Era uma manhã de outono. A brisa fresca soprava nas folhas das árvores e as fazia farfalhar, criando uma melodia natural confortante. A família real dormia enquanto seus convidados — os Beaumont — faziam um piquenique numa clareira da floresta, nas redondezas do castelo. O sol começava a lançar seus primeiros raios de luz no céu agora alaranjado, e uma pequena menina corria por entre
Acordei com um susto. Em um segundo, estava numa clareira na floresta; no outro, estava encarando um teto de madeira branca e com tinta lascada. Sentei-me na cama e olhei ao redor, reconhecendo meu quarto. O quarto no qual dormia desde quando fui adotada aos nove anos. Suspirei e passei a mão na testa, limpando o suor que fazia meu cabelo pregar em meu rosto. Meu pescoço estava ainda pior.Levantei e fui ao banheiro para me enxaguar e me acalmar um pouco. Eu podia ou
— Bom dia, senhorita. O senhor Fairway está? — o homem para quem abri a porta perguntou, com um sorriso gentil. Seus olhos examinaram a casa, e pousaram na figura chocada de meu pai, que estava em pé no meio da cozinha.— Do que se trata? — perguntei, posicionando meu corpo em seu campo de visão.
Revirei-me no colchão a noite toda. Não conseguia deixar de pensar no pressentimento ruim que me invadia sempre que me lembrava dessa competição. Bobagem, repreendi a mim mesma mentalmente.
A carruagem andou por alguns minutos e eu não podia deixar de pensar no castelo e no que estava por vir. A competição poderia parecer algo estúpido para mim, mas sabia que era importante para o príncipe e para a família real; afinal, era a futura rainha que estava sendo escolhida, além de ser a mulher que traria herdeiros para o trono. Era muito relevante, apesar de errôneo. Eu suspirei, passando a mão na testa e tentando aceitar o fato de que agora eu era uma poss
Nós andamos por pelo menos mais dez minutos por um pasto verde vazio, quando finalmente avistei o castelo. Era uma construção imensa, com as paredes feitas de tijolo de pedra, empilhados um por um, o que causava certo desnível na textura. Havia duas torres grandes e quatro torres menores, que guardavam, no topo de cada uma, um arqueiro vigilante e a bandeira do país, com as cores do reino em destaque: branco, azul e prata. Afundei na banheira para enxaguar o rosto. A água estava morna e Íris havia colocado espuma e pétalas de rosa em meu banho. Eu fiquei impressionada, mas percebi que provavelmente era algo comum para quem morava em um castelo. Estava com a leve impressão de que sentiria falta das coisas simples que tinha em casa. A vida da realeza poderia ser maravilhosa, mas certamente não era perfeita. Pelo menos, não para mim. Tantas coisas com as quais lidar... O reino, o povo, as guerras e invasões, os impostos, as responsabilidades... Era preciso ser muito cauteloso e minucioso. Uma decisão tomada errada, quanto ao que fazer num campo de batalha ou quanto a tentar satisfazer as necessidades de seu povo, poderia colocar tudo a perder. Saí de meus devaneios quando percebi que ainda estava com a trança de hoje de manhã. A água não havia desfeito o penteado. Passei os dedos no cabelo e, conforme eu desemaranhava os fios, eles ondulavam-se. Lavei-o com um shampoo cheiroso que eu achei ao lado da banheCapítulo 6
Enquanto comia lentamente um delicioso pudim, eu tentava controlar minha raiva do príncipe por ter me enganado e questionava a mim mesma por que ele havia feito isso. Ele convencera Íris a mentir para mim! O que havia de errado com esse sujeito? As perguntas rondavam minha mente, e eu imaginei se os guardas me prenderiam caso eu gritasse com o único herdeiro do trono. Deduzi que sim, então tentei achar um jeito de controlar meus sentimentos. Apesar de não ser nada demais, não gostava de ser enganada. Acho que ninguém gostaria, na verdade, até porque aquilo não fazi