Cecília
Despertei mais feliz do que qualquer outro dia da minha vida. Abri os olhos lentamente com medo de aquilo tudo não ter passado de um sonho, mas logo pude sentir os braços de Fernando em volta do meu corpo, me abraçando enquanto dormíamos.
Eu não sei se era possível, mas aquela noite tinha sido melhor do que a nossa primeira e ainda melhor do que toda aquela tarde anterior. Cada segundo com Nando era uma nova aventura sendo descoberta. Eu nunca tinha sido tão amada e feliz em toda a minha vida.
Parte do que eu mais precisava e desejava estava ali, dentro daquela casa. Minha filha e o homem mais perfeito que já cruzou o meu caminho. Girei sutilmente dentro dos seus braços para ficar de frente pra ele e poder apreciar toda aquela beleza sobre-humana.
Sem conseguir resistir, o beijei delicadamente segurando seu rosto com uma das mãos. Por sorte ele não acordou, então repeti mais uma vez, e mais uma, e outra. Eu não
Fernando A noite anterior foi deliciosa e encantadora. Conhecer os pais daquela mulher incrível, só me fez ter mais certeza de que ela não poderia ser diferente. Sua mãe era tão encantadora quanto ela e até mesmo seu pai, que em um primeiro momento, como todo sogro não gostou do seu genro, acredito que eu já havia conquistado sua confiança. Ainda mais depois da longa conversa que tivemos na varanda da casa depois que Cecí foi se deitar com Aurora. Nossa conversa variou de sua filha para sua neta, debatendo até com qual nome continuaríamos à chama-la. Disse que Cecí decidiria isso e eu aceitaria de todo o coração. Fui deitar logo depois na cama de baixo da de Cecí e até eu pegar no sono, fiquei admirando-a sob a luz do luar. Não sei em que momento aconteceu, mas amanhecemos na mesma cama, abraçados. Saberia se tivesse acontecido algo a mais ali, então suspeitei que ela apenas descera para deixar Aurora mais confortável n
CecíliaNo meio da madrugada, acordei e mudei de cama para deixar minha filha mais confortável. Deitei com Nando na cama de baixo e adormeci rapidamente recostada em seu peito. Por isso, quando foi acordar pela manhã, o senti se mexer e despertei sentido seu cheiro, toque e amor.Se não fosse por tudo a nossa volta, tenho certeza que ele me despertaria de outro modo, mas meu pai bateu à porta nos chamando para o café e descemos seguidos por minha mãe.Ao chegar no primeiro andar, Nando bloqueou minha passagem para cozinha e eu quase protestei se não fosse pela voz que ouvira logo em seguida. Leonardo estava na cozinha. Entreguei Aurora para minha mãe e ordenei que ela subisse. Tentei mais uma vez ultrapassar a barreira, quando soube que ele estava com uma arma, mas Nando me impediu de novo, me fazendo ficar atrás da parede entre a escada e a porta.Ele ent
Fernando Dois meses haviam se passado desde que ela me disse sim dentro do carro voltando pra casa. Os pais dela vieram nos ajudar nos preparativos como prometido e naquela noite, comemoramos com direito a tudo. Leda e Bia se emocionaram quando Cecí desceu do carro gritando que estava noiva e desde lá, já regularizamos todos os documentos da nossa bebezinha que agora se chamava Aurora Giovanna Dias Medeiros. Mas agora, em poucas horas eu teria na minha frente a mulher mais linda de todo o mundo em um vestido de noiva que eu passaria o dia todo sonhando em tirar. Nossa cerimonia seria muito intimista com apenas presenças essenciais. Nossa filha, que aprendera a andar recentemente, entraria como daminha, acompanhada de Tangerina que carregaria nossas alianças. Bianca e Leda seriam as testemunhas a assinariam os papéis, já o nosso novo amigo Bernardo, namorado de Bia, preparara um discurso pra nós a pedido da namorada.
