YaidesOlho para os cômodos da casa simples, já sentindo uma saudade quase sufocante. Apesar de sua simplicidade e de tudo o que houve, tenho boas lembranças desse lugar. Foi aqui que descobri minha gravidez, a Maya cresceu nesse lugar e foi aqui que descobri minha paixão pelos livros e iniciei meu primeiro trabalho. Embora Júlio tenha feito algo tão cruel comigo, ele também me deu coisas que eu não conseguiria ter sem a sua ajuda e fez com que Maya tivesse uma família, de alguma forma.Sentirei saudades. Penso.— Mãe, posso levar meus bichinhos de pelúcia? — Minha filha pergunta, entrando no meu quarto, abraçada aos seus bichinhos.— Claro, filha. — Forcei um sorriso para ela.— Por que está chorando? — Ela larga todos eles e vem para perto de mim.— Não se preocupe, filha, é de felicidade. — Ela me abraça. É um abraço longo e carinhoso.— Quando vamos contar para tio Júlio, que vamos viajar para os Estados Unidos? — indaga com sua costumeira ansiedade infantil. Sem saber como falar
Yaides— Yaides, por sete longos anos, eu fui um grande tolo e não sei se sou merecedor dessa segunda chance, mas, ela veio para mim e agora, eu não quero correr o risco de ela fuja para bem longe de mim outra vez. Amor, eu te amo, amo tanto que ficar longe de você e da nossa menina, não é mais uma condição. Eu sei que você já me disse sim, mas dessa vez, eu preciso que o mundo saiba, que eu sou seu e que você é minha.— Ai, meu Deus! — sussurrei.— Aceita ser a minha esposa, Yaides Velásquez?— Sim. Sim. Sim. Eu aceito ser sua esposa! — Um sorriso lindo se abriu no seu rosto, e David se pôs de pé, mas não para pôs o anel no meu dedo. Ele me puxou para os seus braços e me beijou ardentemente. E só nos afastamos quando escutamos os aplausos de todos dentro do restaurante, só então percebi que sua família e alguns amigos estavam presentes também.— Parabéns, meus amores! — Lilian se aproximou para nos abraçar e na sequência, os outros membros fizeram o mesmo. O jantar seguiu com uma ani
Yaides Alguns meses depois... — Papai, olha o que eu sei fazer! — Minha filha grita, feliz me fazendo sorrir. Há alguns meses achei que isso não seria possível. Deus, ela passou por tanta coisa, que chegou a despedaçar o meu coração. Sua perda foi quase irreparável. Lembrar daquela fatídica manhã ainda me machuca muito por dentro, mas é algo que eu nunca conseguirei apagar da minha memória... Nunca! Ainda dói, sangra, maltrata. _ Vem Papai, vem brincar comigo! _ Minha garotinha volta a gritar, deitada no chão gelado, com seus braços e pernas abertos, abrindo e fechando, formando um lindo anjo na neve. Meu sorriso se espalha ainda mais pelo meu rosto. ... Me perdoe, Yaides, eu não queria... Aquelas malditas palavras sussurradas e sôfregas ainda ecoam dentro dos meus ouvidos, assim como o som da bala que atingiu violentamente o seu peito. Eu temi tanto, que perdi o controle do meu próprio corpo e achei que perderia os meus sentidos naquele instante. Olhar para aq
YaidesEle começa a rir, de uma forma tímida e indecisa, e logo depois ele puxa a respiração umas duas vezes, soltando o ar pela boca e se põe a chorar.— Um filho?! — Sua voz soa trêmula. Confirmo mais uma vez com a cabeça, e depois de esfregar suas mãos no jeans, ele me abraça e me beija de uma forma louca e emocionada, e quando se afasta, segura a nossa menina nos braços e grita enlouquecidamente, girando-a no ar, a fazendo rir alto, se divertindo a com a atitude do pai. — Eu vou ser pai outra vez! — Mais um grito e ele para, para abraçar a nós duas ao mesmo tempo.***— Senhora, o Senhor Lacerda pediu para avisar-lhe que precisa de você no escritório. — Live, nossa empregada avisa assim que entra em nosso quarto. Era estranho David me chamar no escritório da casa, pois ele nunca faz isso.— Obrigada, Live! Irei assim que terminar aqui.— Desculpe, Senhora! Ele disse que é urgente. — Semicerro os olhos para a garota e suspiro.— Tudo bem! — Largo o notebook em cima da cama, onde fa
