Capítulo 4
Eu tinha acabado de sair do grupo quando o telefone começou a tocar. O nome de Eduardo virou na tela.

— Mariana, venha aqui agora.

— E onde seria isso?

— No nosso lugar de sempre, você sabe.

— E por que eu iria?

— Para pedir desculpas à Isabela.

— Desculpas? Por qual motivo?

— Você saiu do grupo de repente. Já parou para pensar no que as pessoas vão falar dela por causa disso? — Repreendeu Eduardo, seu tom carregado de uma autoridade que parecia inquestionável. — Eu não vou permitir que ninguém fale mal da Isabela. Ela não fez nada de errado. Foi uma escolha minha, e ela merece respeito. Não é justo que a julguem por sua atitude impulsiva.

Pensei que já estivesse imune às palavras dele, que nada mais pudesse me atingir. Mas não. Senti meu peito se apertar de tanta raiva.

Agarrei o telefone com força, as mãos tremendo de indignação. Quando finalmente consegui responder, minha voz saiu trêmula, embargada pela emoção:

— Eduardo, você não pode me tratar desse jeito. Com que direito você me humilha assim? Foi você quem me traiu. Eu não fiz nada. Até dei os parabéns para vocês. Isso ainda não basta?

Eu tentava segurar as lágrimas, mas era inútil. A emoção transbordava e minha voz denunciava o que eu sentia.

Do outro lado da linha, houve um breve silêncio antes de ele responder, com uma frieza que me cortou como uma faca:

— Mariana, vou deixar passar dessa vez. Mas escute bem: a Isabela é inocente. Não desconte sua raiva nela.

Sem esperar por uma resposta, ele desligou.

Eu continuei ali, sentada no chão, incapaz de me mover. Meu corpo inteiro tremia, e parecia que a indignação me consumia por dentro.

Foi quando olhei para o retrato na cabeceira da cama. Minha mãe estava ali, com aquele sorriso tão suave e cheio de carinho, como se tentasse me consolar.

De repente, as lágrimas que eu tanto segurava começaram a cair, sem controle. Peguei o porta-retratos e o abracei com força, como se isso pudesse aliviar a dor.

Encostei o rosto no vidro frio, sentindo como se a imagem dela estivesse tão triste quanto eu.

Não queria mais chorar. Não queria que minha mãe, onde quer que ela estivesse, sofria ao saber da minha dor.

Depois do aniversário dela, eu ia reunir o pouco que ainda me restava e deixar Bela Vista para sempre.

Dessa vez, era definitivo. Nunca mais ia voltar.
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