Capitulo 02

Heloisa Moura 

Não sei como tudo começou, o que sei é que um belo dia acordei e comecei a olhar Vittorio Bianchi de uma forma diferente, ele para mim não era mais o tio Vittorio, era o homem com quem eu queria dar meu primeiro beijo.

E daí que ele é mais velho.

E daí que ele é amigo do meu pai.

E daí que ele me vê como uma criança. 

Só quero um beijo, isso não é pedir demais.

Minha mãe entra no meu quarto sem bater, como de costume, segurando um vestido longo de um azul profundo, quase real.

— Feliz aniversário, minha princesa! — Ela sorri, os olhos brilhando com orgulho.

Retribuo o sorriso, tentando conter minha ansiedade. Hoje é o meu dia, e de todos os presentes, apenas um me importa. Vittorio.

Minha mãe me ajuda a vestir o vestido, ajeita meus cabelos em um penteado sofisticado e aplica uma maquiagem leve, realçando minha juventude. Durante todo o processo, minha mente está longe, imaginando o momento em que ele chegará. O momento em que dançaremos juntos.

Quando desço para o salão da festa, sou recebida com aplausos e exclamações de admiração. A casa está deslumbrante, iluminada por lustres dourados e decorada com arranjos de flores brancas. Mas nada disso importa.

Meus olhos o procuram.

E então, eu o vejo.

Vittorio está ali, conversando com meu pai, elegante em seu terno escuro. Seu sorriso despreocupado se dissolve ao encontrar meu olhar. Meu coração dispara. Ele está ainda mais bonito do que me lembrava.

A música muda. A valsa começa. E ele se aproxima.

— Heloisa — diz, oferecendo a mão. — Vamos dançar?

Assinto, sem conseguir esconder minha felicidade. Minhas mãos tremem quando as depósito sobre as dele. Seu toque é quente, firme, e quando ele me conduz para o centro do salão, sinto como se estivéssemos sozinhos no mundo.

Seus olhos encontram os meus enquanto giramos pelo chão de mármore. Meu coração b**e descompassado, e por um instante, ele parece hesitante, como se soubesse o que estou pensando.

E então, a música termina. O encantamento se desfaz.

Respiro fundo. É agora ou nunca.

— Vittorio — sussurro. — Posso escolher meu presente?

Ele sorri, passando a mão pelos meus cabelos de forma carinhosa.

— O que quiser, princesa.

Meu coração aperta. Segurei sua mão e o puxei levemente para perto de mim.

— Me encontre no jardim, perto da piscina.

Ele parece surpreso, mas concorda com um leve aceno de cabeça. Meus passos são apressados enquanto me dirijo para lá, o coração batendo contra as costelas. O ar da noite está fresco, e a água da piscina reflete o brilho das luzes do jardim.

Espero. E então ele chega.

Vittorio está mais sério agora, os olhos analisando meu rosto como se tentasse entender o que estou prestes a fazer. Não hesito.

— Quero que seja você, Vittorio — digo, com a coragem de quem não tem nada a perder. — Meu primeiro beijo.

Ele congela. Por um momento, o silêncio entre nós é quase insuportável. Mas então, devagar, ele levanta a mão e toca meu rosto, o polegar deslizando sobre minha pele quente.

— Heloisa… — murmura, hesitante. — Tem certeza?

Mas não recua.

Então ele se inclina e seus lábios encontram os meus. O beijo é suave, terno, mas também repleto de algo que não consigo definir. Meus olhos se fecham, e por um instante, tudo parece perfeito.

Mas quando me afasto, ele já não está ali.

Fico sozinha, com o sabor do seu beijo nos meus lábios e o vazio da sua ausência apertando meu peito.

Meu coração ainda b**e descontrolado. Meus dedos tocam os lábios, tentando guardar aquela sensação, o calor suave do beijo que esperei tanto. Mas a realidade me acerta em cheio. Ele foi embora. Sem uma palavra, sem um olhar.

Dou um passo para trás, depois outro, tentando entender o que acabou de acontecer. Será que ele se arrependeu? Será que percebeu o que fez e decidiu fugir antes que fosse tarde demais?

Vittorio me beijou. Ele não me afastou, não disse que era errado. Ele me quis, mesmo que por um instante.

Mordo o lábio, sentindo um misto de frustração e dor. Voltar para a festa agora parece impossível. Sei que meu pai vai procurar por mim, que minha mãe vai querer saber onde estive, mas não consigo me mover.

— Droga, Vittorio — sussurro.

Talvez eu tenha sido ingênua ao achar que ele me veria da mesma forma que eu o vejo. Mas eu não sou mais uma criança. E vou provar isso para ele.

Desde aquela noite, algo mudou dentro de mim. Antes, Vittorio era apenas um desejo distante, um sonho adolescente. Agora, ele é uma obsessão.

Eu o vejo evitar meu olhar sempre que vem à nossa casa. Ele não fica mais sozinho comigo. Está sempre ocupado, sempre de saída. Mas não pode fugir para sempre.

No jantar de família do domingo, sento à mesa de frente para ele. Visto um vestido vermelho justo, um pouco ousado para o gosto da minha mãe, mas eu não me importo. Quero que ele me veja. Quero que se lembre de como me beijou.

Enquanto eles conversavam, eu prestava atenção nele. Vittorio mantém a postura séria, o olhar baixo enquanto meu pai fala sobre negócios. Mas quando eu cruzo as pernas lentamente, vejo seu maxilar se contrair.

Sorrio de lado,Vittorio ergue os olhos para mim e, por um segundo, vejo algo ali, algo quente, algo perigoso. Mas então ele desvia. De novo,a raiva ferve dentro de mim.

Quando a sobremesa é servida, decidi testar até onde posso ir. Me levanto e finjo esbarrar na cadeira ao lado dele. Me apoio em seu ombro, sentindo a tensão sobre ele.

— Desculpe, Vittorio — sussurro perto de seu ouvido.

Ele se afasta sutilmente, mas não sem antes segurar meu braço de leve.

— Heloísa… — sua voz é um aviso.

Mas eu apenas sorrio e sussurro:

— Você não pode fugir para sempre. Temos que conversar

Me afasto antes que ele possa responder, sentindo meu coração disparar. Sei que estou brincando com fogo. Mas já estou queimada, E agora, quero que ele se queime também.

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