Dias depois... Sábado a tarde...
— Mãe, Nicole chegou. – gritou Paula olhando-a da janela da sala enquanto Nicole se aproximava do portão.
Ela foi correndo até o portão pra recebê-la.
— Que isso Paula? Você está parecendo uma criança. Espero que não se comporte assim na viajem que vai fazer com Daniel. – disse Nicole espantada.
— Tá, pode deixar. Você já sabe o que vai dizer? – perguntou Paula abrindo o portão.
— Já, fica tranquila, mas ainda assim, tenho medo de que sua mãe descubra tudo e...
— Pare de se preocupar com isso. Fique calma, vai dar tudo certo. – rebateu Paula interrompendo-a e repreendendo em pensamento a negatividade da amiga.
— Assim espero. – concordou um tanto nervosa.
As duas entraram na sala enquanto Graça estava vindo com a toalha de prato na mão.
— Oi Nicole, como vai? – disse enquanto a cumprimentava.
— Estou bem e a senhora? – indagou a morena com um largo sorriso.
— Como sempre, você sabe.
As três se sentaram no sofá e Graça foi direto ao assunto.
— Fiquei sabendo que você chamou Paula pra viajar com você e seus pais no final do ano.
— É sim, nós estamos pretendendo ir pra Búzios. Meus pais tem uma casa lá e eu pedi a eles pra levar Paula também. – concordou prontamente sentindo seu estômago gelar.
— Sim, ela me falou disso. Eu queria falar com seus pais, por que eles não entraram em contato? – estranhou Graça observando-a.
Nicole sentiu-se estranha com aquele olhar um tanto assustador dela. Para ela, parecia que Graça estava desconfiando de algo e mesmo com o nervoso que estava sentindo, se controlou e tentou demonstrar tranquilidade e firmeza em suas palavras.
— É porque estão muito ocupados. – sorriu sem graça. — Eles andam combinando com meus parentes para todos irem juntos.
— Isso é bom, mas vocês não acham que está um pouco cedo pra me pedirem? Afinal ainda falta alguns meses pras férias de vocês. – Graça as olhou estranhando.
Sem que Graça percebesse, Paula olhou por um breve momento para Nicole esperando que ela pudesse contornar esta situação, sem maiores problemas.
— É verdade, mas é que como esses nossos parentes vão, tem muita coisa pra ser combinada com eles. – respondeu Nicole de imediato. — Eles fazem isso com antecedência, porque sempre tem um atrasado, sabe? A casa é muito grande sempre cabe mais um, por isso chamei Paula pra irmos. – olhou para ela sorrindo. — A casa também tem que ser arrumada com bastante antecedência, porque minha mãe gosta de comprar coisas novas para colocar nela sempre que fazemos planos de passar uma temporada lá com nossos parentes.
— Entendo. Olha, eu não sei se deixo, vocês vão para longe demais e esse é um lugar de paias... Paula é um pouco infantil quando se trata de praia, você deve se lembrar. – Graça olhou para ela dando um pequeno riso.
— Me lembro sim. – Nicole riu um pouco forçado. — Mas quanto a isso a senhora pode ficar sossegada, eu tomarei conta dela e dessa vez vai ser até melhor do que antes.
Graça riu e olhou pra Paula.
— Mãe me deixa ir vai. Prometo que vou me comportar como a moça que sou. – ela levantou a mão direita.
— Ah é Paula, você vai ter que se comportar mesmo, não vá me fazer passar vergonha diante dos meus primos. – disse Nicole rindo e olhando pra ela.
— Primos é? – disse Graça rindo. — Seria bom se Paulinha conhecesse alguém. – piscou.
Elas se entre olharam rapidamente.
— É, eu tenho mais primos do que primas e vão estar todos lá. – Nicole riu e piscou para Paula.
— Isso é muito bom, reunir a família de vez em quanto.
— Quer dizer que a senhora deixa? – indagou Paula animada.
