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Capítulo2 Senhorita, você precisa chamar a polícia?
Rodrigo se lembrou da cena que tinha acabado de presenciar e, em um súbito lampejo de consciência após o choque, disse:

- Vou verificar imediatamente...

Simão franziu a testa, um olhar sombrio cruzando seu rosto. "Se fazendo de difícil? Essa tática é muito clichê."

Fazê-lo ir atrás dela pessoalmente poderia ser exatamente o que ela estava planejando.

- Não é necessário. - Simão disse.

Se ela passou por todo esse esforço para fazer essa encenação, certamente apareceria de novo.

Clara apressadamente voltou para o apartamento onde morava e se lavou repetidamente antes de se jogar na cama.

Com os olhos fechados, tudo que lhe vinha à mente era a ferocidade do homem ao tomar o que queria; inicialmente, ela se sentia desconfortável, mas depois, o tremor intenso parecia ter perfurado seus ossos.

Ela não achou difícil de aceitar que sua primeira vez fosse com Simão, exceto pelo fato de ter ouvido o nome de outra mulher vindo de seus lábios.

"Gabriela Mazela, Gabriela..."

Essa era a verdadeira razão pela qual ele queria o divórcio com ela.

Ela estava exausta, mas a dor física a mantinha alerta.

Clara se virou na cama, ainda se sentindo desconfortável.

Ela abriu a gaveta e ali estavam dois livretos vermelhos de casamento.

Quando foram buscar a certidão, Simão não estava presente, mas, graças a influência do patriarca, ela conseguiu pegar os documentos sozinha.

Esta foi a primeira vez que ela os abriu, a primeira vez que enfrentou o homem cujo nome estava impresso no mesmo livro vermelho que o dela.

Com apenas um olhar, ela guardou tudo de volta e decidiu ver Sofia.

Chegando no hospital ao meio-dia, a empregada que fazia guarda no quarto tinha saído para almoçar.

Sofia, que estava descansando, viu Clara e seu rosto magro se iluminou de surpresa. Ela rapidamente se sentou.

- Irmã, o que você está fazendo aqui?

Sua cor ainda era um pouco pálida, mas seu estado de ânimo estava bom.

- Papai está fazendo alarde novamente, não é? Eu disse a ele que estou bem e até pedi para ele não contar a você.

Clara se sentou ao lado da cama e passou um copo de água morna para ela.

- O pai está preocupado com você.

Desde pequena, Sofia sofria com a saúde frágil. Às vezes, andar alguns passos era o bastante para deixá-la sem fôlego. Ela frequentemente precisava ser internada, e Lucas tinha um carinho especial por ela.

- Mas eu realmente detesto ficar no hospital. E com a mãe sempre por perto, eu só posso tomar mingau. Não posso comer mais nada. - Sofia fez um biquinho, claramente incomodada. - Nesses últimos dias, ouvi as enfermeiras falando sobre as delícias da cantina do hospital e estou morrendo de vontade.

Ela agarrou a mão de Clara, continuando:

- Você é a melhor, irmã. Eu vou receber alta hoje, comer um pouquinho não vai fazer mal.

Sofia arregalou os olhos emocionados, como um animalzinho inocente.

Clara não resistiu e trouxe algo para ela:

- Você só pode provar, nada de engolir.

Após insistir, Clara estava prestes a alimentá-la quando a voz de Ximena ecoou na porta.

- O que você está fazendo?! - Chocada e furiosa, Ximena andou rapidamente até elas, pegou a colher e a tigela e as jogou no lixo ao lado. - Aproveitando minha ausência para envenenar sua irmã, não é? Sabia que você tinha más intenções!

Clara foi empurrada de lado, olhou para a comida no lixo e se sentiu um tanto irônica.

- Ela te deu mais alguma coisa? Você está sentindo algo?

Enquanto examinava a filha, Ximena estava prestes a ligar para Lucas e reclamar, mas Sofia a deteve:

- Mãe, você entendeu errado. Fui eu que insisti para ela comprar.

Ximena hesitou, mas não se sentiu embaraçada:

- Sofia pode ser ingênua, mas e você, como irmã mais velha?

Ximena se voltou para Sofia:

- Também não sabe o que faz? Se não fosse por ela, você acha que seu pai nos deixaria esquecidas? Sua saúde é tão precária por quê?

- Mãe, por favor, pare. Clara está ocupada com o trabalho e raramente pode vim me visitar.

Ximena bufou, lançando um olhar frio para a jovem mulher parada ao lado.

Quanto a esta enteada, nascida do casamento anterior de seu marido, ela realmente não tinha muita afeição.

Essa moça tinha alguma utilidade para a família Silva. Pensando nisso, Ximena lançou um olhar rápido para o pescoço de Clara.

Estava limpo, sem qualquer sinal.

Por um momento, Ximena se sentiu incerta sobre o sucesso do seu plano da noite anterior.

Se não fosse pela esperança de que a família Santos desse uma ajuda à família Silva, ela nunca teria empurrado um homem tão excelente como Simão para Clara. Culpa de sua filha por ser tão frágil.

Ximena se sentiu irritada, seu tom ficou ainda mais azedo:

- Simão voltou para o país. Você é esposa dele, pare de pensar só em você e pense em como fazer a família Santos ajudar seu pai.

Ouvindo o tom como se fosse algo óbvio, Clara sorriu suavemente:

- Ximena, falando assim parece que eu nunca ajudei antes. É só você que pensa assim ou meu pai também?

Ximena ficou sem palavras, Sofia interveio rapidamente:

- O médico me deu uma receita, você pode pegar para mim?

Ao sair do quarto do hospital, ouviu Ximena repreendendo-a:

- Seu pai nunca a prejudicou todos esses anos. Ela tem algo contra mim. A mãe dela morreu de exaustão, na época seu pai ainda estava sempre fora, as coisas estavam difíceis. Eu acho que ela está me culpando por isso.

Clara franziu a testa. Ela havia se machucado na noite anterior e havia segurado as emoções para que Ximena não notasse.

Depois de pegar os remédios, ela foi se consular com o ginecologista.

Os danos eram horríveis de se ver, até pequenas fissuras. A expressão da médica ficou séria depois do exame.

- Senhorita, você gostaria de denunciar?

Clara hesitou, percebendo algo e respondeu de maneira um tanto constrangida:

- É meu marido... Ele acabou de voltar de uma viagem de negócios e perdeu o controle...

A médica olhou para ela, entendo a situação:

- Aqui está um creme, lembre-se de aplicar e evite relações sexuais nos próximos dias. Avise seu marido para ele se conter um pouco, vocês são jovens, não estraguem seus corpos.

Por um momento, a médica quase pensou que algo ruim havia acontecido com Clara.

Clara pegou o creme, sentindo seu rosto esquentar.

Acabando de sair do ginecologista, ela encontrou Mário Silva, o irmão mais velho de Sofia.

Ele levantou a cabeça, seu olhar caiu sobre o creme que Clara segurava.

Havia um olhar estranho em seus olhos.

- Clara, você veio ver Sofia. Você está se sentindo mal?
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