Capítulo 04

ENZO

Entrei e observei o lugar lotado de gente bêbada e drogada. Andei em meio àquelas pessoas até chegar à escada que levava a área VIP elevada. Assim que me viu aproximar, o segurança retirou o cordão de veludo azul para eu passar. Lá em cima, caminhei até o homem que me devia milhões e fugia de mim há meses, gerando sérios problemas com o meu pai e o Conselho.

— Salazar — chamei-o parando à sua frente.

— A-Albertinni — gaguejou quando me viu.

O seu rosto ficou pálido e os seus olhos arregalaram-se. Ele retirou apressado as mulheres que estavam sentadas no seu colo, jogando-as para os lados como sacos de batatas.

— Sente-se, por favor — convidou-me com um sorriso forçado, indicando com a mão a poltrona à sua frente.

— Obrigado. — Sentei-me. — Soube que está pagando bebida para todo mundo. Não vai pagar uma para mim também? — Sorri com sarcasmo.

— Mas é claro! — respondeu-me e chamou uma garçonete. — O que vai beber? — A sua hospitalidade forçada me deixou irritado.

— O seu sangue em uma taça — afirmei rude, desfazendo o sorriso falso.

Salazar engoliu em seco e consertou a sua postura no sofá, deixando a sua coluna reta. Ele olhou para os lados e viu os meus homens cercando-o e procurou discretamente pelos seus capangas que já não estavam mais ali dentro.

— Albertinni... E-eu...

— Cale a boca! — gritei. — Onde está a entrega que você deveria ter feito, mas que desapareceu? O que aconteceu com o meu navio?

— Eu já disse... Os russos. Eles pegaram a carga de drogas.

— Os russos me roubaram um navio com toneladas e toneladas de metanfetamina e você desaparece ao invés de ir atrás deles e recuperar o que me pertence? Que tipo de membro é você? — questionei, encarando-o com fúria.

— Enzo, eu... Po-por favor. Você sabe que faço tudo pela família, não é? — Limpou o suor das suas mãos nas pernas da calça.

— Não, você não faz. Desapareceu quando deveria ter vindo até mim e esclarecido tudo o que aconteceu! Oitavo mandamento, Salazar! Achei que tinha conhecimento disso! — esbravejei.

— E-estou dizendo a verdade, Albertinni. Estou esclarecendo agora para você.

— Depois de três meses? O que leva a crer que agora irei acreditar que me diz a verdade? Como irei confiar que não é um traidor? — gritei.

Inclinei-me, apoiando os meus cotovelos sobre os joelhos e encarei-o nos olhos. Estava escuro, mas não precisava de luz para saber que as suas pupilas estavam dilatadas, não pelo álcool que foi ingerido, mas sim pelo medo que crescia dentro dele.

— Eu já estou morto? — perguntou com a voz trêmula.

— O que aconteceu com a minha carga?

— Ela está com os russos. Foi feito um desvio e há mais quinze homens envolvidos. Eles... eles são soldados meus. Perdoe-me.

— Perdoar você? Quem perdoa é Deus. Eu faço você pagar em terra por sua traição. — A minha mandíbula contraiu dolorosamente de raiva.

— Assumo que errei, mas não tive escolha. Eles ameaçaram a minha família! Por favor, entenda!

— Levem-no daqui e arranque tudo o que puderem de informações! — ordenei aos meus soldados.

— Sim, senhor — respondeu um deles.

— Enzo... Por favor... Eu tenho uma família que precisa de mim!

Dois dos meus homens o pegaram pelos braços e o colocaram de pé.

— Família? — Levantei-me fechando o meu paletó e parando à sua frente. — Onde estão eles agora para você estar aqui com duas putas no seu colo e não em casa cuidando deles? Ficarão melhor sem você, acredite.

Levaram-no e eu respirei fundo para dissipar um pouco da tensão e ira que sentia pesar no meu corpo. Aproximei-me da grade de proteção e dei uma boa olhada para a pista de dança lotada de gente. De longe, avistei um corpo escultural e suculento no bar. Ela usava uma saia de couro curta e justa ao quadril, além de um body em renda para lá de sensual. A sua cintura fina e os seios fartos deixaram-me com tesão e desejo de tocá-la. Observei-a por mais alguns segundos e pensei em mandar um dos meus homens buscarem-na para mim. Uma rapidinha no escritório do mezanino não seria nada mau.

Ela virou-se saindo do bar com uma garrafa de água na mão e eu não pude acreditar no que estava vendo. Era ela! A garçonete arrogante da cafeteria que me fez passar raiva logo pela manhã naquela semana. Observei-a andar em direção à porta, que levava para o terraço, e desaparecer por ela. O que essa garota faz aqui? Quando dei por mim, já estava descendo a escada do camarote e subindo para o terraço.

Olhei para os lados à sua procura e encontrei-a sozinha ao canto. Ela estava de costas escorada na mureta de proteção. Será que não soube ler o aviso? Aproximei-me a passos lentos e parei atrás dela. O seu corpo era mesmo lindo, com ela teria que ser mais do que uma rapidinha. Teria que ser uma noite inteira para me deliciar de cada pedaço da sua carne e pele alva. Já fazia mais de um mês que não tocava em uma mulher e ter aquela em cima da minha cama seria bom demais. Andava cansado daquelas americanas magras e sem curvas algumas. Sou italiano! Gosto de fartura em todas as ocasiões e sentidos.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo