No terceiro dia a tarde, Paula acordou e viu Nicole sentada no sofá que ficava à alguns metros de distancia ao lado direito da cama. Ela estava vestindo uma bermuda jeans na altura dos joelhos, uma camiseta branca fina e sandálias rasteiras marrons. Tinha seus cabelos pretos num rabo de cavalo no alto cujo realçava seu rosto fino e sua pele bronzeada. Nicole a olhou preocupada e logo se colocou do seu lado perguntando se estava bem. Paula observou todo o quarto, ainda confusa com o que aconteceu.
— Eu sabia que não deveria ter te deixado ir pra esse lugar. – comentou Nicole de repente. — Mas de que adianta falar? Você é mesmo uma cabeça dura.
— O que foi que aconteceu Nick? – indagou olhando-a com estranhamento.
— Não sei muito bem, mas parece que você caiu da escada enquanto tentava ir embora. Se atrapalhou com sua mala e caiu. Simples assim. – escolheu os ombros olhando-a como se a repreendesse de modo sutil.
De imediato, as lembranças do que aconteceu vieram à sua mente fazendo-a olhar para Nicole um tanto assustada.
— Lembrou né? – disse ela ao reparar em sua expressão.
— Mas como você sabe do que aconteceu? – indagou olhando-a como se fosse uma criança assustada, imaginando que Nicole já sabia de todo o problema em que se meteu naquela casa.
— Parece que Daniel encontrou meu número no seu celular e me ligou para contar sobre o acidente. – Nicole foi até a porta por um momento e analisou o corredor, depois se virou para ela olhando-a desconfiada. — O que não entendo é o porque daquele garoto não estar aqui agora contigo.
Paula a olhou sem jeito, imaginando que ele a tivesse deixado ali e ido embora para a casa dos seus pais.
— Não sei Nick... Ele pode estar vindo por ai. – disfarçou sua apreensão.
— Não amiga, ele não vem. – disse prontamente se aproximando da cama.
— Não soube dele desde quando me ligou para contar sobre o que aconteceu. Até duvido que vá aparecer por aqui.
— Ah amiga, talvez ele esteja ocupado agora e... – tentou justificá-lo, mas sem sucesso.
— Não Paula. – disse alto visivelmente irritada, interrompendo-a. — Ele não virá. Já tem três dias que você está aqui e pelo o que sei, a única visita que recebeu foi a minha.
Ela olhou-a perplexa.
— Como é que é?
— É isso mesmo o que você ouviu. Aquele idiota não te procurou mais desde que te pôs nesse hospital. – reafirmou-se de modo áspero.
— É bom que seja assim. – comentou Paula olhando para o nada. — Não quero vê-lo nunca mais.
Nicole franziu a sobrancelha olhando-a estranhando.
— Por que diz isso amiga?
— Porque você estava certa sobre ele.
— Como é que é? – indagou assustada. — Como assim Paula?
— É isso mesmo que ouviu. – olhou-a séria. — Você estava certa e eu não deveria ter ido nessa viajem com ele.
— Paula me conte logo o que aconteceu. – pediu nervosa.
Ela suspirou olhando-a fixamente, sentindo seu coração disparar por um instante e logo seus olhos encheram-se d'água.
— Me perdoe amiga, eu não te ouvi e olha onde estou. Sou mesmo uma cabeça dura e além disso sou maluca. – disse com a voz embargada por seu choro que já estava vindo à tona.
Nicole a olhou séria por um momento, mas logo se aproximou e a abraçou forte.
— Calma amiga, já passou. Estou aqui com você.
Depois que se acalmou, Paula contou-lhe de uma vez, tudo o que havia acontecido deixando sua amiga perplexa demais e em alguns momentos a fazendo dar risadas pelas situações inusitadas que ela passou, mas isso não tirou a seriedade da situação o que fez Nicole dar-lhe uns "puxões de orelha" por alguns outros motivos perigosos.
Quando a enfermeira apareceu no quarto, depois de alguns minutos e viu que Paula já estava acordada, chamou o médico que lhe examinou e verificou se não sentia nada e como havia afirmado que estava bem, o homem lhe deu alta, porém antes que a enfermeira dissesse que ia ligar para Daniel ir lá busca-la, ela e Nicole se entre olharam por um momento e logo depois disseram que não precisava, pois dali, elas iriam logo para casa. As duas só pediram um taxi. Paula não queria mais vê-lo e nem mesmo falar com ele depois de tudo.
