Agora tudo fazia sentido. Era por isso que ela havia acordado no carro de Jefferson. Camila se lembrou daquele momento, ainda um pouco confusa e vulnerável, mas agora as peças começavam a se encaixar.— Camila, você não faz ideia do quanto o Sr. Jefferson ficou nervoso quando eu disse que você podia estar inconsciente. — Contou Viviane, a voz cheia de uma agitação contida, como se estivesse compartilhando um segredo.Camila ergueu uma sobrancelha, um tanto desconfiada. Não sabia se Viviane estava tentando agradá-la ou apenas relatando o que realmente havia acontecido. De qualquer forma, sentiu a curiosidade a corroendo.— É mesmo? — Perguntou Camila, tentando manter o tom casual. — E quanto ele ficou nervoso?Viviane sorriu, um pouco tímida, como quem está prestes a contar algo que só havia compartilhado em fofocas.— Bem, durante todos esses anos em que trabalhei no Grupo Almeida, nunca vi o Sr. Jefferson tão preocupado. Quando ele soube que você tinha desmaiado, ele nem pensou duas v
Santa Sul, Hospital São José.— Parabéns, você está grávida e o bebê está saudável. — Disse o médico com um sorriso caloroso.Camila Carvalho segurou o relatório do teste de gravidez com firmeza, como se o papel fosse desaparecer a qualquer momento. Grávida? Ela piscou algumas vezes, tentando processar a notícia, sentindo o coração bater mais rápido. Uma mistura de surpresa e uma alegria tímida começou a brotar dentro dela, mas junto vinha uma leve incredulidade.— Sim, e precisará vir para revisões regulares. E o pai da criança? Pode chamá-lo para que eu possa dar algumas orientações. — Continuou o médico, com gentileza.As palavras do médico a trouxeram de volta à realidade com um baque. Ela deu um sorriso sem graça, os olhos fugindo para as janelas do consultório, onde uma chuva fina começava a cair.— Meu marido... Ele não pôde vir hoje. — Respondeu Camila, tentando esconder o desconforto com um sorriso que não alcançou os olhos.O médico franziu o cenho, o tom de voz um pouco mais
No meio das provocações dos amigos, Jefferson abaixou os olhos, desviando o olhar com uma expressão tensa, enquanto rapidamente respondia à mensagem de Camila.[Não preciso do guarda-chuva. Pode voltar para casa.]Ao receber essa mensagem, uma onda de confusão tomou conta do coração de Camila. Ela franziu as sobrancelhas, mordendo de leve o lábio inferior, antes de digitar com hesitação.[Aconteceu alguma coisa?]Ela ficou ali, parada na chuva, olhando para a tela do celular enquanto as gotas escorriam pela sua mão. Mas Jefferson não respondeu. Talvez ele estivesse realmente ocupado. Tentando afastar a preocupação crescente, Camila suspirou e decidiu que o melhor seria voltar para casa.— Espere aí. — Uma voz feminina a chamou, interrompendo seus pensamentos.Camila se virou devagar, sentindo o peso da água em suas roupas. Viu duas mulheres se aproximando, ambas vestidas de forma elegante, com um ar de superioridade que parecia pesar mais que a própria tempestade.A mais alta delas lan
Jefferson a levou até o banheiro sem dizer uma palavra e saiu logo em seguida, deixando Camila sozinha com seus pensamentos.Ela permaneceu com a cabeça baixa, os olhos fixos no chão. Só depois que Jefferson saiu, Camila levantou lentamente o olhar e, com mãos trêmulas, limpou as lágrimas que teimavam em escorrer por seu rosto.Alguns momentos se passaram antes que ela respirasse fundo, tentando recuperar um pouco de sua compostura. Com movimentos lentos e quase mecânicos, ela trancou a porta do banheiro, isolando-se do resto do mundo, e tirou do bolso o relatório do teste de gravidez que havia recebido do hospital.Ao ver o papel em suas mãos, uma dor aguda perfurou seu coração. O relatório estava todo borrado, as palavras manchadas e quase ilegíveis, arruinadas pela chuva que parecia ter destruído mais do que apenas um pedaço de papel.Ela tinha planejado dar essa notícia como uma surpresa, algo que pudesse, quem sabe, trazer alguma alegria. Mas agora, enquanto observava as letras bo