— Ainda não dei a resposta final, só falei que é sempre bom reunir a família de vez em quando. Não vai achando que eu permiti fácil você ir. Eu precisava falar com os pais de Nicole primeiro. – disse Graça um tanto desconfiada.
Paula desanimou no mesmo instante que ela começou a responder.
— Por favor, dona Graça. Deixe-a ir comigo, vai ser bom pra ela sair um pouco de casa. Sei que já faz tempo que Paula não sai. Eu falei com meus pais, mas eles esquecem sempre de te ligar, só não ligo agora para a senhora falar com eles, porque os dois estão trabalhando.
— Eu entendo, não vamos atrapalha-los só pra falarmos disso.
— Ah mãe, deixa vai. Eu prometo que vou me comportar. – insistiu como se fosse uma criança.
Elas começaram a falar demais no ouvido de Graça e ela começou a se irritar.
— Meninas parem, por favor. Assim vocês vão me deixar louca. – gritou Graça e depois riu.
As duas se calaram e um silencio pairou no ar.
— Tá, eu vou deixar. Mesmo não falando com os pais de Nicole. Vou dar esse voto de confiança a vocês.
Elas começaram a comemorar, pularam de alegria e gritaram feito loucas.
— Espere. Só tenho uma condição.
— Qual mãe? – indagou Paula prontamente imaginando que viria alguma restrição sem nexo.
— Que você se comporte e que se cuide. Se eu souber que você se afogou de novo, vai vim direto pra casa e nunca mais te deixarei ir com Nicole.
— Está bem mãe. – Paula a abraçou forte e lhe deu um beijo na testa.
— Chega Paula. Tem mais uma coisa que eu ia me esquecendo de perguntar. – Graça se afastou olhando-a séria.
— Hum? – disse Nicole.
— Quanto tempo vocês pretendem ficar?
As duas ficaram se entre olhando sem que Graça percebesse. Rapidamente Nicole inventou algo, porque não sabia quanto tempo Daniel pretendia ficar lá.
— Bem, meus pais querem ir depois do ano novo. Pelo o que sei, eles pretendem ficar lá até o fim do mês. Tem algum problema?
— É que é tempo demais e eu achei que fosse dar tempo de Paula ir ficar uma semana na casa de Catarina. – disse Graça olhando pra ela.
— Ah mãe, eu sempre fui pra lá e você sabe como é. Não comesse com isso de novo. – reclamou revirando os olhos.
— Sabe que já tem alguns anos que você não vai pra lá. Sua tia está sentindo falta de você. – comentou encarando-a.
— Eu sei mãe e também sinto falta dela. Olha, me deixa ir com Nicole a essa viagem e deixarmos pra eu ir pra casa de tia Catariana no recesso da escola, no meio do ano que vem. Que tal?
— Está bem. Então você pode ir.
As meninas voltaram a festejar enquanto Graça voltava pra cozinha. Então elas fizeram mil planos pra quando se vissem lá.
Mais tarde, antes de Nicole ir embora, as duas ficaram conversando no portão.
— Bem, espero que você se comporte mesmo lá. – comentou Nicole olhando-a séria. — Não me arrume problemas em.
— Tá amiga, obrigada pela ajuda. – rebateu Paula de saco cheio de todas aquelas advertências repetitivas de sua amiga.
— Vai falar com ele na segunda?
— Sim, vou procurá-lo pra dar a resposta. – respondeu animadamente.
— Olha, eu não sei você, mas tomei um susto quando sua mãe perguntou quanto tempo iríamos ficar lá. Eu não sabia o que dizer, então disse a verdade. Eu e meus pais vamos ficar lá por esse tempo, só não sei se Daniel vai ficar isso tudo. – avisou-a.
— É ele não me disse nada quanto a isso, só me disse que seria depois do ano novo. Mas tudo bem, se ele for embora antes eu fico com vocês.