No caminho, Paula pediu ao taxista para dar uma parada na casa de praia de Daniel para pegar suas coisas. Nicole a olhou estranhando.
— Tem certeza disso amiga?
— Eu preciso pegar minhas coisas não é? – indagou ironicamente.
— Tá, quero ver como vai fazer isso sem dar de cara com ele.
— Eu dou meu jeito. – rebateu olhando lá para fora da janela do carro.
Quando chegaram lá, ela reparou que o carro de Daniel não estava na rua e nem na garagem, o que significava que certamente ele não se encontrava na casa que parecia estar vazia.
Todos saíram inclusive ele que havia ido ao mercado fazer compras para preparar um jantar para os dois e assim tentar se desculpar com ela mais uma vez. Daniel estava pensando em ir depois ao hospital ver se ela já estava de alta. Ele estava mesmo se sentindo mal demais com aquilo tudo.
Então Paula saiu do carro e pediu ajuda à Nicole. Depois pulou o muro, que não era tão alto, correu para dentro da casa, certificou-se mesmo de que não havia ninguém lá naquele momento, foi até o quarto onde estava sua mala que ainda estava arrumada ao lado da cama e pegou-a. Depois, acabou não resistindo ao passar pelo quarto dele e deixou um bilhete.
"Estou indo embora, vou voltar pra casa e não quero mais que você me procure. Estou muito decepcionada com você. Pra me certificar de que você não irá me procurar, contarei tudo à minha mãe para que dificulte nosso encontro pelo menos em minha casa. Passe bem!"
Após escrever e deixar o bilhete em cima da cômoda, desceu correndo a escada e correu mais rápido ainda em direção ao portão antes que alguém aparecesse. Depois de pular o muro de volta, com a ajuda de Nicole que a esperava do outro lado, entrou no taxi e pegou a estrada de volta para casa.
— Você é mesmo louca amiga. – comentou Nicole olhando-a séria.
— Espero que tenha mesmo aprendido a lição.
Ela olhou pela janela sentindo-se mal por tudo o que passou e deu um suspiro cansado.
— É, eu aprendi sim. Aprendi da pior forma possível.
— Você está bem? – indagou Nicole olhando-a preocupada.
— Eu vou ficar bem. – respondeu sem olhá-la. — Amiga! – olhou-a rapidamente. — Você já ligou pra minha mãe pra contar o que aconteceu?
— Não, mas recebi algumas ligações dela enquanto você estava desacordada. – comentou olhando-a receosa.
— E? – indagou prontamente.
— Eu não consegui atendê-las. O sinal do meu celular estava fraco e não saberia o que dizer. – explicou-se.
— Certo, em casa eu conto pra ela. – disse Paula um tanto nervosa. — Acho que vou precisar da sua ajuda pra isso.
— Conte comigo amiga. – disse Nicole colocando sua mão em cima das dela.
A noite, depois que Daniel preparou o jantar, foi visitá-la no hospital. Ao chegar à recepção, perguntou à atendente se podia ir até o quanto dela, mas a moça disse que Paula já havia recebido alta e que havia ido para casa.
— Por que não me ligou? – perguntou irritado.
— Me desculpe, mas ela não quis que eu ligasse. Ela só quis que eu pedisse um taxi que ela iria logo para casa. A moça estava acompanhada de uma amiga que a ajudou quando saíram daqui.
Daniel agradeceu pela informação e muito nervoso, correu de volta para casa para ver se as bagagens dela ainda estavam lá.
Quando chegou, foi de pressa ao quarto onde se hospedou e o examinou. Assim que se deu conta de que a mala dela não estava lá, arrumou suas coisas depois de ler o bilhete que havia deixando em seu quarto, pegou seu carro eu foi atrás dela.
Daniel queria muito seu perdão, porque já estava se sentindo mal demais e também porque durante este tempo que estiveram juntos começou a ficar balançado pela pessoa que ela era e pela importância que passou a ter em sua vida depois de conhecê-la melhor durante essas três semanas de convivência.
