Davis.A noite estava silenciosa, e eu não conseguia afastar o incômodo que me atormentava. Algo no comportamento de Dylan Mcnold me parecia errado, e eu sabia que não podia ignorar minha intuição. Sentado em frente ao laptop, analisei os dados mais uma vez. Os relatórios indicavam que ele estava se movimentando para adquirir o hotel Salivam, um passo que interferiria diretamente nos planos do Kevin.— Isso não é coincidência — murmurei, passando os dedos pelo queixo enquanto conectava os pontos. Dylan nunca fazia nada sem um propósito sujo, e eu não podia deixá-lo atravessar o negócio do Kevin. Meu informante havia alertado sobre a movimentação de Dylan mais cedo naquela noite, mas, ao cruzar as informações, percebi que o problema ia além.Foi então que recebi outro alerta: Dylan havia mandado homens vigiar a casa da Hanna. Meu coração deu um salto, mas não era hora de perder a cabeça. Peguei o celular e liguei para Kevin. Ele atendeu no terceiro toque, sua voz carregada de cansaço.
HannaAs portas do tribunal se abriram com um rangido pesado, reverberando pelas paredes de mármore frio. Eu estava sentada na segunda fileira, meus dedos entrelaçados em um aperto que não sabia se era de nervosismo ou de puro alívio antecipado. Os últimos anos foram um pesadelo interminável, mas hoje era o dia em que tudo finalmente poderia mudar.Dylan entrou escoltado por dois guardas, algemado, mas ainda com aquele olhar arrogante que me causava calafrios. Ele parecia invencível, como se estivesse acima de tudo e de todos. Mas, desta vez, a balança da justiça estava prestes a pender para o lado certo.A sala do tribunal estava lotada, repleta de rostos conhecidos e desconhecidos. Hazel estava ao meu lado, segurando minha mão com firmeza. Ela parecia tão forte, tão inabalável, mas eu sabia que por dentro ela também carregava cicatrizes deixadas por Dylan. Kat não estava ali, havíamos deixado com a mãe do Kevin mais cedo, achei melhor poupá-la de toda essa cena. Ela era apenas uma c
HannaEu estava nervosa pela Hazel. O grande dia dela havia finalmente chegado! Estávamos em um dos quartos do hotel Salivam, eu, ela, a mãe de Kevin e Kat.Kevin não mentiu. Esse hotel é exatamente como ele disse: a minha cara. Cada detalhe é encantador, transbordando amor, paz e uma serenidade que parecia abraçar o coração.Conversávamos descontraidamente enquanto as maquiadoras e cabeleireiras ajustavam os últimos detalhes. O ambiente estava leve, mas, de repente, Hazel levantou-se. Sua expressão mudou, e ela começou a falar com uma intensidade que prendeu minha atenção.— Esse sempre foi o seu sonho. Mesmo depois de tanto sofrimento, de tantas desilusões, você nunca desistiu, por mais que dissesse que isso não era para você. — Sua voz estava embargada, cada palavra era carregada de emoção. — Eu te vi quebrar de todas as maneiras possíveis, física e psicologicamente, e estive lá com você, sempre. Estar aqui hoje é um privilégio. Ser sua irmã é um privilégio.Ela fez uma pausa, resp
Hazel.Eu estava muito feliz pela minha irmã. De verdade, Kevin foi feito para ela, assim como ela foi feita para ele. Cada palavra que falei durante aquele momento especial veio do fundo do meu coração, com total convicção. Mas, enquanto eu falava, vi algo nos olhos de Hanna, uma sombra passageira que me fez suspeitar de seus pensamentos.Arrisco dizer que, naquele momento, ela pensou em nossos pais. Sempre fomos muito unidos, e ela sempre foi a preferida deles. Sei o quanto à distância e as circunstâncias a machucaram, mesmo que ela tente esconder.Mas o que importava, acima de tudo, era que Hanna estava feliz. Isso era visível em cada gesto, em cada sorriso.Então, escutamos uma batida na porta. Meu coração acelerou. “Quem será?” pensei, já antecipando a surpresa ou talvez alguma confusão. Quando abri a porta, fiquei completamente paralisada.— Mãe? — Eu e Hanna dissemos juntas, em uníssono, a surpresa estampada em nossas vozes.— Posso entrar? — perguntou ela, hesitante, como se e
