Já é tarde, e enquanto sirvo-me de mais uma dose de uísque penso na idiotice que havia feito ao prometer ao meu pai em seu leito de morte, algo de que eu certamente me arrependeria para o resto de minha vida. Era claro, tanto para os Villani, quanto para os Cavalieri que aquela desavença já havia durado tempo demais, e que talvez esse acordo funcionasse, e se as famílias não pudessem deixar no passado tudo o que havia acontecido, pelo menos que o embate cessasse, o que poderia gerar até mesmo alguma colaboração entre todos os envolvidos.
Ela é jovem demais. E insolente demais. Encarou-me como se estivesse acima do bem e do mal, e não vamos nos entender se me contrariar somente porque acha que está certa. Sei que Giulia deve agir assim por inúmeros motivos, toda a vida nas mãos de Donatella, que não pensava em nada a não ser em si mesma, guiando-a por uma infância e adolescencia conturbada, sempre fugindo, escondendo-se. Porém, era a oportunidade que ela teria de viver em segurança, confortavelmente, e contanto que conseguisse manter aquela linda boquinha fechada, talvez haja uma chance de fazer isso dar certo.
Giulia em roupas caras e saltos deve fazer bem o papel de esposa jovem, e por mais que Carolyn me satisfaça, a ideia de que ela era intocada não me desagradava. Imagino que vivendo em uma região pacata sob a responsabilidade das freiras, sua criação fosse extremamente rígida, mas por experiência própria, sei que garotas assim costumam surpreender depois de alguns avanços. E se não fosse o caso, nada que uma amante não resolvesse.
Mal acabo de tomar meu drinque, vejo minha irmã, Linda, voltando, já em trajes de dormir, sob o robe azul marinho. Ela senta-se na poltrona próxima a minha.
– Ela dormiu – diz Linda, pensativa – pobre menina.
– Hum – eu sei que ela está me preparando um sermão, mas não estou disposto a ouvir. Giulia nasceu em um mundo onde não existem pobres meninas. E ela mesma podia falar sobre isso depois de ter me dado um tapa, que certamente não esquecerei.
– Foi duro com ela, irmão – Linda continua depois de uma pausa – Giulia está assustada, eu mesma me lembro de quando estava chegando a maioridade, nosso pai teve que usar de muita diplomacia para recusar propostas de casamento que me foram feitas.
– Ele foi sensato, com você – falei afrouxando a gravata – já para mim, deixou o fardo de um casamento arranjado.
– Acha que mamãe foi um fardo para ele? – ela pergunta, e eu mesmo já havia pensado a respeito.
– Nossa mãe foi um arranjo as pressas, como se isso pudesse fazer todos esquecerem o que havia acontecido. Não foi a primeira opção, e papai nunca a amou, porém, ele foi um bom marido.
Era verdade, ele tinha sido um bom pai, presente na medida do possível, se não havia amor entre eles, pelo menos eram companheiros, e o respeito era mútuo.
– Achou Giulia bonita? – olho de canto para Linda, que riu maliciosa.
– O que eu achei não faz diferença, depois de acertados alguns detalhes devemos oficializar assim que ela completar a maioridade – esperei que essa resposta fosse suficiente, mas ela se aprumou na poltrona.
– Quero lembrá-lo que não pode se aproveitar da situação enquanto ela estiver sob nosso teto – disse ela como se eu não soubesse.
– Não se preocupe, não tenho a mínima intenção de deitar-me com ela – levanto-me já sonolento – vou dormir, partiremos cedo.
Apesar das poucas horas de sono, acordo bem disposto depois de uma noite sem sonhos. Depois de uma ducha rápida, me visto sem pressa, e saindo do meu quarto ouço a voz de Linda, animada no final do corredor, certamente falando com Giulia. Confesso que fico curioso a respeito do assunto entre as duas, mas decido descer para uma xícara de café, enquanto leio o jornal. Já havia me entretido com as notícias do dia quando ouço novamente a voz de minha irmã, e quando olho em direção as duas, sou pego de surpresa.
Giulia está ao lado dela, e pela expressão mais tranquila, estou certo de que mesmo com a ajuda de um remédio para dormir, sua noite deve ter sido reparadora. Os cabelos loiros estão soltos, e ela usa um vestido azul escuro, justo, um pouco mais curto do que seria aceitável para quem iria se tornar minha esposa. Não deixo de reparar no que estava escondido pelos trapos religiosos da noite anterior, o corpo esguio, curvas nos lugares certos, um belo par de seios pesando dentro do decote, sem exageros. Me mantenho olhando para ela por mais tempo, pensando que Giulia Cavalieri não era o tipo de garota que eu me sentiria atraído, mas era bonita demais para ser ignorada.
Ela evita olhar em minha direção, como uma criança birrenta. Dobro o jornal e continuo olhando em sua direção enquanto ela ouve Linda falando sem parar sobre compras.
