Fernando
Dois meses haviam se passado desde que ela me disse sim dentro do carro voltando pra casa. Os pais dela vieram nos ajudar nos preparativos como prometido e naquela noite, comemoramos com direito a tudo.
Leda e Bia se emocionaram quando Cecí desceu do carro gritando que estava noiva e desde lá, já regularizamos todos os documentos da nossa bebezinha que agora se chamava Aurora Giovanna Dias Medeiros.
Mas agora, em poucas horas eu teria na minha frente a mulher mais linda de todo o mundo em um vestido de noiva que eu passaria o dia todo sonhando em tirar. Nossa cerimonia seria muito intimista com apenas presenças essenciais.
Nossa filha, que aprendera a andar recentemente, entraria como daminha, acompanhada de Tangerina que carregaria nossas alianças. Bianca e Leda seriam as testemunhas a assinariam os papéis, já o nosso novo amigo Bernardo, namorado de Bia, preparara um discurso pra nós a pedido da namorada.
Cecília A luz branca florescente daquela sala me cegava, eu conseguia sentir cada gota de suor escorrendo pela minha testa. A dor era dilacerante, meus sentidos já não respondiam, minha respiração era controlada pela enfermeira que segurava firme a minha mão. Ela falava alguma coisa pra mim, mas eu não conseguia ouvir. Juntei toda a força que restava dentro de mim até que por fim escutei aquele sonzinho que tanto esperava há nove meses. O chorinho do meu bebê invadiu meus ouvidos e eu pude enfim respirar aliviada. O médico trouxe aquele bebezinho lindo até mim, minhas lagrimas rolavam incansavelmente enquanto eu beijava e acariciava sua cabecinha com todo cuidado do mundo. Aquela princesinha agora era a minha única família, minha vida e todo o meu amor. Eu a olhava como
Fernando Eram as primeiras horas da manhã de um sábado, por que raios aquele telefone não parava de tocar? A noite anterior tinha sido difícil demais pra nós e eu tinha dormido poucas horas, só queria o calor do meu cobertor e o escuro do meu quarto. Mais um toque estridente soou e dando-me por vencido tirei o edredom que me aquecia de cima de mim, coloquei os pés no chão gelado e desci para atender o bendito telefone. — Alô? — minha voz ainda estava rouca de sono e eu pigarreei, esperando a resposta. Do outro lado da linha a voz doce de uma senhorinha invadiu meus ouvidos me fazendo despertar instantaneamente. - Oi dona Leda, alguma novidade boa pra gente? — Oi querido, tenho ótimas notícias sim! Vocês podem me
Cecília Três meses se passaram desde o pior dia da minha vida e eu sequer recebi qualquer notícia, qualquer informação, novidade ou uma mínima suspeita da polícia. Parecia que nada estava sendo feito, e eu acreditava firmemente naquilo. Até porque o maior suspeito no caso era ninguém menos que praticamente, o “chefe” da cidade, então eu mesma precisava fazer alguma coisa ou nada se resolveria. Ficar parada ali me afundando na depressão que me consumia desde então, não me levaria a absolutamente nada. Muito menos à minha filha. — CECI! — minha amiga Bianca gritou me tirando daqueles pensamentos que me atormentavam 24h por dia. — Caramba mulher, estou te chamando a horas! — ela completou enquanto adentrava a cozinha, onde eu estava lavando a louça.