YaidesNão dá para ir contra o seu destino e a prova disso é que exatamente agora estou andando em cima de um estreito tapete vermelho que trilha o meu caminho para um pequeno e lindo altar improvisado, onde o homem da minha vida está me aguarda ansioso. E bem na minha frente a nossa filha caminha com passos lentos iguais os meus, usando um vestido idêntico ao meu. É um vestido simples, ombro a ombro, rendado e com uma saia longa de musseline. Enquanto Maya joga as delicadas pétalas ao vento aproveito para apreciar a bela vista bem atrás do meu noivo. Como havia prometido, David escolheu o Prospect Mountain, em Lake George, Nova York, e eu devo dizer que a visão desse lugar é realmente de tirar o fôlego!Solto um suspiro baixo, porém, profundo quando ele sorrir para mim e tenho vontade de correr para os seus braços, mas continuo fazendo a lenta marcha nupcial, contradizendo com toda a ansiedade que explode dentro de mim.— Eu te amo! — sibilo sem emitir som algum, porém, não contenho
SETE ANOS ANTES...Naquela noite eu a beijei com uma intensidade enlouquecedora. Quanto mais a beijava, mais a queria e mais a possuía. Yaides tinha um poder sobrenatural sobre mim, que me puxava mais para ela e me atraía de uma forma que me tirava as forças. Olhei para baixo e a vi em seu melhor momento. Ela respirava com dificuldade e gemia baixinho, enquanto as suas unhas se aprofundavam em minha pele. Fui arrebatado por aquela linda visão e no segundo seguinte, me entreguei ao seu prazer, mergulhando nas mais profundas águas revoltosas, me derramando inteiro dentro dela.— Está decidido — disse ainda ofegante. — Ficaremos juntos em Massachusetts e só voltaremos de lá formados e casados — Inclinei-me para deixar um beijo casto em sua boca e a puxei para os meus braços. Yaides se aconchegou em meu peito e eu pude sentir que ela sorria contra a minha pele.— Sim. — Ela disse, passando as pontas dos dedos suavemente pelo meu peitoral. Ela ergueu a sua cabeça e me olhou com um sorriso
David DIAS ATUAIS... — Cara, você precisa ver a novata do RH. — Caio Alcântara, meu primo e sócio diz entrando na minha sala, sem ao menos bater na porta. Ergo minha cabeça acima da tela do computador e encaro o rosto sorridente do homem vestido de maneira informal. — Loira, alta e aqueles olhos verdes? Deus do céu! — O carinha se senta na cadeira de frente para a minha mesa e eu me afasto da mesma, encostando-me na cadeira e começo a gira-la lentamente de um lado para o outro, sem tirar os meus olhos de cima dessa figura. — Você não devia estar em uma reunião agora? — Ignoro o seu comentário sobre a nossa funcionária e incomodado, ele revira os olhos para mim. Eu adoro o meu primo! Sempre fomos melhores amigos, mesmo com uma diferença de idade grande. Caio sempre foi um garoto esperto demais para a sua idade e a única coisa que me incomoda nele, é esse seu comportamento e a sua vida promíscua movida de farras e de mulheres que frequentam o nosso apartamento todas as noites. — Rela
David — Sextou, David! Tá a fim de tomar umas com as meninas? — Caio pergunta saindo da sua sala que fica bem no meio do corredor. Caminhamos juntos para um dos elevadores, encontrando alguns funcionários que também se preparam para sair. — Talvez eu vá ao Pub hoje — resmungo com um tom sério e ergo os meus olhos para os números que brilhavam no teclado a nossa frente. O rosto de Caio surge na minha frente. O idiota se inclina e me encara com um baita sorriso escroto. — Me diga que isso não é um sonho? — pede com um humor que me fez soltar uma respiração alta. — Vai te foder, Caio! — Sério, David! Você nunca diz sim pra mim. Pelo menos não com tanta facilidade. — Se eu te dissesse que não, você ia desistir? — Não. — Por isso resolvi dizer logo um sim — rosno. Mas, a verdade é que não quero voltar sozinho para aquele apartamento e passar mais uma noite remoendo o meu passado, que não tem concerto. Depois que as portas do elevador se abrem, seguimos para os nossos carros e de lá