Cecília A luz branca florescente daquela sala me cegava, eu conseguia sentir cada gota de suor escorrendo pela minha testa. A dor era dilacerante, meus sentidos já não respondiam, minha respiração era controlada pela enfermeira que segurava firme a minha mão. Ela falava alguma coisa pra mim, mas eu não conseguia ouvir. Juntei toda a força que restava dentro de mim até que por fim escutei aquele sonzinho que tanto esperava há nove meses. O chorinho do meu bebê invadiu meus ouvidos e eu pude enfim respirar aliviada. O médico trouxe aquele bebezinho lindo até mim, minhas lagrimas rolavam incansavelmente enquanto eu beijava e acariciava sua cabecinha com todo cuidado do mundo. Aquela princesinha agora era a minha única família, minha vida e todo o meu amor. Eu a olhava como
Fernando Eram as primeiras horas da manhã de um sábado, por que raios aquele telefone não parava de tocar? A noite anterior tinha sido difícil demais pra nós e eu tinha dormido poucas horas, só queria o calor do meu cobertor e o escuro do meu quarto. Mais um toque estridente soou e dando-me por vencido tirei o edredom que me aquecia de cima de mim, coloquei os pés no chão gelado e desci para atender o bendito telefone. — Alô? — minha voz ainda estava rouca de sono e eu pigarreei, esperando a resposta. Do outro lado da linha a voz doce de uma senhorinha invadiu meus ouvidos me fazendo despertar instantaneamente. - Oi dona Leda, alguma novidade boa pra gente? — Oi querido, tenho ótimas notícias sim! Vocês podem me
Cecília Três meses se passaram desde o pior dia da minha vida e eu sequer recebi qualquer notícia, qualquer informação, novidade ou uma mínima suspeita da polícia. Parecia que nada estava sendo feito, e eu acreditava firmemente naquilo. Até porque o maior suspeito no caso era ninguém menos que praticamente, o “chefe” da cidade, então eu mesma precisava fazer alguma coisa ou nada se resolveria. Ficar parada ali me afundando na depressão que me consumia desde então, não me levaria a absolutamente nada. Muito menos à minha filha. — CECI! — minha amiga Bianca gritou me tirando daqueles pensamentos que me atormentavam 24h por dia. — Caramba mulher, estou te chamando a horas! — ela completou enquanto adentrava a cozinha, onde eu estava lavando a louça.
Fernando Os últimos meses tinham sido insuportáveis sem ela. Eu estava quase desistindo de tudo se não fosse por minha filha e Leda, que aliás, se tornara essencial nas nossas vidas. Se não fosse Leda, eu não sei de onde teria achado forças após a partida de Paty. Minha esposa, falecera de modo quase que natural, sua saúde, segundo o médico estava estável, mas por alguma razão, naquela última semana havia piorado três vezes mais. Havia aproximadamente um ano agora que ela partira, e gosto de pensar que ela não sofrera tanto quanto em vida com aquela doença maldita que já à perseguia por anos. A luta diária agora era pra me reerguer, pois eu tinha certeza que Paty estaria muito triste me vendo destruído assim. Minha filha chegara em nossas vidas e convivera com a mãe apenas por pouquíssimo tempo, mas eu tinha a impressão de que ela sentia sua falta tanto quanto eu, ou até mais, já que Paty, mesmo que um pouco ma
CecíliaHá alguns meses eu cheguei aqui na casa dos meus pais e diferente do que pensei, fui muito bem recebida, sem muitas perguntas ou julgamentos, como eles faziam quando eu namorava aquele traste. Ah se eu pudesse voltar no tempo e dar ouvidos aos meus pais... Não, senão eu não teria tido a minha Gio, e o meu amor por ela, superava qualquer adversidade de qualquer momento da minha vida.E por falar nela, desde o primeiro momento que eu coloquei meus pés aqui, não parei de ligar para orfanatos locais e até das cidades mais à frente, porém não alcancei nem sequer um fio de sucesso. Na maioria dos locais, eles não podiam dar tais informações e nas outras, quando eu finalmente aprendi a implorar e fiz minha narrativa rotineira, eles não tinham dados nem sequer similares ao da minha menininha.Eu realmente n&atil