Capítulo 0006
— Estou bem mesmo. Você terminou o resumo do trabalho ontem? — Camila perguntou, desviando rapidamente a conversa de volta para o trabalho.

Sem poder fazer muito, Viviane decidiu agir de forma prática. Ela trouxe os documentos organizados e preparou uma xícara de água quente para Camila, tentando ajudar da maneira que sabia.

— Já que você não quer ir ao hospital, beba um pouco de água quente para se sentir melhor. — Sugeriu Viviane, com um leve sorriso preocupado no rosto.

Camila olhou para a xícara que Viviane lhe oferecia e, por um momento, ficou surpresa. Embora Viviane sempre tivesse sido muito dedicada ao trabalho, as duas raramente falavam sobre algo além de questões profissionais. A súbita demonstração de cuidado a pegou de surpresa, e ela se sentiu um pouco aquecida, não apenas pela água quente, mas também pelo gesto.

— Obrigada, Viviane. — Disse Camila, pegando a xícara e tomando um gole da água. Enquanto o líquido quente descia por sua garganta, ela notou que Viviane a observava com uma expressão ainda preocupada.

— Camila, por que você não deixa que eu faça a apresentação de hoje? — Viviane sugeriu, com a voz cheia de preocupação genuína. — Assim, você pode descansar um pouco no escritório. Eu dou conta, pode confiar.

Camila balançou a cabeça lentamente, com um sorriso leve mas determinado.

— Não precisa. Eu me dou bem com isso. — Sua voz era firme, mas gentil, deixando claro que, apesar de não estar se sentindo 100%, ela não queria delegar suas responsabilidades. Ela sabia que, se começasse a se afastar por pequenos desconfortos, poderia acabar se acomodando e não conseguiria lidar com os desafios quando estivesse realmente doente.

Com essa determinação, Camila organizou os documentos e se dirigiu ao escritório de Jefferson. A distância entre os dois escritórios não era tão grande, mas naquele dia, devido à sua indisposição, a caminhada pareceu um pouco mais longa e exaustiva. Cada passo parecia exigir um pouco mais de esforço do que o habitual.

— Entre. — A voz grave e fria de Jefferson ecoou do outro lado da porta, transmitindo sua habitual autoridade.

Camila abriu a porta devagar e, ao entrar, seus olhos imediatamente captaram uma presença inesperada no escritório. Júlia estava lá, usando um vestido branco que destacava sua silhueta esguia. Os longos cabelos de Júlia caíam suavemente ao redor do rosto, e a luz do sol que entrava pela janela lhe dava uma aura delicada e quase etérea.

Ao reconhecer Júlia, Camila parou abruptamente, sentindo uma mistura de surpresa e desconforto.

— Camila, que bom que você chegou. — Disse Júlia, com um sorriso caloroso que iluminou seu rosto. Antes que Camila pudesse reagir, Júlia se aproximou e a envolveu em um abraço caloroso e inesperado.

Camila ficou estática, sem saber como reagir. Seus olhos, inicialmente surpresos, logo passaram pelo ombro de Júlia e encontraram os olhos escuros e penetrantes de Jefferson. Ele estava encostado na mesa, observando a cena com uma expressão neutra, como se estivesse processando um turbilhão de pensamentos. Havia algo nos olhos dele que ela não conseguia decifrar.

Quando Júlia se afastou do abraço, sua expressão se suavizou ainda mais. Ela segurou as mãos de Camila e disse com um olhar de preocupação genuína:

— Eu soube de tudo pelo Jefferson. Sinto muito por você estar passando por isso. Se precisar de qualquer ajuda, por favor, me avise, tá bom?

Camila hesitou, uma leve surpresa atravessando seu rosto, ao ouvir que Jefferson havia compartilhado informações sobre sua situação. No entanto, logo percebeu que, dada a notoriedade de seu casamento com Jefferson, era inevitável que Júlia soubesse.

— Obrigada. — Respondeu Camila, tentando disfarçar o desconforto que sentia. Forçou um sorriso, mas seus olhos não brilhavam. — Quando você chegou?

— Ontem, de avião. — Respondeu Júlia, com um sorriso no rosto.

Ontem? O pensamento atravessou a mente de Camila como um relâmpago. Isso significava que, logo após chegar, Júlia se encontrou com Jefferson. Era óbvio que ela era muito especial para ele.

— Aliás, você está pálida. Está se sentindo mal? — Júlia perguntou, com um tom preocupado.

Ao ouvir isso, Jefferson, que estava relaxado ao lado da mesa, levantou os olhos para Camila. Seu olhar se tornou mais afiado, e, ao examiná-la, franziu a testa, uma sombra de preocupação passando por seu rosto.

— Foi por causa da chuva ontem à noite? — Perguntou ele, sua voz mais fria e direta.

— Chuva? — Repetiu Júlia, claramente confusa, olhando de Camila para Jefferson, sem entender o que estava acontecendo.

Camila abriu a boca para responder, mas Jefferson a interrompeu com um tom frio e imperativo:

— Se você está se sentindo mal, por que insistir em trabalhar? A empresa pode seguir sem você. Vá para casa descansar.

O tom imperativo e distante de Jefferson pegou Júlia de surpresa, que lançou um olhar rápido para ele, notando a mudança repentina em seu tom. Seus olhos se estreitaram levemente, enquanto se perguntava o que havia causado essa reação abrupta. Algo estava fora do normal, mas ela não conseguia colocar o dedo exatamente no que era.
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