– Parece que os Cavalieri não costumam dizer bom dia – provoco, recebendo um olhar de desaprovação de Linda. As bochechas de Giulia assumem um tom rosado sob as sardas, e ela olha para mim, não havia reparado que seus olhos são verdes.
– Bom dia – disse, e logo depois recusou o café, preferindo chá.
– Eu estava falando com Giulia que é uma pena que tenhamos que partir tão rapido – Linda disse – ela está sem roupas!
– Para mim ela parece perfeitamente vestida – volto minha atenção ao jornal novamente.
– Sim, porque sou uma mulher previnida e fui as compras ontem a tarde – ela continuou – serviram perfeitamente – ela pigarreou, tentando me fazer falar – Mike!
– Meu Deus, Linda, o que foi agora? – olho por cima do jornal, e em seguida para o relógio em meu pulso – se não se importa, não temos muito tempo, tome seu café, sim?
– Não acha que o vestido ficou perfeito? – as vezes acho que Linda não saiu do colegial, ela queria que eu falasse que Giulia estava bonita, e eu quero apenas que ela coma a m*****a torrada porque tenho mais o que fazer.
Olho para Giulia cuidadosamente, chegando mais perto, ela é aquele tipo de mulher, que não importa quantas vezes você olhe, parece cada vez mais bela. Ela faz um beicinho contrariado, porque estou a poucos passos dela.
– Ficou – falo e termino de beber meu café, deixando a xícara ao lado da de Giulia – não se demore.
Deixamos a Itália em um voo, e mesmo depois de horas dentro de um avião, Giulia e eu não nos falamos, e isso persiste enquanto já nos Estados Unidos, Linda tenta intermediar algum tipo de conversa entre nós, ainda no aeroporto falo rapidamente com minha irmã sobre estar indo para um de nossos clubes, e a instruo para que mantenha sob vigilância constante, pelo menos até que eu e Joe Cavalieri acertemos os termos.
– Me mantenha atualizada, por favor – disse ela, enquanto olhamos a garota entrar no carro que as levará a casa de Linda.
– Receio que terá notícias minhas hoje – desconfio que Cavalieri já deve estar a minha espera, querendo levar a sobrinha para Chicago, e não tenho a intenção de entregá-la. Não até que ele me garanta o controle de parte dos cassinos, e do tráfico, e ainda assim, a garota ficará aos cuidados dos Villani, para que ele não mude de ideia e a ajude a sumir pelo mundo, como Tony fez com Donatella.
Dentro do carro, Levi está comigo, e acaba de ser comunicado que Joe Cavaliere está no Saint's, como eu já esperava, já que o local, antes de meu pai assumir, era da família dele, e talvez ele quisesse negociar isso também, o que eu jamais faria. Esperava ter um pouco mais de tempo, para alguns acertos rápidos com meus capitães, e uma palavrinha com Chris Villani, meu consieglieri, e tenho que adiar.
Quando o carro para a frente do Saint's, é imediatamente cercado, reconheço nossos soldados, e assim que saio do veículo, vejo Joe Cavalieri, postado na escadaria, com cara de poucos amigos, o chapéu fedora pendendo para o lado direito. Percebo seu homens próximos também e concluo que Fabian deve ter chegado sem maiores problemas a casa de Linda, Cavalieri provavelmente achava que Giulia estaria comigo.
– Onde está ela? – perguntou assim que ofereci minha mão para cumprimentá-lo, apertando-a, esquecendo-se que eu poderia dominá-lo, derrubando-o ali mesmo.
– Em um local seguro – falo baixo, e em seguida passo por ele, que me segue. Olho em volta calmamente e então o encaro – mande-os embora – ele ri, cínico – não entrará aqui se não o fizer.
Percebo a irritação de Joe Cavalieri, e sei muito bem que ele não é o tipo que lida bem com ordens, ainda mais vindo de alguém considerado muito jovem para ter o mesmo título que ele. Cavaliere chama discretamente um deles, que acena positivamente com a cabeça, e em seguida os homens se retiram. Aponto para a porta de vidro a nossa frente e entramos no clube, no hall vazio, apenas o som de nossos passos em direção do elevador.
Quando a porta do elevador se abre no quinto e ultimo andar do antigo prédio, onde desde que meu pai havia assumido os negócios, costumava se reunir, fosse com aliados, parceiros, sócios, e até mesmo resolver algum impasse com cartéis, guangues e outras facções. Além do primeiro e principal andar, onde há shows e as mesas de jogos mais concorridas pelos frequentadores, há um andar inteiro de jogos "executivos", onde acontecem as maiores apostas, e apenas jogadores convidados podem participar.
