Recomeço Sem Volta
Recomeço Sem Volta
Por: Manuela Neves
Capítulo 1
— Eu já tomei minha decisão, Gael.

De frente ao espelho, encarei meu reflexo. Uma figura pálida e cansada, que parecia finalmente pronta para mudar de rumo. Me surpreendi ao perceber que tomar uma grande decisão não era tão difícil quanto eu temia.

— Mariana, você aceitaria se casar comigo?

A pergunta de Gael veio com uma firmeza inesperada, mas a emoção em sua voz era inconfundível.

Meu peito se apertou e por um instante senti um nó na garganta. Antes que qualquer lágrima pudesse escapar, deixei minha resposta sair em um sussurro:

— Sim, eu aceito.

— Você não faz ideia de quanto tempo esperei por esse momento desde a época da faculdade, Mariana. — Exclamou Gael, contente.

Aquele sorriso discreto que eu não via há tempos surgiu em meus lábios. Era como se algo em mim estivesse despertando novamente.

— Me dê só duas semanas, Gael. Preciso resolver algumas pendências aqui antes de partir.

— Eu espero por você, Mariana. Sempre.

Assim que desliguei o telefone, a porta do meu quarto foi aberta de forma brusca.

— Mariana. — Meu pai entrou apressado, com um ar um tanto desconfortável. Depois de pigarrear, disse. — A Isabela não está muito bem. O quarto dela é mais frio, e o seu pega mais sol. Por que vocês não trocam por uns dias?

Não respondi imediatamente. Apenas olhei para Renata, minha madrasta, e para Isabela, minha meia-irmã, que observavam a cena de longe.

Renata se apressou em dizer algo, tentando suavizar o pedido:

— Pedro, não é necessário incomodar a Mariana com isso.

Com uma expressão de falsa modéstia, Isabela acrescentou:

— Pai, eu realmente fico bem onde estou. Não quero causar nenhum problema para a Mariana.

Meu pai balançou a cabeça, interrompendo qualquer protesto:

— Não é questão de causar problemas. Isabela também é minha filha, Mariana. E você, como irmã mais velha, precisa entender.

Fiquei parada, observando aquele homem que eu chamava de pai, esperando sentir algo: dor, mágoa, indignação. No entanto, nada disso veio. Não havia mais espaço para tristeza.

Com um sorriso que eles não poderiam interpretar, concordei:

— Tudo bem. Podemos trocar.

Dentro de mim, a decisão já estava tomada. Em duas semanas, eu estaria longe dali para sempre. Qualquer coisa que acontecesse até lá não fazia diferença.
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