Capítulo 2
Meu pai parecia estar genuinamente satisfeito com a minha atitude madura.

Renata, por sua vez, não conseguia esconder o sorriso de satisfação.

Quando eles finalmente saíram, Isabela ficou.

— Mariana, posso te ajudar a arrumar suas coisas? — Ela disse, com uma doçura forçada, mas seus olhos brilharam de um modo que não conseguia disfarçar.

— Eu não esperava que papai fosse aceitar a troca dos nossos quartos. Você está brava comigo, né? — Ela continuou, com um tom quase desafiador. — Eu tirei o Edu de você, e agora estou ocupando o seu quarto de infância.

Preferi não responder. Apenas me virei e comecei a pegar minha mala.

Porém, de repente, um gemido dramático ecoou pelo quarto.

— Ai! — Isabela caiu no chão, esbarrando com o braço na quina da mesa. O hematoma apareceu quase que imediatamente. — Mariana...

— O que você fez, Mariana?

A voz de Eduardo ressoou pela porta aberta.

Sem que eu percebesse, ele havia subido as escadas e estava parado ali. Seus olhos escureceram ao ver Isabela caída.

Com passos apressados, ele se aproximou e a ergueu com cuidado.

— Edu, está tudo bem. Não foi por mal, Mariana não fez de propósito. — Enquanto Isabela tentava controlar as lágrimas, forçando um sorriso, ela ainda tentou minimizar a situação. — Não dói nada, Edu, sério.

— Não minta, Isabela! Está claro que está machucada.

Eduardo olhou fixamente para o braço dela, onde começava a se formar um grande hematoma, seu olhar cheio de preocupação.

Quando ele finalmente olhou para mim, seus olhos estavam gelados, como se uma névoa de frieza tomasse conta dele.

— Mariana, se você tem algo contra mim, pode descontar em mim. Não precisa se vingar da Isabela. Ela já passou por muita coisa, você sabe disso. — Ele não se conteve, e suas palavras saíram com um peso enorme. — Ela tem uma vida difícil, mas você nunca soube o que é lutar por nada. Sempre teve tudo, enquanto ela...

Eu pensei que minhas emoções estivessem sob controle, que ele não tivesse mais poder sobre mim. Achei que não me importaria mais com ele.

No entanto, no fundo, eu era apenas uma pessoa comum. Não tinha a resistência de uma pedra, nem um coração de ferro.

O garoto que cresceu ao meu lado, o homem com quem vivi por três anos, trocou tudo isso por outra, e em tão pouco tempo.

Agora ele me via como uma mulher cruel e vingativa.

Eu queria rir, queria me livrar dessa dor, mas as lágrimas começaram a cair sem que eu pudesse impedir.

— Eduardo, depois de tudo que passamos, você realmente acredita que sou essa pessoa? — Eu questionei, inundada de emoções.

Ele ficou em silêncio por um momento, as sobrancelhas ligeiramente arqueadas. Seu olhar se fixou no meu rosto, como se tentasse entender, como se algo tivesse se quebrado no fundo de sua mente.
Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App