Dias depois...
Enquanto estava navegando na internet, Daniel foi interrompido por uma ligação de um outro amigo. Os dois conversaram um pouco para contar as novidades já que não se falavam há algum tempo e no fim, acabaram marcando uma grande festa na casa de Daniel para animar um pouco aquele fim de férias, no fim de semana da última semana daquele período.
A princípio, Daniel ficou desanimado, mas foi só seu amigo insistir um pouco, que logo os dois começaram a discutir sobre alguns preparativos ao telefone mesmo. Eles ficaram tão empolgados e entretidos com aquela ideia que nem viram a hora passar. Quando desligou o telefone já estava anoitecendo.
Fátima, entrou no quarto e o olhou.
— Daniel, você não me disse, hoje pela manhã que iria visitar ainda hoje aquela sua amiga para pedir desculpas?
— É verdade, eu já ia me esquecendo. – disse ele colocando a mão na testa.
— Será que não está tarde mãe?
— Não filho, mas vê se vai logo. – disse ela depois de dar uma rápida olhada no relógio de cabeceira da cama dele. — É eu vou agora mesmo só tenho que me arrumar melhor.
Ele se arrumou correndo enquanto Fátima o olhava, prestando a atenção em sua empolgação.
— Você gosta mesmo dela, não é filho?
— Bem, não é uma coisa que dê logo em um namoro, mas eu estou gostando dela sim. – comentou ao tirar sua camiseta branca e colocar uma camisa de manga azul.
— Espero que dessa vez você tenha aprendido sua lição. – Fátima o olhou séria.
— Não se preocupe mãe, dessa vez vai dar tudo certo. – afirmou enquanto se olhava no espelho de seu guarda roupas.
— Hum o que te fez pensar que vai ser diferente da última vez?
— Ora mãe, nós ainda temos nossos meios de contatos e dessa vez irei na casa dela pessoalmente para resolver isso.
— Você sabe que não vai ser fácil não é filho?
— Sim mãe, mas vale a intenção.
Ele deu um beijo no rosto de Fátima e foi até à casa de Paula a pé, pois estava nervoso demais para dirigir e a casa dela ficava há poucos quarteirões da dele.
Quando chegou lá, tocou a campainha e a mãe dela atendeu. Graça, que já vestia o pijama e estava pronta para ir dormir, atendeu com uma expressão que parecia não gostar da presença dele ali naquela hora da noite.
— O que você quer? – disse ela o olhando séria.
— Boa noite, sou o Daniel. Desculpe o incômodo, mas gostaria de falar com Paula, ela está? – pediu, sem jeito por estar ali quando viu sua expressão de poucos amigos.
Ele percebeu logo que com certeza, a mãe dela já sabia de tudo e isto o fez ficar mais nervoso ainda.
— Não, ela não está. Paula saiu com um grupo de amigas já faz um tempo e não sei a que horas voltam. – respondeu grosseiramente.
Ele logo se lembrou do acidente que havia ocorrido com ela.
— Tudo bem, mas como ela está? Ela saiu do hospital e nem se despediu de mim.
Graça olhou fixamente estreitando seu olhar e respondeu de modo áspero:
— Ela está bem, não sofreu fratura alguma e nenhum traumatismo craniano. Só se ralou. – respondeu-lhe exageradamente.
Daniel logo desviou seu olhar para o pequeno gramado da casa sentindo-se incomodado, pois não suportou aquele olhar reprovador que ela o estava lançando.
— Que bom, fiquei muito preocupado, ainda mais depois que ela foi embora e eu não tive mais notícia.
— Você, preocupado com ela? Depois de tudo o que a fez passar? Vou fingir que acredito. – disse ironicamente.
Ele olhou sério para ela.
— Mas senhora, eu não sabia o que estava fazendo... ou quero dizer... eu não pensei que fosse acabar assim. Agi feito um idiota, só quero me desculpar de coração com sua filha. – explicou-se nervoso.
