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David

— Sextou, David! Tá a fim de tomar umas com as meninas? — Caio pergunta saindo da sua sala que fica bem no meio do corredor. Caminhamos juntos para um dos elevadores, encontrando alguns funcionários que também se preparam para sair.

— Talvez eu vá ao Pub hoje — resmungo com um tom sério e ergo os meus olhos para os números que brilhavam no teclado a nossa frente. O rosto de Caio surge na minha frente. O idiota se inclina e me encara com um baita sorriso escroto.

— Me diga que isso não é um sonho? — pede com um humor que me fez soltar uma respiração alta.

— Vai te foder, Caio!

— Sério, David! Você nunca diz sim pra mim. Pelo menos não com tanta facilidade.

— Se eu te dissesse que não, você ia desistir?

— Não.

— Por isso resolvi dizer logo um sim — rosno. Mas, a verdade é que não quero voltar sozinho para aquele apartamento e passar mais uma noite remoendo o meu passado, que não tem concerto. Depois que as portas do elevador se abrem, seguimos para os nossos carros e de lá para o nosso apartamento, e depois de tomar um banho demorado, visto uma roupa informal e vamos a danceteria.

Hoje eu só quero virar essa noite com uma boa garrafa de uísque.

***

— Vai devagar, meu amigo. — Caio fala perto do meu ouvido, quando percebe que em meia hora esvaziei metade de uma garrafa.

É algo que não consigo evitar. Quando não estou no trabalho, seu rosto se projeta na minha frente e eu preciso apagá-lo, preciso esquecê-la. O irônico de tudo isso é que não ficamos juntos por muito tempo. Quando Yaidis foi estudar no mesmo colégio que eu, já era o último ano do colegial, mas assim que a vi entrar na sala de aula, senti algo diferente acontecer dentro de mim. Eu não sou o tipo de cara tímido, que se esconde de uma garota. Acreditem, sou o tipo de homem que quando quer, vai lá e pega. Mas não foi assim com ela. Com Yaides eu me escondi, não tive coragem de falar dos meus sentimentos, até porque era absurdo demais sentir algo tão forte por alguém chegou a tão pouco tempo. Mas, acreditem ou não, passamos um longo tempo nos paquerando. Era engraçado e eu me sentia um adolescente quando ela estava por perto.

— Oi, o lugar está ocupado? — Uma morena linda e jovem pergunta abrindo um sorriso sensual pra mim. Minha visão já está um pouco turva devido à bebida, mas vi claramente que se insinuava para mim. Me ajeito em cima do banco e faço um não pra ela. — Está sozinho? — Ela continua. Esvazio o meu copo e torno a enchê-lo, depois olho para o rosto jovial.

— Estou. — Observo o seu sorriso se ampliar.

— Me paga uma bebida? — Ela pede, largando uma bolsa a tira colo em cima do balcão. Viro-me de frente para ela e faço um esforço para colocar a imagem de Yaidis em seu rosto, e o meu coração acelera imediatamente. Era ela e estava bem na minha frente, falando comigo. Pensei.

— Claro, o que você quer beber?

Não demorou muito para eu segurar a sua cintura e me encaixar no meio das suas pernas. O beijo não era o mesmo e o seu toque era completamente diferente, mas mesmo assim, a levo para o meu apartamento, para o meu quarto e para a minha cama. Pego uma garrafa no frigobar, sirvo dois copos e me sento no colchão para assisti-la. Yaidis está linda no vestido cor de vinho, de uma alça só, desenhando o seu corpo de uma maneira formidável. O tecido cobre parte de suas coxas e os saltos altos, modelam os seus pés e pernas. Ela é perfeita!

— Posso usar o seu banheiro? — A garota pergunta, mas eu tenho pressa. Preciso senti-la, tomá-la para mim. Bebo um gole generoso da minha bebida e vou ao seu encontro. A tomo pra mim, beijo a sua boca com ardência e a deito em minha cama com cuidado.

— Yaides! — sussurro sofregamente em sua boca, tomado de desejo.

— O que disse? — A garota pergunta e eu me afasto. A realidade me cai como uma luva. Não é ela. Não é a mulher da minha vida. Transtornado, eu me afasto e saio da cama. — Você está bem? — Ela pergunta. Parece preocupada.

— Vai embora! — peço nitidamente irritado e ignoro a sua preocupação.

— O quê? Mas, nós acabamos de chegar! — protesta.

Pego o meu copo e o esvazio, largando-o de qualquer jeito e caminho para dentro do banheiro. Apressado, abri os botões da camisa. Preciso de um banho frio, preciso fazer o que tenho feito ao longo desses anos.

Mais que merda!

Quando você vai sair do meu sistema, porra?!

— Só vá embora, ok? — rosno antes de fechar a porta e entro debaixo do chuveiro, sem consegui me livrar de toda a roupa antes disso.

***

— Bom dia, onde está a Brigitte? — Caio pergunta assim que entro na cozinha. Ele está usando apenas de sunga e preparando algo em uma frigideira, e uma loira está sentada em um dos bancos altos do balcão, aguardando que ele a sirva. Respiro fundo e vou direto para a geladeira pegar uma garrafinha d'água.

— Quem? — pergunto e caminho para a sala em busca do jornal.

— A garota que veio com você na noite passada. — Ele Insiste, vindo atrás de mim. Dou de ombros, pego o jornal e me sento no sofá, abrindo as folhas de classificados.

— Foi embora — digo com desdém.

— Como assim, David? O que você fez de errado?

— Por que acha que eu fiz algo de errado? — rebato irritado, baixando o jornal para olhá-lo.

— A Brigitte é uma garota muito legal, na verdade, ela é maravilhosa!

— Não aconteceu nada, ok? Nós nos curtimos e depois ela foi embora. Satisfeito? — minto e parece que o meu primo engoliu a história direitinho. Ainda bem. Ele sorriu e deu dois tapinhas no meu ombro. E eu finalmente volto para o meu jornal em paz.

Os finais de semana são sempre um martírio para mim. Fico me perguntando quem foi o maldito que inventou as folgas. Definitivamente esse cara não sofria do mal de amor. Os sons das risadas femininas dentro da piscina começam a me incomodar, então decido ir para o meu escritório particular. No caminho, vejo quando o meu primo segura a garota pela cintura e a prensa contra os azulejos. Ele a beija de uma forma até libidinosa, como se a fosse engolir apenas com esse gesto, e outra garota chega por trás dele e lambe o seu ombro. Faço um gesto negativo com a cabeça e sorrio. Esse tem tudo e mais um pouco do tio Marcos Albuquerque. Penso. Se não os conhecesse, diria que eram pai e filho. Não que o meu tio faça esse tipo de coisa hoje em dia, pois, a tia Mônica se encarregou de fisgar o solteirão mais requisitado e safado da sociedade carioca. Quando eu era apenas um adolescente, escutei muito das suas histórias e acredite, pensei em seguir o mesmo caminho, mas não fiz.

Me fecho dentro do escritório do apartamento, vou para atrás da elegante mesa de vidro e abro o meu computador, me deparando com uma mensagem que me fez cair sentado na cadeira.

Obrigada por confirmar a sua presença em nosso primeiro evento do colegial! Teremos muito prazer em recebê-lo e iremos nos divertir com muitas lembranças do nosso tempo!"

Puta que pariu! Quando eu fiz isso?!

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