impecável em seu terno, com uma aparência decente, mas havia algo em seu olhar que deixava Clara desconfortável. Ela entregou a ele os medicamentos de Sofia com uma expressão fria.- Já vi Sofia. Entregue os medicamentos a Ximena.Mário arqueou as sobrancelhas:- Vamos subir juntos, faz tempo que não nos vemos.- Não posso, tenho outros compromissos.Clara entregou rapidamente os medicamentos e saiu do hall. Mário a observou partir, seu olhar profundo seguindo a elegância de suas costas. Ele cheirou os medicamentos.Uma jovem bonita aparecendo na ginecologia com remédios antibacterianos e antivirais... Difícil não pensar em possibilidades. Mário abaixou o olhar, sentindo uma tensão no estômago."Quem diria que Clara, que sempre parecia tão fria, gostava de se divertir assim. Afinal, seu marido não estava por perto há três anos; era inevitável que uma mulher sozinha buscasse conforto em outro lugar. Não havia pressa, ela teria que voltar para a família Silva e
A porta do carro se abriu. Isabela estava prestes a avançar quando o jovem homem que saiu do carro não era Simão, mas seu assistente, Rodrigo.- Senhora, o Presidente Simão teve um compromisso de última hora e não vai voltar para o jantar. Ele pediu para que eu te entregasse isso.Quando Isabela ligou para Simão, ela só pediu a ele que voltasse para jantar, sem mencionar que Clara também estava lá. Se ele pôde abandonar esta esposa e sair do país há três anos, provavelmente teria recusado retornar para casa.Isabela acenou para que alguém pegasse as flores das mãos de Rodrigo. Uma sombra de desapontamento passou por seu rosto e ela suspirou:- Eu sei que ele está ocupado, tudo bem.Rodrigo acenou com a cabeça e voltou para o carro.De volta à sala, para se consolar, Clara só possuía uma coisa em mente: “o que os olhos não veem, o coração não sente.”- Você pode ir, quando ele estiver disponível, eu te chamo.- Tudo bem.Clara acenou com a cabeça, sem intenção de ficar para jantar e i
Simão tinha uma frieza nos olhos, intocável até pelo calor do verão.Ele deu a Clara um olhar profundo, sem revelar emoção alguma em seu rosto.- Vamos.Clara seguiu atrás dele, passou o cartão e entrou. O chão do hall brilhava como um espelho, e todos que aguardavam na entrada cumprimentavam com reverência.Depois de algum tempo caminhando, Simão se virou para olhá-la.Clara parou e ofereceu a ele um sorriso educado.- Quanto Antônio te pagou?Clara realmente não sabia sobre a relação entre Antônio e Simão; não tinha conhecimento da família Santos e nem queria tê-lo.Em três anos, ela nem mesmo havia chegado a conhecer o pai de Simão.Para ela, se Antônio conhecia Simão, eles deviam frequentar os mesmos círculos sociais.- Meu chefe disse que esse contrato poderia valer centenas de milhares.- Você tem um chefe nesta linha de trabalho?A pergunta de Simão expressava confusão, tocando em um ponto cego em seu conhecimento.Parece que o que Antônio havia contado era verdade: o Bar Cor d
O acidente foi um relâmpago na escuridão, mas Clara não se preocupou em ser reconhecida. A razão era simples: além de visitar o Sr. Spencer durante as festas anuais, ela raramente aparecia diante da família Santos. Nem mesmo Simão conhecia o rosto da própria esposa; muito menos os outros se interessariam por ela, uma figura marginal.Um sorriso cruzou o rosto de Clara, tingido com uma pitada de irritação ao pensar em Simão. - Talvez eu tenha feito algo que tivesse desagrado o Sr. Simão.Antônio tinha uma queda por rostos bonitos, independentemente da profissão ou origem familiar. Diante da beleza de Clara cujos olhos e sobrancelhas pareciam excepcionalmente expressivos, o dele tom suavizou involuntariamente. - Como poderia? Seu design tem muito senso artístico. Meu primo pode ser empresário, mas ele não começou estudando finanças. Ele tem um duplo diploma, e o outro está relacionado à arte. Talvez ele esteja simplesmente de mau humor por causa do divórcio.Clara permaneceu em sil