— Olha, minha filha me contou tudo e eu fiquei muito irritada com você pelo o que fez à ela, assim também com o fato dela ter mentido pra mim. Talvez não saiba, mas Paula mentiu pra mim dizendo que iria viajar com uma amiga quando na verdade iria se encontrar com um cara que mal conhecia. Eu só não briguei com ela e a coloquei de castigo como merece, porque está muito mal por causa do que você fez. Fazer o que né? Já foi. Eu estou muito irritada com os dois. – suspirou observando-o. — Olha, eu quero me deitar, pois estou muito cansada. Não volte mais aqui está bem? Esqueça que minha filha existe. Você não é o cara certo para estar com ela.
— Tudo bem senhora, compreendo perfeitamente a sua atitude. – disse sem graça. — Só avise à ela que eu estive aqui, por favor.
Ele lhe agradeceu pela atenção, desejou-lhe uma boa noite e se desculpou pelo incomodo.
Graça lhe desejou boa noite de modo seco e logo depois fechou a porta.
Daniel voltou pra casa se sentindo pior.
Quando chegou, foi até seu quarto já que não viu sua mãe na sala para conversar com ela. Achou que estivesse dormindo, então foi tentar fazer o mesmo, mas quando abriu a porta, levou um susto ao ver Fátima em pé em frente à janela.
— Mãe, que susto a senhora me deu. O que está fazendo aqui? – indagou espantado. — Achei que já estivesse dormindo. O que foi? Está com insônia de novo?
— Não, não estou com insônia. Estou mesmo com muito sono é que eu estava te esperando para saber como foram as coisas lá na casa da garota. – respondeu Fátima, sonolenta.
Sem entender e um tanto chateado perguntou:
— Tá, mas porque você está me esperando no meu quarto?
Fátima deu uma boa olhada no cômodo enquanto ele sentava-se na cama.
— É que eu gosto do seu quarto. Sabe, esse é o lugar da casa que eu mais gosto de ficar, pois foi aqui que você e seu irmão passavam a maior parte do tempo quando eram crianças e por isso, esse quarto me trás lembranças boas. Por quê? Não posso ficar aqui? – indagou estranhando.
— Ah pode mãe, desculpe é que as coisas não foram muito boas lá. Acho que fiz besteira... Mas falando no que acabou de dizer... Agora entendo a senhora, é por isso que eu escolhi ficar aqui quando ele se foi. Me sinto muito bem nesse quarto, parece que estou mais perto dele. Se eu pudesse ficaria aqui o dia todo deitado na cama relembrando aqueles momentos bons. – suspirou cansado observando todo o cômodo, como se lembra-se dos bons momentos que vivera ali.
— Lembra? Eu e meu irmão só queríamos brincar aqui dentro e assistíamos vários filmes quando o dia estava chuvoso e nós não podíamos brincar lá fora.
— Lembro sim. – disse Fátima sentando-se ao seu lado. — Vocês dois só queriam brincar lá fora quando estava chovendo, quando estava sol, ficavam dentro de casa ou brincando ou enchendo a paciência de seus pais. – comentou ironicamente. — Vocês também faziam muito isso quando estava chovendo e não deixamos vocês irem pra rua brincar, então eu resolvia por filmes no quarto de vocês para distraí-los. – sorriu sentindo nostalgia.
— É mais quem enchia mais a paciência de vocês era Gabriel, ele era o mais levado de nós dois. – comentou rindo.
— Não Daniel, não vem com essa não, porque você também não ficava atrás. Quando fazia suas traquinagens o seu irmão te encobria. Quase sempre era ele quem levava a culpa e pagava por algo que você fazia. – comentou ela rindo também.
— É? Como você sabia sua sabichona? – indagou sem graça olhando-a.
— Porque as mães sempre sabem dos filhos, quem está certo e quem está errado, mas eu deixava passar porque seu irmão sempre me pedia isso então eu o castigava no seu lugar. Ele era realmente um garoto legal com todos ainda mais com você que era mimado demais por ele. Gabriel até parecia ser seu pai por te mimar tanto e você acabou ficando mal acostumado. Vocês dois brigavam pouco e se davam bem demais.
Ele pegou a foto de seu irmão que ficava na cabeceira de sua cama, olhando para ela e sorriu.
— É verdade, ele era mesmo o melhor irmão do mundo. Esses eram bons tempos. Às vezes sinto falta dele.
— É meu filho eu também sinto muito a falta dele. – comentou Fátima abaixando seu olhar.
