Jefferson não teve escolha a não ser entregar a toalha úmida para Júlia.— Guilherme já me explicou tudo. Deixe comigo. Pode ficar tranquilo, Jef. Vou cuidar bem da Camila. — Garantiu Júlia, com um sorriso tranquilizador.Jefferson lançou um último olhar a Camila, que estava imóvel no sofá, como se fosse um corpo inanimado, e apenas assentiu com a cabeça antes de se virar e sair, fechando a porta atrás de si.O som da porta se fechando ecoou pelo quarto, deixando um silêncio pesado no ar. Júlia lavou a toalha novamente e se aproximou de Camila, carregando um pacote.— Camila, posso te ajudar a limpar? — Perguntou ela, sua voz gentil, quase maternal.Camila realmente estava sem forças, e a ajuda seria mais do que bem-vinda, mas uma parte dela ainda resistia.— Se não for incômodo, talvez seja melhor chamar uma enfermeira. Isso pode ser complicado para você. — Sugeriu Camila, com a voz fraca.Júlia sorriu suavemente, sem deixar transparecer qualquer desconforto.— Não é incômodo, imagina
Camila foi direta. Diferente da abordagem delicada de Júlia, suas palavras foram mais incisivas.Júlia sentiu um leve desconforto ao ser confrontada daquela maneira.— Eu não quis dizer isso. — Murmurou ela, evitando os olhos de Camila, sua voz quase um sussurro.Camila, no entanto, não estava interessada em discussões. Antes de irem embora, Guilherme entregou um pacote de remédios para Júlia.— Embora sua amiga não queira tomar os medicamentos, tente fazer com que ela tome o máximo que conseguir. É uma medicina tradicional, não faz mal ao corpo. Algumas doses devem ser suficientes. — Explicou ele, com um tom de preocupação evidente.— Entendi. — Respondeu Júlia, pegando o remédio com uma expressão séria. As três pessoas saíram da clínica e voltaram para a família Almeida.Quando chegaram à mansão da família Almeida, Camila, ainda se sentindo desconfortável e com a cabeça pesada, desceu do carro com dificuldade, querendo apenas subir para o andar de cima e descansar. No entanto, ao de
Antes de sair, ela deu uma última olhada no quarto, seus olhos capturando cada detalhe com rapidez. Foi então que notou um terno masculino sob medida pendurado no cabide do lado de fora. Não havia dúvida, era um estilo que só Jefferson usaria.A expressão de Júlia ficou mais pálida, o coração apertado com uma sensação de desconforto que ela rapidamente reprimiu. Sem demonstrar emoções, seguiu Jefferson para fora, mantendo a postura elegante e fria que a situação exigia. Depois que eles se foram, Camila abriu os olhos devagar, o olhar perdido no teto branco. A confusão tomava conta de sua mente.O que fazer com relação à gravidez? Ela sabia que não poderia esconder aquilo por muito tempo. Diferente dos sentimentos que podia reprimir por anos, a gravidez se tornaria evidente com o tempo. Cada dia que passava era um passo mais perto de um abismo de incertezas.Apenas pensar nisso fazia sua cabeça girar. A exaustão física e emocional a dominou, e ela acabou adormecendo profundamente.No s
No momento em que Jefferson apareceu, Camila sentiu um tremor no fundo da alma, seguido por uma onda rápida de pânico. Era como se tivesse sido pega em flagrante, mas ela logo se forçou a se recompor, mantendo a calma exterior.— Você já viu tudo. — Disse ela, mordendo seus lábios pálidos, sem tentar disfarçar a situação.A atitude direta de Camila fez com que o olhar investigativo de Jefferson diminuísse um pouco. Ele estreitou os olhos, mas o tom de seu olhar ficou menos severo. Jefferson se aproximou, parando a uma distância que para Camila parecia ao mesmo tempo próxima e distante, e olhou para a tigela de remédio vazia em suas mãos.— Todo o trabalho que a cozinheira teve para preparar o remédio e você simplesmente derramou tudo sem tomar uma gota? — Jefferson perguntou, com um tom de uma leve irritação reprimida.Camila lançou um olhar de lado a ele, uma mistura de desafio e cansaço.— Eu já disse que não ia tomar. — Respondeu ela, sem esconder a decisão que havia tomado.Depois