- Sobre o que estamos falando?Simão, com a voz gelada, se recostou lentamente.- Pare de tomar decisões por mim, eu não tenho interesse nessas mulheres."Será que ele se importa por serem todos clientes?"Ele sabia que algumas pessoas no círculo tinham tal predileção, mas nunca se interessou, se mantendo celibatário por anos.Antônio, por outro lado, aprendeu todo tipo de coisas sem sentido nos anos que passou fora. Era hora de alguém colocar um freio nele.- Primo, você não quer mesmo vir conhecê-la? Eu procurei por muito tempo até achar alguém adequada para você."Se Simão realmente não estiver interessado, eu ainda tenho alguns apartamentos vagos."- Se você não quiser, ela pode ficar comigo. Eu realmente gosto dela.Inexplicavelmente, Simão se endireitou.- Vou arranjar um estágio para você no Grupo Santos. Isso vai te manter longe dessa gente duvidosa. Sua mãe já falou comigo, venha trabalhar amanhã de manhã.Antônio ficou mudo, sem tempo para replicar, o telefone foi desligado d
A expressão dela era tão franca que Simão chegou a se perguntar se ela não estava fazendo um alarde desnecessário, como se fosse um neófito no assunto. O homem ficou ali, seu rosto carregado de um peso sério e inexpressivo, imóvel como uma estátua desprovida de sentimentos, impossível de ser confrontada.Aproveitando o momento em que o elevador descia, Clara sentiu que era essencial fazer mais um esforço em nome do futuro do estúdio. Ela havia aprendido, desde que começou a trabalhar, que muitas vezes o seu próprio orgulho não significava nada. Afinal, ele tinha muito a oferecer:- Sr. Simão, eu ainda gostaria de saber qual estilo você prefere. Eu posso tentar qualquer coisa e, se você não ficar satisfeito no final, não vou cobrar nada.Simão estava sem palavras para descrever essa mulher. Ele hesitou por um momento, engolindo suas palavras antes de finalmente conseguir falar:- Você já não tem clientes?Clara ficou um pouco surpresa. Será que Simão estava preocupado que ela se dividis
Na manhã seguinte, Clara cobriu as marcas em seu rosto com base e saiu para o estúdio. O estúdio estava localizado em um prédio comercial, ocupando dois andares. Ela só trabalhava ali como freelancer de longo prazo; não precisava marcar presença todos os dias, mas tinha que participar das reuniões mensais de avaliação. Torres, que sempre foi o primeiro a chegar, ainda não havia aparecido.Meia hora após o início da reunião, ele finalmente apareceu. Estava vestindo o mesmo terno do dia anterior e parecia apressado. Clara, segurando uma caneta, hesitou por um momento, sentindo que algo deveria estar acontecendo com Torres.- Desculpe, cheguei muito tarde hoje.Torres se dirigiu à sua cadeira no centro da mesa e se sentou. Percebendo a preocupação nos olhos de Clara, ele deu um sorriso de desculpas. A reunião seguiu normalmente, e cada um fez sua apresentação.Depois da reunião, Clara planejava sair com todos os outros, mas vendo que Torres continuava sentado, ela não pôde resistir a perg
Clara se acomodou na área de descanso perto da janela e rapidamente respondeu à mensagem: "Será que eu poderia encontrar com ele pessoalmente primeiro?"Ela estava bem ali, na recepção do edifício do Grupo Santos. Se Simão concordasse, eles poderiam se encontrar imediatamente.O advogado apenas respondeu que consultaria e depois não deu mais notícias.No topo do prédio.O homem atrás da escrivaninha de mármore preto folheava os documentos à sua frente, sua atenção totalmente absorvida. Rodrigo entrou.- Presidente Simão, a Srta. Clara gostaria de falar pessoalmente com você.Simão desviou brevemente o olhar dos documentos, seu tom de voz indiferente e desprovido de qualquer entusiasmo.- Não."É apenas um truque para evitar o divórcio. Ela realmente acha que um encontro mudaria alguma coisa? Ela está se superestimando." Ele pensou.Um traço de irritação cruzou seu rosto, a voz era tão fria quanto gelo.- Peça ao advogado para entregar o acordo de divórcio à família Silva. Certifique-se