— Mas eu sei que de onde ele estiver estará olhando por nós... – disse levantando-se e depois olhando para a cama por alguns segundos. — Em fim... – ela o olhou. — Você disse que as coisas não foram muito boas lá, o que houve?
Ele deu um suspiro e esfregou o rosto.
— É, não saiu como eu queria. A mãe dela estava com cara de quem já sabia de tudo o que havia rolado durante esta viagem. Ela não estava muito contende ao me ver.
— Eu sabia que não iria ser fácil. Entendo ela, no seu lugar também ficaria furiosa. – comentou olhando-o séria como se o repreendesse.
Daniel revirou os olhos e depois comentou:
— Sabe o que descobri?
Fátima balançou a cabeça leve e negativamente sentando-se outra vez na cama.
— Paula mentiu para a mãe dela dizendo que iria viajar com a amiga para ir comigo pra Búzios. – olhou-a fixamente demonstrando sua preocupação.
— Isso é mesmo muito sério. – disse Fátima o olhando perplexa. — Imagino o que não deve ter acontecido com ela depois que voltou daquele jeito.
— Não soube de todos os detalhes. – comentou Daniel sentando-se de lado na cama. — Mas pelo o que percebi e o que ela me disse, a situação não está nada boa pra Paula e muito menos pra mim.
Fátima olhou para frente arregalando um pouco os olhos como se estivesse pensativa.
— É, não vai ser fácil de conseguir uma nova chance. – comentou sem olhá-lo. — Vocês dois pisaram na bola.
— Eu que o dia né mãe? – Daniel balançou a cabeça negativamente um tanto preocupado.
— Mas não desista dessa moça. – rebateu olhando-o séria. — Porque se ela foi capaz de fazer uma coisa tão arriscada como essa por você, então ela vale a pena.
Ele a olhou surpreso.
— Sério mãe? Você acha mesmo que devo lutar por ela?
— Claro que sim. Se você a ama de verdade, deve lutar por ela com tudo o que tem. – apoiou falando francamente.
Daniel sorriu e abraçou.
— Pode contar comigo, quando precisar meu filho. – comentou sorrindo e acariciando seus cabelos.
Enquanto isso na casa de Paula...
Ela havia chegado em casa e se trancou no seu quarto, pois ainda pensava demais no ocorrido e se perguntava sempre o porquê daquilo tudo. Nem havia se divertido no passeio ao shopping com suas amigas, não paquerou, nem nada, ficou quieta quase o tempo todo. Não parava mesmo de pensar nele. Mesmo com tudo o que acabara de descobrir, não conseguia esquecê-lo de jeito algum.
Depois de algumas horas, Graça foi até seu quarto, bateu na porta e perguntou:
— Paula, vamos conversar filha?
Ela abriu a porta e sua mãe entrou, sentou na cadeira da mesinha do computador e Paula sentou-se em sua cama.
— O que quer saber?
Graça respondeu um tanto empolgada.
— Filha, Daniel esteve aqui enquanto você estava fora com suas amigas. Estava querendo falar com você e eu disse que havia saído e nós conversamos no portão sobre o que houve.
Ela olhou para sua mãe como quem não se importasse com isso, mas no fundo ficou um tanto nervosa ao saber que ele havia a procurado.
— E o que vocês falaram?
— Eu fui breve, disse que aquilo ali não era hora de conversarmos e acabei sendo áspera com ele. Me perguntou como você estava e eu disse que estava bem. Eu fui curta e grossa com ele e sei que percebeu que eu sabia de toda a história. Olha filha, apesar de não ter gostado nada do que aconteceu nessas férias e ainda estar chateada com você pelo o que fez, pude ver nos olhos dele que estava mesmo arrependido e que sentia muito por tudo. Ele também reconheceu isso pra mim. Bem, no fim, eu disse pra ele não te procurar mais, mas apesar de tudo, queria poder ter dado uma chance pra ele poder se explicar.
— Por que faria isso? – rebateu Paula de modo seco. — Aquele cara pisou na bola comigo e eu não quero mais falar com ele. Ainda estou muito arrependida por ter mentido pra senhora. Prometo que nunca mais farei isso.
Graça ficou observando-a enquanto ela começava a caminhar de um lado para o outro visivelmente nervosa.
