LAURAAo entramos, os seus seguranças detinham Melissa segurando-a firmemente, prendendo-a contra uma pilastra.— Senhor Albertinni... O que está havendo aqui? Por que a minha filha está amarrada a esta pilastra? — perguntou o pai da Melissa, apavorado. Logo atrás dele desceu pela escada, o restante do Conselho e Giovanni. — Exijo saber o que está acontecendo!— Eu convoco o Conselho aqui para um julgamento neste instante! — disse Enzo.Os nove membros do Conselho posicionaram-se um ao lado do outro próximo à parede. Melissa começou a deixar a sua marra cair e mostrar o seu medo. As suas pernas tremiam e a sua respiração era ofegante. Enzo havia me contado algumas coisas a respeito de um julgamento na máfia e nele só existia uma única pena para quem era um julgado como um traidor: a morte. Ela vem em diversas formas de execução, desde as mais rápidas até as mais cruéis e torturantes.— Eu acuso Melissa Viglorio de tentativa de assassinato contra a minha esposa, Laura Albertinni — pron
ENZOAcordei cedo e saí de casa antes que Laura acordasse. O sol ainda nem sequer brilhava direito no céu. Seria um dia cheio. Eu tinha um encontro com o meu novo carcereiro e depois outro encontro com o Conselho antes da execução de Melissa. Ainda havia tempo para a revogação da sentença e eu queria garantir que isso não aconteceria.Tomei o meu banho e me arrumei fazendo o mínimo de ruído possível para não acordar a minha esposa. Antes que passasse pela porta, parei e voltei para escrever um bilhete a ela, para que não ficasse preocupada comigo. Caminhei até o jarro com rosas de todas as cores sobre o aparador, próximo ao closet, e apanhei uma rosa branca voltando em seguida até a cama.Sobre o meu travesseiro, deixei a flor e o bilhete com uma pequena declaração de amor. Velei o seu sono por breves segundos observando o jeito que dormia de barriga para cima com a mão esquerda guardando o seu ventre que começava a crescer. Deixei o quarto e encontrei o meu pai no corredor.— Saindo
ENZOTomei o meu banho no banheiro do quarto de hóspedes e vesti com um terno limpo. Saí de lá e segui ao encontro com o Conselho, já estava quinze minutos atrasado. Ao chegar onde estavam todos reunidos, deixei claro a minha vontade de que a pena de execução fosse aplicada. O Conselho, em comum acordo com o meu pai e eu conselheiro pessoal, decidiram que a pena de morte por enforcamento seria aplicada.Mais tarde, quando o sol já havia se posto, liguei para casa para saber como estavam as coisas. Laura atendeu ao celular no primeiro toque.— Estava esperando a sua ligação. — Oi, meu anjo. Como estão as coisas por aí?— Tudo certo. E por aí?— Está tudo bem. Só liguei para dizer que eu amo vocês e para avisar que não irei chegar a tempo do jantar.— Tudo bem. Já esperava por isso. — Eu tenho que ir.— Nós também amamos você, Enzo.— Me espere acordada. Chegarei antes da meia-noite.— Claro. Até daqui a pouco.— Até, amor. Dê um beijo no nosso filho por mim.— Eu farei. Encerramos a
LAURAOs dias foram se passando e tudo foi ficando para trás. Eu já me encontrava no sétimo mês de gestação e a minha cunhada Angelita decidiu que devemos fazer um chá de bebê para Alícia. Eu não tinha muitas amigas, mas estava começando novas amizades com as mulheres da máfia.Ela se encarregou de cuidar de tudo e no fim ficou perfeito. O chá foi no nosso jardim dos fundos e contamos com poucos convidados, que deram o total de cinquenta pessoas. Estava no meu quarto terminando de me arrumar quando uma leve batida soou na porta e Angelita passou por ela em seguida.— Está pronta? — perguntou ela sorridente vindo até mim.— Estou sim. — Levantei-me da penteadeira ao canto do quarto.— Tem algo que preciso muito te contar. — disse ela com um enorme sorriso no rosto.— O que é? Não me diga que também está grávida — falei com enorme ansiedade e curiosidade.— O quê? Não! Ao menos ainda não. Mas a notícia é que... — se interrompeu e estendeu-me a sua mão esquerda, onde vi um solitário da T