A cama estava fria. Ela mordeu os lábios vermelhos, um gesto automático de inquietação, e a luz em seus olhos, que já estava fraca, se apagou lentamente. Parecia que toda a cor e vida estavam se esvaindo aos poucos.Logo pela manhã, antes mesmo de ela ter a chance de respirar fundo, a empregada entrou com uma tigela de comida e uma de remédio. O cheiro forte invadiu suas narinas, provocando um desconforto instantâneo.Depois de se arrumar, Camila sentiu uma onda de irritação tomar conta de si ao perceber o forte odor do remédio. Suas sobrancelhas se franziram automaticamente.— Senhorita, sobre o remédio... — Começou a empregada, tentando introduzir o assunto com cuidado.— Eu não pedi para não prepararem mais esse remédio? Por que está aqui de novo? — Camila já irritada, interrompeu-a com um tom mais severo do que pretendia.Normalmente, Camila era muito tranquila, raramente levantava a voz, então a sua súbita mudança de comportamento pegou a empregada de surpresa. Os olhos da emprega
A expressão da empregada ficou pálida ao ouvir a pergunta de Jefferson. — Senhor, o relatório já foi descartado. —A voz dela quase sumiu, enquanto tremores percorriam seu corpo, como se as palavras pesassem uma tonelada.Jefferson franziu a testa, visivelmente irritado. — O que você está dizendo? — A voz dele carregava um tom ameaçador, que fez a empregada engolir em seco.Assustada pela presença imponente de Jefferson, a empregada tentou se explicar apressadamente: — Desculpe, senhor! Não foi intencional. Aquele relatório estava em péssimas condições, e quando eu o vi, pensei que não fazia sentido mantê-lo... Acabei descartando sem pensar muito... A empregada, apenas tentando levar uma vida tranquila através de seu trabalho, sabia que a empresa de Jefferson frequentemente destruía documentos confidenciais. Não deu importância ao que viu. Somente depois, ao começar a preparar medicamentos, ela percebeu que se tratavam de remédios para febre, e não para a senhora como inicialmente p
Por que essa pergunta novamente? Camila fechou os olhos por um breve momento, tentando afastar a onda de nervosismo que começava a subir. Virando-se para o laptop, tentou agir naturalmente, focando na tela como se nada tivesse acontecido.— Ontem eu não estava com vontade de tomar. — Disse ela, com um tom neutro. — Hoje me sinto melhor, então não é mais necessário.A calma aparente de Camila fez Jefferson soltar um leve sorriso cínico, daqueles que deixavam claro que ele não estava nem um pouco convencido.— É mesmo? — Retrucou ele, a voz carregada de ironia. — E o que aconteceu com o relatório?Ao ouvir a palavra “relatório”, a mão de Camila parou abruptamente no mouse. O ar ao redor dela pareceu ficar mais denso, como se a qualquer momento algo pudesse acontecer. Ela quase não acreditou no que ouviu, mas o som da respiração próxima de Jefferson confirmou que ele havia falado claramente, sem sombra de dúvida.Jefferson notou a pausa repentina dos dedos dela ao mencionar o relatório.
Por um longo tempo, Camila suspirou baixinho, com o coração um tanto pesado. Assim, eles evitariam constrangimentos. Era melhor que continuassem encarando tudo isso apenas como um acordo, um relacionamento de conveniência. Sem complicações.Com esse pensamento firme na mente, Camila empurrou Jefferson levemente, que estava perto demais dela.— De qualquer forma, não seria você. — Disse ela, num tom deliberadamente frio.Ao ouvir isso, Jefferson franziu o cenho, claramente incomodado pela resposta cortante.— Como assim não seria eu? — A voz dele se elevou involuntariamente, cheia de irritação. — Tem alguém que te conhece melhor do que eu? Quem é?Camila permaneceu em silêncio, desviando o olhar, evitando responder. Ela sabia que qualquer coisa que dissesse naquele momento só pioraria a situação.A indiferença dela foi o suficiente para despertar a impaciência de Jefferson. Ele agarrou os ombros dela, com uma força que a fez sentir uma pontada de dor.— É um homem ou uma mulher? — Pergu