Ele voltou correndo para a casa de seus pais e foi tentar encontrá-la para pedir-lhe desculpas novamente e se declarar. Queria saber qual iria ser a reação dela quanto a esse sentimento que havia criado, que ainda não era tão forte assim, mas que já fazia-lhe algum sentido.
Depois que chegou em casa com Nicole , Graça reparou no curativo em sua testa, ficou olhando-a séria enquanto as duas entravam na sala.
Naquele horário, quase de noitinha, Graça já havia tomado seu banho quente e colocado roupas mais confortáveis, como uma camisola de mangas grandes e pantufas. Seus cabelos curtos, na altura dos ombros, com seus tons de preto e grisalho, estavam preços em bobes. Estava com uma expressão fechada, parecia um pouco decepcionada com o que estava vendo.
— O que foi que aconteceu? – indagou olhando-as séria.
— Eu posso explicar. – respondeu Paula sentando-se no sofá.
— Mas antes mãe, sente-se aqui. – deu tapinhas do seu lado. — Porque história é longa.
Graça a encarou friamente e suspirando, sentou-se do seu lado enquanto Nicole sentava-se do outro lado de Paula.
Sem rodeios, Paula começou a contar tudo desde o início enquanto Nicole a ajudava com seus comentários certeiros.
No fim, Graça já estava furiosa esbravejando o quão elas haviam sido irresponsáveis.
— Vocês não têm noção das coisas perigosas em que se meteram?
— Desculpe dona Graça. – disse Nicole cautelosamente. — Mas a cabeça dura da sua filha é quem pensou em tudo... Eu tentei fazê-la ver o quanto isso era irresponsável, mas ela não quis me ouvir.
Graça a olhou séria.
— Mas você compactuou com isso não foi? – disse asperamente.
Ela abaixou o olhar sem jeito, sem conseguir dizer nada.
— Por favor mãe, não brigue com ela. – pediu Paula séria. — Quem fez a merda aqui fui eu, ela só foi manipulada por minha vontade e insistência em querer ajudar alguém que claramente não queria ser ajudado.
— Isso não faz dela menos cúmplice. – rebateu encarando-a.
— Me desculpe dona Graça, eu errei em ter entrado nessa. – pediu Nicole nervosa, sentindo-se mal pelo o que fez.
Ela se levantou e olhou-a séria e como estava no seu limite de paciência, acabou pedindo que fosse embora pra casa.
— Por favor Nicole, vai pra casa e me deixe conversar com Paula. – pediu tentando não ser tão grosseira, mas falhando um pouco na voz, que não proferiu todo o pedido no mesmo tom.
Paula a olhou perplexa, mas antes que pudesse dizer algo, ela simplesmente se levantou e olhou-a sem jeito.
— Tudo bem, eu compreendo que esteja sobrando aqui. – dirigiu seu olhar à Graça super envergonhada. — Só quero que a senhora saiba que eu sinto muito mesmo pelo o que fiz.
Ela não lhe disse nada, somente ficou olhando-a deixar a sala num silencio esmagador pela forte tensão que estava aquele ambiente.
— Mãe, por que fez isso? – indagou Paula levantando-se do sofá, mas antes que pudesse dar um passo, Graça lhe segurou no braço levemente.
— Você não vai à lugar algum. Pode se sentando aí, que nossa conversa ainda não acabou.
Paula deu um longo e audível suspiro, cujo fez seu coração gelar por um momento e depois sentou-se a olhando enquanto Graça começava seu discurso sinistro sobre mentiras e toda aquela situação sinistra.
Quando chegou em casa e contou para sua mãe o que fez, Daniel ficou sentando ouvindo-a falar por duas horas sobre seu comportamento infantil e idioda. Enquanto Daniel ia para seu quarto arrumar as coisas, Fátima o seguiu fazendo seu discurso enquanto chamava-lhe a atenção.
— Sinceramente não consigo te entender garoto. – disse sentando-se na cama. — Você não pensa no que faz? Olha o que poderia ter causado à essa moça.
— Eu sei mãe, a senhora não sabe o quanto estou arrependido. – comentou sem graça abaixando o olhar.
