Fernando
Cheguei em casa nervoso. Durante o curto trajeto, pude analisar alguns acontecimentos e o meu medo de Leonardo estar falando a verdade, intensificou. Nada fazia sentido por enquanto, mas o medo de perder minha filha me cegava.
Abri a porta de supetão e Leda veio ao meu encontro. Vi Cecí com Aurora no colo e meu corpo gelou só de lembrar das palavras de Leonardo. Fui até ela e pedi que me entregasse a menina, ela se negou em um primeiro momento e eu não gostei daquilo. A questionei e tudo em seguida agora parecia um grande borrão na minha mente.
Minha cabeça latejava de tanta dor, Leda me seguia, falando sem parar alguma coisa que eu não conseguia entender. Um zumbido e um apito invadiam meus ouvidos. Já estava no quarto de Aurora colocando-a no berço, quando eu voltei a realidade com a minha bebezinha chorando e eu caindo sentado na mesma poltrona que um
Cecília Alguns dias se passaram desde aquele trágico dia em que meus piores pesadelos se tornaram realidade e em nenhum sequer, eu parei de chorar. Ter minha filha sendo tirada dos meus braços novamente, era o pior castigo que eu poderia sofrer. Obviamente, deixei de ir trabalhar na casa dele. O jeito como me tratou, como insinuou que eu roubaria sua filha... Minha filha, era doloroso demais! Estava magoada e não conseguia perdoar ele por enquanto. O amava ainda, não tinha dúvidas, mas precisava pensar. Se ele tinha sido capaz de duvidar de mim, acreditando em Leonardo, eu não saberia dizer se conhecia mesmo o Fernando. Leda havia tentado me ligar por várias vezes, mensagens de Fernando chegaram por dias, mas não abri nenhuma. Bia as vezes vinha com alguma novidade da clínica, mas eu desviava o assunto. Quanto menos eu soubesse, menos eu iria sofrer. Acreditei nisso pelo menos nas duas primeiras
Fernando Após o ocorrido ali na praça, recomendei que fossemos pra casa continuar nossa conversa que mal começara, para nos entendermos em segurança. De fato, aquela era a real intenção de tal pedido, mas a segunda e oculta intenção, era a que eu mais esperava e desejava enquanto olhava aquela mulher. Sabia que não era o momento de pedir o que pretendia e sabia o que ela falaria, mas tínhamos que ir à delegacia novamente abrir uma nova ocorrência. Uma hora, eu tenho certeza que acharíamos um polícia não corrupto e comprado pela tropa de Leonardo. Percorremos o trajeto pra casa em total silêncio, a não ser pelo barulhinho das teclas do meu celular digitando uma mensagem para Leda. Se elas voltassem para onde estávamos e não nos vis
Cecília Despertei mais feliz do que qualquer outro dia da minha vida. Abri os olhos lentamente com medo de aquilo tudo não ter passado de um sonho, mas logo pude sentir os braços de Fernando em volta do meu corpo, me abraçando enquanto dormíamos. Eu não sei se era possível, mas aquela noite tinha sido melhor do que a nossa primeira e ainda melhor do que toda aquela tarde anterior. Cada segundo com Nando era uma nova aventura sendo descoberta. Eu nunca tinha sido tão amada e feliz em toda a minha vida. Parte do que eu mais precisava e desejava estava ali, dentro daquela casa. Minha filha e o homem mais perfeito que já cruzou o meu caminho. Girei sutilmente dentro dos seus braços para ficar de frente pra ele e poder apreciar toda aquela beleza sobre-humana. Sem conseguir resistir, o beijei delicadamente segurando seu rosto com uma das mãos. Por sorte ele não acordou, então repeti mais uma vez, e mais uma, e outra. Eu não