Fernando Os últimos meses tinham sido insuportáveis sem ela. Eu estava quase desistindo de tudo se não fosse por minha filha e Leda, que aliás, se tornara essencial nas nossas vidas. Se não fosse Leda, eu não sei de onde teria achado forças após a partida de Paty. Minha esposa, falecera de modo quase que natural, sua saúde, segundo o médico estava estável, mas por alguma razão, naquela última semana havia piorado três vezes mais. Havia aproximadamente um ano agora que ela partira, e gosto de pensar que ela não sofrera tanto quanto em vida com aquela doença maldita que já à perseguia por anos. A luta diária agora era pra me reerguer, pois eu tinha certeza que Paty estaria muito triste me vendo destruído assim. Minha filha chegara em nossas vidas e convivera com a mãe apenas por pouquíssimo tempo, mas eu tinha a impressão de que ela sentia sua falta tanto quanto eu, ou até mais, já que Paty, mesmo que um pouco ma
CecíliaHá alguns meses eu cheguei aqui na casa dos meus pais e diferente do que pensei, fui muito bem recebida, sem muitas perguntas ou julgamentos, como eles faziam quando eu namorava aquele traste. Ah se eu pudesse voltar no tempo e dar ouvidos aos meus pais... Não, senão eu não teria tido a minha Gio, e o meu amor por ela, superava qualquer adversidade de qualquer momento da minha vida.E por falar nela, desde o primeiro momento que eu coloquei meus pés aqui, não parei de ligar para orfanatos locais e até das cidades mais à frente, porém não alcancei nem sequer um fio de sucesso. Na maioria dos locais, eles não podiam dar tais informações e nas outras, quando eu finalmente aprendi a implorar e fiz minha narrativa rotineira, eles não tinham dados nem sequer similares ao da minha menininha.Eu realmente n&atil
Cecília Subi os poucos lances de escada, ainda respirando mais ofegante por conta do peso da mala, abri a porta de casa e entrei, ainda em choque por tudo que acabara de acontecer. Minhas pernas estavam bambas e eu não saberia dizer se pelo susto do quase atropelamento, se por correr todo aquele trajeto ou se por ter visto aquela criança. Apoiei minhas costas na porta que havia fechado e me deixei escorregar, sentando no chão com as mãos tapando o rosto, tentando conter o choro. Eu sabia que nunca superaria aquela situação, mas não sabia que ficaria tão atordoada apenas por ver um serzinho tão pequeno como aquele. Ela devia ter mais ou menos a idade da minha Gio agora e acho que foi isso, o que mais me abalou. Senti meu celular vibrar no bolso da calça e peguei pra ver a mensagem da minha amiga. Percebi que a que eu tinha enviado, estava totalmente distorcida, provavelmente por conta do susto, eu devo ter apert
FernandoHavia muito a ser feito, afinal, começar do zero não era mesmo fácil. Tinha levado Aurora comigo para a clínica que consegui naquele mesmo centro comercial que mostrei a Leda no fatídico dia da decisão final. As creches locais não tinham mais vagas naquele ano, então precisaria arrumar alguma babá o quanto antes para ficar com minha princesinha, pois a inauguração já estava atrasada.Abriríamos em dois dias e eu precisava planejar a finalização do local logo. O espaço não era enorme, mas era ótimo para o meu propósito. Daria pra abrigar em média 20 animais por vez. Queria poder além de tratar os animais domesticados, tratar igualmente e voluntariamente os animais de rua, então as obras para a criação de canis e gatis limpos e modernos para o confor
Cecília Acordei mais decidida que nunca a sair pra buscar emprego, afinal aqueles aplicativos não estavam dando retorno algum desde antes de ir para a casa dos meus pais até. O destino realmente não estava feliz comigo, pregando uma peça atrás da outra, desandando a minha vida sem limites há um ano, não duvidaria se em mais isso, ele não me derrubaria. Como toda manhã, nada tinha mudado, eu sempre acordava mais cedo do que Bia mesmo ela já estando atrasada, então arrumei a mesa e fiquei imaginando como havia sido esse tempo que não estive ali, ela provavelmente nem comia direito, aposto. Ouvi ela saindo do seu quarto que ficava no meio do comprido corredor que ligava a sala ao banheiro e me inclinei para frente sob a bancada da nossa cozinha americana pra implicar com ela. — Deu formiga na cama é senhorita? — ela olhou pra trás debochando, enquanto caminhava pro banheiro escovando os cabelos. — Não, eu tenho que