Hazel.Eu não sei como a Hanna está se sentindo, mas dentro de mim há um conflito gigantesco. Quero acreditar que minha mãe mudou, ou que pelo menos está tentando mudar. Quero acreditar nas lágrimas, na sinceridade de suas palavras, mas…Foram tantas brigas, tantos momentos de descaso, de preconceito. Tantas vezes em que ela preferiu se calar em vez de nos defender, tantas vezes em que virou as costas quando precisávamos dela. Essas feridas não cicatrizam facilmente.Minha mente está dividida entre a memória dolorosa do passado e a possibilidade esperançosa de um futuro diferente. E isso me consome.Olho para Hanna, que, mesmo com os olhos marejados, parece mais em paz do que eu jamais estive em relação à nossa mãe. Ela sempre foi mais generosa, sempre teve essa capacidade de perdoar que admiro, mas nunca consegui ser como ela.Minha mãe está aqui agora, diante de nós, dizendo todas as coisas que esperei ouvir por anos. Palavras que, no passado, poderiam ter mudado tudo. Mas será que
MargothO som dos passos ecoava suavemente no hall, acompanhando as vozes baixas e animadas de Hazel e Hanna enquanto desciam as escadas. Do alto, eu as observei com um sorriso, o coração apertado e cheio ao mesmo tempo. Minhas meninas estavam lindas, radiantes, cada uma com um brilho próprio.O vestido de Hazel, delicado e elegante, parecia ter sido feito sob medida para destacar a força e a suavidade que sempre coexistiram nela. Já Hanna, com seu vestido simples, mas deslumbrante, tinha o olhar de alguém completamente em paz. Era como se o peso do passado tivesse finalmente ficado para trás.Porém, quando chegaram ao último degrau, ambas pararam abruptamente. Fiquei tensa ao perceber o motivo.Ali, parado no meio do hall, estava Richard, ele disse que não viria. O homem que tantas vezes fora fonte de dor e frustração, mas que agora parecia diferente. Sua postura estava ereta, mas havia uma hesitação nos olhos, como se ele também não soubesse o que esperar daquele encontro.Caminho d
Kevin.Todos estavam radiantes, celebrando o casamento com risos e lágrimas de felicidade. Mas, no meio de toda aquela alegria, eu mal conseguia conter o turbilhão de sentimentos dentro de mim. Meu coração parecia prestes a explodir. Cada olhar de Hanna, cada sorriso que ela dava me lembrava de como eu era sortudo por chamá-la de minha esposa.Enquanto conversávamos com alguns convidados, Davis se aproximou, discreto como sempre, mas com um sorriso que denunciava que ele estava aprontando algo. Em suas mãos, havia uma pasta que ele entregou a Hanna.— O que é isso? — ela perguntou, curiosa, enquanto segurava o objeto com cuidado.— Meu presente de casamento para vocês — respondeu ele, com um brilho de satisfação nos olhos.Hanna abriu a pasta para ver o conteúdo. Hanna ficou boquiaberta.— O quê? Não!… Não posso aceitar isso! — ela disse, balançando a cabeça, ainda tentando processar o que estava diante de seus olhos.Davis deu de ombros, com um sorriso tranquilo.— Já está no nome de
Kevin.Mais tarde, quando finalmente nos recolhemos ao nosso quarto de núpcias, a excitação e a felicidade do dia ainda estavam estampadas em nossos rostos. Hanna estava deslumbrante, mesmo depois de tantas horas e tanto choro, foi um dia muito emocionante para nós dois. O vestido de noiva parecia feito para ela, mas o brilho em seus olhos era o que realmente roubava a cena.Eu me aproximei lentamente, o coração batendo acelerado enquanto a observava. Ela me olhou, com aquele sorriso que sempre parecia capaz de parar o mundo, e esperei até estar bem perto para falar.— Pronta para o primeiro dia da sua vida… junto comigo para o resto de nossas vidas?Ela sorriu, os olhos marejados mais uma vez e se inclinou para me beijar.— Eu já estou vivendo isso, Kevin. Cada momento ao seu lado é o primeiro de muitos que quero ter.Eu a puxei para perto, nossos lábios se encontrando em um beijo cheio de promessas e paixão. O mundo lá fora podia esperar. Ali, naquele instante, éramos só nós dois, p