Fernando A noite anterior foi deliciosa e encantadora. Conhecer os pais daquela mulher incrível, só me fez ter mais certeza de que ela não poderia ser diferente. Sua mãe era tão encantadora quanto ela e até mesmo seu pai, que em um primeiro momento, como todo sogro não gostou do seu genro, acredito que eu já havia conquistado sua confiança. Ainda mais depois da longa conversa que tivemos na varanda da casa depois que Cecí foi se deitar com Aurora. Nossa conversa variou de sua filha para sua neta, debatendo até com qual nome continuaríamos à chama-la. Disse que Cecí decidiria isso e eu aceitaria de todo o coração. Fui deitar logo depois na cama de baixo da de Cecí e até eu pegar no sono, fiquei admirando-a sob a luz do luar. Não sei em que momento aconteceu, mas amanhecemos na mesma cama, abraçados. Saberia se tivesse acontecido algo a mais ali, então suspeitei que ela apenas descera para deixar Aurora mais confortável n
CecíliaNo meio da madrugada, acordei e mudei de cama para deixar minha filha mais confortável. Deitei com Nando na cama de baixo e adormeci rapidamente recostada em seu peito. Por isso, quando foi acordar pela manhã, o senti se mexer e despertei sentido seu cheiro, toque e amor.Se não fosse por tudo a nossa volta, tenho certeza que ele me despertaria de outro modo, mas meu pai bateu à porta nos chamando para o café e descemos seguidos por minha mãe.Ao chegar no primeiro andar, Nando bloqueou minha passagem para cozinha e eu quase protestei se não fosse pela voz que ouvira logo em seguida. Leonardo estava na cozinha. Entreguei Aurora para minha mãe e ordenei que ela subisse. Tentei mais uma vez ultrapassar a barreira, quando soube que ele estava com uma arma, mas Nando me impediu de novo, me fazendo ficar atrás da parede entre a escada e a porta.Ele ent
Fernando Dois meses haviam se passado desde que ela me disse sim dentro do carro voltando pra casa. Os pais dela vieram nos ajudar nos preparativos como prometido e naquela noite, comemoramos com direito a tudo. Leda e Bia se emocionaram quando Cecí desceu do carro gritando que estava noiva e desde lá, já regularizamos todos os documentos da nossa bebezinha que agora se chamava Aurora Giovanna Dias Medeiros. Mas agora, em poucas horas eu teria na minha frente a mulher mais linda de todo o mundo em um vestido de noiva que eu passaria o dia todo sonhando em tirar. Nossa cerimonia seria muito intimista com apenas presenças essenciais. Nossa filha, que aprendera a andar recentemente, entraria como daminha, acompanhada de Tangerina que carregaria nossas alianças. Bianca e Leda seriam as testemunhas a assinariam os papéis, já o nosso novo amigo Bernardo, namorado de Bia, preparara um discurso pra nós a pedido da namorada.
Cecília A luz branca florescente daquela sala me cegava, eu conseguia sentir cada gota de suor escorrendo pela minha testa. A dor era dilacerante, meus sentidos já não respondiam, minha respiração era controlada pela enfermeira que segurava firme a minha mão. Ela falava alguma coisa pra mim, mas eu não conseguia ouvir. Juntei toda a força que restava dentro de mim até que por fim escutei aquele sonzinho que tanto esperava há nove meses. O chorinho do meu bebê invadiu meus ouvidos e eu pude enfim respirar aliviada. O médico trouxe aquele bebezinho lindo até mim, minhas lagrimas rolavam incansavelmente enquanto eu beijava e acariciava sua cabecinha com todo cuidado do mundo. Aquela princesinha agora era a minha única família, minha vida e todo o meu amor. Eu a olhava como
Fernando Eram as primeiras horas da manhã de um sábado, por que raios aquele telefone não parava de tocar? A noite anterior tinha sido difícil demais pra nós e eu tinha dormido poucas horas, só queria o calor do meu cobertor e o escuro do meu quarto. Mais um toque estridente soou e dando-me por vencido tirei o edredom que me aquecia de cima de mim, coloquei os pés no chão gelado e desci para atender o bendito telefone. — Alô? — minha voz ainda estava rouca de sono e eu pigarreei, esperando a resposta. Do outro lado da linha a voz doce de uma senhorinha invadiu meus ouvidos me fazendo despertar instantaneamente. - Oi dona Leda, alguma novidade boa pra gente? — Oi querido, tenho ótimas notícias sim! Vocês podem me