LAURAAmava de verdade estar à espera de um filho, mas nem tudo estava sendo às mil maravilhas como sempre li e ouvi as mulheres descreverem. Acho que na hora de falar sobre maternidade, elas se empolgam e esquecem-se de relatar as partes terríveis. Estar no final de uma gestação não era nada agradável.Maldita aquela que disse que estar grávida era o paraíso ou a oitava maravilha do mundo. Se você ouviu uma gestante dizer isso a você, referindo-se à gestação inteira, cuidado! Ela está mentindo. Esta mulher apenas quer que você pense que tudo é incrível para engravidar e viva a tortura de uma reta final que ela viveu, assim, não se sentirá sozinha no universo da maternidade.Desde o final do oitavo mês, eu não sabia o que era dormir, transar, ou vestir uma roupa e me achar bonita. E nem vamos falar dos pés e rosto inchados. Mas querem saber de uma coisa? Independente de tudo isso, eu mal podia esperar para estar com a minha filha nos meus braços e sentir o seu cheirinho único pela pri
ENZOTrês meses depois...Nada me fazia mais inteiro e feliz do que Laura e os nossos filhos. Ter Alícia pela primeira vez nos meus braços foi um sentimento tão pleno e repleto, assim como quando peguei Lorenzo pela primeira vez. Era indescritível a felicidade que morava dentro de mim. Ainda mais indescritível era o amor que sentia pelas minhas três joias mais raras e preciosas. Eu os amava e protegeria com a minha vida.— Um minuto da atenção de todos, por favor — pediu Caio, batendo sutilmente com um talher na sua taça de champanhe, após a sobremesa. — Em primeiro lugar quero agradecer a presença de cada um de vocês, aqui, esta noite. É muito importante para mim e Angelita, ter cada rosto amigo e familiar no nosso casamento. Obrigado de coração. Espero que todos estejam se divertindo.Depois de mais algumas pessoas oferecerem brindes aos recém-casados, era hora de dançar e beber. Bom... A parte do beber ficou para aqueles que não tinham duas crianças para ficarem de olho.— Mamãe! —
LORENZOOs almoços de domingo em família eram os melhores. Eu e vovô tínhamos um plano em ação. Ele iria finalmente pedir Steffania em casamento e eu fiquei muito feliz por isso. Antes a minha família era só eu e o papai, mas agora tínhamos a mamãe, Alícia, tio Caio e tia Angelita e não vamos nos esquecer do Jhonan, o meu priminho que estava a caminho crescendo na sua barriga.— Não pode colocar isso na boca, Alícia — disse para minha irmãzinha, tirando um guardanapo de papel da sua mão.Desde que ela aprendeu a andar, há alguns meses, tudo queria pegar e comer. Eu já havia dito que não podia, mas ela continuava a fazer e dizia-me coisas que só ela entendia.— Alícia, minha filha... Comendo guardanapo de novo? — perguntou a mamãe a ela, mesmo sabendo que não teria uma resposta. — Abra a boquinha, filha. Deixe-me ver se tem mais alguma coisa aí — falou inspecionando a sua boca.— Ela comeu guardanapo de novo ou foram flores dessa vez? — perguntou papai ao passar por nós com bebidas nas
LAURAChegar a terras estrangeiras sem muito dinheiro no bolso e com poucas peças de roupas em uma mochila, não foi nada fácil. Por sorte, eu tinha o Caio – meu meio-irmão “postiço” – que jamais me deixou desamparada e sozinha. Quando fugimos de uma vida abusiva no Brasil, viemos para Boston, Massachusetts, em busca de vivermos livres pela primeira vez e conhecer o significado da palavra felicidade.Apesar de não termos o mesmo sangue correndo nas veias, o nosso amor um pelo outro era incondicional. Ele era filho somente da minha madrasta. Roberta é uma mulher repugnante, que foi amante do meu pai por anos antes dele finalmente assumi-la como a sua mulher depois que a minha mãe morreu há seis anos.O meu pai era um dos maiores traficantes procurados do Rio de Janeiro. O BOPE tinha uma sede infinita por sua cabeça, desde que me entendia por gente. Marcos Figueiredo comandava há quase trinta anos o tráfico de armas e drogas pela cidade e, principalmente, pelo morro da Rocinha. Um bandido