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1- Coração quebrado.

Kevin

10 anos depois...

— Senhor... Digo, Kevin, seu pai disse que quer falar com vo... você. — Minha nova secretária, Violet, avisa. A antiga entrou em licença-maternidade, e sua auxiliar assumiu o cargo.

 Não sou um daqueles empresários arrogantes que exigem formalidades o tempo todo. Claro, em reuniões formais, isso é indispensável, mas no dia a dia, odeio ser chamado de "senhor".

 — Ele ainda está na empresa, Violet?

 — Não, saiu há cerca de dez minutos. — Ela responde com confiança.

 — Então falo com ele amanhã. Se houver qualquer emergência, pode me ligar.

 — Certo. Até amanhã, Kevin. — Ela sorri.

 — Até amanhã, Violet.

Pego meu blazer e me dirijo ao elevador. Assim que as portas se abrem, vejo Ashley prestes a sair. Instintivamente, me escondo atrás de uma pilastra. Violet me vê, arregalando os olhos, surpresa, e logo tenta segurar o riso. Faço um sinal de silêncio com o dedo e imploro com o olhar para que ela distraia Ashley. Violet, sempre eficiente, faz um leve aceno de cabeça e inicia uma conversa com Ashley.

Aproveito a deixa, sigo rapidamente para as escadas e, literalmente, fujo dela antes que perceba.

Enquanto desço as escadas apressado, um sorriso involuntário aparece no canto dos meus lábios. Fugir da Ashley virou praticamente um esporte, ela é linda, sem dúvida, muito gostosa. Mas é fútil demais. Não consigo aguentar dez minutos de conversa, imagine um casamento, como meu pai sugeriu uma vez.

O som dos meus passos ecoa no vão das escadas, e não consigo evitar pensar em como minha vida se tornou um jogo de esquivas. Fugir de compromissos indesejados, escapar de conversas vazias e, agora, fugir literalmente de uma mulher com quem meu pai insiste que devo me casar.

 Ashley, com toda sua beleza impecável, seria o par perfeito... aos olhos da sociedade. Mas para mim, ela é apenas um reflexo de tudo o que eu não sou e, definitivamente, não quero para mim. Não quero nenhuma mulher, mas, se não tivesse escolha, escolheria uma inteligente, que gostasse das mesmas coisas que eu. Ashley está longe de ser essa mulher, ela é muito vazia, superficial, incapaz de manter uma conversa que vá além do preço da bolsa mais recente no mercado ou das férias em Paris... Meu pai parece cego a isso, o que ele quer é me usar para outra transação. Para ele, um casamento com Ashley seria a aliança ideal: “Duas famílias poderosas unidas.” Para mim, seria uma prisão disfarçada de luxo.

Chego ao térreo e, abro a porta que dá acesso ao estacionamento. Respiro fundo, sentindo o alívio de, ao menos por hoje, escapar daquele destino que meu pai parece já ter planejado para mim. Meu celular vibra no bolso e, ao pegar, vejo uma mensagem de Davis:

"Tem uma boate nova inaugurando hoje, consegui open bar. Bora?"

 "Com certeza. Passa o endereço e nos encontramos lá."

 "Beleza, irmão. Te mando a localização quando chegar."

Sigo para o estacionamento, pego minha moto e vou direto para casa. Ainda preciso dar uma olhada em um contrato que esqueci de revisar esta manhã, estou preste a fechar mais um empreendimento na cidade vizinha. Após resolver tudo, tomo um banho e me preparo, pronto para ficar "cheiroso e lindão" para a noite.

Desde que Hanna desapareceu da minha vida sem explicações, eu nunca mais namorei. A dor foi insuportável na época, e desde então prometi que nunca mais deixaria ninguém entrar no meu coração da mesma forma.

Assim que recebo a localização de Davis, pego meu carro esportivo e dirijo em direção a mais uma noite de festa, disposto a enterrar qualquer vestígio de memórias antigas.

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