— Eu compreendo como esteja se sentindo, mas pensei em tentar isto porque achei que assim vocês dois poderiam conversar melhor e eu também, para poder compreender os dois lados, pois achei essa história bem esquisita. Só quis tentar ajudar já que parecem tão apaixonados um pelo outro e apesar de tudo, essa é a primeira vez que um cara tão lindo como ele, aparece na minha porta com um olhar como aquele, querendo falar com minha filha. – comentou sorrindo.
— Tá mãe, mas não acho que isso resolveria algo. Pelo menos por enquanto é melhor a distancia. – disse ela depois de suspirar cansada.
— Olha, estou tentada a te deixar ir à festa que disseram pra mim que teria na casa dele no sábado. Acho que seria bom que fosse.
Ela respondeu logo um sonoro não e deixou bem claro o por que.
— Imagina se eu iria à casa de alguém que me fez uma brincadeira tão imbecil como esta e agora quer meu perdão. Faça meu favor não é mãe? Isso foi ridículo demais, aliás, eu fui mais ridícula porque cai. Como sou ingênua.
— Eu entendo sua indignação quanto a isso, te dou toda a razão, mas acho que todos nós merecemos uma segunda chance. Afinal, está na cara que vocês se gostam, só falta acontecer, e eu também já te perdoei pelo o que fez.
Ela se irritou com o que Graça acabara de dizer.
— Olha, eu entendo essa coisa de segunda chance e agradeço que me perdoado, mas sinceramente ainda estou muito chateada com ele e mesmo gostando como gosto, vai levar um tempo para eu engolir tudo o que aconteceu até poder ir falar com ele de novo.
Graça levantou-se da cadeira e dirigiu-se à porta dizendo:
— Tudo bem filha, eu entendo. Mas pense logo, antes que seja tarde e você acabe perdendo ele de vez. Tenho certeza de que está arrependido e de que tem algum sentimento por você. Eu pude ver em seu olhar ao falar comigo. Pensa nisso. Deixar as coisas assim em espera, não duram para sempre e você pode perdê-lo. Espero que vá à festa no dia trinta de janeiro. Ele parece ser um cara especial apesar dessa maluquice toda.
Antes que ela saísse, Paula a pediu que ficasse mais um pouco e perguntou:
— Se estava tão furiosa com ele do jeito que sei que estava, por que está querendo que a gente de reencontre?
Graça olhou-a sorrindo.
— É como eu disse, não é todo dia que aparece um cara verdadeiramente especial na minha porta procurando por minha filha. O que aconteceu fui muito errado, mas errar é humano. Apesar de ter sido áspera com ele quando o recebi, eu fiquei pensando nisso depois que foi embora e achei melhor tentar falar com você. Algo me diz que por causa do que conversamos hoje a tarde, sobre o passado dele, Daniel possa ser assim, fechado e estranho. Por trás dessa armadura existe um ser humano traumatizado por problemas muito difíceis de família. Em fim, vi que assim como você, ele também merecia uma segunda chance para poder se explicar melhor e se redimir. Tenho certeza de que é isso o que ele quer. Pense bem no que vai fazer.
Então Graça saiu e fechou a porta deixando-a ali com seus pensamentos e com as lembranças daquele cara lindo no qual não parava de pensar desde que havia chegado.
Paula também estava muito surpresa com tudo o que sua mãe havia acabado de dizer sobre ele e sobre tudo o que aconteceu. Graça nunca havia agido desta forma com ela. Em outras épocas, esse caso seria o bastante para uma punição rigorosa por quase um ano e claro durante esse tempo todo, sua mãe iria viver reclamando e jogando na cara dela o que fez.
Ela achava aquilo muito estranho, mas começou então a cogitar a ideia de ir à essa festa e ouvir o que ele tinha a dizer. Bem, ainda estava desapontada demais com aquela história, mas o que estava sentindo era mais forte do que aconteceu nessas férias e achava mesmo que tinha que ouvir o que ele tinha a dizer, pois se não fizesse isso, logo corria o sério risco de não poder ouvi-lo mais, porque se conhecesse outra, não teria coragem de procurá-lo para falar disso. Já estava começando a pensar que se ele estava tão determinado em pedir desculpas à ela é porque talvez sentisse algo também então precisava fazer alguma coisa quanto a isso e sabia que era importante e decisivo para ambos.