– Fez um belo trabalho aqui – disse ele, olhando para o escritório, e ele tinha razão, aquele prédio era uma espelunca, e meu pai o havia transformado em um dos clubes mais luxuosos do país, e ali mesmo, onde a vista de Nova Iorque em um belo anoitecer, discutiremos o destino de Villanis e Cavalieris.
– Nada comparado com o que era antes do Villani – disse, e em seguida servi doses de uísque para nós.
– Mesmo achando de péssimo tom esse seu comentário sou obrigado a concordar – Cavalieri sentou-se a cadeira confortável e eu em meu lugar, atrás da mesa, ambos bebemos em silêncio e logo depois ele continua – agora vamos ao que interessa, Villani – seu rosto assumiu uma expressão sombria – onde está Giulia?
– Está segura, como já lhe disse – falo, descontraído.
– Vai me entregar a menina, Villani, ou teremos problemas – a voz era de quem não aceitaria qualquer recusa, certamente faria muitos levariam isso em consideração, não eu.
– De jeito nenhum.
– Vamos, garoto, não seja tolo como seu pai foi – ele parecia não ter noção do perigo que corria falando de Erico Villani – vou localizar minha sobrinha, e vocês pagarão um preço altíssimo se algo acontecer a ela.
– O que acha que fiz com ela? Além de salvá-la das mãos dos russos e trazê-la de volta em segurança – relaxo, e bebo mais um gole – você poderá vê-la, assim que chegarmos a um acordo – faço uma pausa – mas não vai levá-la a lugar nenhum.
Chegando a bela residência onde vive Linda Villani, logo noto a presença de segurança por toda a parte, como na mansão em Província di Roma, o lugar é imenso. Fabian abre a porta do carro para mim, enquanto Linda sai pela outra porta falando com alguém ao celular. Fabian Schiavo é minha escolta pessoal, e pela maneira que vem se comportando desde que saímos da Itália, Michael deve tê-lo ameaçado de morte por ter me jogado no banco do carro enquanto deixávamos o convento. O homem está me tratando como se eu fosse feita de cristal, abrindo portas, cuidando até mesmo se subo ou desço alguma escada, e apesar de ter achado divertido nas primeiras vezes, está começando a me irritar.Linda me trata com muita gentileza, apesar de não confiar nem mesmo em minha sombra depois de tudo, me sinto bem na presença dela. Ela sorri calorosamente enquanto entramos na casa, passando por um pequeno hall e indo em seguinte para uma sala confortável de onde posso ver outros ambientes. Em um deles uma garot
Estou no quarto escovando meus cabelos, pensando que é hora de cortá-los um pouco, tentando não sofrer por antecipação já que logo meu tio deve chegar a casa de Linda. A última vez que o vi, foi quando ele enviou-me de volta a Itália, eu não queria ficar, queria voltar para o lugar onde havia vivido com minha mãe nos últimos meses de sua vida. Dizem que ela morreu de tristeza, ela nunca mais foi a mesma pessoa depois da morte de meu pai, e eu tinha a impressão que iria pelo mesmo caminho. Meu tio fez se espalhar os boatos de lugares onde eu poderia estar, e até mesmo alguns de que eu havia morrido. E durante dois anos eu vivi praticamente reclusa no Convento de Santa Lucia, ocasionalmente saía para o vilarejo com a Madre e algumas irmãs, e sempre me senti protegida por elas. Meu tia enviava dinheiro, para minhas despesas, e como forma de gratidão ao Convento, as vezes, nos falávamos por telefone, as vezes eu recebia cartas de Nikolai, mas meu contato com o mundo fora das antigas pare
Com o passar dos dias, não só de assuntos relacionados a Giulia Cavalieri necessitam de minha atenção. Por motivos que todos sabemos, os russos parecem estar querendo vingança pelos homens perdidos na Itália e por termos colaborado com os Cavalieri, tomando deles dois fornecedores de droga em Chicago. Estamos não somente em maior número, mas melhor organizados, e além de tudo, desde que não interfiram nos negócios os civis estão seguros em nossa vizinhança. Não damos motivos para a polícia, nem eles fazem questão de investigar quando é muito mais favorável fingir que não veem uma infração aqui, outra ali. Muito diferente dos russos, cujo diplomacia é inexistente.Nossos inimigos em comum estão recuando, mas eu não me engano, desde que os boatos de que estavam enviando homens de prestígio internacional, entre eles seu executor, Nikolai Dotroiov. Desconfiava-se que ele estava em Nova Iorque à alguns dias e que sua missão é recuperar não só seus domínios e recursos, como levar com ele Gi
