Capítulo8 Ele oferece demais
A expressão dela era tão franca que Simão chegou a se perguntar se ela não estava fazendo um alarde desnecessário, como se fosse um neófito no assunto. O homem ficou ali, seu rosto carregado de um peso sério e inexpressivo, imóvel como uma estátua desprovida de sentimentos, impossível de ser confrontada.

Aproveitando o momento em que o elevador descia, Clara sentiu que era essencial fazer mais um esforço em nome do futuro do estúdio. Ela havia aprendido, desde que começou a trabalhar, que muitas vezes o seu próprio orgulho não significava nada. Afinal, ele tinha muito a oferecer:

- Sr. Simão, eu ainda gostaria de saber qual estilo você prefere. Eu posso tentar qualquer coisa e, se você não ficar satisfeito no final, não vou cobrar nada.

Simão estava sem palavras para descrever essa mulher. Ele hesitou por um momento, engolindo suas palavras antes de finalmente conseguir falar:

- Você já não tem clientes?

Clara ficou um pouco surpresa. Será que Simão estava preocupado que ela se dividisse entre vários clientes? Alguns designers realmente faziam aquilo, mas Clara sempre buscou qualidade acima de tudo.

- Não se preocupe, Sr. Simão. Se eu aceitar o seu projeto, não vou pegar outros por enquanto. Se estiver interessado, podemos conversar mais a fundo por cinco minutos. – Ela disse.

- Não estou interessado.

Simão foi o primeiro a sair. Clara, ajudando o chefe caminhar, também não podia segui-lo. Ela decidiu levar Torres para ver onde o motorista designado estava. Mesmo bêbado, Torres manteve uma distância segura dela, exceto pelo tropeço inicial.

No momento em que Clara saiu do Bar Cor da Lua, apoiando Torres, ela viu um carro não muito distante piscar os faróis duas vezes. A porta do carro se abriu e uma mulher de aparência delicada desceu. A mulher, ao vê-los, se dirigiu até eles sem hesitação e ergueu a mão para esbofetear Clara.

- É você, não é? Sempre o incomodando com perguntas, e até mandando chá com leite cheio de amor no meio da noite? Eu já não suportava você, então, o que você planeja fazer esta noite enquanto meu marido está bêbado?

Clara, com as mãos ocupadas apoiando Torres, não conseguiu evitar o golpe. Uma ardência aguda se espalhou por sua bochecha.

A mulher estava tão furiosa que o peito tremia, e seus olhos também estavam vermelhos.

- Pessoas como vocês eu já vi muitas, sempre querendo destruir a família dos outros. Que fique bem claro, todo o dinheiro do Torres está comigo, você não vai conseguir nada ficando com ele!

Clara quase riu de tanta raiva. Ela raramente frequentava o estúdio, mas sabia que realmente havia algumas mulheres lá que gostavam de Torres. Talvez algumas realmente tivessem tais intenções, mas ela definitivamente não era uma delas.

Torres, sustentado por Clara, parecia ter acordado e rapidamente agarrou o pulso da mulher.

- Fabiana, se acalme.

Fabiana, como se tivesse sido tocada em algum nervo, abruptamente retirou a mão dele.

- Como eu posso me acalmar? Essa descarada sabe que você é casado e mesmo assim continua atrás de você. Aceitei que ela te desse chá e cintos, mas agora ela te chamou para sair na noite do aniversário dela, e você escondeu isso de mim?

Seu furor se espalhava como fogo em palha seca; ela queria mais do que tudo arranhar o rosto de Clara.

- Tão bonita, mas nada além de uma raposa sedutora!

Torres apenas sentiu dor de cabeça. Abraçou Fabiana e olhou para Clara com desculpas nos olhos:

- Desculpe, Clara. É melhor você ir embora.

Clara sentiu que realmente estava tendo um dia de azar, mas afinal, a outra era a esposa de seu sênior na escola. Como ela poderia retribuir o tapa? Tanto emocionalmente quanto racionalmente, ela tinha que engolir esse revés.

No carro não muito distante, Simão mantinha um rosto sem expressão. Desde o momento em que Fabiana deu o primeiro tapa, ele havia observado todo o drama de uma esposa legítima pegando a "amante" de forma muito clara.

Seguindo o olhar de seu chefe, Rodrigo também percebeu a confusão que estava acontecendo.

A esposa legítima parecia bastante confiante, apontando e gritando com o marido, que por sua vez estava abraçando e acalmando-a. Clara, por outro lado, parecia uma completa estranha na cena.

Tão jovem, mas optando por ser uma "amante".

Rodrigo sentiu uma pontada de emoção. Felizmente, não havia muita gente por perto; caso contrário, se essa cena fosse parar na internet, eles ficariam realmente famosos.

Simão retirou o olhar friamente e disse a Rodrigo:

- Vamos embora.
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