Paula ficou ali, deitada na cama com sua cabeça fervendo de pensamentos dele e de toda aquela situação. Ficou até mesmo imaginando como seria essa festa e como os dois conversariam, o que ele queria falar, como se explicaria melhor e o principal, de que jeito a beijaria se os dois concordassem em fazer as pazes. Com todos esses pensamentos e imaginações, começou a se empolgar demais e a ansiedade tomou conta dela e já nem conseguia dormir logo como era de costume assim que deitava em sua cama.
Alguns minutos depois, ficou pensando no que iria fazer, Daniel ligou seu computador e se conectou à sua conta do F******k para ver se encontrava a página dela lá para adicioná-la e demorou demais para conseguir achar, porém quando achou, não só adicionou-a como também olhou tudo, suas fotos, comentários, publicações em seu mural, páginas que curtiu, os amigos com quem mais falava... Olhou tudo mesmo.
Duas horas depois, desligou seu computador e tornou a se deitar em sua cama para ver se conseguia dormir. Mas foi inútil, ele não conseguia dormir de jeito algum.
Passou a noite toda em claro pensando nela e em tudo o que aconteceu. Ficou ansioso demais para poder encontrá-la assim que voltassem as aulas. Ele tinha medo de que Paula não o quisesse escutar e deste modo, poderia acabar fazendo um papel ridículo. Mas tinha que fazer isso, afinal estava começando a sentir algo por ela e não queria perde-la de jeito algum. Tinha que haver algum jeito de conseguir uma segunda chance com ela.
Ele pensou demais nisso e ficou rondando pela casa enquanto que ela também havia passado a noite em claro pensando nele e tentava tomar a decisão de ir à festa ou não. Queria ouvir o que ele tinha a dizer, mas tinha medo de não saber compreende-lo afinal pra ela, ele ainda deveria sofrer muito aquela dor toda pelo que a família dele havia passado e por isso não queria fazer amigos, isso também segundo o que ele havia contado à ela naquele dia. Os dois só pregaram os olhos quando foi amanhecendo.
***
Na manhã seguinte, Daniel levantou-se cedo, tomou café, se arrumou e foi até o salão de beleza unissex mais próximo do bairro onde morava, para mudar o visual. Quando chegou, o barbeiro que era muito seu amigo, estranhou a ida dele lá já que quando era mais novo disse que nunca mais iria cortar aquele cabelo ondulado. Também estranhou porque quase não havia barba alguma ali, o rosto dele estava liso, havia pouquíssimos fios para o barbeiro aparar. Mas ele queria cortar o cabelo e queria um novo visual mais despojado, achava que era velho demais para continuar com aquele cabelo fino e ondulado cujo já estava um pouco comprido no altura da nuca. Assim resolveu dar uma repaginada. Depois do barbeiro, foi à um tatuador que também o conhecia há algum tempo e fez uma tatuagem no seu peito esquerdo, tatuou um cruc
Na semana seguinte, última semana de férias. Todos os que Daniel havia convidado da escola já sabiam do cancelamento da festa, mas ninguém sabia do motivo. Muita gente havia sido convidada apesar dele não conhecer quase ninguém, porém os poucos que conhecia na escola, já haviam lhe feito o favor, que ele não queria, de convidar seus os amigos e conhecidos. Quando Paula chagou em casa, depois de ter dado um passeio pelo shopping com suas amigas, já sabendo que não iria ter festa, começou a reclamar irritada. Disse tudo o que lhe vinha a mente. Que Daniel era um qualquer, que só queria brincar com ela e que não estava arrependido coisíssima nenhuma. Que fez isso de aparecer em sua casa só pra fingir preocupação, que era um fingido e não merecia se quer o amor dela.&n
Depois de ficar pensando tanto e já enjoada daquela apreensão de não saber o que estava acontecendo com Daniel, Paula ligou para Nicole para ver se ela sabia de algo mais sobre o cancelamento da festa. — Oi amiga, estava pensando em te ligar mais tarde. – comentou Nicole rindo ao atender a ligação. — Pensamos juntas então. – disse rindo. — Se estiver ocupada agora, eu posso te ligar depois. — Nada amiga, podemos falar agora sem problemas. Mas em que posso ser útil à minha amiga linda? – indagou de modo respeitoso tornando a rir logo depois. — Fale direito sua doida. – Paula chamou-lhe a atenção rindo também.