Antes da queda da família Carvalho, uma legião de homens tentava cortejar Camila, mas nenhum deles jamais chamou sua atenção. Com o tempo, começaram a dizer que a filha da família Carvalho era arrogante, sempre mantendo os pretendentes à distância. Agora, com a decadência da família, esses mesmos homens a viam como um alvo fácil, disputando quem conseguiria humilhá-la primeiro.Naquele cenário desolador e sufocante, Jefferson voltou, trazendo consigo um ar de autoridade e frieza.Ele não apenas deu uma lição em cada um daqueles que ousaram desrespeitá-la, mas também fez com que pagassem um preço alto por isso. Depois, Jefferson quitou todas as dívidas da família Carvalho, e com um olhar que misturava compaixão e pragmatismo, disse a Camila, num tom firme, mas estranho: — Fique noiva de mim.Camila ficou estática, o choque evidente em seu rosto. Ela tentou processar as palavras, mas sua mente estava num turbilhão.Vendo a confusão estampada no rosto dela, Jefferson se aproximou devagar
Na manhã seguinte. Ao acordar, Camila percebeu que estava gripada. O corpo parecia pesado, e uma leve dor de cabeça latejava, incomodando-a desde o instante em que abriu os olhos. Ela pegou um remédio para resfriado da gaveta e encheu um copo com água morna. Assim que colocou o comprimido na boca, um pensamento atravessou sua mente como um relâmpago. Com uma expressão de pânico, ela correu para o banheiro, quase tropeçando no caminho, e cuspiu o remédio na pia com urgência.Ela se inclinou sobre a pia, respirando fundo, tentando tirar o gosto amargo da boca. As mãos trêmulas seguravam as laterais da pia, e seus olhos se fixaram no reflexo no espelho, onde via a própria expressão de desespero.— Tudo bem? Por que tanta pressa? Está se sentindo mal? — A voz masculina, clara e penetrante, surgiu de repente na porta, fazendo Camila sobressaltar. O coração dela quase saiu pela boca, e ela olhou em direção à voz.Jefferson estava na porta, com uma expressão preocupada, os olhos buscando os
— Estou bem mesmo. Você terminou o resumo do trabalho ontem? — Camila perguntou, desviando rapidamente a conversa de volta para o trabalho. Sem poder fazer muito, Viviane decidiu agir de forma prática. Ela trouxe os documentos organizados e preparou uma xícara de água quente para Camila, tentando ajudar da maneira que sabia.— Já que você não quer ir ao hospital, beba um pouco de água quente para se sentir melhor. — Sugeriu Viviane, com um leve sorriso preocupado no rosto.Camila olhou para a xícara que Viviane lhe oferecia e, por um momento, ficou surpresa. Embora Viviane sempre tivesse sido muito dedicada ao trabalho, as duas raramente falavam sobre algo além de questões profissionais. A súbita demonstração de cuidado a pegou de surpresa, e ela se sentiu um pouco aquecida, não apenas pela água quente, mas também pelo gesto.— Obrigada, Viviane. — Disse Camila, pegando a xícara e tomando um gole da água. Enquanto o líquido quente descia por sua garganta, ela notou que Viviane a obser
— Foi só uma chuva, não é nada grave. — Disse Camila, um pouco frustrada, tentando minimizar a situação enquanto seu olhar evitava o de Jefferson. Ela avançou com passos firmes e colocou o relatório de trabalho do dia anterior na mesa. — Aqui está o resumo de ontem, já está tudo organizado. Tenho outras coisas para fazer, então não vou atrapalhar vocês com a conversa. Ela lançou um olhar rápido para Júlia, que imediatamente sorriu para ela.Quando Camila saiu do escritório, Jefferson permaneceu parado, seus olhos ainda fixos na porta por onde ela havia acabado de sair. Uma expressão de preocupação permaneceu em seu rosto, e ele franziu a testa, refletindo sobre o estado visivelmente debilitado de Camila.— Jefferson? — Júlia o chamou suavemente, sua voz delicada o trouxe de volta à realidade.Ele piscou, afastando os pensamentos, mas a preocupação ainda estava presente. Notando isso, Júlia, que sempre tinha um tom gentil, sentiu uma preocupação inexplicável se formando dentro dela. Te