— Está bem, vemos isso depois. Qualquer coisa você me liga, e por favor, pelo amor de Deus, vê se não dá bandeira pra que sua mãe descubra. – implorou-a pegando em sua mão dramaticamente a fazendo rir. — Ainda faltam dois meses pra vocês viajarem. Então até lá, se comporte por favor.
— Tá, pode deixar. – revirou os olhos bufando. — Não vou te deixar com problemas, fique tranquila.
— Paula é sério, isso que estamos fazendo é sério demais. Presta a atenção no que estou falando. – Nicole chamou-lhe a atenção preocupada.
— Tudo bem amiga, não se preocupe. – respondeu prontamente. — Vou me comportar em todos os momentos até terminar essa viajem.
— Então está bem. Estou confiando em você. – pisco sorrindo.
— Conversamos durante a semana, amanhã vou sair com meus pais.
— Está bem amiga, mais uma vez muito obrigada. – disse Paula suavemente a abraçando.
— Nada amiga, nos vemos na segunda.
Elas se despediram e Nicole foi para casa.
Paula ficou superanimada e doida pra falar com Daniel, foi logo para seu quarto e lá começou a fazer mil planos para essa viagem. Estava mais feliz do que uma criança que ganha um doce ou brinquedo. Era ingênua o bastante para não conseguir imaginar o quão perigoso esta viajem poderia ser para ela.
No fim, tudo que conseguia pensar era em conhecer aquele rapaz tão misterioso que a atraia tanto, mesmo sem perceber o que já começava nascendo dentro de seu coração.
***
Dois meses se passaram... No quarto de Nicole... As duas conversavam sentadas na cama. Eram três da tarde e lá fora fazia um sol agradável, mas elas preferiam ficar ali, até porque o que tinham para conversar não poderia correr o risco de ser escutado por ninguém. — Amiga, sabe que se precisar é só me ligar que eu te busco onde você estiver. – avisou Nicole olhando-a um tanto preocupada. — Tá, fica tranquila amiga, não vai acontecer nada. Não aguento mais essa sua insistência nisso. – reclamou Paula balançando a cabeça leve e negativamente. — Você sabe que eu estou muito desconfiada desse convite, não é? — Sim Nicole, já estou cansada de saber disso. Já acabaram as aulas, estamos de férias já tem um mês e você está aí, com essa baboseira toda. — Mas Paula, você é louca de ter
No dia seguinte, pôs seu plano em ação, ajeitou tudo e deixou aqueles manequins os mais assustadores possíveis. Quando terminou de ajeitar tudo no mesmo lugar em que havia um cemitério de mentira, ficou bem orgulhoso de seu trabalho e logo pensou que dessa vez iria conseguir o que vinha tentando há dias. Como aquela tarde estava nublada e ventava um pouco, isto deu um tom um pouco mais assustador à toda aquela cena ridícula que criou. Quando Paula foi até a cozinha falar com a governanta, viu pela porta central que dava para a varanda, e que por acaso estava aberta naquele dia, aquelas criaturas medonhas seguindo em direção à cozinha. Visivelmente eram bonecos bem sugestivos sendo controlados por intermédio de um controle, algo não muito sofisticado. Ela fico
No terceiro dia a tarde, Paula acordou e viu Nicole sentada no sofá que ficava à alguns metros de distancia ao lado direito da cama. Ela estava vestindo uma bermuda jeans na altura dos joelhos, uma camiseta branca fina e sandálias rasteiras marrons. Tinha seus cabelos pretos num rabo de cavalo no alto cujo realçava seu rosto fino e sua pele bronzeada. Nicole a olhou preocupada e logo se colocou do seu lado perguntando se estava bem. Paula observou todo o quarto, ainda confusa com o que aconteceu. — Eu sabia que não deveria ter te deixado ir pra esse lugar. – comentou Nicole de repente. — Mas de que adianta falar? Você é mesmo uma cabeça dura. — O que foi que aconteceu Nick? – indagou olhando-a com estranhamento. — Não sei muito bem, mas parece que você caiu da escada enquanto tentava i