— Arrependimento não adianta. – rebateu furiosa. — Você pisou na bola. Agora o que irá pensar os pais dessa garota?
— Compreendo mãe. – olhou-a fixamente. — Eu quero pedir desculpas e dizer que sinto muito mesmo.
— Que bom, porque se não quisesse, eu iria te forçar a ir até à casa dela para se desculpar. – rebateu asperamente.
Daniel olhou-a sério, mas não disse nada. Sabia que precisava ter cuidado com o que iria dizer daqui pra frente para não piorar a situação.
— Não acredito que estou ouvindo isso de você de novo, esqueceu que há dois anos você fez a mesma coisa com aquela pobre moça lá na Califórnia? – disse ela irritada.
— Assim que chegamos lá, você fez essas mesmas idiotices meses depois que estava naquela escola. Você é muito inconsequente mesmo, isso foi bobeira sua. Já faz anos que passamos por tudo aquilo. E aí Daniel? Você vai querer sair por aí se vingando de toda moça que te olhar, gostar de você e procurar saber sobre você? É isso o que quer? Caramba meu filho, pare e pense, isso é passado não tem mais nada a ver. Queria saber o que seu pai diria se estivesse aqui agora. E dessa vez foi até pior, ela acabou se machucando, ainda bem que não foi grave, mas se fosse, você iria sofrer as consequências para o resto de sua vida. Aprenda a pensar antes de fazer coisas ruins a quem você não conhece, pois um dia você pode se apaixonar por essa moça e vai perdê-la pelo mal que fez à ela. Eu te disse isso da primeira vez e você não me ouviu. Na mínima voltou a ser desse jeito pela mudança que fizemos, mas pelos menos voltamos ao lugar onde nasceu e cresceu. Você não tinha motivos pra voltar a ser desse jeito. Estava indo tão bem lá na Califórnia e depois de um tempo isso aconteceu e por isso tivemos que nos mudar novamente, e agora que voltamos ao Brasil é a mesma coisa. Meu Deus Daniel, onde estava com a cabeça? Por acaso aconteceu algo ruim lá na escola pra você ter feito isso?
— Não mãe. – disse ele se sentindo mal. — Foi criancice minha mesmo.
— Ainda bem que você sabe disso. – respirou fundo esfregando o rosto super furiosa. — Por que fez isso? Mais uma vez você aprontou por causa de um passado morto. – esbravejou olhando-o fixamente. — Mais uma vez, encontrou uma moça que queria te ajudar e olha no que deu.
Nervoso, ele não conseguia falar mais nada. Ouvindo tudo o que sua mãe dizia furiosamente, ficou se reafirmando para si mesmo o quão fora estúpido.
— Daniel, esse passado já morreu. Estou de saco cheio de ficar o revivendo e encontrando problemas por causa dele. Achei que nos mudando para cá tudo isso iria acabar.
— Eu sei mãe, me desculpe. – pediu olhando-a sem jeito. — Me desculpe por tudo, mas é que eu ainda não superei tudo isso. Tem sido difícil pra mim.
Fátima o olhou suavizando sua expressão.
— Você precisa mudar seu jeito e esquecer tudo. Isso é o melhor pra você.
— Eu sei mãe. – respondeu-lhe em tom desanimado enquanto ela sentava-se do seu lado. — Juro que estava conseguindo isso. Durante esta viajem, apesar de tudo... – revirou os olhos.
— Eu e Paula estávamos nos dando bem e até que conversar com ela estava me ajudando com isso, mas não sei porque continuava agindo como um perfeito babaca fazendo aquelas infantilidades.
Fátima o olhou fixamente um tanto surpresa.
— Filho aquela moça o estava ajudando a superar isso?
— Sim mãe, é o que parece. – olhou-a com os olhos cheios d'água. — Ela estava me ajudando sem saber, mas eu estraguei tudo.
Ela o observou por um instante percebendo o quanto estava verdadeiramente arrependido.
— Se está mesmo arrependido e quer se redimir, vá atrás dela e peça desculpas.
— Mas eu não sei onde ela está. Não sei onde mora e nem nada. – olhou-a sem jeito.