No dia seguinte, Paula acordou cedo, ajudou sua mãe a arrumar a casa e arrumou seu quarto pela manhã, almoçou e lá para duas horas, aproveitou a bela tarde ensolarada que estava fazendo e se arrumou para ir à casa de Daniel. Assim que saiu de casa, torceu para que conseguisse encontrá-lo em casa e ao mesmo tempo, ficou supernervosa só pelo fato de ir vê-lo, mas tinha que se concentrar porque precisava saber o motivo dele ter cancelado a festa de sábado e também, quem sabe, tentar dar-lhe uma chance para falar do ocorrido entre eles durante as férias. Ao chegar à rua, se perdeu e não havia lembrado de que a casa dele ficava ao fim daquela rua ao lado direito. A rua era enorme e bem estranha. Quando se aproximou do enorme portão de ferro,percebeu que a casa era um tanto velh
Semanas mais tarde, um amigo de Daniel que passava pela frente da escola, havia visto Paula saindo de lá com Stefany e pensou logo o que todo mundo pensava antes, que Paula estava acompanhada de um garoto e que ela tinha algo com ele. A princípio ele só sentiu que conhecia Paula de algum lugar, mas depois que firmou mais sua visão para vê-la, se lembrou da foto dela que Daniel havia lhe mostrado pela internet apontando que era ela por quem estava apaixonado. Ele ficou muito espantado com aquilo e foi logo para casa para contar isso à Daniel. Seu nome era Pedro, ele era mais alto que Daniel e magro, dois anos mais velho que seu amigo. Moreno de cabelos castanhos, com o rosto cheio de espinhas, mas era vaidoso. Já havia terminado os estudos. Agora se encontrava trabalhando de DJ numa casa de shows noturna no centro do Rio de Janeiro e morava sozinho num apar
Na semana seguinte enquanto estavam no intervelo juntas, Stefany avistou Daniel de longe. Ele observava para as duas enquanto Paula estava de frente para ela conversando. — Nossa, ele é bem do jeito que me descreveu e até mais lindo pessoalmente. – comentou Stefany observando-o sem nem se quer disfarçar suas olhadas. Paula ficou nervosa só de ouvi-la dizer isto, pois sabia de quem estava falando, mas mesmo assim, perguntou só pra confirmar: — Quem? Antes que pudesse olhar para trás, Stefany a pegou pelo braço, a puxou e a levou para outra parte do pátio. A parte que ficava mais cheia, para que não pudesse vê-lo. Paula estranhou aquele seu gesto um tanto grosseiro. — O que deu em você? Quem foi que você
No sábado a tarde, se arrumou todo, pôs uma camiseta azul marinho e uma bermuda jeans azulada. Colocou um tênis branco esportivo, arrumou o cabelo e pôs seu melhor perfume. Foi confiante de que aquele era o seu dia, o dia em que conquistaria a sua amada de uma vez e finalmente poderia colocar pra fora tudo aquilo que estava guardando há meses. Antes de sair, não se lembrou de ligar para saber se ela ficaria em casa, mas não fazia mal, queria fazer surpresa. A caminho da casa dela, parou em um florista e comprou um lindo buque de rosas vermelhas para lhe dar. Quando chegou lá, torceu para não ter uma surpresa desagradável que no caso seria a presença de Stefany. Tocou a campainha e quem veio ao portão para abri-lo foi Graça que o recebeu com um sorriso simpático.
Na segunda feira, na hora o intervalo, Paula foi procurar Stefany que por acaso, havia saído da sala antes de todos e foi até o pátio. Assim que a avistou, acenou, mas ela não viu seu aceno. Então foi até lá onde estava. Ela começou a andar em direção à quadra e Paula a seguiu até que a viu falando com Daniel. Achando isso estranho, chegou um pouco mais perto e se escondeu para espiar e tentar ouvir o que falavam. Daniel já estava irritado por causa da espera e quando a viu, perguntou: — Até que em fim. Achei que não fosse aparecer e por que demorou tanto? Stefany o encarou como se fosse come-lo vivo e com atitude respondeu: — Estou aqui não estou? Não lhe devo s