Dias depois... Enquanto estava navegando na internet, Daniel foi interrompido por uma ligação de um outro amigo. Os dois conversaram um pouco para contar as novidades já que não se falavam há algum tempo e no fim, acabaram marcando uma grande festa na casa de Daniel para animar um pouco aquele fim de férias, no fim de semana da última semana daquele período. A princípio, Daniel ficou desanimado, mas foi só seu amigo insistir um pouco, que logo os dois começaram a discutir sobre alguns preparativos ao telefone mesmo. Eles ficaram tão empolgados e entretidos com aquela ideia que nem viram a hora passar. Quando desligou o telefone já estava anoitecendo. Fátima, entrou no quarto e o olhou. — Daniel,
Na manhã seguinte, Daniel levantou-se cedo, tomou café, se arrumou e foi até o salão de beleza unissex mais próximo do bairro onde morava, para mudar o visual. Quando chegou, o barbeiro que era muito seu amigo, estranhou a ida dele lá já que quando era mais novo disse que nunca mais iria cortar aquele cabelo ondulado. Também estranhou porque quase não havia barba alguma ali, o rosto dele estava liso, havia pouquíssimos fios para o barbeiro aparar. Mas ele queria cortar o cabelo e queria um novo visual mais despojado, achava que era velho demais para continuar com aquele cabelo fino e ondulado cujo já estava um pouco comprido no altura da nuca. Assim resolveu dar uma repaginada. Depois do barbeiro, foi à um tatuador que também o conhecia há algum tempo e fez uma tatuagem no seu peito esquerdo, tatuou um cruc
Na semana seguinte, última semana de férias. Todos os que Daniel havia convidado da escola já sabiam do cancelamento da festa, mas ninguém sabia do motivo. Muita gente havia sido convidada apesar dele não conhecer quase ninguém, porém os poucos que conhecia na escola, já haviam lhe feito o favor, que ele não queria, de convidar seus os amigos e conhecidos. Quando Paula chagou em casa, depois de ter dado um passeio pelo shopping com suas amigas, já sabendo que não iria ter festa, começou a reclamar irritada. Disse tudo o que lhe vinha a mente. Que Daniel era um qualquer, que só queria brincar com ela e que não estava arrependido coisíssima nenhuma. Que fez isso de aparecer em sua casa só pra fingir preocupação, que era um fingido e não merecia se quer o amor dela.&n
Depois de ficar pensando tanto e já enjoada daquela apreensão de não saber o que estava acontecendo com Daniel, Paula ligou para Nicole para ver se ela sabia de algo mais sobre o cancelamento da festa. — Oi amiga, estava pensando em te ligar mais tarde. – comentou Nicole rindo ao atender a ligação. — Pensamos juntas então. – disse rindo. — Se estiver ocupada agora, eu posso te ligar depois. — Nada amiga, podemos falar agora sem problemas. Mas em que posso ser útil à minha amiga linda? – indagou de modo respeitoso tornando a rir logo depois. — Fale direito sua doida. – Paula chamou-lhe a atenção rindo também.
No dia seguinte, Paula acordou cedo, ajudou sua mãe a arrumar a casa e arrumou seu quarto pela manhã, almoçou e lá para duas horas, aproveitou a bela tarde ensolarada que estava fazendo e se arrumou para ir à casa de Daniel. Assim que saiu de casa, torceu para que conseguisse encontrá-lo em casa e ao mesmo tempo, ficou supernervosa só pelo fato de ir vê-lo, mas tinha que se concentrar porque precisava saber o motivo dele ter cancelado a festa de sábado e também, quem sabe, tentar dar-lhe uma chance para falar do ocorrido entre eles durante as férias. Ao chegar à rua, se perdeu e não havia lembrado de que a casa dele ficava ao fim daquela rua ao lado direito. A rua era enorme e bem estranha. Quando se aproximou do enorme portão de ferro,percebeu que a casa era um tanto velh