— Então procure-a. – rebateu o olhando séria. — Sei que hoje em dia com essa nova tecnologia, podemos encontrar pessoas onde quer que estejam. Procure seu endereço e vá atrás dela, não a deixe escapar. – deu-lhe um beijo na testa e depois de levantou da cama o olhando-o com um sorriso gentil.
Assim que Fátima deixou o quarto, Daniel ficou olhando para o nada por um instante e ao desviar seu olhar para seu computador, foi rapidamente sentar-se na frente dele e começar suas pesquisas. Não iria parar até conseguir saber tudo o que precisava sobre Paula, inclusive seu endereço.
Enquanto isso na casa de Paula...
Depois de ouvir todo o sermão de sua mãe e de falar um pouco sobre o que sentia por Daniel e de toda sua mágoa, Paula foi para seu quarto e ligou para Nicole para saber como estava.
Mais uma vez, ela se desculpou por tudo e as duas ficaram um bom tempo conversando enquanto Paula desabafava. Logo depois, Nicole disse que iria conversar com Graça para pedir desculpas, mas antes iria lhe dar um tempo para que se acalmasse e assim pudesse lhe escutar.
Para Nicole sua amizade com Paula valia ouro e não queria manchar isso se desentendendo com a mãe dela.
As duas conversaram até tarde enquanto Nicole tentava fazer Paula se acalmar e refletir da melhor forma possível sobre tudo o que havia feito até ali.
Durante os últimos dias de férias, Daniel ficou sentado na frente de seu computador tentando encontrar algumas informações sobre Paula e como não estava conseguindo chegar à lugar algum, pediu ajuda de um de seus poucos amigos. O rapaz era um gênio da informática, o que quisesse saber, encontrava rápido.
Sua ideia era de encontrar o endereço dela antes que as férias terminassem para poder ir tentar pedir desculpas e fazê-la ouvir o que precisava dizer.
Quando seu tempo estava para se findar, seu amigo conseguiu encontrar algumas informações básicas sobre Paula e dentre elas estava seu endereço. Daniel o agradeceu decoração e a partir daquele dia, começou a elaborar um jeito de se aproximar.
***
Dias depois... Enquanto estava navegando na internet, Daniel foi interrompido por uma ligação de um outro amigo. Os dois conversaram um pouco para contar as novidades já que não se falavam há algum tempo e no fim, acabaram marcando uma grande festa na casa de Daniel para animar um pouco aquele fim de férias, no fim de semana da última semana daquele período. A princípio, Daniel ficou desanimado, mas foi só seu amigo insistir um pouco, que logo os dois começaram a discutir sobre alguns preparativos ao telefone mesmo. Eles ficaram tão empolgados e entretidos com aquela ideia que nem viram a hora passar. Quando desligou o telefone já estava anoitecendo. Fátima, entrou no quarto e o olhou. — Daniel,
Na manhã seguinte, Daniel levantou-se cedo, tomou café, se arrumou e foi até o salão de beleza unissex mais próximo do bairro onde morava, para mudar o visual. Quando chegou, o barbeiro que era muito seu amigo, estranhou a ida dele lá já que quando era mais novo disse que nunca mais iria cortar aquele cabelo ondulado. Também estranhou porque quase não havia barba alguma ali, o rosto dele estava liso, havia pouquíssimos fios para o barbeiro aparar. Mas ele queria cortar o cabelo e queria um novo visual mais despojado, achava que era velho demais para continuar com aquele cabelo fino e ondulado cujo já estava um pouco comprido no altura da nuca. Assim resolveu dar uma repaginada. Depois do barbeiro, foi à um tatuador que também o conhecia há algum tempo e fez uma tatuagem no seu peito esquerdo, tatuou um cruc
Na semana seguinte, última semana de férias. Todos os que Daniel havia convidado da escola já sabiam do cancelamento da festa, mas ninguém sabia do motivo. Muita gente havia sido convidada apesar dele não conhecer quase ninguém, porém os poucos que conhecia na escola, já haviam lhe feito o favor, que ele não queria, de convidar seus os amigos e conhecidos. Quando Paula chagou em casa, depois de ter dado um passeio pelo shopping com suas amigas, já sabendo que não iria ter festa, começou a reclamar irritada. Disse tudo o que lhe vinha a mente. Que Daniel era um qualquer, que só queria brincar com ela e que não estava arrependido coisíssima nenhuma. Que fez isso de aparecer em sua casa só pra fingir preocupação, que era um fingido e não merecia se quer o amor dela.&n
Depois de ficar pensando tanto e já enjoada daquela apreensão de não saber o que estava acontecendo com Daniel, Paula ligou para Nicole para ver se ela sabia de algo mais sobre o cancelamento da festa. — Oi amiga, estava pensando em te ligar mais tarde. – comentou Nicole rindo ao atender a ligação. — Pensamos juntas então. – disse rindo. — Se estiver ocupada agora, eu posso te ligar depois. — Nada amiga, podemos falar agora sem problemas. Mas em que posso ser útil à minha amiga linda? – indagou de modo respeitoso tornando a rir logo depois. — Fale direito sua doida. – Paula chamou-lhe a atenção rindo também.