Quando Linda me avisou que eu acompanharia Michael a casa do consiglieri, estranhei aquele convite inesperado. Estou a dias aqui, e por mais gentil que seja minha futura cunhada, e por maior que seja a casa, me sinto mais prisioneira aqui do que quando estava no convento. Me olho no espelho do closet de Linda, que parece analisar se o vestido que estou usando agradaria Michael, e eu odeio isso. Cada vez que o vejo, é sempre em vestidos justos, e não gosto de pensar que o próprio Villani esteja achando que estou me insinuando para ele. O vestido da vez é nude, um decote insinuante e apesar de estar um pouco acima dos joelhos, é o tipo de roupa que certamente faz Michael Villani olhar com interesse.Logo que soube que ele me aguardava, tratei de ir ao seu encontro, e o vi sobre um dos joelhos sorrindo para Morgan enquanto a menina contava animada sobre algo que havia acontecido na escola. Então, quando ele levantou-se e olhou diretamente para mim, não pude deixar de notar como estava el
Enquanto me dirijo a casa de Linda, penso em tudo que me foi relatado na reunião da qual acabei de sair, havíamos perdido bons homens em um conflito na noite em que levei Giulia para jantar, e por isso adiamos a saída dela novamente para que fossemos meticulosos quanto a segurança dela. Os objetos pessoais de Giulia haviam sido enviados, e evidentemente passaram por mim antes de qualquer um, e mesmo correndo o risco que isso se tornasse motivo de brigas futuramente, não acho que seja um bom momento para devolver a ela. Talvez eu esteja cruzando um limite e por isso não esteja feliz em ver que entre fotos de Donatella e Andrey Ivenchev, caixinhas de música, documentos e roupas pertencentes a ela, eu encontrei cartas, as quais ela provavelmente respondeu. E o remetente é Nikolai Dotroiev.Não li as cartas. Seja qual for seu conteúdo, não me interessa, mas vi as datas, e a última era bem recente, ainda estava fechada, porque quando foi entregue no convento, Giulia já não estava mais lá.
Enquanto aguardo a chegada de minha família a casa de Linda, tento me distrair, mas é praticamente impossível, por que Michael Villani tem feito um esforço mínimo para entrar na minha mente, e está conseguindo! Estou com aquela sensação incomoda, de que cada vez que ele me toca, mais lhe pertenço, e não posso e não vou sucumbir ao charme dele, não importa o quanto ele tente. E não tem sido fácil, como quando ele encostou os lábios nos meus, certo de que eu deixaria me envolver, e a maneira que ele sempre dá um jeito de colocar suas mãos em mim, como toda propriedade que acha que tem. Sinto que Michael tem feito isso com frequência, como um lembrete de que sou dele, e se o odeio por isso, não posso negar que me sinto atraída por ele. A voz, o perfume, a maneira pervertida que me olha, e encontrá-lo trocando de roupa não foi nada ruim de se ver.Respiro fundo, ele deve voltar para o jantar, e de qualquer forma, tenho que me habituar a presença dele, pelo menos até deixar os Villani, os
Depois do jantar na noite passada, não demorei a me recolher, estava com um pouco de dor de cabeça, e demorei a dormir, mesmo me sentindo exausta. Linda me deu um comprimido, mas não perguntou nada, aliás, se tem algo que eu aprecio na irmã de Michael, é a qualidade de perceber o momento certo para falar, sobre qualquer que fosse o assunto. Acho que seria muito bom se eu aprendesse com ela, pois precisava falar com Villani sobre a questão do beijo. Em hipótese nenhuma eu gostaria que isso acontecesse na frente dos convidados, talvez para ele não fosse nada demais, mas seria meu primeiro beijo, e eu sinto arrepios só de pensar que teria uma plateia observando.Tenho certeza que ele vai achar que estou dando muita importância e que me preocupo sem motivos, mas a ideia é convencê-lo a fazer isso logo, tipo, hoje mesmo. E fazê-lo entender o quanto pode ser constrangedor, quem sabe ele até reconsidere, e me dê um beijo respeitoso e rápido. Suspiro, desanimada, pensando que ele muito provav
Durante o almoço a conversa foi mais leve. Falamos sobre a sugestão de Sylvia sobre irmos para Hamptons, na propriedade da família dias antes da cerimônia de casamento, porém Michael fala que provavelmente deve fazer uma viagem a Vegas por aqueles dias, mas acha que podemos ir nos dias que se seguirão.Eu a convido para acompanhar as próximas provas do vestido de noiva, e pela primeira vez vejo um sorriso genuíno nos lábios da mãe de Michael. Ela agradece, e diz que ficaria muito feliz. Percebo que ela não me odeia, mas que está passando por cima de décadas de sentimentos que eu posso apenas imaginar, mas que de fato jamais entenderei. Em nenhum momento o nome de minha mãe é citado, mas tenho a impressão de que Donatella a assombra, e que ela teme que eu possa fazer o mesmo, e deixar Michael no altar.Quando ele vai para o escritório atender o consiglieri, eu fico sozinha com Sylvia e por um momento espero algum tipo de desfeita da parte dela, que se aproxima de mim.– Como estão as c