No dia seguinte, Paula acordou cedo, ajudou sua mãe a arrumar a casa e arrumou seu quarto pela manhã, almoçou e lá para duas horas, aproveitou a bela tarde ensolarada que estava fazendo e se arrumou para ir à casa de Daniel. Assim que saiu de casa, torceu para que conseguisse encontrá-lo em casa e ao mesmo tempo, ficou supernervosa só pelo fato de ir vê-lo, mas tinha que se concentrar porque precisava saber o motivo dele ter cancelado a festa de sábado e também, quem sabe, tentar dar-lhe uma chance para falar do ocorrido entre eles durante as férias. Ao chegar à rua, se perdeu e não havia lembrado de que a casa dele ficava ao fim daquela rua ao lado direito. A rua era enorme e bem estranha. Quando se aproximou do enorme portão de ferro,percebeu que a casa era um tanto velh
Semanas mais tarde, um amigo de Daniel que passava pela frente da escola, havia visto Paula saindo de lá com Stefany e pensou logo o que todo mundo pensava antes, que Paula estava acompanhada de um garoto e que ela tinha algo com ele. A princípio ele só sentiu que conhecia Paula de algum lugar, mas depois que firmou mais sua visão para vê-la, se lembrou da foto dela que Daniel havia lhe mostrado pela internet apontando que era ela por quem estava apaixonado. Ele ficou muito espantado com aquilo e foi logo para casa para contar isso à Daniel. Seu nome era Pedro, ele era mais alto que Daniel e magro, dois anos mais velho que seu amigo. Moreno de cabelos castanhos, com o rosto cheio de espinhas, mas era vaidoso. Já havia terminado os estudos. Agora se encontrava trabalhando de DJ numa casa de shows noturna no centro do Rio de Janeiro e morava sozinho num apar
Na semana seguinte enquanto estavam no intervelo juntas, Stefany avistou Daniel de longe. Ele observava para as duas enquanto Paula estava de frente para ela conversando. — Nossa, ele é bem do jeito que me descreveu e até mais lindo pessoalmente. – comentou Stefany observando-o sem nem se quer disfarçar suas olhadas. Paula ficou nervosa só de ouvi-la dizer isto, pois sabia de quem estava falando, mas mesmo assim, perguntou só pra confirmar: — Quem? Antes que pudesse olhar para trás, Stefany a pegou pelo braço, a puxou e a levou para outra parte do pátio. A parte que ficava mais cheia, para que não pudesse vê-lo. Paula estranhou aquele seu gesto um tanto grosseiro. — O que deu em você? Quem foi que você
No sábado a tarde, se arrumou todo, pôs uma camiseta azul marinho e uma bermuda jeans azulada. Colocou um tênis branco esportivo, arrumou o cabelo e pôs seu melhor perfume. Foi confiante de que aquele era o seu dia, o dia em que conquistaria a sua amada de uma vez e finalmente poderia colocar pra fora tudo aquilo que estava guardando há meses. Antes de sair, não se lembrou de ligar para saber se ela ficaria em casa, mas não fazia mal, queria fazer surpresa. A caminho da casa dela, parou em um florista e comprou um lindo buque de rosas vermelhas para lhe dar. Quando chegou lá, torceu para não ter uma surpresa desagradável que no caso seria a presença de Stefany. Tocou a campainha e quem veio ao portão para abri-lo foi Graça que o recebeu com um sorriso simpático.